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História Voodoo - ERERI - Capítulo 14


Escrita por: Amante_yaois

Capítulo 15 - Capítulo 14


"O que diabos está acontecendo aqui?!" voltou a repetir após alguns segundos sem resposta, sua paciência diminuindo cada vez mais. Levi não só o desobedeceu como também trouxe um total estranho para dentro de casa, um absurdo por assim dizer, já que não havia falado nada. E mesmo que falasse, estava de castigo, então não havia explicação. "Levi?"

Encolhendo-se com o tom de voz que o pai usou, o adolescente jurou internamente que se saísse daquela vivo, nunca mais encostaria em uma caixa de cigarros na sua vida. Ele apostava a vida do Eren nessa sua promessa, então tinha que não funcionar. "S-sim?"

Suspirando, Kuchel decidiu interver antes que um massacre viesse a cair sobre a família. "Levi, por que não nos avisou que estava trazendo um ficante para casa?"

Arregalando os olhos, lembrou-se que o motivo disso tudo ainda estava ao seu lado, fingindo não ser o culpado. Abrindo a boca para responder a pergunta da mulher, foi atrapalhado pelo moreno, que soltou uma risadinha marota antes de se curvar em respeito.

"Eu realmente sinto muito, senhor e senhora Ackerman. Me chamo Eren Jaeger e eu… Não sei bem como dizer isso vendo a situação constrangedora na qual nos encontramos." falou, rindo de nervosismo ao coçar sua nuca.

"Você é novo por aqui, jovem? Não lembro de ter te visto em canto algum." falou Michael, um pouco mais tranquilo por saber o básico do rapaz.

"Sim. Me mudei para cá há pouco tempo. Pra falar a verdade, eu nasci aqui, mas tive que mudar para longe por um longo tempo. Voltei para casa há alguns meses." explicou de forma gentil, "E eu sinto muito de verdade por ter entrado na casa de vocês sem autorização, é só que…"

Erguendo uma sobrancelha por saber que o moreno iria aprontar algo, Levi sentiu seu sangue gelar quando o seu olhar se encontrou com o dele. "Eu conheci Levi há pouco tempo, mas a nossa conexão foi tão forte que em pouco tempo começamos a sair juntos."

Arregalando os olhos suavemente, Michael sentiu seu coração apertar, seria esse o dia que tanto temia? Depois de acreditar que Levi não traria nenhum pretendente nem tão cedo, a realidade jogada em si como um balde de água gelada foi forte demais. Sentando-se no sofá, Michael olhou para Kuchel em busca de ajuda, torcendo para que a mulher tivesse as palavras que ele não tinha naquele momento. Felizmente, apesar do quão repentino tivesse sido, Kuchel estava interessada nesse assunto. Principalmente porque o nome era o mesmo que Erwin havia perguntado, disso tinha certeza. "E o que veio falar?"

"Bem…" corando timidamente, sorriu. "Eu vim pedir a mão dele em namoro a vocês."

"O que?" todos os Ackermans se surpreenderam, principalmente o Levi, que corou de raiva.

"Eu pedi ele em namoro na sexta, e tava tudo certo para eu vim aqui hoje pedir novamente só que para vocês aceitarem. Infelizmente, ele disse que tava de castigo, e vocês acabaram chegando na hora em que eu estava indo." explicou tudo, morrendo de rir por dentro por saber que havia arrumado outra bagunça para que Levi ajeitasse.

"Levi… Por que não nos contou?" questionou a mulher, agora um pouco sem jeito com a situação.

Trincando os dentes, forçou um sorriso ao responder: "Porque não estava nos planos. Não sabia como contar a vocês, mas de todo jeito nem tive como contar, já que eu mal cheguei e fui atacado."

Dito isso, abraçou o braço direito do maior, escondendo um pouco seu rosto ao se encolher. "Mas tudo bem, foi para protegê-lo."

Voltando seu olhar para o jovem, Eren trincou seus dentes. Aquela naja realmente faria isso com ele? Que merdinha… Com a culpa sendo jogada para si, agora o que antes eram olhares compreensíveis se tornaram reprovadores. "Então os cigarros eram seus?"

"Eu sinto muito por toda a confusão. Fumo ocasionalmente, já é de família. Devo ter esquecido uma caixinha com ele."

"Foi isso mesmo, amor. Guardei para te devolver, mas acabou que nem chance acabei tendo." completou, rindo suavemente por gostar da forma como estavam mentindo tão bem em conjunto. Se não tivesse a total noção de estar inventando tudo na hora, poderia acreditar facilmente que havia treinado junto do moreno para não errar.

