História Você é meu ômega! - Um novo integrante

O pequeno Sasuke se encontrava sozinho naquele banheiro, seus bracinhos abraçando suas pernas, as lágrimas fluindo com força de seus olhinhos, os soluços sacudindo seu corpo, que estava todo dolorido, no dia anterior, seu “pai” havia sido muito brusco, o havia machucado muito ao tomá-lo, deixando vários hematomas em sua pele. Se encolheu ao ouvir passos, não queria que ninguém o visse chorando, com certeza os outros garotos iriam rir dele, como já havia acontecido em outra ocasião, acabou se sobressaltando quando a porta foi aberta e escondeu a cabeça entre os braços, para que não o vissem, mas ao sentir uma pequena mão tocar seu braço, ergueu os olhos, encontrando as orbes verdes de seu único amigo, este apenas o olhava, parecendo confuso, para então abrir os bracinhos, permitindo que o moreno o abraçasse, este que praticamente se jogou sobre o menor, se encolhendo, molhando o uniforme deste com suas lágrimas. Foi só quando se acalmou, que o moreno esclareceu.

- Quero ir embora. Não quero voltar pra minha casa. – desabafou.

- Quer ir à minha? – perguntou o menor, Sasuke negou, sabia que não podia ir à casa de Gaara, se sua mãe e “seu pai” soubessem, as coisas não terminariam bem, mas naquele momento, tudo o que queria era desaparecer.

- Eu quero fugir. Não quero voltar mais à minha casa. Gaara... – sabia que não devia perguntar, mas estava tão triste e machucado, que só queria fugir de tudo, mas não queria estar sozinho, sempre havia tido medo de estar sozinho, mesmo sempre o houvesse estado, foi por isso que acabou por perguntar – foge comigo?

- Ei, teme! Está indo para o estúdio? – Sasuke suspirou ao ouvir aquela irritante voz, há alguns dias o alfa vinha correndo atrás de si, insistindo para levá-lo, parecia não compreender que ele não queria companhia, menos ainda a companhia dele – Ei, teme...

- Por que continua me seguindo? – perguntou irritado, mesmo ao invés de assustar o que conseguiu do loiro foi um grande sorriso, para ele isso era um bom sinal, pelo menos não havia sido ignorado.

- É normal, não é? Que um alfa queira estar perto do seu ômega.

- Eu não sou seu ômega. – o sorriso do alfa apenas ampliou em seu rosto.

- Ainda não, mas logo será. – o moreno bufou, dando as costas, sendo seguido de perto pelo Uzumaki.

- E agora? O que faz aqui? – o ômega o olhou aborrecido, ao ver como o alfa sentava ao seu lado no ônibus.

- Como assim? Vou ao estúdio, como você. – Sasuke arqueou uma sobrancelha, mas nada disse, apenas bufou mais uma vez, negando com a cabeça e girando o olhar à janela, Naruto em resposta apenas sorriu largo, poderia ir em seu carro, mas lá estaria sozinho, ali, naquele ônibus desconfortável, a companhia era muito melhor.

(...)

- Tenho medo. – gesticulou seu pequeno amigo, já faziam quase cinco horas que haviam fugido, após o término de suas aulas e já estava escuro, a noite havia entrado, trazendo consigo seu manto escuro e suas pequenas estrelas, apenas a lua os iluminando.

- Não fique com medo, eu vou te proteger. – garantiu, abrindo os braços e abrigando o pequeno ruivinho, este era tão pequeno, que mesmo nos braços do ômega, de apenas nove anos, ficava diminuto – Eu sempre vou te proteger... sempre. – e mesmo o pequeno não podia ouvi-lo, Sasuke sabia que ele o compreendia. Aquela noite a passaram os dois, em meio a um matagal vazio, cheio de animais selvagens, ainda assim Sasuke não sentiu medo, os animais não o assustavam, o que o assustava eram os humanos, e estes estavam muito longe.

- Temos que chamar Tenten de volta. – a rosada levantou-se de onde estava.

- O que? Não!

- Compreenda Sakura, não podemos continuar a banda sem um vocalista. – por mais que Fugaku explicasse, a garota parecia não compreender, sua antipatia pela ômega parecia a cegar.

- Então Naruto canta.

- O que? Claro que não, sabe que minha voz é terrível, ttebayo.

- O que eu sei é que se não tivermos um vocalista em dois meses, não poderemos entrar no concurso. – os três garotos apenas se entreolharam, para que então a rosada despencasse de volta na cadeira onde antes estava, emburrada.

(...)

                Itachi suspirou ao apertar o botão da máquina, havia preferido sair para pegar um café, os ânimos naquela sala estavam exaltados, os pirralhos não compreendiam que sem um vocalista não poderiam entrar no concurso, menos ainda serem campeões, suspirou novamente, podia compreendê-los, a garota não era fácil, com o tempo havia se tornado bastante arrogante e metida, se achava melhor que todos os demais integrantes, e vamos, sua voz não era tão boa assim. Suspirou uma última vez, a quem queria enganar? Tenten era a melhor vocalista que haviam tido nos dois últimos anos, seria difícil achar alguém que estivesse no nível da garota. Deu a volta, resolvendo encarar novamente a discussão que certamente ainda não havia tido um fim, quando algo, ou melhor alguém, lhe chamou a atenção e correndo até o local, seus olhos brilharam, talvez houvesse encontrado a solução do grande problema que havia se formado.

