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História Vulneráveis (hiatus) - Novos poderes


Escrita por: Okaasan

Notas do Autor


Oi, pessoal.

No capítulo anterior, Inuyasha e Kagome se rendem à força de seus desejos e perdem a virgindade. Interessante que ninguém reparou que ele mostra sinais de ejaculação precoce, mas tudo bem; também não deixei isso claro no texto. ¯\_(ツ)_/¯

Peço desculpas pelo atraso. Chegamos a uma parte de "Vulneráveis" onde a narrativa se tornará mais densa e aumentarão os diversos problemas. ﴾͡๏̯͡๏﴿ O'RLY?

A imagem do Miroku ̿'̿'\̵͇̿̿\з=( ͠° ͟ʖ ͡°)=ε/̵͇̿̿/'̿̿ ̿ ̿ ̿ ̿ ̿ foi porcamente editada por mim. Mas deixemos isso pra lá.

Boa leitura!

Capítulo 20 - Novos poderes


Fanfic / Fanfiction Vulneráveis (hiatus) - Novos poderes

ѼѼѼ

 

Inuyasha permanecia quieto, pensativo, equilibrando Kagome adormecida sobre Ah-Un, que era guiado por um Jaken constrangido que não fez nenhum tipo de pergunta.

Ao chegar à casa grande, ainda ostentando as marcas youkais nas laterais do rosto vermelhíssimo, e com a sacerdotisa dormindo um sono profundo em seu colo, seu irmão mais velho olhara diretamente em seus olhos e lera sua alma. Não era necessário explicar o que aconteceu. O youkai branco, contudo, foi discreto; não lhe fez perguntas. Simplesmente, chamou o verdinho e ordenou que ele levasse o casal para o vilarejo.

Inuyasha, evidentemente, se recusou, dizendo que podia muito bem levar Kagome sozinho, mas Sesshoumaru instou com ele para que aceitasse sua oferta, já que “precisava da miko inteira daqui a dois dias para lecionar à sua Rin”. Junto com as bolsas da moça, uma quantia em ouro para a “compra de um aparelho que toca 'róquei', porque este não quer tocar mais”, se referindo ao celular cuja bateria não aguentara sua fome musical. Sesshoumaru ouvira tantas vezes We Will Rock You que quase decorara a letra da canção.

Agora, nas alturas, o hanyou pensava na conversa séria que teria com sua amada, quando tivessem a oportunidade de estar a sós mais uma vez. Mal podia se conter de felicidade devido aos momentos íntimos que tiveram juntos, todavia sabia que fora um ato impensado de ambos. Inuyasha teve medo de ouvir sua Kagome dizer que estava arrependida de ter permitido que ele a deflorasse.

Enquanto isso, sentado ao lado do futon de Rin, que dormia a sono solto, o inuyoukai primogênito folheava as anotações dela no caderninho, depois de ver curioso um livro de biologia. Palavras estranhas e desconhecidas escritas ali o confundiam.

Mito... Mitokooon... Mi-to-kon-do-ria¹ — soletrava ele, confuso com o vernáculo diferente. — “Mitocôndria”? Será que é dessa forma que se lê isso? Hum... “A mitocôndria está presente na extremidade dos... dos... eucaaariontes”. Hã? — os olhos atentos de Sesshoumaru prosseguiram. — “A mitocôndria contém as membranas exteriores e interiores compostas de bicamadas de... fos-fosfolííípidos e proteínas”... Mas que raios isso quer dizer?

Realmente, aquela sua garota humana era bem aplicada e atenta, como ele pôde constatar. Haviam diversas páginas preenchidas de anotações do gênero, indicando que ela realmente se esforçara para aprender as lições de Kagome. Assim que amanhecesse, tomaria lições dela e a faria explicar aquele conteúdo. Fitou demoradamente a jovem adormecida e sorriu, orgulhoso. Sabia que a cultura de onde vivia não era favorável à instrução de mulheres, mas ele, Sesshoumaru, não era qualquer um. E Rin também não era qualquer uma, como se podia comprovar por sua sagacidade e inteligência.

Se ele era notável, ela também o seria.

 

ѼѼѼ

 

O dia de Sango e Miroku foi razoavelmente tranquilo.