Apesar de se sentirem culpados por não terem ouvido a história que o filho tinha para contar, deram atenção para outro fator importante. De forma alguma aquele rapaz era uma adolescente, e isso levantou outra questão: Qual era a idade dele?

"Quantos anos você tem, meu jovem?" questionou Michael, torcendo para que fosse de maior o suficiente para colocá-lo na cadeia por pedofilia - mesmo que soubesse que Levi quase era de maior e tinha total noção do que fazia.

"Vinte e seis." mentiu, odiando a forma como Levi inflou as bochechas para não rir com a menção de sua idade falsa. "E antes que falem, culpem o Levi. A princípio, eu não queria nada com ele por causa da nossa diferença de idade, mas ele ficou com a história de que panela velha é melhor por fazer comida gostosa, e estamos juntos agora."

Boquiaberto por não esperar isso do filho, Michael ficou encarando-o como se fosse um peixe fora d'água, ação que fez Kuchel rir. "Isso explicaria bastante o fato dele nunca se interessar por nenhum jovem do colegial."

Para falar a verdade, nem mesmo Levi sabia com que cara estava nesse momento. Já havia ficado mais do que óbvio para ambos que ficariam inventando mentiras enquanto tentavam complicar a vida um do outro ao mesmo tempo em que tentavam sair dessa situação, que agora havia ido para outro patamar. Trincando os dentes com a história da "panela velha, melhor", Levi voltou seu olhar para o moreno, ameaçando-o com um olhar mortal. "Não fale isso.'

"Ainda sim…" começou Michael, para o desgosto do Eren. "Não acha ele muito velho para você?"

Havia poucas coisas que Eren de fato odiava na vida, e uma delas era ser chamado de velho - mesmo que fosse. Até porque, ninguém diria que ele, gostoso desse jeito, teria em torno de seus trinta e três - já que ele não contava com os anos em que passou aprisionado. "Pois acredite que Levi me considerou como novo em relação às idades que ele costumava se interessar."

"Como é?" perdeu a paciência, "Pois fique você sabendo que você é o segundo velho que deixei entrar na minha vida. O primeiro velhote é o meu pai."

Ao ouvir isso, Michael sentiu como se algo atravessasse seu coração de forma dolorosa, assim como Eren sentiu ao ser chamado de velho novamente. "V-velho?"

"Bem, gostos não se discutem. Se é isso que acha melhor para si, tudo bem para nós." atrapalhou Kuchel, não querendo ver até onde essa história iria se não fosse parada de agora por conhecer bem o seu antigo companheiro. "Eren, acabamos de te conhecer, então pedimos um pouco de tempo em relação a nossa resposta, mas como Levi já aceitou o seu pedido, não tem problema algum vocês continuarem com seu relacionamento."

"Sério?" animou-se de forma convincente, como se de fato realmente estivesse feliz com isso. "Eu fico tão feliz que não queira nos impedir!"

"Ainda sim, meu jovem, sobre os seus cigarros… Não leve meu filho as drogas. Caso contrário, irei até o inferno para te caçar." ameaçou Michael, sendo sincero até o ponto final de sua frase. Se houvesse algo que ele tivesse que fazer se fosse para proteger seu filho, ele faria sem pensar duas vezes.

"Papai, não fale como se eu fosse alguém manipulável." resmungou chateando-se. Seu pai nunca mudava, sempre continuava vendo-o como alguém que não sabia se proteger e isso o irritava por vezes. 

"De fato. Acredite, senhor, seu filho não é manipulável. Ele é traiçoeiro demais para isso." brincou, "E eu acho que foi por isso que nós estamos juntos até agora. Me sinto fascinado pelo seu jeito de ser, embora ainda não saiba o que ele tenha visto em mim, ou o que queira de mim."

Havia verdade escondida no que ele havia dito, e isso interessou o Levi, que preferiu não responder por hora. Agradecido por Levi não ter respondido, Eren continuou: "E também, queria saber se eu posso levar ele para sair. Quero mostrar um lugar."

Michael estava prestes a dar um não como resposta, mas foi impedido pela Kuchel, que teve um bom argumento. "Já que os cigarros não eram dele, não há porquê deixá-lo de castigo. Embora tenha um pedido a fazer. Eren, como você sabe, amanhã é segunda e Levi tem aul-"

"Trago ele as sete." falou determinado, o que a fez sorrir.

"Eu ia dizer as nove-"

"As sete está ótimo vendo que ainda é cedo." disse Michael, "De que horas vão sair?"

"Daqui a pouco. Irei tomar um banho." explicou Levi, voltando seu olhar para o moreno. "Vem."

