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História Vulneráveis (hiatus) - O nome do pisco-do-peito-ruivo


Escrita por: Okaasan

Notas do Autor


Oi, pessoal.

No capítulo anterior, Naraku é vitimado por uma ilusão de Shiva, onde se vê fazendo amor com Kikyou, que se diz disposta a aceitá-lo, e a mata em seguida. Louco de dor e agonia, é facilmente manipulável pela deusa da destruição, obedecendo sem questionar a todas as ordens da mesma.

O capítulo de hoje está pobre, reconheço. Fi-lo em meio a correria dos preparativos para o Dia das Mães na escola. Vou entender se vocês reclamarem nos comentários.

A imagem do divo malégno que fugiu do Genei Ryodan (kkkkkk) não me pertence; créditos ao artista.

Boa leitura!

Capítulo 35 - O nome do pisco-do-peito-ruivo


ѼѼѼ

 

O vilarejo andava fervilhante devido aos preparativos do casamento duplo.

O quiosque de piaçava estava praticamente terminado, bem como a decoração — fitas e bandeirolas de papel laminado que Kagome tinha guardado consigo. Sesshoumaru ofereceu os préstimos de sua funcionária da fazenda para confeccionar a roupa nupcial da sacerdotisa, já que a de Rin já estava em andamento. O outono se aproximava e a temperatura da região de Musashi estava a cada dia mais baixa. Entretanto, nada pôde abalar a determinação e entusiasmo dos aldeões, que mal se continham em si de expectativa pela festa.

Todavia, as notícias de que diversas chacinas estavam acontecendo em várias regiões daquela província estavam perturbando o coração de Miroku, que associava tais problemas às premonições que vinha tendo. Mais: seu houriki prosseguia descontrolado. O monge lutava para disfarçar seu mal-estar, mas esta não era uma tarefa tão simples, já que ele tinha agora extrema dificuldade para dormir e perda de apetite. Sango, atenta como sempre, indagava a ele qual era o problema, abordava-o diretamente, mas ele se fechou bastante para tal assunto. Fazia brincadeiras ambíguas com os aldeões, provocava seu melhor amigo, irritava Kouga e Sesshoumaru... Era como se Miroku estivesse se vestindo de um comportamento frívola e superficial, incapaz de levar a sério qualquer coisa. E, à noite, levava sua exterminadora à exaustão devido às peripécias sexuais que elaborava.

Inuyasha também percebera a mudança no amigo, mas, ao contrário de Sango, optou por deixar Miroku livre para procurá-lo e contar o que o afligia. Costumava funcionar.

Assim, sete dias se passaram. Faltavam dois para a cerimônia.

 

ѼѼѼ

 

Shiva, após ver que o hanyou aracnídeo estava com a mente e o espírito tão quebrados a ponto de se manter desligado da realidade, ordenou ataques a mais quatro vilarejos diferentes, gerando muitos óbitos e destruição. Por fim, depois de sete dias de terror, resolveu deixar Naraku sozinho por um momento e se foi para o Tenkuukai, para ver se descobria qual seria a estratégia dos Hachibushu contra ela. Afinal, depois que Brahma foi despertado no espírito de Shurato, não era mais tão simples adentrar o mundo dos deuses sem ser notada; então, a deusa da destruição abandonava por algumas horas o seu novo escravo para se concentrar somente nesta tarefa.

Dolorido por dentro e por fora, o hanyou, que estava sentado à beira de um penhasco em Myako, aos poucos foi reavendo sua consciência. Percebeu que estava num local perigoso; se tivesse feito algum movimento brusco ao acordar, teria caído sobre as pedras a muitos metros abaixo de si. Naraku foi se colocando de pé, devagar, tentando se lembrar onde estava. O sol nascia, enchendo o céu de belos reflexos alaranjados. Era um lugar belíssimo, com uma praia de águas cristalinas e muito azuis. Então ele se deu conta de que estava sujo de sangue e com frio. Tentou criar sua barreira, mas estava enfraquecido demais.

— Que ótimo... — reclamou ele. — Preso em cima de um precipício em uma praia. O que aquela maldita pretende? Deixar-me com frio e fome até que desmaie e caia? Esgotado como estou, posso sentir uma tontura e despencar sobre aquelas pedras. Maldita seja Shiva!

Com alguma dificuldade, o hanyou se sentou mais uma vez e, amargurado, suspirou. Sua mente estava fervilhante de flashes de memórias diversas, que ele não conseguia discernir se eram reais ou ilusórias.