Como ele ainda não estava totalmente recuperado da estranha explosão de energia mística do seu corpo, ficara em casa cuidando de arrumar pequenas desordens e preparando a refeição do casal. A exterminadora fora lavar roupas no rio; suava em bicas quando o pequeno kitsune apareceu ao seu lado, com os bracinhos estendidos. Shippou adorava abraços e cafunés.

Depois de dar o chamego que o filhote de raposa pedira sem palavras, Sango perguntou:

— Senti sua falta por aqui, Shippou-chan. Por onde você andou?

— Eu estava com saudade da vovó Kaede e fui procurá-la naquele vilarejo que fica a oeste daqui, onde ela foi fazer um exorcismo... Aí viemos embora juntos. E o Miroku está bem?

— Sim, está. Por que não vai vê-lo? Ah, acho que ainda há trufas lá em casa. Peça a ele. Isto é, se o Inu não tiver comido tudo...

— Oba, vou sim! — exclamou o pequeno. — Também estava com saudade de vocês. Aconteceu algo novo aqui?

— Err... Não, está tudo bem... — desconversou Sango. — Vá lá ver Miroku.

Então, Shippou assumiu a forma de balão rosa e saiu voando para a casa da colina, sob o olhar pensativo da exterminadora, que andava preocupada e tensa com os eventos estranhos relacionados ao marido.

O pequeno youkai passou o resto do dia junto ao monge, que apreciou a companhia — Shippou se comportava muito bem quando Inuyasha não estava presente. Comeram juntos, conversaram sobre diversos assuntos pueris e o monge arriscava alguns passos leves de sevilhana para divertir o kitsune que pulava ao seu redor, quando Sango chegou, acompanhada da sacerdotisa Kaede. O sol começava a entrar.

— Kaede-sama! Que bom te ver! — exclamou o monge, sorrindo e se curvando reverente, ao que ela lhe sorriu de volta. — Shippou-chan estava aqui me contando sobre sua ida ao vilarejo.

— Foi uma viagem proveitosa, houshi-sama. Estive com Jinenji na volta e trouxe diversas ervas, inclusive algumas que não conhecia.

— Vamos entrar, Kaede-sama — convidou Sango, indicando-lhe a porta. — Vou preparar uma salada especial com essa rúcula que a senhora nos deu.

— Não se importe, minha filha, eu vim apenas visitar vocês...

— Faço questão — sorriu a exterminadora, se afastando. — Shippou, eu vou me lavar bem rápido e você pique essas folhas e aquela manga madura ali para mim, viu? Miroku, amor, veja se Kaede-sama aceita um pouco de doce de leite.

— Ela não para quieta — comentou Kaede, rindo um pouco.

— Sango é bastante agitada mesmo — respondeu o monge, com ternura. — Para ela, não há tempo ruim. Está sempre disposta para o trabalho. Ela é fascinante.

— Que bom que vocês estão se dando bem, houshi-sama. Os primeiros meses da vida a dois podem ser bem complicados, mas vocês demonstram ser muito maduros e dedicados um ao outro. Isso é uma virtude de grande valor, principalmente quando vierem as primeiras dificuldades...

— É verdade, tem razão, Kaede-sama — concordou ele, pensando consigo sobre as dificuldades que estavam presentes na vida do casal.

— Kaede-sama, teve alguma notícia das garotas roubadas do vilarejo vizinho? — perguntou Shippou, comendo uma jujuba.

— Que negócio é esse? — inquiriu o monge, curioso. — Garotas roubadas?

— Sim, Miroku, quando a gente voltava, a gente passou pelo vilarejo vizinho e estavam todos desesperados. Um oni grande sequestrou duas moças que estavam voltando da venda e desapareceu com elas diante de todo mundo, em plena luz do dia.

— Não tive mais informação nenhuma sobre isso, Shippou — afirmou a idosa. — É uma pena que coisas assim aconteçam. Ele deve tê-las devorado. Pobres almas — concluiu ela, baixando a cabeça.

Miroku baixou também a cabeça, murmurando uma prece breve pelas almas das vítimas. Mudaram de assunto antes que Sango viesse do banho. A noite chegou e os quatro conversavam animadamente sobre os mais variados assuntos enquanto jantavam, quando a velha sacerdotisa ficou séria.

— Miroku-sama, Shippou me contou sobre um estranho transe pelo qual você passou. Pode me contar com detalhes, se não for pedir muito?

