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História Você vai estar aqui quando eu acordar? - Nove - Entre você e eu


Escrita por: liittlelove

Notas do Autor


Aeeee cheguei! ♥

Primeiro: Quem ai tava com saudade do Sehun criança? Todo mundo levanta a mão pq nesse tem essa coisa maravilhosa ♥
Esse capítulo está recheado de flufly e drama, então aproveitem :3 Juro que é verdade, ok? Não sei pq, mas tudo que eu falo aq eu acho q vcs não acreditam mais hehehe
Aaaa todo mundo agradecendo a ilovetaegi pq se ela não tivesse me cobrado esse cap não ia sair hj. Obrig linda! ♥
Espero que vcs gostem pq eu realmente gostei :3 ♥

Boa leituraa meus leitores! ♥ ♥ ♥

Capítulo 10 - Nove - Entre você e eu


Fanfic / Fanfiction Você vai estar aqui quando eu acordar? - Nove - Entre você e eu

Nove

 

  Naquela noite a chuva veio e consigo trouxe os trovões que estremeceram o corpo de Sehun como há anos não acontecia. Ainda sentado no chão lembrava-se de quando era protegido por braços maiores que os seus. Eles eram fortes e lhe traziam segurança. Chanyeol fazia isso antes de partir, ele tinha esse poder sobre si.

  Perguntava-se o que havia ou não mudado no irmão depois de tanto tempo e chegara à conclusão que diferente da sua extensa variação de sorrisos o olhar de Chanyeol mudara. Estavam mais intensos, mais fixos e mais indecifráveis, eram como de um estranho e isso o magoava. Lembrava-se da época onde o irmão era transparente para si, onde mesmo de longe conseguia ver se alguma coisa acontecera e o afetara, onde olhava para os olhos do irmão e sentia vontade de abraçá-lo, também passava a provocá-lo só para receber cócegas. Só para ser tocado por ele. Sempre era assim, por e para Chanyeol.

  Relembrando o passado via as inúmeras coisas que fizera por ele, porém não conseguia julgá-las e afirmar se o fizeram bem ou mal naquela época tão linda.

  No fim, apesar dos pesares, teve uma boa infância, pois o tinha.

  Perguntava-se se queria realmente ver o irmão outra vez, Sehun poderia até sentir medo de trovões, mas não tinha da verdade. Desde bem pequeno sempre as aceitou. Aceitara a ausência do pai, mesmo que doesse. Aceitara a doença da mãe, mesmo que machucasse. Aceitara o sentimento que florescera pelo irmão, mesmo que fosse terrivelmente errado.

  Perguntava-se também sobre esse tal sentimento. Sabia que odiava Chanyeol, mas em algum lugar bem escondido entre as camadas que criara será que ainda o amava? Será que ainda seria capaz de fazer inúmeras coisas só para ser tocado?

  As perguntas sem respostas ainda estavam lá. O torturando impiedosamente enquanto seu corpo tremia a cada estrondo que chegava a seus ouvidos misturados com a voz sussurrada do irmão em sua memória.

  Era estranho demais um adulto querer, pelo menos por alguns segundos, proteção? Era esquisito ou bizarro demais querer de volta o que a vida havia lhe tirado? Era ruim querer voltar a ter menos um metro e cinquenta de altura só para esconder-se atrás das pernas do irmão e zoá-las pelo seu formato estranho? Era incomodo querê-lo?

  Quanto mais tentava achar uma resposta confiável mais perguntas vinham e vinham e não paravam mais.

  Lembrou-se de quando era mais novo e uma tempestade tentando de tudo para ser notada fez sua casa tremer, nada que afetasse os móveis, mas o suficiente para amedrontar o pequeno Sehun que saíra correndo até o quarto do irmão em prantos, pois achava que estava havendo um terremoto. Lembrou-se do sorriso aconchegante que o maior esboçou quando abriu os braços para o seu garotinho esconder-se ali. Riu em meio às lágrimas ao lembrar-se da fala do irmão enquanto acariciava seus cabelos.

  Chanyeol havia feito tantas promessas que Sehun se questionava se era pedir demais que ele as realizasse, pois quando pequeno, realmente acreditou nas palavras do irmão e também o amara. Ah como o amara! Chegou a até desejar que chovesse sendo capaz de esquecer momentaneamente do seu medo por ele. Para senti-lo.

  Sehun, com vinte anos relembrando o passado, achava-se uma criança boba que fazia de tudo para chamar a atenção do irmão, porém ele não fora bobo em sua infância, ele só era apaixonado.

  Era um apaixonado pelos sorrisos, pelos olhares e pela presença de Chanyeol e tendo só isso conseguia afirmar contente que estava feliz e por quatorze anos ele fora, realmente, feliz.

  Chanyeol fizera isso por ele, só que Sehun não entendia o porquê de ter sido abandonado e se o irmão tivesse lhe explicado com certeza teria entendido, pois Sehun era assim. Ele perdoava somente para poder ver o irmão sorrindo alegre para si mesmo que a mágoa ainda estivesse recente em seu coração.