(...)

- Já disse que com aquela metida, eu não toco. – a alfa parecia irredutível e a paciência de Fugaku parecia prestes a acabar.

- Sakura, entenda... o concurso é em dois meses, onde você acha que iremos encontrar um vocalista em tão pouco tempo?

- Talvez aqui mesmo, otou-san. – Fugaku franziu as sobrancelhas ao ouvir a voz de seu filho, que entrava com um café nas mãos e um sorriso de orelha a orelha, mandando a todos o seguirem. Assim o fizeram, sendo levados até um dos banheiros, onde um pequeno garoto cantarolava uma antiga música de ninar, perdido em seus próprios pensamentos, o alfa encarou à seu primogênito, ambos parecendo pensar o mesmo.

- Sasuke... – chamou a atenção do distraído garoto, que se sobressaltou, derrubando o balde que estava em suas mãos e escorregando na água que se havia espalhado, caindo de bunda ao chão.

- Ouch... – ninguém soube dizer quem havia sido mais rápido, se o dono do estúdio, ou o alfa loiro, quando o pequeno ômega percebeu, ambos já estavam à sua frente.

- Você está bem, filhote? – perguntava preocupado o Uchiha.

- Se machucou? – mesmo tom utilizado pelo Uzumaki, Sasuke apenas os encarava desconfiado.

- Hm... tudo bem. – se levantou rapidamente, ignorando a mão que Naruto o havia estendido – Eu... fiz alguma coisa? – Fugaku sorriu.

- Não, apenas quero conversar com você. Mas antes precisa trocar de roupa. Itachi...

- Pode deixar que cuido disso, otou-san. – e antes que o pequeno ômega pudesse dizer qualquer coisa, já havia se visto sendo arrastado pelo filho do dono, Fugaku olhou para o garoto que até então havia se mantido calado.

- Shisui, pode dar um jeito nisso? – o alfa menor suspirou, claro, já estava se tornando uma rotina ele ter que terminar a limpeza.

(...)

                A madrugada havia chegado e com ela um vento frio, que castigava os dois pequenos meninos que naquele matagal se encontravam, Sasuke estava preocupado, seu pequeno amigo tremia, mesmo seu corpo estivesse quente, o menor tinha febre e o pequeno Morino não sabia o que fazer.

- Shhh...tudo vai ficar bem. – sabia que seu amigo não o ouvia, ainda assim e talvez para acalmar a si próprio, cantarolou uma música de ninar que já havia ouvido Yashamaru cantar certa vez.

“Yuuyake koyake de hi ga kurete (Entardeceu com um pôr-do-sol brilhante)

Yama no otera no Kane ga naru (O sino do templo da montanha está tocando)

Otete tsunaide mina kaero (Vamos todos voltar com as mãos dadas)

Karasu to issho ni kaerimasho (Vamos voltar junto com os corvos)

Kodomo ga kaetta atokara wa (Depois que as crianças foram embora)

Marui oki na otsukisama (Surgiu uma grande lua redonda)

Kotori ga yume wo miru koro wa (No momento em que os pássaros começam a sonhar)

Sora ni wa kirakira kin no hoshi (O céu se enche de estrelas de ouro cintilantes)”

                E ainda que seu amigo não o ouvisse e talvez pelo abraço que o havia deixado mais quentinho, o pequeno ruivinho havia se acalmado e seu tremor havia desaparecido, como se magicamente houvesse se curado.

- Cantar em uma banda? – o alfa assentiu.

- Nossa vocalista saiu da banda e abandonou o estúdio, se não encontrarmos ninguém em dois meses, teremos que desistir do concurso de talentos, e não é justo, os garotos estão ensaiando há meses, todos estão empolgados. – Sasuke se remexeu incômodo.

- Mas... por que eu? – Fugaku sorriu.

- Te ouvimos Sasuke, todos concordamos que sua voz pode se adequar ao estilo dos garotos.

- Mas...

- Pense nisso como um favor que faz a mim. – o ômega começou a coçar uma das mãos, ansioso, o alfa percebeu – Além disso, pode ser uma excelente oportunidade para o seu futuro. Sem contar que o concurso tem um prêmio.

- Mas... eu não tenho dinheiro para pagar o estúdio, como os demais.

- Já disse Sasuke, pense nisso como um favor que fará para mim. – ainda assim o ômega parecia incerto, não gostava da ideia de se apresentar na frente de uma multidão, nem se achava bom o suficiente para estar com um grupo que tocava praticamente desde as fraldas.

- Fugaku-san...

- Por favor, filhote... – o ômega suspirou.

(...)

- E então? – o loiro foi o primeiro a perguntar, ansioso, Fugaku apenas sorriu, assentindo, seria um novo início, não só para o pequeno grupo, mas principalmente para o pequeno garoto, que agora o integrava.