Vislumbrou idosos, lavradores, soldados, mulheres e crianças agonizantes aos seus pés. Pessoas de todas as idades suplicando a ele, Naraku, clemência, antes que ele, obedecendo à ordem da deusa, as aniquilasse definitivamente. Segundos depois, via-se imóvel na caverna, cheio de dores lancinantes pelo corpo queimado; no mesmo instante, tomava a forma de Inuyasha e feria de morte Kikyou no campo; também era o aracnídeo gigante que tentara absorver Sesshoumaru e o ser que manipulara Kohaku. Se metamorfoseava no enorme youkai que se despedaçou aos poucos sobre o vilarejo de Kaede, após ser flechado por Kagome. Também era tão-somente o extasiado Naraku que fazia amor com a sacerdotisa que dizia não poder amá-lo, mas que desejava viver ao lado dele.

Kikyou...

Rilhou os dentes, sentindo um nó na garganta. Odiava Shiva ainda mais, depois que ela fora capaz de sondar todos os seus sentimentos mais íntimos e criar aquela terrível ilusão. A maligna deusa chegara ao ponto de usar da astúcia de fazê-lo crer que a sacerdotisa queria se refazer junto a ele.

Naraku começou a ficar zonzo e fechou os olhos com força. Teve medo de cair e se sentiu desprezível por isso. Foi quando, contrariando todas as possibilidades, um trinado se fez ouvir.

Um trinado inesquecível.

O hanyou abriu os olhos imediatamente, alerta, e viu o pequeno pisco-do-peito-ruivo voando com dificuldade em sua direção, já que os ventos sopravam com mais intensidade àquelas alturas.

— Eu não acredito! — exclamou ele. — Você não vai conseguir, bichinho. Procure um lugar seg- — a ave vacilou por causa de uma ventania e, de repente, não conseguiu bater as asas, principiando a queda. Naraku se afligiu: — NÃO!

Sem se dar conta, o olho de Shiva em sua testa se fechou de uma vez e ele, num átimo, se atirou no ar, criando sua barreira a duras penas, e voou até o pequeno pisco, que desabava, alcançando-o e pegando-o com as duas mãos. O bichinho tremia.

Entretanto, fraco como estava, Naraku não susteve a barreira por muito mais tempo e caiu à beira-mar. Por sorte, conseguiu manter o pisco a salvo junto ao peito e, de joelhos, se foi devagar para a areia. O pisco emitiu uma nota tristonha, fazendo com que o hanyou o olhasse enquanto se deixava cair na praia, resfolegando, exausto.

— Você foi estúpida demais, avezinha. Queria morrer? — ralhou ele, estendido no chão, para o pisco pousado em seu peito. — Aliás, o que veio fazer aqui? Por que nos encontramos de novo?

Naraku notou que, agora, não sentia mais tanto frio, apesar de ensopado, e que a queda viera bem a calhar, já que a temperatura ali era mais agradável. Ele tirou a ave de cima de si e a depositou sobre a areia, enquanto se deitava de lado e contemplava a penugem do pequeno animalzinho, a poucos palmos de seu rosto. Acabou por estender a mão e tocar a penugem avermelhada do peito da ave.

— Você também é uma ilusão? Me traz paz à alma, se é que ainda possuo uma... É apenas um passarinho que pode cair morto a qualquer hora, mas sinto como se fôssemos grandes amigos. Eu, Naraku, nunca tinha amigos, mas...

O pisco se pôs a piar e a saltitar de um lado para o outro, fazendo o hanyou sorrir sinceramente depois de uma semana de agonia e dores. Subitamente, porém, ele franziu o cenho ao ouvir, de forma distante, uma única palavra ressoando em sua cabeça:

— R-Radhi... Não, Radha... Radharani? — o pisco bateu as asinhas. — É você quem está me dizendo isso, avezinha? — o cantar melodioso se fez ouvir mais uma vez.

Naraku se sentou devagar e estendeu a mão para a ave, que veio até ela sem receios.

Radharani, o que significa? E como conseguiu falar comigo, bichinho? Eu não consigo entender o que é você! Ei, volte!

O pisco de repente voou em direção à mata verdíssima atrás do hanyou.

— Ei, ei! Passarinho! Avezinha! — exclamou Naraku, se levantando com esforço. Seu rosto se iluminou e ele agora sorria. — Oh, agora entendo... Radharani! É este o seu nome, é isso?