O monge tentou disfarçar a imensa insegurança que se lhe abateu naquele instante e procurou contar apenas que tinha tido um pesadelo com a Kazaana, ocultando o encontro com a deusa e o sonho com Gai. A idosa baixou o olhar, pensativa e intrigada. Subitamente, então, ela disse a Miroku, de forma imperativa:

— Reze o mantra dos exorcismos que você faz.

Ele olhou preocupado para Shippou, pois aquele mantra em especial poderia fazê-lo sentir-se mal. Expôs suas ressalvas a Kaede, que lhe disse:

— Sendo assim, eu gostaria que você rezasse algum outro mantra que não vá prejudicar o Shippou.

— Por que isso, Kaede-sama? — inquiriu Sango, curiosa.

— Quero avaliar uma coisa... — disse ela, tirando um ofuda menor do que os que Miroku usava e colocando-o entre seus dedos firmemente. — Com esse pergaminho, vou ter uma noção mais clara do que tem de diferente no houriki do monge. Pode começar.

— Se não se importa, Kaede-sama, seria melhor a gente meditar lá fora. Está mais fresco — afirmou o rapaz.

Todos se sentaram no alpendre da casa. O monge se colocou em posição de lótus e ergueu a mão direita espalmada para o lado esquerdo.

— Vou entoar o mantra da gratidão e do amor — disse Miroku, piscando para Sango, que lhe sorriu. — É bem simples, vai fechar as portas do nosso espírito para as malignidades e favorecer no alinhamento de nossos chackras. Gostaria de silêncio nesse momento.

A exterminadora observava o marido, curiosa, com o kitsune bem acomodado em seu colo. Kaede continuava a observá-lo com expressão grave. Fechando os olhos, Miroku começou a recitar a prece com voz monocórdica e pausada:

Tumi Bhaja Re Mana... Tumi Japa Re Mana...Om Sri Ram Jaya Ram Japa Re Mana...

E o timbre grave e límpido era a única coisa que se ouvia naquele local; cessaram os cricris dos grilos e coachares dos sapos do quintal. Talvez porque a atenção dos três ali estivesse toda em Miroku e sua reza, não se sabe. Por fim, a repetição daquele mantra em sânscrito, somado ao fato de todos estarem de barriga cheia, trouxe sono a Sango e Shippou; este último não fez força alguma para resistir e dormiu despreocupado sobre o colo macio da exterminadora, que lutava para manter os olhos abertos. Apenas a sacerdotisa velha permanecia atenta, e foi ela a primeira a ver um sinal diferente em Miroku: seus cabelos começaram a se agitar por uma estranha e sutil brisa que o envolveu.

Por sua vez, o monge nem se dava mais conta do que estava dizendo, pois, ao começar a prece, sentiu-se sendo transportado para o belo mundo que vira no último sonho e, mais uma vez, diante de si, a imagem do jovem Gai Kuroki apareceu.

Não havia dor, não havia cansaço, não havia noite.

— Miroku, que prazer vê-lo novamente. Estou surpreso — disse Gai, curvando-se em uma reverência para ele, que repetiu a gentileza. — Fico feliz por ter me encontrado tão depressa. Porém, novamente, não vou ter muito tempo com você, prezado.

— Gai-sama... Por que estou aqui de novo? — questionou Miroku, totalmente confuso.

— Sua meditação, meu caro. Como seu sohma foi despertado, e como nós dois estamos interligados espiritualmente, você me verá com alguma frequência. Ou melhor, sempre que meu companheiro Shurato estiver dormindo; afinal não consigo me manifestar com ele acordado.

— Por quê? E quem é Shurato?

— É o meu melhor amigo, o Rei Shura, um Hachibushu, ou guardião divino das forças de Deva, no Tenkuukai.

— Afinal de contas, Gai-sama, o que é esse Tenkuukai? — perguntou o monge, cada vez mais confuso.

— Tenkuukai é o mundo celestial, onde vivem os deuses, meu caro. Você e eu, como o Shurato, somos os Hachibushu da deusa Vishnu, que está reencarnada na garota Lakshu, que você já conheceu. Mas, enfim, não há tempo para eu te explicar tudo agora. Já que estamos juntos, quero lhe ensinar uma técnica. Eu senti que você a utilizou recentemente, mas quase morreu.

