História Você não me conhece - Coragem Grifinória

* ~ 15 de Dezembro ~ *
Por mais que Hermione gostasse de ler, ela não estava animada com a leitura do dossiê de Draco Malfoy que estava empacado na beira de sua mesa durante a semana toda. Ela o adiou até a manhã da visita programada, mas sabia que teria que enfrentar sua sina. Ela começou com o que pensava que seria o componente mais fácil e menos pessoal, suas finanças. Quando abriu o arquivo, sua boca se abriu de forma pouco atrativa. Ela sabia que os Malfoys eram ricos, mas nada poderia prepará-la para os inúmeros zeros que viu no pergaminho em suas mãos. Ela podia até ver Malfoy sorrindo debochadamente se visse sua cara de choque. Ela percorreu rapidamente as declarações e as jogou de lado como se elas pudessem mordê-la.
Mudando para os planos de viagem, ficou surpresa ao encontrá-los em branco. "Mas como? Pessoas com mais dinheiro que Merlin... achava que eles teriam no mínimo uma ilha particular para férias... Próximo!" -Pensou Hermione. Ela tinha certeza de que encontraria uma longa lista de festas de sangue puro e eventos de alta sociedade, mas para sua surpresa, estava vazia também. Confusão e curiosidade guerreavam em seu cérebro. É certo que ela não tinha prestado muita atenção à Seção Social do Profeta Diário, já que seu próprio rosto enfeitava as páginas com demasiada frequência para seu gosto, mas tinha certeza de que os Malfoys ainda eram empreendedores, socialistas.
"Accio Profeta Diário" Hermione falou, e em poucos segundos a última cópia do Profeta que ainda estava dobrado em sua caixa de correio já estava em suas mãos. Ela procurou pelo cabelo louro, mas não estava em lugar nenhum. Ela propositadamente evitou o retrato de si mesma sob a pequena manchete, "Heroína que integra o Trio de Ouro passa Natal sozinha novamente." Maldita Rita Skeeter. Talvez ela precisasse de outra estadia no frasco de vidro de Hermione...
Embora Hermione não tivesse encontrado nada a respeito de Draco, ela viu sua mãe, Narcisa, que era listada várias vezes participando de várias funções de caridade como uma grande benfeitora.  Ela adicionou uma nota mental para começar a verificar mais vezes o Profeta, fazendo parte de sua atribuição de trabalho, é claro, não uma busca pessoal na vida de seu "protegido". Sua pesquisa deve ser completa, quis afirmar pra si mesma.
Depois de procrastinar o máximo que pôde, ela se dirigiu para o prédio de escritórios onde Draco trabalhava. Foi tomada novamente pelo mesmo nervosismo da outra vez e novamente teve que tomar algumas respirações calmantes do lado de fora escritório. Quando levantou a mão para bater, a porta se abriu, revelando seu ocupante. Hermione deixou escapar um gemido assustado e um pequeno pulo para trás. Malfoy riu debochadamente e encostou-se à porta, cruzando os braços e uma perna, casualmente. "Fala sério Granger... Eu assustei você? O que aconteceu com toda aquela coragem Grifinória?"
Ela recuperou a distância que perdeu com o susto e parou a centímetros de Draco, olhos nos olhos... Mas ficou surpresa ao descobrir que eles estavam mais altos do que ela esperava. Quando ele tinha ficado tão alto? Ela se perguntou se ter o peso do mundo levantado fora de seus ombros pode fazer isso para uma pessoa. O olhar de Hermione se desviou para a boca dele, e embora seu sorriso debochado habitual estivesse no lugar, não havia ódio por trás dele. Quando ele ficara tão bonito? Ela sacudiu a cabeça para afastar aquele pensamento errante e quase murmurou seus pensamentos.
Ela sabia que tinha que responder, mas estava tão perturbada que não conseguia pensar em nada para dizer. Malfoy parecia perceber isso, porque seu sorriso malicioso se transformou em um sorriso sincero e divertido enquanto a olhava. Irritantemente, antes que ela pudesse pensar em uma resposta, ele falou novamente. "Você veio aqui para a minha atualização de provação ou apenas para olhar para mim o dia todo?" Ela se eriçou. "Claro que não! Eu tenho um trabalho de verdade, ao contrário do que imagina, e não é apenas me submeter a sua presença uma vez por mês!"
"Claro", ele respondeu com um sinceridade fingida. "Por favor, entre." Ele passou seu braço longo na frente dela, em um grande gesto de boas-vindas. Ela revirou os olhos para ele. Hermione sentou-se, repreendendo mentalmente a si mesma sobre seu comportamento. Ela estava agindo como um idiota. "Como estão as coisas desde o nosso último encontro?" Começou ela, erguendo a pena sobre o pergaminho, pronta para escrever suas anotações.