Segurando em seu colarinho, Levi foi andando na frente enquanto puxava o maior pela camisa. Apesar de estar livre de vez de seu castigo, ainda tinha coisas a serem resolvidas com o moreno - cujo qual parecia muito satisfeito com o resultado de suas escolhas.

Seguindo-o de bom grado enquanto mantinha um sorriso cafajeste estampado em seu rosto, Eren não conseguiu se impedir de contemplar a bunda do Levi. Para um anão, ele era bem feitinho de corpo. Lambendo seus lábios com esse pensamento, riu baixinho.

"Você tem uma bundinha legal, Ackerman." murmurou somente para que ele ouvisse.

"Engula seus comentários de merda, monstro." retrucou de volta, apesar de ter um suave sorriso ladino pelo elogio que havia ganhado.

Enquanto o "casal" subia a escadaria, Michael e Kuchel permaneciam sentados observando-os subir. O primeiro a quebrar o clima foi Michael: "Nunca pensei que veria ele com alguém."

"Apesar de ser ruim com sentimentos, não quer dizer que ele não os tenha." comentou, sorrindo logo em seguida. "Espero que dê certo. Eles parecem se gostar bastante."

"Para mim, parecia mais que estavam se provocando." admitiu, "Como aquelas pessoas que não admitem que estão se gostando. Ou então aquelas que se odeiam."

"Levi não é o tipo de pessoa que mantém alguém que não gosta ao seu lado. Ele é verdadeiro demais para isso. Com certeza tem algo que o interessa." sorriu ao dar de ombros, "Confio nele."

Parando para pensar por um momento, Michael suspirou ao assentir. "Também confio nele." falou, mas logo franziu o cenho. "Embora ficarei de olho nesse Eren Jaeger."

"Por que?"

"Nem fodendo aquele cara tem vinte e seis. Com certeza tem dezenove."

Revirando os olhos com o que escutou, Kuchel deu um murro de brincadeira em seu ombro. "Isso é ciúmes. Deixe-os em paz."

Emburrado, ele cruzou os braços sobre o peitoral. "Ainda não confio nele."

Enquanto eles conversam, nesse pequeno intervalo de tempo, Eren e Levi já estavam dentro do quarto do adolescente - que por sinal, havia empurrado Eren na cama antes de ir na direção de seu guarda roupa. "Qual é o nosso destino?"

"Vou deixar para ser surpresa." falou, passando um dedo nos lábios sem tirar os olhos do corpo do outro, que franziu o cenho em irritação antes de jogar a primeira peça que pegou na cara dele. "O que foi isso?"

"Que ideia foi essa de não se esconder quando eu mandei, monstro? E se não tivéssemos conseguido desenrolar uma história para sairmos daquela?"

Revirando os olhos por saber que as reclamações iriam começar, Eren se levantou e foi até ele, parando em sua frente somente para segurar em sua cintura. "O que importa é que conseguimos sair dessa. Se continuar se preocupando com o "e se" sempre, vai morrer jovem." falou, levando uma mão para segurar no queixo do menor. "Eu, sinceramente, odiaria ver um rostinho tão belo sendo enterrado."

Corando suavemente, afastou-se. "Que seja. A morte é o destino de todos."

"Não o meu." zombou, apesar de não ter gostado de ser afastado outra vez. 

"Se sua alma continuar interligada com a minha, será sim." piscou, voltando a remexer em seu guarda roupa para ver se encontrava algo que preste. "Ah, antes que eu esqueça."

Erguendo uma sobrancelha em questionamento, Eren resmungou emburrado: "O que fiz agora?"

"Apesar de suas gracinhas lá embaixo, você me tirou de uma enrascada." murmurou, espiando o moreno ao seu lado que estava apoiado ao guarda roupa. "Estou te devendo essa."

"Essa é a sua forma de agradecer?" provocou, sorrindo quando a feição do mesmo se escureceu em irritação.

Terminando de escolher as roupas, fechou a porta e saiu com passos pesados. "Nunca espere um agradecimento meu."

"Sabia que seu lugar no inferno está reservado, minha pequena puta?" provocou outra vez, adorando a forma como ele reagia até mesmo a seus simples comentários.

Parando em frente a porta do banheiro, virou-se para encará-lo, e naquele momento, Eren não conseguiu se impedir de ficar boquiaberto ao ver o sorriso maldoso - que por um momento, lembrou-lhe de sua antiga amiga - estampado em seu rosto. "Claro. O trono será meu. E você será meu monstrinho particular."

Devolvendo o sorriso com um sádico, ele riu baixinho. "Parece uma proposta interessante."