A alma de Naraku agora experimentava um toque a mais de leveza, enquanto a pequena ave voltava e pousava sobre sua mão mais uma vez, numa indiscutível demonstração de afeição, levando o hanyou maligno a ficar corado de satisfação, já que ele nunca se sentira bem-quisto por alguém antes.

— Certo! Você deve ser uma criatura desconhecida que purifica almas e se chama Radharani... Pois bem, prezado animalzinho, vou me apresentar. Eu sou Naraku, um youkai de coração humano, ex-proprietário da Joia de Quatro Almas. Já fui grande, hoje sou apenas lixo. Mas você é o único que me aceita como sou, e isso me deixa satisfeito em meio a toda a desgraça que estou vivendo ao pagar por meus crimes... — suspirou. — Ambos estamos bem vulneráveis agora, não acha? Não tenho sequer como criar uma kekkai para nos proteger enquanto te acompanho nesse matagal...

O hanyou alongou exageradamente o braço esquerdo, enquanto tomava a forma de aranha gigante, mantendo apenas a cabeça e o tronco com aparência humana. Acomodou o pisco sobre o ombro e se pôs a andar com suas grandes patas marrons, dizendo compenetrado à pequena ave:

— Vamos, Radharani. Mesmo estando fraco, eu, Naraku, ainda consigo meter medo. Com esta minha aparência, você dificilmente será incomodado enquanto estivermos juntos procurando comida.

 

ѼѼѼ

 

— Preciso meditar... — murmurou Miroku para si mesmo, depois de passar mais uma noite em claro e ouvir o som do passaredo que vivia em seu quintal, indicando que o dia principiava a raiar. — Senão vou ficar louco... Não suporto mais essa angústia.

O monge deu um beijo leve na face da esposa, que dormia serena ao seu lado, e se ergueu em silêncio do leito. Fez sua higiene matinal e saiu apressado de seu lar, indo em direção à pequena lagoa onde costumava nadar com Inuyasha, lá chegando pouco mais de trinta minutos depois. O local, parcialmente rodeado de árvores, era pouco visitado e o monge se sentia conectado com a natureza ao ver as pequenas carpas coloridas sob a água límpida.

O jovem rapaz sentou-se à beira da lagoa e, antes de rezar, olhou entristecido para a copa do arvoredo presente. A forte sensação de mau presságio, bem como a dificuldade que ele enfrentava para controlar o sohma sagrado e a falta de compreensão de todos os que o rodeavam traziam àquele coração um peso desagradável que o deixava deprimido e sem ação. Sua Sango queria que ele compartilhasse sua amargura, cada vez mais evidente, mas Miroku era turrão — cria que aquilo poderia abalar sua exterminadora e, então, mentia descaradamente para ela.

Ele sempre estava bem. Ele nunca estava preocupado com alguma coisa. Ele jamais iria manifestar sua energia espiritual às escondidas. Ele de maneira alguma enganaria sua amada.

Era horrível ter que inventar tantas desculpas e falácias para aquela que só queria seu bem, porém ele não conseguia agir de outra maneira.

Suspirando derrotado ao imaginar o futuro confuso e nada auspicioso que suas visões lhe mostravam, Miroku tratou de fechar os olhos e esvaziar a mente para a meditação, recitando em voz baixa o mantra que aprendera com seu novo mentor. Seu corpo e seu espírito foram perdendo os pesares, pouco a pouco, e logo o monge estava perante um Gai Kuroki também aparentando estar combalido, sorrindo lacônico.

— É bom vê-lo de novo, Miroku — saudou o rapaz.

— Gai-sama, como vai? Sinto que está triste.

— Estou triste? — volveu ele. — Não, estou apenas saudoso... Recordando o passado.

Miroku imaginou se tal passado teria algo a ver com ele, mas se absteve de comentar. O outro passou por ele, devagar, fazendo um gesto de cabeça, indicando que deveria ser acompanhado. Logo ambos chegavam à pedra lisa que ficava de frente para o mar, o local mais belo daquelas paragens divinas.

O sol, majestoso, banhava as águas, tingindo-as de espectros amarelos e brancos, contrastando com o vivíssimo céu azul de poucas nuvens. O monge ficou fascinado e mesmo comovido por tal maravilha da natureza que se descortinava diante de seus olhos.

— Também amo esse lugar, Miroku. Um bálsamo para os olhos, não acha?

— Eu... Céus! Por Buda, que vista divina! — balbuciou o rapaz, atônito. — Gai-sama, isso é maravilhoso! Eu poderia passar a eternidade aqui olhando para o oceano!