  Levantou-se do chão quando o frio já começara a ficar insuportável e os sons das trovoadas já terem se cessado um pouco. Viu em cima do sofá a carta que há tanto tempo esperava e permitiu sorrir bem pequeno ao pegá-la em suas mãos. Estava orgulhoso de si mesmo e então com seu celular já em mãos discou o número que lhe era bem familiar.

  — Alô? – a voz feminina aparentando estar cansada o atendeu.

  — Oi mamãe. – disse agradecido por notar a lucidez em sua voz.

  — Sehunnie, meu filho – sorriu ao outro lado da linha — quanto tempo você não me liga!

  — Desculpe omma.

  — Tudo bem filho, só quero que se cuide bem.

  — Estou me esforçando.

  — Que bom! – exclamou a mulher que já tinha vários fios brancos em sua cabeça — E o Luhannie, como está?

  — Está bem – quis sorrir ao ver que sua mãe se preocupava com o suposto amigo, mas não conseguiu — arrumou um emprego há algumas semanas.

  — Fico muito feliz por ele, é um ótimo garoto.

  — É sim. – soluçou choroso mesmo contra sua vontade.

  — Está tudo bem, filho? – perguntou Jiwoo preocupada.

  — E-eu sinto falta da senhora. – disse entre lágrimas — Eu não quero mais viver aqui.

  — Eu também sinto sua falta – murmurou afetuosa — mas eu não vou permitir que você volte.

  — Por quê? – espantou-se com a fala da mais velha.

  — Por mais que me doa dizer isso, você agora é um adulto, tem que aprender a superar seus próprios obstáculos.

  — Mas eu não escolhi isso.

  — E quem escolheu? – perguntou retoricamente — Certas coisas não dependem de nós, meu filho. Você não pode desistir, você não pode ser igual sua mãe, ok?

  — Não fala isso. – Sehun disse limpando aquelas lágrimas que insistiam em descer pelo seu rosto.

  — Sua velha não vai durar muito, meu querido – Jiwoo sorriu triste — são só algumas verdades que depois de um tempo nós precisamos soltá-las antes que elas nos mate por dentro.

  — Você tem muita dessas verdades omma? – perguntou preocupado.

  — Algumas, mas não se preocupe comigo, preocupe-se com sua saúde, tanto física quanto mental.

  — É tão difícil...

  — Eu sei, meu amor, eu sei – suspirou —mas prometa para sua mãe que vai pelo menos tentar, ok?

    “Só tenta, por favor.” – lembrou-se das palavras do irmão.

  — Omma? – chamou.

  — Oi querido.

  — Tem tantas pessoas querendo que eu tente, que eu me acostume e eu não sei se eu consigo, entende? N-ninguém me ensinou como ser adulto, nem ao menos me avisou que de um dia para o outro tudo mudaria e que ser só ‘Park Sehun’ já não bastava. Eu só quero ser feliz, mãe.

  — O que está acontecendo com você, filho? – murmurou baixo.

  — E-eu não sei.

  — Você só precisa tentar se essa tentativa valer seu esforço, se isso for te fazer feliz e caso não fizer, esqueça, pois você é uma pessoa boa demais para sofrer na mão da vida. Você sempre foi bom demais.

  — Mas e se eu não souber se vale à pena?

  — A escolha está em suas mãos. – ouviu a mãe tossir ao terminar de falar.

  — Está tudo bem, mãe?

  — Só estou um pouco resfriada.

  — Cuide-se bem omma. – preocupou-se — Eu quero mudar de assunto, ok?

  — Claro filho, tem alguma novidade?

  — Eu passei na faculdade daqui.

  — Que maravilha meu amor! – exclamou animada — Me orgulho tanto dos meus dois filhos!

  — Omma? – Sehun chamou com a voz embargada.

  — Hum?

  — Me desculpe. – murmurou.

  — Pelo o q- –

  — Eu amo a senhora.

  — Eu ta- –

  Sehun encerrou a chamada antes que a mãe terminasse sua fala, pois a culpa já havia tomado conta de si. Tentava, tentava e tentava inúmeras vezes compreender o porquê de amar já que era tão tortuoso a ponto de doer e fazer seu interior secar por tantas lágrimas que passaram pelo seu rosto, o marcando.

  Sem querer comparou seus sentimentos pelos dois dos três homens mais importantes de sua vida. Não tinha dúvida que amava Luhan, isso era fato, porém também não podia negar o efeito que o irmão lhe causava.

  Estremeceu-se quando um estrondo balançou a janela que encarava sem ao menos perceber e então lembrou-se:

  Barulho. Medo. Irmão. Braços. Proteção. Promessas. Amor. Pecado.

  Seu terrível pesadelo que um dia cogitou ser um lindo sonho.

  — Por que Chanyeol, por quê? – resmungava enquanto ia a passos cuidadosos até o próprio quarto. Cobriu-se com os cobertores que exalavam o cheiro do namorado, antes sorriria, mas ali já não era capaz. Não tinha esse direito.

  Logo o sono veio e então dormiu pensando em outro na cama que dividia com Luhan.  

 

.*.*.*.*.