Com o assunto se encerrando ali, Levi adentrou o banheiro e Eren voltou a se deitar na cama, tirando paciência de onde não tinha para esperar o banho demorado do mais novo. Felizmente, quando Levi retornou, estava totalmente pronto, já que também havia se arrumado dentro do cômodo - para a infelicidade do Eren, que além de ter ficado mofando, não tinha espiado nada. Embora, vendo ele assim com essa roupa, talvez não fosse tão importante assim vê-lo pelado.

Parando em frente ao espelho para ajeitar sua calça de couro, Levi virou-se por um momento, checando se o look estava de fato bom. Ele vestia uma blusa preta, e já estava indo a caminho de colocar seus tênis da mesma cor, sendo ela sua favorita - algo que Eren andou percebendo, desde que sempre o via usando aqueles tipos de cor. Levantando-se da cama, perguntou: "Já está pronto?"

Suspirando, pôs uma mão no quadril ao incliná-lo para o lado. "O que acha? Vamos."

Sorrindo, pulou da cama ao se espreguiçar, sua blusa marcando bem seus músculos. "É hora da festa."

Sem falar nada, Levi foi até a porta e o esperou, não demorando muito para trancá-la quando o moreno passou. Virando-se para enfrentá-lo, assustou-se por um momento quando ele pôs um braço em volta de sua cintura. "O que pensa que está fazendo?"

Com um sorriso ladino, Eren disse na maior cara de pau: "Agindo como seu namorado."

Achando um pouco de graça, Levi também sorriu. "Pois saiba que esqueci de seu pedido de namoro, amor."

"Isso quebra meu coração." entrou na provocação, rindo junto do mesmo ao descerem a escadaria, atraindo de imediato a atenção do Michael - que não sentia vergonha alguma em estar atucalhando para ver se não estava acontecendo nada no quarto do filho -, que logo disfarçou seu olhar quando eles chegaram.

"Já vão sair?" perguntou Kuchel ao aparecer na porta da cozinha, tendo entrado lá para fazer alguns sanduíches para que comesse junto do Michael - mas se fosse preciso, faria mais para os outros dois. "Tô fazendo um lanche, não vão querer?"

"A gente já tá saindo, mãe. Estamos com um pouco de pressa." explicou Levi, bastante confortável contra o peitoral do Eren, que mantinha um braço por cima de seu ombro de forma possessiva.

"Desculpe, senhora. Quem sabe outro dia?" sorriu timidamente, algo que fez Levi bufar uma risadinha. 

"É estranho te ver todo tímido, sabia?" provocou, sorrindo quando Eren o encarou com um sorriso mesquinho.

"Deixe de perturbar o pobre, Levi. A primeira vez na casa dos sogros sempre é bem complicado, principalmente na situação que você o colocou." disse Kuchel, pagando de doida ao continuar a falar: "Acabei de lembrar, preciso te contar uma coisa." 

Puxando o filho para dentro da cozinha, deixou que Michael cuidasse do moreno do lado de fora. Com o cenho franzido, Levi estava prestes a perguntar o que estava acontecendo, mas ela acabou o atrapalhando ao falar tudo de uma vez: "Não vou lhe julgar pela idade dos caras que você gosta de pegar, ok? Mas você tem que me prometer algo, se for transar com ele, use camisinha, pelo amor de deus. E mesmo sem ele não tiver doenças, continue usando para garantir. Não vá foder sem preservativo, está me ouvindo?"

Completamente desnorteado, Levi corou fortemente ao dar alguns passos para trás, odiando o fato de ter conseguido evitar esse assunto por tanto tempo somente para que aquele fodido do Eren o colocasse nessa situação. "Mã-"

"Se você for virgem, pede para ele… Você sabe. Esticar… Direitinho… Ok? Não quero ter que ir te buscar em um hospital porque algo deu errado e-"

"Mãe, já chega." tentou cortar o assunto, mas a mulher parecia não aceitar muito bem.

"Você precisa conversar comigo sobre essas coisas. Se não fosse pelo Erwin, eu nem saberia da existência desse cara." implicou, preocupada com o filho.

"Confie em mim, ok? Eu nunca faria nada fora do comum, entendeu? Sinceramente, vocês precisam confiar em mim."

Suspirando, ela pôs uma mão em seu ombro ao sorrir. "Estou feliz que tenha encontrado alguém. Agora vá logo salvá-lo do seu pai."

Apesar de querer muito deixar o Eren ouvindo os sermões de seu pai, Levi também queria muito descobrir para onde ele estaria indo, e foi justamente sua curiosidade que salvou o moreno - que estava a beira de surtar com tantas coisas que o mais velho estava dizendo.