"Tudo bem" Draco respondeu friamente do outro lado da mesa. Ele ainda usava o sorriso estúpido. "Você poderia ser um pouco mais específico?" Hermione insistiu. O sorriso de Draco alargou-se. “Poderia você ser um pouco mais específica, Granger? Você sem dúvida fez sua lição de casa como a boa leitora que você é... O que mais você poderia querer saber sobre mim?" Ele piscou para ela, realmente estava gostando de ser obtuso... Por que ela deixou ele controlar a situação assim? Como ele sozinho tinha a habilidade de paralisá-la apenas com seus olhos e aqueles lábios...? Aliás, por que ela estava olhando para os lábios dele daquela maneira?!
"Bem, o que você conversou com Albert então?" Ela bufou altivamente.
"Principalmente sobre quadribol", ele respondeu, alargando ainda mais seu sorriso, sabendo o quanto ela gostava desse tópico de discussão. Hermione bufou. Draco riu. "Bem, foi bom ter essa conversa com você, Granger..." ele se levantou para levá-la para fora.
Ele parecia estar sob a impressão equivocada de que poderia assustá-la com conversas esportivas. No entanto, ela não pretendia deixá-lo tão fácil! Havia passado várias horas revendo seus arquivos. Esta reunião teria que valer a pena!
"Você tem planos para o Natal?" Ela disse. Malfoy parou e uma pequena sombra de confusão e tristeza invadiu seu rosto, seguida por uma expressão calma e educada. Ele se sentou de volta lentamente e pois as mãos no rosto. Depois do que pareceram horas, ele finalmente falou. "Com meu pai em Azkaban e todos os horrores que assistimos sob nosso próprio teto durante a guerra, minha mãe e eu não nos sentimos muito festivos nesta época do ano", disse suavemente.
Hermione ficou chocada com a repentina honestidade de Malfoy. Mas estupidamente, continuou com esta linha de questionamento. "Mas você não deveria estar participando de uma variedade de encontros sociais de sangue puro?"
Nisso, o rosto de Malfoy se contorceu em algo como raiva... ou nojo. "Eu não sei se você notou, Granger, mas o nome 'Malfoy' não é exatamente o que costumava ser. Seu lado nos odeia por termos sido Comensais da Morte e os Comensais da Morte nos odeiam por nossa falta de devoção... E, claro, há o fato de que a maioria de nossos ex-amigos estão mortos ou presos, de qualquer maneira, isso não importa mais não é!?!" 
Hermione se sentiu culpada pela pergunta estúpida, mas não conseguiu falar mais nada... Alguns momentos se passaram onde eles apenas se encararam, e então o rosto de Draco lentamente se suavizou. "Eu nunca te agradeci pelo que você fez por nós. O testemunho do Potter impediu minha mãe de ser sentenciada, e vocês dois me defenderam no julgamento, me livrando de ter que ir para Azkaban. Obrigado por isso." Ele parecia um pouco desconfortável com essa admissão, ajustou sua mandíbula e segurou seus olhos, esperando alguma reação de Hermione.
Hermione olhou para ele, suas bochechas coradas de vergonha. "Sim, bem ..." ela finalmente começou. "Acho que você odiava aquela situação tanto quanto Harry, Rony e eu. Você foi forçado a fazer coisas que não queria. Não merecia ir para a prisão. E Harry me contou como Voldemort teria matado seus pais se você não tivesse aceitado sua... atribuição... Além disso, não nos identificar naquele dia na Mansão Malfoy, salvou nossas vidas. Eu não sei por que você fez isso, mas sou grata." Agora, foi a vez de Malfoy ficar boquiaberto com a sinceridade de Granger.
Alguns segundos mais constrangedores se passaram, e Hermione quebrou o olhar que trocavam para arrumar suas coisas. Levantando-se para ir, e disse: "Obrigado, Malfoy ... pela sua honestidade."
Ambos se levantaram de seus assentos e caminharam para a porta. "Nos vemos!" - disse ele. "E Granger...?"
"Sim?" Ela se virou para encará-lo e ficou assustada com o quão perto eles estavam.
"Me chame de Draco!"
Ela estudou seu rosto. Ele estava apertando a mandíbula novamente e trabalhando para manter seus olhos cinza fixos sobre os dela. Hermione ficou surpresa ao perceber esse comportamento tão nervoso agora, em vez de hostil como ela conhecia. Então, sorriu ao falar. "Se você me chamar de Hermione!"
Ele sorriu de volta. "Então obrigado, Hermione."
"Até mais, Draco."