 

  Lembrava-se de quando ainda era uma criança e sua mãe saudável, onde era acordado pelo seu despertador do Homem-aranha e corria até o andar de baixo para assistir os desenhos dos seus heróis favoritos. Certo dia, antes de presenciar o primeiro surto da genitora, perguntou a ela se era forte suficiente para ser um herói e salvar o mundo e como resposta recebeu uma história, sua história. Sua mãe lhe contou que quando ainda cabia em seus braços, raramente chorava e sempre aguentava firmemente a fome no meio da noite só para não acordá-la, pois sabia que a maior estava cansada. Chegou a dizer também que o filho havia a salvado de algumas coisas más. Mesmo não entendendo, ele acreditou, pois naquela história inventada ele era forte, até mesmo indestrutível. Ele achava que poderia salvar o mundo, pois não chorava.

  E naquela noite, Chanyeol chorou.

  As paredes daquele elevador o sufocavam, seu coração batia desenfreado e o machucava. Ali já não era indestrutível, ali já não era um herói. Ao sentar-se dentro do seu carro, não conseguira fazer nada, nem mesmo o ligar, só ficara lá, olhando para fora com a visão nublada já as lágrimas o impediam de enxergar com clareza o que acontecia ao seu redor.

  As risadas ainda estavam frescas em sua memória. Talvez não se lembrasse de todas, mas das que lembrava o deixava bem. Lembrava-se dos dentinhos pequenos que o menor tinha, os achava a coisa mais fofa do mundo, pois pertenciam a Sehun. Fora como se fosse tele transportado para o passado e pudesse reviver a cena do menor o mostrando seu primeiro dente bambo.

 

  — Hyung! Hyung! Hyung! – Sehun chamava animado enquanto pulava por cima do irmão — Vai, acorda!

  — Que foi Sehunnie? – perguntou Chanyeol assustado, mas logo sorriu ao ver o risinho sapeca que o irmão lhe dava.

  — Tenho uma super novidade! – disse prolongando o ‘u’ da palavra ‘super’ — Desse tamanhão – abriu os braços o máximo que conseguia.

  — E o que é baixinho? – riu bagunçando ainda mais os cabelos castanhos do irmão.

  — Hyung não me chame assim... – pediu cruzando os braços em frente ao seu peito — Já sou quase um adulto!

  — E por que você já é um quase adulto?

  — Estou trocando os dentes! – falou sorrindo largo.

  — Sério? – sentou-se sem tirar o irmão do colo — Abre a boca pra eu ver. – viu Sehun abrir a boca e balançar um dos seus dentes da frente — Oww! Tem razão pequeno, daqui a pouco você já vai ser um homem. – suspirou.

  — O hyung não ficou feliz? – perguntou tristonho.

  — Não muito.

  — E por quê?

  — Porque se você virar um adulto assim tão rápido não vamos poder fazer um tanto de coisas juntos.

  — Tipo o que? – franziu a testa.

  — Você sabe que adultos não têm medos, certo? – Sehun confirmou com a cabeça — Então, se isso acontecer mesmo, você não vai poder ter medo e eu não vou precisar te proteger.

  — Então eu não vou poder mais dormir com você se me tornar um adulto? – perguntou com os olhos arregalados.

  — Infelizmente não Sehunnie.

  — Não, hyung! – abraçou forte o maior pela cintura — Se for assim não quero crescer nunca! Quero que você me proteja sempre!

  — Eu estava brincando irmãozinho. – riu retribuindo o abraço — Mesmo se você ficar maior que eu, vou sempre te acolher aqui.

  — Jura? – olhou Chanyeol nos olhos — Jura que vai estar comigo todas as manhãs assim que eu acordar?

  — Juro pequeno.

  — Seu pequeno. – corrigiu.

  — Juro, meu pequeno. – sorriu.

 

  Aquela altura o choro já havia se tornado frenético e ao fechar seus olhos, podia sentir aqueles braços finos e curtos tentando circundar seu tronco em um abraço apertado. Nele, sentia-se amado e conseguia dizer de forma muda que também o amava. Depois de crescido foram poucas as vezes que conseguiu dizer com palavras seus sentimentos e ali com a cabeça escorada no volante, se arrependeu de todas as vezes que aquelas três palavras ficaram agarradas em sua garganta e não foi corajoso o suficiente para soltá-las. Chanyeol era assim, covarde.

  Ao levantar a cabeça percebera que estava chovendo. Lembrou-se da última vez que abrigara o irmão em seus braços, alguns dias antes de ter o deixado. As coisas não estavam bem entre os irmãos, Chanyeol estava confuso e mesmo não tendo a intenção, acabou magoando Sehun por seu afastamento.

  Ambos não conseguiam dormir e mesmo com medo de ser rejeitado o mais novo foi até o quarto ao lado. Sehun não precisou bater na porta para que Chanyeol soubesse que era ele ali querendo sua proteção. Abriu os braços e o menor correu até si com um pequeno sorriso no rosto.

  Naquela noite, Chanyeol olhara para a parede e Sehun o olhava, mas para o menor estava tudo bem, pois mesmo que não tivesse seu olhar retribuído, aquele momento era deles, era um dos poucos onde nada poderia sair errado já que ambos não se pronunciavam. Só era Sehun olhando para Chanyeol como se ele fosse a coisa mais perfeita do seu mundo, e era.