"Se você fizer algo que meu filho não queira, eu vou te prender e fazer sua vida um inferno, está me entendendo? Levi é um jovem bom, você deve saber disso. Caso contrário, ele nunca te deixaria ficar perto dele." parando por um momento para pegar um pouco de ar, voltou a falar: "Use preservativos sempre. Se meu filho pegar alguma doença por sua culpa, eu-"

"Para." pediu Levi, bastante irritado ao sair da cozinha. "Está sendo desnecessário isso. Na verdade, está me humilhando na frente dele, pai. Obrigado."

Agora estava ótimo, Eren estaria cheio de comentários para usar contra si. Se em algum momento Levi tivesse duvidado que poderia piorar, agora ele tinha certeza. "Vamos."

Assentindo, Eren voltou a sua atenção para Michael. "Até outro dia, senhor. E não se preocupe. Minha prioridade é a segurança do seu filho. Se ele morrer, com certeza morrerei também."

Franzindo o cenho, o homem disse: "Também não é preciso exagerar, meu jovem. Sei que tão no auge do romance, mas a vida de vocês não depende uma da outra não."

Antes que tivesse a chance de falar outra coisa, Levi apareceu, dessa vez mais impaciente. "Vamos logo." chamou, pegando em sua mão ao puxá-lo para a saída. "Tchau, até as nove."

"Eu disse set-."

"Minha mãe disse nove, pai." cortou-lhe, saindo da casa logo em seguida. "Onde está sua moto?"

Parando ao seu lado, Eren o observou fechar a porta antes que apontasse para a área lateral da casa. "Ficava mais próximo de sua janela." explicou, tendo entendido o que Levi queria dizer somente com seu olhar. 

Sem questioná-lo, Levi simplesmente saiu da direção que o moreno havia dito, parando mais a frente quando ouviu uma risadinha vindo de trás de si. Olhando por cima de seu ombro, ergueu uma sobrancelha ao dar-lhe um olhar divertido. "O que foi agora?"

Engolindo a risada, Eren deu um sorriso cafajeste ao dizer: "Você é de fato uma víbora, sabia? Se eu não te conhecesse, diria que tudo o que falou era verdade."

Sorrindo de forma orgulhosa, ele explicou: "Meus pais são liberais, mas não eram assim antes. Quando eu era pequeno, um psicólogo uma vez disse a eles que meu comportamento anti social era resultado da criação superprotetora deles. Então, quando fiz onze, eles começaram a me deixar um pouco mais livre, já que estava mais crescido. Acredite, quando temos pais protetores demais, a mentira as vezes é a solução." 

"Por partes devo acreditar, já que minha mãe um dia esteve muito preocupada comigo. Por outro lado, não faço a mínima ideia do que seja esse psico… Psico… Psico o quê mesmo, hein?" questionou, se perdendo entre as palavras - o que Levi achou um pouco fofo por sinal.

Com uma risadinha baixa, falou: "Psicólogos são pessoas que estudam por anos para que possam ajudar outras pessoas por meio de conversas. Quando o caso é grave, eles tendem a jogá-las para um psiquiatra, que dará remédios."

"E ele te ajudou em algo?" perguntou, ficando um pouco mais curioso. Pensar que Levi se abriria para alguém era estranho demais, por isso veio essas dúvidas.

"Humm… Não sei. Abandonei o psicólogo depois que ele falou aos meus pais da minha sexualidade. O que ele não deveria fazer, por sinal." ao dizer isso, franziu o cenho em irritação, odiando lembrar do medo traumatizante que sentiu ao pensar que seus pais iriam odiá-lo. "Tsk."

"Desde então você odeia conversar sobre suas coisas com outros, adivinhei? Você tem medo de ser traído, por isso não confia totalmente em ninguém." ao falar isso, Eren franziu o cenho. Era claro a diferença entre os motivos que resultava na falta de confiança nas pessoas que ambos tinham, mas, ainda sim, cada vez mais aquele garoto parecia ser o seu outro lado da moeda.

"Olha só… Temos um Sherlock Holmes!" provocou, "Sim, você está indo no caminho certo."

Suspirando pela ironia, decidiu deixar essa conversa para depois ao lembrar do porquê querer que Levi tivesse ao seu lado. "Tenho um pedido a fazer, vadia."

"Outro apelido de merda?" ergueu uma sobrancelha incrédulo, decidindo tirar proveito da situação logo em seguida. Dando um passo na direção do moreno, pôs uma mão em seu peitoral antes de subir até seu pescoço, parando no maxilar ao olhar dentro de seus olhos. "Então implore."

"Creio que não tenha necessidade de mendigagem." rebateu, forçando um sorriso pela ousadia do menor.