— Técnica... que eu usei?!

— Sim, Miroku — disse Gai, erguendo o indicador e o médio à frente do rosto. — Esta é uma técnica do Rei Yasha. Repita o que vou dizer...

Enquanto isso, a prece do monge em transe prosseguia, mas sua aparência já não era a mesma: todo o seu corpo estava circundado por uma energia que lembrava chamas de fogo azuis, diante dos olhos arregalados de Kaede, Sango e Shippou, que perderam o sono ao ver aquilo.

— Miroku, o que está acontecendo? — perguntava a exterminadora, mas o marido não a ouvia.

— Não adianta, Sango, ele entrou em transe! E é melhor vocês tomarem cuidado, pode ser perigoso ficar muito perto dele agora! — exclamou Kaede, segurando firmemente o ofuda, cujas inscrições flamejavam como o monge. Ela agora recitava outro mantra em voz baixa e criava uma kekkai; sentia que Miroku não tinha a menor ideia do que estava fazendo, nem da dimensão de seus poderes espirituais, tão absurdamente aumentados. O calor emanado de seu corpo fazia os presentes suarem.

Subitamente, a voz pausada se tornou altiva e agressiva; os olhos de Miroku se abriram, revelando um brilho intenso de pura energia mística. Ergueu os dedos indicador e médio da mão direita à frente do rosto, cruzando-os com os da mão esquerda; a energia aumentou consideravelmente e Kaede gritou para que Sango e Shippou se afastassem.

Miroku ergueu o braço esquerdo, que reluzia tal como um gume de espada, e ia dizendo em voz alta:

Om Bazara Tamakkukan Yasha Han³! Shi-

Houriki! — bradou a velha sacerdotisa, se atirando contra ele com uma esfera cósmica nas mãos, prevendo que, se aquelas palavras fossem pronunciadas, algo muito errado aconteceria.

Houve uma explosão de poderes; os quatro foram atirados longe. Kaede caiu de mau jeito sobre o ombro e gemia de dor, no chão. Shippou conseguira voar antes do impacto e a exterminadora, como tinha bons reflexos, se deixou rolar pelo solo pedregoso, ficando apenas arranhada. Miroku, entretanto, foi jogado contra uma árvore, inconsciente. Sango correu até ele, gritando para que Shippou ajudasse a velha senhora a se erguer.

— Miroku, Miroku! — exclamava ela, nervosa, se jogando no chão e erguendo a cabeça do marido que, lentamente, foi recobrando a consciência.

— O-onde... Onde... Gai-sama... — engrolou ele.

— Hã? Amor, sou eu! Olhe para mim! — disse Sango, tentando erguê-lo do chão.

O rapaz olhou para ela, confuso e dolorido pela queda.

— S-Sango... Eu t-te machuquei de novo?

— Claro que não, você não me machucou! — exclamou Sango, se preparando para levantar o marido. — Se apoie em mim, consegue andar?

— Por que você está arranhada? — retrucou Miroku, assustado, se pondo de pé meio trêmulo. — Sango, me diga a verdade!

— Sou eu quem deveria te dizer isso — volveu Sango, meio impaciente. — O que está acontecendo com você, amor? O que houve com seus poderes?

— Estou impressionada, houshi-sama — disse Kaede, que se aproximava devagar com Shippou. — Um houriki fortíssimo. Você andou treinando, ou algo assim? Ai... — fez ela, segurando o ombro.

— Kaede-sama, o que aconteceu com seu ombro? — perguntou Miroku, reparando agora que estavam distantes do local onde estiveram reunidos minutos atrás. — Por Buda, alguém me explica o que se passou por aqui!

— Você estava recitando seu mantra quando seus poderes se descontrolaram. Então eu criei uma kekkai com meu próprio houriki, que é bem fraco na verdade, e o lancei contra o seu.

— É mesmo, Miroku, você fez igual ao Inuyasha quando dispara a Ferida do Vento. Igualzinho! — completou Shippou. — Ah, e tinha uma coisa na sua testa naquela hora.

— Coisa na testa? — indagou a exterminadora. — Igual à daquele dia do pesadelo, Shippou-chan?

— Hoje estava mais fraca...