  Chanyeol, enquanto olhava a chuva molhar seu pára-brisas, desejou voltar no tempo e o olhar de volta, porque só o maior sabia o quanto queria que naquele momento fosse Chanyeol olhando para Sehun e Sehun olhando para Chanyeol.

 

 

.*.*.*.*.

 

 

  Fora como na adolescência, cheio de dramas e dores que enxovalhavam seu peito. Já fazia horas que estava deitado na cama que dividia com Luhan e que esse último estava sobre seu ombro, dormindo.

  Naquela noite completava duas semanas desde que havia visto Chanyeol pela última vez e a partir daquele dia já não conseguira dormir rápido e quando conseguia, ele vinha em seus sonhos, ás vezes era como se fosse criança outra vez, mas no final não importava como o sonho começava, Sehun sempre acabara sozinho, o esperando.

  De tempos em tempos olhava para o rosto do namorado e se sentia mal por não conseguir amá-lo completamente, pois Luhan não merecia aquele amor cheio de vírgulas. Iria acariciar o rosto do mais velho quando viu seu celular se iluminar em cima da cômoda.

 

“Está acordado?”

Chanyeol – 03h25min

 

  Chegava a ser irônico o jeito como há anos sonhava em receber uma mensagem assim do irmão e como naquela madrugada desejou jogar seu celular na parede, pois não era aquilo que queria, não mais.

                                          

                                                                 “O que você quer Chanyeol?

Sehun – 03h36min

 “Você vai tentar me deixar voltar

para sua vida?”

Chanyeol – 03h38min

 

  As palavras de sua mãe martelavam em sua cabeça. Perguntava-se inúmeras vezes se aquilo realmente valia a pena. Olhara para o corpo seminu de Luhan ao seu lado e soube que não queria para ele o que havia sentido e ainda sentia. Não queria que o menor o odiasse mais tarde.

                                                      

                                                                       “Não vou.”

                                                                               Sehun – 03h54min

 

  Chanyeol realmente não esperava por aquela resposta, seu corpo ficara travado e não conseguiu responder o quão rápido quanto queria.

 

“Posso saber o porquê?” – enviou com as mãos trêmulas.

Chanyeol – 04h00min

                                                               “Você não vale mais a pena Chanyeol.”

                                                                                         Sehun – 04h04min

“E eu? Posso tentar voltar?”

Chanyeol – 04h06min

                                                               “E por que você quer tentar?”                                                                                                                                                      

                                                                          Sehun – 04h12min

“Porque na minha vida, você

é a única coisa que eu ainda tenho

certeza que vale a pena.

Durma bem, pequeno.”

Chanyeol – 04h13min

 

 

.*.*.*.*.

 

 

  Entre as inúmeras xícaras de café que virava, ele vinha a sua mente, nada sonhador como seus livros românticos contavam, só estava ali em sua mente para fazer-lhe companhia enquanto estava sozinho em sua cama grande, ou até mesmo quando estava no banho e encostava a cabeça na parede, ele vinha como uma forma de alívio para sua mente depois de uma semana exaustiva de trabalho. Fora um acaso que virou sua rotina preferida.

  Talvez fosse por causa disso que estava correndo pela sua casa com os cabelos molhados procurando suas chaves, já que havia se esquecido de colocar o celular para despertar naquela manhã de sábado. Ao achá-las saiu rápido de casa com um livro por de baixo de seu braço.

  Relembrava-se perfeitamente do sábado posterior ao que o maior havia lhe levado até sua casa. Lembrou-se que o outro estava na mesma mesa que sempre sentara, lendo o mesmo livro que tinha criticado horrores na outra vez que o vira. Kyungsoo sorrira naquele dia. Sorrira, pois estava surpreso com a cena que via e raramente ficava surpreso com algo.

 

 — Eu realmente estou me perguntando o que te levou a ler esse livro novamente, já que você tinha o odiado. – disse o menor sentando-se sem permissão na frente do outro.

  — Parece que o jogo virou não é mesmo? – respondeu abaixando seus óculos quadrados — Você puxando assunto comigo, quem diria.

  — Você está sentado na minha mesa, seria falta de educação te expulsar daqui sem dizer algo antes. – sorriu apoiando a mão em sua bochecha.

  — Sinto lhe informar, mas não saio daqui de jeito nenhum. – decretou.

  — Imaginei. Mas e então? Por que você está lendo esse livro novamente já que o odiou?

  — E continuo odiando! – exclamou vendo Kyungsoo arquear uma sobrancelha — Só que depois de você ter falado tão bem dele pensei não poderia ser tão ruim assim.

  — Então isso é culpa minha?

  — Completamente.

 

  Sorrir era uma coisa que sempre fazia quando entrava naquela pequena cafeteria, já não mais de surpresa, ou nervoso, só porque gostava do sorriso do novo amigo e naquela manhã que acordara atrasado não fora diferente. Não precisou procurar muito para achar o moreno movendo o pé rapidamente enquanto olhava algo pelo lado de fora do vidro, impaciente. Jongin o esperava, Kyungsoo sabia disso e até gostou do fato, mas como esperado, não demonstrou e escondeu o sorriso que abriu ao entrar.

  — Me esperando? – perguntou sentando ao lado do outro.