"Acredite, tem necessidade sim. Principalmente se for um pedido seu." sorriu de forma cínica, amando o olhar que recebeu do outro. "E então?"

"Você vai me ajudar e o assunto se encerrou." falou irritado, arrastando-o pela mão até onde estava sua moto.

Ao chegarem onde ela estava estacionada, entregou o capacete para o Ackerman, que emburrou-se. "Não custava nada fazer o que eu queria."

"Lembre-se, você mesmo disse que está me devendo um favor. Hora de usá-lo."

Erguendo uma sobrancelha, não foi nem sequer necessário perguntar o que Eren queria dizer, pois o mesmo simplesmente disse: "Sobe na moto que te conto no caminho.", e assim o fizera.

- Quebra de tempo -

- 16hrs e 30 minutos -


Ele não acreditava que estava fazendo aquilo. De tudo o que poderia imaginar, isso com certeza foi o mais inesperado. E chegar nessa conclusão o fez se estapear, lembrando-se de forma bruta da pessoa que lhe pediu. Com certeza Eren era alguém totalmente imprevisível, ele deveria fazer o favor de não esquecer isso.

Passando pelas ruas quase vazias do centro da cidade, indo diretamente para uma rua sem saída enquanto era seguido pelo Eren - que disfarçava muito bem, perdendo somente para o próprio Levi -, o adolescente fungou ao enxugar seus olhos, as lágrimas saindo fluentemente como se fossem verdadeiras. "Já chega." murmurou, "Eu não aguento mais."

Apoiando-se em uma parede, encolheu-se ao chorar baixinho, deixando que alguns soluços viessem a sair de vez ou outra. Esse era o plano do Eren, atrair o outro voodista com uma vítima desesperada, pois as chances de trazê-lo ao seu encontro eram mínimas - já que tinha uma pequena possibilidade do outro sentí-lo e fugir antes mesmo que Eren tivesse a chance de vê-lo. E de fato, ele estava certo. Não conseguia pensar em ninguém melhor do que o Levi para fazer isso, e ver a forma como estava fazendo isso sem dificuldade alguma o fez sorrir em interesse, nunca se cansando das descobertas que sua caixinha de Pandora privada poderia trazer.

Quando o seu alvo apareceu de um beco sem saída, totalmente interessado no desespero do jovem, Eren viu-se tendo que se afastar um pouco para não ser notado - odiando ter que fazer isso por deixar Levi sozinho com o outro homem não confiável.

Aproximando-se do garoto, o homem de - no máximo - quarenta anos, sorriu ao rodeá-lo. "Por que um jovem tão cheio de vida anda tão desolado?" questionou, sabendo que não teria resposta pelo estado que o garoto se encontrava. "Não quer conversar sobre isso?"

Franzindo o cenho com o silêncio demorado, voltou a insistir. "Não me diga… Novos sentimentos estão mexendo com você, meu jovem? Não quer saber o que o futuro reserva para você? Um amor quem sab-"

Trincando os dentes com a menção de sentimentos em jogo, Levi ergueu seu rosto, finalmente afastando suas mãos dele. Em um ato de raiva, deu um murro certeiro no nariz do mais velho, que caiu de imediato no chão pela força do impacto. Estalando os dedos em punho, Levi deu-lhe um olhar mortal. "Nunca repita isso novamente."

"Levi!" reclamou Eren, saindo de onde estava escondido com um sorriso ladino estampado em seu rosto. "A melhor parte é minha."

Revirando os olhos, cruzou os braços sobre o peitoral, ficando de lado para poder ver o moreno. "Ele me irritou. E faça o que quer que seja rápido. Estou sentindo uma leve enxaqueca que com certeza vai piorar."

Em meio a essa pequena interação entre eles, o homem se levantou levemente, segurando em seu nariz provavelmente quebrado enquanto gemia de dor. Retirando uma faca de seu bolso, decidiu usá-la contra aqueles dois, mas não contava com um chute em sua mão vinda do menor, que resultou em sua arma sendo jogada para longe. Bastante irritado, Levi deu um passo em frente, mas foi impedido pelo Eren que pôs uma mão em seu ombro, puxando-o contra seu peitoral.

"Sabe, eu não sou alguém muito gentil, mas eu até tinha cogitado em ser por você ser um dos meus. Infelizmente você quis machucar minha puta, e isso eu não admito." dito isso, toda a gentileza em seu tom desapareceu conforme sua feição mudou totalmente para uma psicótica.

Agarrando-o pelo colarinho, o arrastou de forma bruta até onde ficava o local onde ele trabalhava. "Se for me acompanhar, a hora é agora."