— Realmente é lindo esse lugar. Já faz algum tempo que estou aqui, e não, não me canso jamais de ver essa obra divina.

Ao monge pareceu que Gai continha suas reais emoções. Seu olhar já não era tão brilhante e, de repente, Miroku notou que Gai demonstrava estar tão deprimido quanto ele próprio. Ambos se sentaram.

— Enfim, meu nobre guerreiro — afirmou o jovem de cabelos brancos, encarando Miroku. — Tenho algumas novas para te contar. O mesmo evento provocado por Lakshu que despertou sua alma divina e trouxe Shiva de volta fez com que dois seres muito importantes para nós também acordassem, na Terra. A má notícia é que ambos estão selados...

— Como assim, Gai-sama? Selados por quem, por Shiva? E quem são eles?

— Não tenho certeza, mas tudo indica que foram selados por Shiva. O que é uma pena, pois, se você e Inuyasha pudessem ir ter com eles, garanto que ambos fariam de tudo para nortear vocês dois na busca pelo aperfeiçoamento do sohma sagrado. São os avatares da deusa Vishnu, ou seja, suas distintas manifestações corpóreas.

— Seriam uma espécie de anjos? — indagou o monge.

— De certa forma, sim. Quando Shurato e eu fomos transportados para o Tenkuukai, estes avatares estavam vivendo como um casal de guardiões secretos: Sallas, a Rainha Benzai-Ten e Mayuri, o Rei Ususama. Enquanto os oito Hachibushu obedeciam às ordens de nosso ex-comandante supremo, o Mestre Indra, Sallas e Mayuri atendiam apenas a Vishnu-sama.

Miroku se deitou de bruços sobre a pedra onde estavam sentados, apoiando-se sobre os cotovelos e acomodando o rosto sobre as mãos, enquanto fitava deslumbrado para o mar. Seu companheiro também parecia bem à vontade, sentado com as pernas estendidas.

— E eles, então, foram despertados e estão no momento selados em meu país, na era em que vivo, Gai-sama?

— Exatamente, meu caro. O pior é que nem eu, nem Kuuya, o Rei Dappa, o guardião que consegue visualizar as terras de Edo, pudemos perceber onde eles estão. O sohma sagrado dos dois nada tem de modesto, se quer saber, porém está oculto e não fazemos ideia de como evocá-lo.

— Hum... — fez Miroku, pensando compenetrado. — Gai-sama, tenho um palpite.

— Diga.

— Eles poderiam estar escondidos em um corpo de youkai, como o espírito divino do Rei Shura fica totalmente suplantado pela alma demoníaca do Inuyasha... Já pensou nessa possibilidade?

Foi a vez de Gai ficar em silêncio, meditativo, comentando um “realmente”. Alguns minutos se passaram e os dois permaneceram quietos, olhando a exuberância da paisagem celeste.

— Gai-sama? — chamou Miroku.

— Pois não, Miroku...

— Quero ajudar a encontrá-los. Como se chamam?

Os lábios do belo rapaz moveram-se, mas o monge não pôde ouvir a resposta.

Sua alma, repentinamente, foi arrastada de volta à terra; Inuyasha estava ali à sua frente, o rosto como uma máscara viva de preocupação, segurando-o sentado. Evidentemente, aquele contato tivera reações indesejáveis para Miroku, cujo corpo doía bastante e ele, novamente, tivera uma hemoptise, sentindo o gosto metálico de sangue que lhe subia garganta acima. Tossiu fortemente, enquanto seu houriki se normalizava; Inuyasha, solícito, permaneceu ao lado dele, aflito por toda aquela situação. Miroku agora fechava os olhos, respirando fundo, a cor sadia do rosto magro retornando. O hanyou, vendo-o refeito e já fora de perigo, agora gritava com ele, xingando-o e recriminando-o pela desobediência ao que o velho Mushin recomendara, mas o monge não conseguia prestar atenção em nada mais.

Quem seriam esses tais assistentes de Vishnu? Será que... Será que estão selados em algum dos youkais que convivem conosco?!

— Sabe que não pode meditar e vem para cá escondido de todo mundo! Maldito! Que merda, Miroku, seu filho da p***! Quer me matar de preocupação, desgraçado? — esbravejava o hanyou, incessantemente, até o monge, de supetão, agarrou a mão dele que estava segurando o colarinho de sua veste sacerdotal.

— Inuyasha...! — chamou ele, sério.