  — Eu? Imagina. – respondeu irônico — Só estava pensando seriamente em ir até sua casa te trazer a força. – disse fazendo o menor rir — Por que demorou tanto hein? – cutucou o menor.

  — Perdi a hora, esqueci de colocar o despertador. – suspirou cansado.

  — Ainda não acostumado?

  — É, acho que estou ficando velho.

  — Realmente. – concordou.

  — Cala a boca. – esbarrou seu ombro no do maior de propósito.

  — O que você trouxe hoje? – apontou para o livro no colo de Kyungsoo.

  — “Até você voltar”.

  — Sobre o que é?

  — Um romance romântico sobre um casal onde o homem é abandonado pela esposa, mas ele não quer acreditar que foi deixado por ela, então cria desculpas para ela ter partido e conta a história deles desde quando se conheceram.

  — Parece triste.

  — E é, mas é maravilhoso de qualquer jeito.

  — Concordo. – afirmou olhando o meio sorriso que Kyungsoo deu.

  E então ambos liam enquanto curtia a presença um do outro. Fazia pouco mais de um mês que tinham essa rotina onde muitas palavras não eram bem-vindas, pois Kyungsoo preferia assim e para Jongin estava tudo bem. Havia se acostumado com o jeito do menor, aprendera a gostar do seu humor negro e muitas vezes o importunava só para ouvir alguma piada inteligente. Era sempre assim e Jongin se perguntava o porquê de gostar disso, já que nunca tinha sido adepto a qualquer tipo de costume.

  Fingia ler quando sentiu a bochecha de Kyungsoo encostar-se a seu ombro. Assustou-se com o ato, mas logo percebera que o mais velho tinha dormido. Era a primeira vez que o via dormir e ele fazia de um jeito engraçado, onde sua boca carnuda fazia um biquinho, sua bochecha espremia seus olhos e a armação do óculos ficava torta. Apoiou sua cabeça na do menor bem rápido, pois Kyungsoo não curtia muito contado físico e ainda gostava muito da sua vida.

  Passou um bom tempo naquela posição ereta sem fazer movimentos bruscos para não acordá-lo, porém seu ombro começou a doer.

  — Kyung – chamou o balançando — acorda.

  — O que foi? – perguntou abrindo os olhos minimamente.

  — Você acabou dormindo, mas vem vou te levar para casa. – o mais velho até negaria, entretanto ainda estava meio grogue e seria perigoso.

  — Ok.

  Jongin sorriu com a confirmação sonolenta arrastando o menor até sua moto que estava estacionada nos fundos daquele café.

  — Vamos nisso? – arregalou os olhos.

  — Nela, não nisso e sim, vamos.

  — Não vou andar em um lugar que foi projetado para cair.

  — Confia em mim hyung. – foi a primeira vez que o moreno lhe chamava assim, ele falava de uma forma bonita por mais que negasse qualquer tipo elogio ao maior.

  — Ok, mas se eu cair – ameaçou — te processo.

  — Que medo. – riu enquanto subia em sua moto — Sobe aqui.

  Kyungsoo resmungou horrores e quando ia se sentar Jongin voltou a falar:

  — Não aí. – apontou para trás — Aqui. – apontou para seu colo.

  — Na frente? – estranhou — De jeito nenhum.

  — Deixa de ser medroso! Parece até que nunca andou em uma moto.

  — Bom...

  — Não acredito! – exclamou sorrindo — Sério isso?

  — Se você não percebeu, eu não sou de me aventurar muito.

  — Vem, vamos mudar isso. – puxou o menor pela mão.

  — Tem certeza disso?

  — Eu não te colocaria em risco Soo. – então Kyungsoo subiu rápido antes que sua coragem fosse embora. Agarrou com força o guidão enquanto ouvia Jongin rir e apoiar o queixo sobre seu ombro dando a partida — Fecha os olhos e só abra quando eu mandar, ok?

  — Hunrum – gemeu em resposta.

  As pessoas os olhavam de forma estranha, com desprezo, afinal não era normal dois homens andarem daquele jeito naquele país, Jongin conseguia ver isso pelo canto dos seus olhos, mas não me importava e sabia que Kyungsoo também não. Nunca foi de ligar pelo o que os outros achavam de si, saíra cedo da casa dos seus pais justamente por não gostar de seguir a doutrina, muito das vezes preconceituosa, que tinham.

  — Esse não é o caminho para minha casa. – ouviu o mais velho falar.

  — Ei! Disse que não era para olhar!

  — Foi mal. – riu fechando novamente os olhos.

  Jongin gostava de ver Kyungsoo sorrir já que ele, quase sempre, era sério e de palavras objetivas. Confessava que no começo queria somente sexo casual, só que quando viu aquele mesmo sorriso no dia que o levou embora já não conseguiu partir. Aquele rapaz assustador havia se tornado especial. — Pode abrir os olhos hyung. – segredou no ouvido do outro. Estavam no início de uma ladeira onde Jongin sempre descera de skate quando criança.

  — Você ta’ doido Jongin? – perguntou espantado ao ver a altura que era aquilo.

  — Vou contar até três e no três você abre os braços, não se preocupe você não vai cair.

  — Jongin, por favor, não faz...

  — Um. – disse rindo esquentando o motor.

  — Não faz isso!