— Não acredito que feri a senhora — murmurou Miroku, muito abatido. Súbito, seu rosto se iluminou. — Espera... Kaede-sama, me mostre onde foi o impacto.

Todos olharam cismados para ele.

— Só quero ver uma coisa, não me olhem assim — resmungou ele. — Se não for incomodar a senhora, claro.

A velha apontou a área dolorida do ombro. Miroku espalmou a mão esquerda, que reluziu imediatamente, fazendo os presentes ficarem ainda mais ressabiados. Pálido, ele afirmou:

— Não faço ideia do porquê disso, mas algo me inspira a agir assim.

E aproximou a mão brilhante do ombro de Kaede, que arregalou seu único olho ao sentir um toque energético cálido e reconfortante no local ferido. Segundos depois, já não doía mais; a sacerdotisa mexeu livremente o braço, impressionada com o feito do monge que, descorado, caía de joelhos, assustando a todos.

— Miroku, Miroku! — exclamou sua esposa. O rapaz parecia acabado, suado e sem cor no rosto bonito. — Kaede-sama... O que eu faço?

— Bem, Sango, parece que usar o houriki está prejudicando bastante a saúde dele. Miroku-sama, agradeço por ter curado meu ombro, mas sugiro que não se esforce mais dessa maneira.

— O que quer dizer com isso? — perguntou ele, com um pouco de dificuldade.

— Não use sua energia espiritual, meu filho. Pelo menos, não até descobrir o que tem acontecido com você.

— Mas... Kaede-sama, eu sou um monge...

— Não seja teimoso, Miroku — aparteou Sango, que o segurava e o ajudava a se manter de pé. — Kaede-sama está te orientando para o seu próprio bem. Não se lembra do que houve ontem enquanto você treinava com o Inu?

— Então não é a primeira vez? — indagou Kaede.

— Não, Kaede-sama. Ontem ele chegou a vomitar sangue.

O monge olhou entristecido para os demais. Mesmo o pequeno kitsune o fitava com certo pesar. Sango pousou a mão suavemente em seu rosto:

— É para sua segurança, meu amor. Não precisa se preocupar: Kaede-sama e Kagome-chan também têm poderes místicos e podem fazer os exorcismos e preces para os aldeões. Entende?

Entender como, Sango, se eu nasci para ser um guerreiro? Como não me preocupar se aquilo que eu mais quero me está sendo negado? Como posso ficar bem se meu corpo não suporta minha nova condição espiritual? E meus sonhos de alcançar a iluminação de Buda, onde ficam? E o perigo que se aproxima de você e de meus amigos, como vou lidar com ele... Como vou proteger meu povo?!

— Entendo, meu amor — ecoou ele, derrotado. — Pois, como dizia Buda, a melhor oração...

— É a paciência — completou ela, afável.

Miroku acariciou de leve a mão da esposa, não escondendo o quanto aquela circunstância o dilacerava por dentro. Sentindo que o clima ficara sobrecarregado, Kaede chamou Shippou para irem embora. Despedidas feitas, o casal entrou em casa.

Sango se sentou com Miroku no chão do quarto, enquanto ele repousou a cabeça em seu colo. Ela se pôs a afagar os cabelos do marido silencioso, cujos olhos transpareciam apenas angústia.

Seu amor estava magoado e ela ficaria ali ao lado dele, mesmo que não trocassem palavras. De repente, ele se colocou de barriga para cima e ergueu a mão da Kazaana para tocar o rosto da esposa, olhando-a intensamente.

— Sango... Posso te dizer duas coisas?

— Oi, amor. Claro que pode.

— Sabe por que nós dois nos amamos tanto?

A jovem arregalou os olhos, surpresa com a pergunta, e acenou para que o monge continuasse a falar.

— Você e eu fomos predestinados a pertencer um ao outro... Estamos tão ligados e dependentes como um corpo e sua sombra, as flores e seus frutos, ou as raízes e suas folhas em cada existência da vida. Meu espírito sentiu agora que a tristeza dos seus olhos se deve à minha própria dor...