Revirando os olhos, Levi não falou nada, mas o seguiu em silêncio, não querendo testar ainda mais a paciência extremamente frágil do moreno nesse exato momento. A partir do segundo em que se sentou na moto, notou a forma como Eren estava tenso, como se estivesse irritado com algo. Seja lá o que esse homem fez, com certeza vai se arrepender.

Abrindo a porta, Eren deixou com que Levi entrasse primeiro, assim podendo dá uma olhada rápida para trás antes de fazer o mesmo. Olhando em volta, não conseguiu evitar de sentir um déjà vu com tanta coisa de voodoo reunida em um só lugar, lembrando-o brevemente de sua casa na infância. Felizmente, ele não era muito levado por memórias e logo agiu, jogando-o contra a mesa assim que Levi se sentou em um sofá próximo.

Franzindo o cenho com a bagunça que Eren estava fazendo, Levi observou a forma como o outro homem se levantou de onde havia sido jogado, e para sua surpresa, ele estava indo na direção do Eren com um punho erguido. Como se já esperasse por uma reação assim, Eren simplesmente agarrou seu punho antes de segurar em seu pescoço, erguendo-o com facilidade - algo que deixou Levi "animado" por assim dizer, já que se sentia um pouco atraído por homens que brigavam bem.

"Tentou fazer algo?!" questionou irritado, voltando a jogá-lo contra a mesa, que não aguentou o outro impacto e caiu.

Fechando os punhos com força, deu alguns passos em frente, sua raiva fazendo com que as chamas das velas se tornassem mais fortes. "Serei bem direto para você, jovenzinho. Você vai cair fora e vai ficar de bico calado, entendeu?"

Ofegante, e com algumas contusões feias espalhadas pelo corpo, o outro voodista o encarou com desdém. "Acha mesmo que sairei daqui? De onde fui criado?"

Tirando um momento para pensar, Eren logo sorriu. "Sim."

Trincando os dentes, tentou se levantar, mas Eren deu um chute em seu estômago, o que o fez voltar a cair. "Uma pessoa tão fraca como você não precisa de tudo isso. Alguns truquezinhos de ruas serão o suficiente para te manter vivo. Acredite, já vi gente melhor do que você fazendo isso." zombou, rindo assim que viu a feição indignada do outro.

"Quem você pensa que é?"

"Seus pais não lhe ensinaram a tratar os mais velhos com respeito, seu merda?" reclamou, dando outro chute como castigo. "Respondendo sua pergunta, você já ouviu falar sobre mim. Eu sou a pessoa que dominou a magia negra totalmente através do voodoo. Alguns dizem que sou o pai do voodoo, outros me chamam de senhor do voodoo… Mas todos me conhecem como Lord das Almas-"

Bufando uma risada, o homem zombou. "É uma lenda! Uma metáfora para sabermos o limite e não cometermos erros por ganância-"

"Ouviu isso, minha puta? Eu sou uma lenda." sorriu, "Você chupou uma lenda viva."

Trincando os dentes, Levi pegou a primeira coisa que achou e jogou em sua direção, arfando de raiva quando Eren segurou o crânio no ar. "Eu já disse para não lembrar disso, seu filho da puta!"

"Sabia que isso é de alguém que já morreu? Tenha respeito pelos morto-"

Antes que pudesse terminar de falar, sentiu algo perfurando-o pelas costas. Caindo de joelhos, se deixou cair totalmente no chão, só para ver até onde ele iria. E quando o homem puxou a adaga de suas costas, foi quando a realidade caiu para o Levi, que pela surpresa da hora, esqueceu-se de um pequeno detalhe: Eren não morreria se o dano fosse nele mesmo. 

"Eren!" chamou, dando um passo em frente na intenção de ver como o moreno estava, parando antes de se esquivar a tempo de um golpe que passou de raspão pelo seu rosto. Franzindo o cenho em irritação, pegou o jarro da estante e jogou nele, odiando o fato de haver cinzas humana dentro. "Que nojo!"

"Tava demorando para eu arranjar algum machucado." comentou Eren ao se levantar, vendo que invés de se preocupar consigo mesmo, Levi estava mais preocupado com as cinzas que estavam lhe sujando. 

Tirando a blusa que usava por simplesmente não querer usar algo rasgado e sujo, a jogou no chão, sorrindo quando a perfuração terminou de cicatrizar. "Essa é a segunda vez que você paga de doido comigo, seu vacilão." falou, forçando um sorriso. "Assim como é a segunda vez que tentou machucar minha puta."