  — Dois. – tirou o apoio do chão.

  — Eu juro que vou te matar!

  — Três!!! – gritaram juntos quando o moreno deu a partida e começaram a descer aquela estrada. Kyungsoo não conseguia se soltar ao contrário do Kim que estava com os braços abertos sentindo seus cabelos voarem enquanto gritava sobre como àquilo era bom, ele parecia livre, sem preocupações. Ele estava lindo e Kyungsoo quis parecer assim para o outro também.

  Meio inseguro abriu os braços e pôde sentir o que o maior sentira. Quis escrever sobre aquilo, sobre como era, por alguns segundos, realizar o sonho infantil de querer voar, querer ser um passarinho que pudesse voar por entre as nuvens achando que poderia tocar o céu.

   Ali ele não pôde tocar o céu, porém tocou as mãos de Jongin e isso foi o suficiente.

 

.*.*.*.*.

 

  Observava as paisagens que se passavam enquanto apertava vez ou outra a mão do namorado por debaixo de suas mochilas. Ao contrário das outras vezes já não conseguia disfarçar que algo havia acontecido e mesmo que seu rosto permanecesse sem expressão, Luhan conseguia ver em seus olhos que algo estranho estava ali. Sehun estava do mesmo jeito de quando se conheceram e o menor não sabia o que fazer, pois não conhecia esse lado do maior. Sehun não havia lhe permitido isso.

  — Relaxa, você vai se sair bem! – disse otimista mesmo sabendo que não era esse o motivo da angústia do maior.

  — Espero que sim. – sorriu minimamente apertando outra vez a mão entrelaçada com a do mais velho reconhecendo o esforço do outro — E mesmo que isso não aconteça, ainda tenho você não é? – sussurrou.

  — Claro que sim. – sussurrou em resposta cutucando Sehun para que o mesmo se levantasse já que haviam chegado ao ponto que deveriam descer. Com ambas as mãos separadas, Sehun envolveu o corpo do menor em seus braços rapidamente — Nos encontramos aqui mais tarde? – perguntou Luhan se afastando após alguns segundos do outro.

  —Ok. – respondeu acenando enquanto via o menor ir a uma direção oposta a sua. Suspirou ao andar e ver o grande prédio que era sua nova faculdade.

  Enquanto passava pelos extensos corredores tentava achar algo que fosse tão incrível a ponto de valer a pena abandonar tudo que tinha para ter aquilo. Como esperado, não achou e chegara à certeza de que se fosse ele no lugar de Chanyeol nunca deixaria o irmão por todas aquelas coisas materiais.

  Respirou fundo com o intuito de afastar aqueles pensamentos infelizes de sua cabeça e entrou na sala onde teria a primeira aula sobre paisagismo. Adorava aquela matéria e se perguntava o porquê de não estar nem um pouco animado para tê-la. Não saberia responder, ou melhor, não queria responder, pois isso o levaria a pensar outra vez em Chanyeol.

  Sempre, mesmo que tentasse se distrair ia procurar, mesmo que inconscientemente, algo que o lembrasse do irmão. Andava pelas ruas sentindo os perfumes de várias pessoas que passassem por si só para poder comparar e dizer: ‘Isso é mil vezes melhor que a do Chanyeol!’, porém nunca achara. Amava o cheiro de Luhan, mas comparar com o do irmão chegava a ser injusto.

  No final das contas, Chanyeol sempre fora bom em tudo que pegasse para fazer e com Sehun não foi diferente. Cometeu o erro de deixar seu coração em suas mãos e o irmão foi o melhor em machucá-lo, em destroçá-lo.

  As horas passaram-se rápidas na visão do universitário e logo já estava passando despercebido pelo campus a fora em direção ao ponto de ônibus onde esperava encontrar a silhueta magra do namorado.

  Andava de cabeça baixa a passos largos quando um cheiro familiar o fez parar em meio ao mar de pessoas que passavam por ali, umas tentando entrar, outras tentando sair. Pelos segundos que se passaram tentara dizer para si mesmo que tudo não passava de uma alucinação causada pelo cansaço, entretanto, Sehun sabia que reconheceria aquele perfume em meio a qualquer outro e estava com medo de se virar e vê-lo outra vez depois de quase dois meses.

  Ele não queria, mas teria. Essa seria uma das suas consequências por amar mais do que o permitido alguém que tinha o mesmo sangue que corria por suas veias.

  — Sehun? – ouviu a voz grossa de Chanyeol o chamar e logo puxá-lo pelo pulso para longe daquelas pessoas. Sehun não demonstrara reação, sua mente estava confusa demais para tal — Você ia acabar se machucando no meio de tanta gente. – não respondeu, nem mesmo o olhou.

  — O que você está fazendo aqui? – perguntou soltando seu braço das mãos do irmão.

  — Soube que suas aulas começavam hoje e revolvi relembrar os velhos tempos. – sorriu para o menor que não o retribuiu.

  — Está tarde demais para isso. – começou a andar.

  — Eu sei Sehun – virou o menor para si e o fez olhar em seus olhos — Sei também que você já não quer mais tentar, mas eu quero, eu preciso disso, então, por favor, só me permita tentar, ok? – suplicou tristonho.