— O quê? O que, Miroku? Fala! Você está bem? FALA! — perguntou o hanyou, já assustado com aquela súbita mudança de postura; afinal, de letárgico, o monge ficara elétrico.

— Você esteve esse tempo todo preocupado comigo, meu amigão?

— Keh! Que pergunta retardada! Isso é óbvio, c*****!

A mão de Miroku se fechou ainda mais sobre a dele. Estava seriíssimo e seus olhos azuis, vibrantes, próximos aos confusos olhos ambarinos do amigo.

— Eu fico comovido ao saber o quanto você me ama, meu querido Inuyasha...

— Ora... Eu... — gaguejou Inuyasha, corado. — N-não é bem assim... Miroku, seu maldito...

— Já estou quase convencido de que toda essa superproteção é fruto do seu desejo secreto de fazer um sexo youkai comigo... Inu-chan, eu já sou casado e não transo com homens, entenda. O que Kagome-sama iria pensar se visse você agarradinho a mim como está ag-

Um furibundo Inuyasha atirou Miroku com violência dentro do lago.

 

ѼѼѼ

 

O dia amanheceu diferente na fazenda do daiyoukai Sesshoumaru.

O altivo fazendeiro tivera a surpresa de, após dormir pesadamente, o que não era comum, despertar e ver Rin, a sua jovem humana, deitada ao lado dele no futon. Seu braço estava estendido sobre o abdômen do youkai, fazendo-o ficar vivamente envergonhado. Cuidadosamente, ele ajeitou o corpo menor ao seu lado, deitando-se de lado e observando os detalhes do rosto da moça com carinho. O furinho no queixo dela parecia chamá-lo para ser beijado; o youkai pousou os lábios ali cheio de enlevo. Não obstante, aquilo não lhe satisfez e Sesshoumaru distribuiu singelos beijos pelas bochechas, orelhas e mandíbula da jovem morena, que acabou acordando e tratando de esconder o rosto de seu noivo, queixosa. Ele, por sua vez, mordeu o lábio inferior, não menos envergonhado.

— Oh não, Sesshoumaru-sama — murmurou ela, num resmungo. — Eu tenho tanta vergonha, acordo parecendo um bichinho...

— É mesmo? Então você é o meu bichinho, Rin — retrucou ele, zombeteiro, fazendo Rin ficar rubra. — Não seja boba. Eu a amo de qualquer jeito e estou mais do que acostumado com a sua cara de bichinho ao acordar.

A garota olhou-o sem jeito, com sua farta franja desarrumada a esconder parte de seu rosto. Sesshoumaru, todavia, parecia totalmente interessado num ponto qualquer do tecido do futon, olhando-o intensamente, enquanto elaborava na mente fervilhante uma forma de fazer um pedido difícil a Rin.

— Como foi sua noite, Sesshoumaru-sama? — indagou ela, rompendo o silêncio.

— Serena e tranquila, depois de vários dias sem dormir direito.

— Sério? — fez Rin, espantada. Não imaginava o seu youkai com problemas para dormir. — Está ansioso?

— Nosso casamento será depois de amanhã. Você não se preocupa?

— Não, senhor. A decoração já está quase pronta, as minhas roupas e as de Kagome-chan também. O mais difícil já foi feito. Sem contar que as aldeãs disseram que irão preparar toda a comida e que as noivas deverão ficar bem longe para não ficar com cheiro de fumaça de banha de porco.

— Tendo galinha, o resto não me importa — respondeu ele, sério.

— Por falar em roupas, senhor, o que o senhor irá vestir? E Inuyasha-sama?

— É segredo — afirmou o youkai, piscando faceiro para ela.

Sesshoumaru sabia muito bem que a simples menção da palavra “segredo” deixava Rin em polvorosa; a jovem chegou a se esquecer do rosto inchado, do hálito duvidoso e dos cabelos bagunçados, perguntando insistentemente, enquanto ele ria:

— Me conte, Sesshoumaru-sama! Me conte! Não é justo, o senhor já viu o meu shiromuku, por que não posso ver sua roupa? Por favor, me conte! Ou melhor, me mostre!

— Ora! Mas que garota curiosa! Você querendo ver minha roupa e eu querendo tirar a s- — ia dizendo ele, mas se calou repentinamente, vermelho como um tomate. O youkai estivera pensando tanto em pedir a Rin que se despisse para ele que acabou por cometer a pequena gafe. — Maldição...

— S-Sesshoumaru-sama, entendi mal ou o senhor disse que queria tirar minha roupa? — indagou Rin, estupefata.