Apesar do pequeno alívio por vê-lo bem, Levi simplesmente cruzou os braços e voltou a se sentar no sofá. "Vejo que não morre, hein?"

Rindo, Eren rebateu. "Vejo que se preocupou comigo, pequena puta. E isso, nem que queira, eu esquecerei."

"Sonhe alto, monstro." retrucou ao virar o rosto para o lado oposto, cortando qualquer contato visual que pudesse prejudicar ainda mais sua imagem. Ainda sim, não pôde evitar de fingir não notar o alívio que sentiu ao ver aquela praga de pé. Havia sido um susto e tanto, teve que admitir.

E enquanto Levi encontrava-se em negação, Eren desarmava facilmente o outro voodista, segurando em seu pulso antes de agarrá-lo pelo pescoço com a mão que estava livre. O outro homem parecia não acreditar no que seus olhos viam, entrando em negação ao custar a acreditar. "I-isso é…"

"Impossível?" zombou, deixando um sorriso zombeteiro aparecer. "Pirralho, você está na presença do Lord, e mesmo assim faltou com educação." 

"V-Você… Foi nos dito que… Era só… uma… Lenda…" tentou pensar, mas a confusão só fazia aumentar. "Como está vivo? E jovem?"

Erguendo uma sobrancelha, revirou os olhos. "Bem rude da sua parte mencionar minha idade, não acha?"

Impaciente com a demora, Levi bateu seu pé no chão com força. Ter se preocupado com o moreno o deixou bastante irritado, porque, mesmo não querendo admitir, não podia se enganar. "Termine logo com isso, monstro."

Voltando sua atenção para o outro com um olhar duvidoso, Eren provocou: "Você precisa ver seriamente esse humor, Levi. Você tava uma puta domesticada há pouco tempo atrás, o que aconteceu agora?"

Trincando os dentes, voltou a cruzar os braços sobre o peitoral. "Apenas deixe de enrolar."

Sorrindo de forma gentil com o pedido do menor, Eren soltou o homem, retirando sua adaga do bolso. "Tudo bem!" cantarolou, "Serei rápido."

Usando as mãos para se proteger, num ato de desespero, o outro falou: "Você se tornou um vodun?!"

Parando no meio do caminho, Eren ergueu uma sobrancelha. "Até que não é burro."

"O que é um vodun?" questionou Levi, tendo sua atenção atraída para o assunto.

Invés de responder, Eren deixou que o outro explicasse, e de fato foi o que aconteceu. Com sua voz temerosa, tratou de falar num tom audível para evitar problemas. "Os Voduns são deuses… Os nossos deuses. Até pouco tempo atrás, o Lord das Almas era apenas uma lenda, quase que uma metáfora sobre a ganância de um homem que não tinha limites. Mas… Agora…"

"Então o monstro é um deus?" voltou a perguntar, não conseguindo disfarçar seu olhar de puro deboche e incredulidade ao ter sua atenção voltada para o dito cujo.

"Claro que não. Sou apenas um leal fiel..." zombou, "Que de recompensa ganhou um alto posto."

Para a surpresa de ambos, o homem, que outrora estava desacreditado, estava de joelhos em um clara reverência ao Eren. "Permita-me ser um fiel ao senhor, meu Lord. Trarei diversas pessoas ao seu encontro, e o ajudarei no que for preciso." ao dizer isso, olhou em seu olhos. "Se o senhor está aqui, é por um motivo. Se os Voduns deixaram a pessoa mais próxima a eles andar sobre a terra e vir ao meu encontro, é claro que o que querem."

Bastante interessado com o ritmo em que as coisas estavam indo, Eren sorriu antes de olhar para o Levi, que havia se levantado do sofá e vindo até ele, ficando ao seu lado enquanto observava o outro voodista como se pudesse lê-lo somente com um único olhar. 

"O que acha, minha puta?" perguntou ao pôr um braço sobre os ombros do mesmo, "Devo aceitar?"

Fechando seus olhos em desgosto, Levi falou em um tom ríspido: "Se ele nos trair, acabe com ele sem hesitar."

Com a confirmação do Ackerman, Eren riu em animação, lambendo em seguida sua adaga - cujo qual deixou uma fino corte em sua língua, que foi o suficiente para tirar uma boa quantidade de sangue. "Está decidido."

O brilho de admiração no olhar daquele homem fez com que Levi se sentisse bem, gostando daquela sensação de poder. E Eren notou isso. Tanto que não conseguiu se controlar, e acabou puxando-o para um beijo que foi retribuído de imediato, ambos se afundando juntos nas escolhas que tomavam. Seja qual fosse o caminho que trilhariam, agora tinham um ajudante que facilitaria seu caminho.



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