  — O que você está fazendo aqui? – desconversou se livrando das mãos do maior e se endireitando.

  — Já disse, queria recomeçar e achei que te buscando igual fazia antigamente seria uma boa ideia.

  — Eu não sou mais uma criança Chanyeol e, aliás, vou embora com o Luhan.

  — O que você viu nesse garoto? – disse com raiva.

  — Ter ficado ao meu lado quando eu estava sozinho esperando por você é motivo suficiente, não acha? – parou ao chegar ao ponto.

  — Não seja assim, por favor.

  — Quer sab- – interrompeu a própria fala ao sentir o celular vibrando em seu bolso. Ao pegá-lo viu que era uma mensagem do namorado avisando que iria agarrar no trabalho. Suspirou exausto ao ler aquele pequeno texto.

  — O que aconteceu? – Chanyeol perguntou.

  — O Luhan não vai poder vim... – fingiu não ver o sorriso do irmão.

  — Então eu posso te acompanhar?

  — Ok. – respondeu na defensiva — Vamos a pé.

  Apesar dos acontecimentos, Chanyeol estava feliz por estar caminhando ao lado do irmão depois de tanto tempo. Observou pelo canto dos olhos o modo como Sehun andava, com os olhos vidrados no chão, como se aquele piso cinza fosse a coisa mais interessante do mundo, talvez para ele até fosse já que Sehun sempre gostara de coisas poucas, aquelas que ninguém notava. O menor sempre conseguira ver coisas em Chanyeol que ninguém mais via. Coisas que ninguém se importava.

  — Sempre me perguntei se você ainda gostava da coloração das coisas. – o maior se pronunciou atraindo a atenção do menor para si. Sehun ainda não havia se acostumado com a presença sempre marcante do irmão e por isso demorou a respondê-lo.

  — Ainda gosto. – disse baixo.

  — Imaginei. – sorriu — Nunca idealizei você fazendo algo que não gostasse pelo resto da sua vida. Como eu. – sussurrou só para si a última parte.

  — Seria uma vida infeliz. – olhou para o irmão — O mundo já conspira demais pela nossa infelicidade, não daria mais um motivo para ele.

  — Você cresceu muito. – observou com um sorriso triste o olhando — Queria ter visto de perto tudo isso.

  — Eu também. – disse, porém desviou o olhar quando percebeu o clima nostálgico que se fazia presente naquele momento.

  Nostalgia seria uma das palavras que se encaixaria perfeitamente na mente confusa daqueles irmãos, pois ambos sentiam falta de um tempo que jamais voltaria.

  — Eu sempre soube como você estava pela boca do pai. – apontou o mais novo — Ele sempre chegava em casa feliz dizendo o quanto você era elogiado pelos professores. – sorriu minimamente — Era doloroso, mas eu gostava, entende? Assim eu sabia se você estava ou não bem.

  — Sehun, eu...

  — Não, tudo bem. – interrompeu o outro guardando suas mãos em seu bolso — Lembro-me que até cheguei a ficar orgulhoso de você também. Chegava à escola e falava a manhã inteira no ouvido da Minseo o quanto você tinha se tornado legal para todo mundo, só que depois de um tempo eu percebi que não queria que você se tornasse “legal para todo mundo”, eu queria que você fosse legal só no meu mundo, queria que você continuasse a ser meu herói e de mais ninguém. – Sehun não sorria mais — Eu ainda acreditava em heróis, sabia? – viu Chanyeol manear a cabeça, negando — Mas eu acreditava. Só que ao ver todo mundo querendo ser adulto resolvi querer brincar disso também, achava que seria divertido e de fato foi, até começar a doer de verdade e foi ai que o Luhan apareceu.

  — Então ele virou seu herói. – afirmou.

  — Até que não. – negou com a cabeça — Eu já tinha deixado de acreditar nisso, mas ele realmente me salvou.

  — Um dia terei que agradecê-lo.

  — Não faça isso. – riu — Ele não fez isso por querer algo em troca, o que temos hoje foi só um efeito.

  Chanyeol não foi capaz de falar mais nada. Achava-se culpado por tudo aquilo e de fato era, ele sabia, e essa certeza fez as palavras fugirem de sua boca.

  Ao chegarem Sehun se encontrava de cabeça baixa e Chanyeol com ela erguida, com olhos fixos a sua frente, mas com o pensamento longe em sua adolescência. Realmente a considerava boa, pois naquele tempo tinha sempre um garotinho de cabelos castanhos claros o esperando e ali ao seu lado não existia mais os cabelos claros e nem seu garotinho. Sehun havia se tornado um homem e já não queria ser mais seu.

  A rua estava vazia e parcialmente escura com o crepúsculo.

  E Sehun não se despedira naquela noite e para Chanyeol tudo ficara lento ao ver o menor procurar incessantemente suas chaves na mochila que carregava junto a si. Viu Sehun querer fugir e lembrara-se da época em que o mais novo era mantido em suas mãos, em um punho fechado. Viu com o passar do tempo o mais novo escorregar de pouco em pouco por entre os nós de seus dedos e ali, naquele momento, sua mão se encontrava vazia, sem rastros, sem marcas.