— Miroku... — fez Sango, fascinada, enquanto ele se erguia para se sentar ao lado dela. Tomando seu rosto em ambas as mãos, Miroku prosseguiu:

— Os insetos comem as árvores em que vivem, e os peixes bebem da água em que nadam. Se a grama murcha, as orquídeas sofrem, e se os pinheiros prosperam, os carvalhos exultam. Sei que vou celebrar cada sorriso seu, assim como também vou chorar cada amargura sua. Você consegue sentir? — ele pegou a mão dela e a pôs sobre o próprio peito. — Cá dentro eu sei que, quando escaparmos da roda do Samsara³, nossos espíritos estarão unidos para sempre, dançando pela imensidão do infinito.

— Ah, amor... — soluçou ela, muito emocionada com aquela declaração de amor. — Eu... Eu não sei o que dizer...

— Não precisa dizer — respondeu ele, aproximando os lábios dos de Sango. — Apenas continue amando esse monge inútil.

Sem pressa, Miroku iniciou um beijo terno e delicado, enquanto segurava as laterais da face da exterminadora carinhosamente. Era uma carícia despretensiosa, nada parecida com os beijos excitantes e transbordantes de desejo que ele costumava lhe oferecer. Sango levou as mãos para os cabelos dele, enquanto se sentia explodir de amor por aquele homem tão incrível que era Miroku. Não lhe passara despercebido que ele afirmara ser um monge inútil; de fato, ele estava realmente triste, e ela pensava consigo que faria qualquer coisa para não vê-lo sofrer. Apenas vinte anos de idade (um a mais do que ela) e uma vida repleta de dor: perdeu o pai por causa de uma maldição e, pela mesma maldição, fora atormentado duramente. Mas, agora, estava tudo bem; ambos estavam casados, unidos por espírito, alma e corpo. Assim que ela conseguisse se entregar a ele, enfim ela poderia lhe dar filhos. Seriam ainda mais felizes.

— Eu te amo, Miroku-chan — sussurrou ela, fazendo-o sorrir de maneira franca. — Você é maravilhoso.

— Eu também te amo, minha Sango-chan.

Ambos se encararam, de mãos dadas, se embebendo da imagem um do outro, quando a exterminadora pareceu se recordar de algo.

— Amor... Você disse que tinha duas coisas a me dizer. Qual era a segunda?

— Aquele guloso do Inuyasha comeu todo o doce de abóbora que você fez, amor. Não sobrou nada.

— Sério?! Mas naquele dia ele disse que o pote estava pela metade! Até perguntou se poderia comer “o restante”!

— Pois então ele te enganou para comer o doce todo — replicou o monge. — É um cachorro safado mesmo. Será que Kagome-sama vai dar conta de toda a fome que ele tem?

— Também não sei... — ponderou a exterminadora, pensativa. — Acho que ela vai ter trabalho com a fome dele.

— Realmente... — afirmou Miroku, já cheio de malícia na voz e no olhar. — Bom, ainda bem que você tem dado conta da minha fome, Sango.

— Puxa, obrigada — volveu ela, ingênua. — Eu não sou lá tão boa cozinheira...

Miroku se aproximou dela, encostando os lábios em sua orelha e lhe fazendo um arrepio.

— Não estou me referindo a comida, Sango-chan.

Ela lhe deu um pequeno empurrão, rindo e corando.

— Seu bobo pervertido!

— Sou o bobo pervertido que você adora! — respondeu Miroku, se atirando sobre ela e a enchendo de cócegas. Ambos gargalharam quando Sango conseguiu se libertar e o subjugou sob seu corpo, dizendo que estava se vingando.

Miroku ainda estava abatido, mas, com a presença de Sango ao seu lado, sentia-se capaz de sobreviver a toda e qualquer tempestade.

 

ѼѼѼ

 

¹- Essa é a pronúncia de “mitocôndria” em japonês. Afinal, o Sesshoumaru é um youkai japonesíssimo, né? XD

²- Vento Cortante do Lobo Diabólico: é o golpe do Gai que o Mi vai aprender e usar ainda muuuuitas vezes.

²- Expressão relacionada à chegada da morte, findando a vida com seus sofrimentos e dores.

 

 


Notas Finais


Mitocôndria, Sesshoumaru, é isso mesmo, você não leu errado.
*imaginando como seria a Rin estudando pra um vestibular #TodasSeOrgulhaDessaMenina *

Nossa, eu quase choro com essa declaração de amor do Miroku, véi. #TodasChora

Depois venho editar e escrever notas decentes. Obrigada a todos que têm nos acompanhado!

~TheOkaasan


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