  Chanyeol simplesmente não conseguira mais ver aquele garotinho desaparecer de sua visão. Não poderia ser um idiota e ficar sem expressão vendo a única coisa que ainda amava ir embora e por isso ao ver Sehun colocando a chave na fechadura correu até ele e envolveu sua cintura em seus braços longos.

  Sehun já não conseguira mais girar a chave, pois seus braços haviam perdido sua força e caído sobre os braços do maior.

  — Por que você se foi, Chan? – perguntou sussurrando encostando a cabeça no portão — Você poderia ter até me ignorado por causa do que aconteceu, mas eu só precisava de você lá, não importava como.

  — Eu só sou um babaca que não sabe como agir em momentos de confusões e que errou com a pessoa que mais precisava de acertos. – respondeu no mesmo tom de voz — Eu sei que não é o bastante, mas eu já estou sendo torturado há seis anos por isso.

  — Eu perdoaria você e suas mil babaquices naquela época.

  — Eu sei. – sorriu — Por isso você foi a pessoa que eu mais amei nesse mundo.

  — Eu não consigo entender. – escondeu seu rosto entre suas mãos.

  — Muitas coisas eu também não, mas elas não são feitas para serem entendidas. – juntou mais as costas do irmão em seu peito — Estamos mais cercados disso do que imaginamos Sehunnie.

  — E se eu não conseguir acreditar? – Sehun perguntou, porém não teve resposta e por alguns segundos pôde perceber que seu irmão havia se esquecido de respirar. Sentiu os braços que antes lhe esquentavam se desgrudarem de seu corpo. Não conseguiu se virar, mas Chanyeol fizera isso por ele.

  — Olha para mim. – ordenou e viu o menor fazendo o que tinha dito — Eu posso ter feito várias coisas ruins para nós dois, porém eu nunca, nem uma vez sequer, menti para você. – segurou as bochechas do irmão para que os olhos do mesmo ficassem conectados aos seus — Você foi a única coisa em toda minha vida que consegui sempre chamar de meu. Mesmo longe sem conseguir te ver ou não tendo notícias suas eu te considerava meu, pois eu sabia que mesmo não te tendo, você me tinha.

  — Eu não tive nada de você Chanyeol.

  — Teve sim, sabe por quê? – Sehun negara com os olhos lacrimejados — Porque eu me dei a você no mesmo dia que fui embora.

  — E-eu não sabia.

  — Eu sei que não. – abraçara forte o irmão mesmo não sendo correspondido — Acho que eu era orgulhoso demais para dizer isso.

  — Eu senti tanto medo. – murmurou enquanto aspirava aquele perfume que tanto procurara igual.

  — Sente medo agora? – sussurrou.

  — Muito.

  — Medo de mim?

  — Medo do que você possa fazer comigo.

  — O que eu poderia fazer?

  — Deixar-me.

  Chanyeol poderia ter falado que não iria o deixaria outra vez, mas não achara necessário. Apertou o menor contra si em uma promessa que não iria embora e Sehun entendera.

  Daquele jeito os irmãos ficaram e agradeceram mentalmente pela rua vazia, pois assim poderiam continuar aspirando o cheiro um do outro, assim como faziam quando crianças, sem malícia e com saudade.

  — Deve ter sido difícil. – murmurou o mais velho depois de poucos minutos.

  — O que? – perguntou confuso.

  — Ter criado essa barreira contra mim.

  — Foram seis anos desmoronados em minutos.

  — Você chegou a me odiar?

  — Inúmeras vezes. – segredou com o queixo trêmulo por segurar as lágrimas. Sehun ainda não havia correspondido o toque do maior.

  — Você está me odiando agora? – falou baixinho olhando para o irmão.

  — Não. – sorriu pequeno fazendo uma lágrima descer.

  — Você ainda sente medo? – perguntou secando aquela mesma lágrima que caíra.

  — Sim, muito e de várias coisas.

  — Eu também.

  — Heróis têm medos? – perguntou sorrindo fazendo Chanyeol sorrir também.

  — Esse aqui cheio de defeitos e erros, sim.

  — Esse é um bom herói. – encarou o peito do irmão, sem sorrir — Não vai embora outra vez, por favor.

  — Eu vou estar sempre onde você estiver. – sorriu para Sehun — Eu prometo.

  Então Sehun o abraçou e se permitiu acreditar, pois Chanyeol sempre fora tudo que precisava e ali não fora diferente. Talvez ainda não tivesse perdoado completamente o irmão, mas naquele momento preferiu não pensar sobre o assunto, ali ele quis acreditar, ali ele quis amar.

 

                        E amou.  

 

 

 

 

 

 

 

 


Notas Finais


Aaaaaa eai o que acharam? ♥ Me digam para eu ficar feliz!

Aaaa tenho notícias que vão deixar pessoas vingativas felizes: eu chorei que nem um bebê esses dias ai pra trás vendo o final do dorama do Baek! Senti na pele o que vcs sentem e esse é um dos motivos que eu quero abraçar cada um de vcs!
Todos moram aqui no meu coração ♥ Acho que não deve ter uma semana que não fico um bom tempo pensando como essa fic foi bem recepcionada por vcs!

Não preciso dizer, pq acho que vcs já devem saber, entããão...

Até a próxima meus amores! ♥


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