— Err...

As orelhas dele agitaram-se; ele parecia vivamente perturbado. Rin estava bastante corada, mas se ergueu do futon e estendeu a pequena mão para o noivo. Meio sem saber como agir, a Sesshoumaru só restou aceitar aquela mão estendida, que lentamente o guiou para fora do quarto. Ambos andaram a passos lentos pelo corredor da casa grande, até que os olhos do youkai se arregalaram ao ver que Rin o estava levando para o cômodo de banhos. Sem cerimônia, a menina entrou com o noivo ali, fechando em seguida a porta. Ainda estava bem vermelha, mas disse de forma resoluta:

— Assim eu aproveito para tomar banho... Bem, Sesshoumaru-sama, eu estou com vergonha de ficar nua na sua frente, mas não vou me esquivar do seu pedido. Pode começar.

— C-começar a... — gaguejou ele, lívido.

— A tirar a minha roupa. Não foi isso que o senhor disse? — respondeu Rin, olhando para ele, que, no momento, havia deixado os braços caírem ao longo do corpo; no rosto, olhos enormes e boca levemente aberta. — Está acanhado de novo, Sesshoumaru-sama?

Como não notou reação, a jovem se pôs a abrir o yukata fino que vestia, desconhecendo que aquele gesto excitaria — e muito — o seu youkai. Em sua imaginação ainda um tanto pueril, tirar a roupa diante do noivo naquele momento não seria diferente de antigamente, quando ela ainda era criança. E, se eles estavam quase se casando, não faria mal um banho a dois, ou faria?

Com tais pensamentos, a jovem decidiu-se; iria convidar seu noivo catatônico para tomar banho com ela. Já despida, caminhou até Sesshoumaru e se pôs a abrir sua roupa de dormir; ele pulou para trás, aturdido.

— O que significa isso, Rin?!

— Ora, vou tirar a sua roupa, Sesshoumaru-sama. Vamos tomar um bom banho juntos para começar o dia.

— Rin, não. Não me toque.

Ela olhou para o rosto do youkai, intrigada, e não entendeu a mistura de expressões diversas presentes naquela face agora rosada. Rin não imaginou que a visão de seus 1,48m de corpo simétrico, de curvas modestas porém agradáveis à vista, nádegas de pele e firmeza perfeitas e os seios empinados, que eram a paixão do noivo, estivesse transtornando o youkai branco.

— Então tá... Não vou tocar no senhor — afirmou a garota, se afastando dele e entrando no ofurô. Submergiu o corpo por alguns segundos e emergiu, comentando descontraidamente: — Eu sei que o senhor tem vergonha de ficar sem roupa, não precisa se incomodar. Vou respeitá-lo.

Já bem agoniado de desejo mesclado a timidez, Sesshoumaru respirou profundamente antes de anunciar à noiva:

— Nãoolheparacáporqueestoumedespindoparatomarbanhocomvocê. NãoqueroqueolheemhipótesealgumaentendeubemRin?

Como não era a primeira vez que Sesshoumaru engrolava violentamente as frases¹ quando estava totalmente constrangido, a mocinha sorriu, sem olhar para trás, e prosseguiu seu banho. Instantes depois, ouviu o youkai dizer, em voz baixa:

— Fecheosolhospoisvouentrarnaágua.

A mocinha fechou os olhos com as mãos, enquanto Sesshoumaru tentava se acomodar dentro do ofurô como podia, já que suas pernas eram grossas e bem longas. O jeito foi ele abraçar os próprios joelhos.

— Posso abrir os olhos, senhor?

— Agora, pode — resmungou ele. Rin notou, surpresa, que seu noivo se sentara tão encolhido, com o queixo sobre os joelhos, que sua cabeleira prateada disfarçava totalmente sua nudez.

— Como o senhor vai se lavar, se está embolado como um bodoque?!

— N-não precisa se incomodar comigo!

— Mas, Sesshoum—ia dizendo ela, tocando o joelho do outro, que capturou-lhe a mão enquanto a fitava com seus olhos incandescentes de paixão.

— Minha Rin... Se quer MESMO que eu espere até depois de amanhã para fazê-la minha, o ideal seria você não me tocar. Aliás... O ideal seria você sequer passar em minha frente, pois meu acanhamento está prestes a sucumbir diante da virulência inconteste do meu desejo. Inferno... — resmungou ele. — Não falta muito para que este Sesshoumaru perca de vez a cabeça!

A jovem se calou, atônita, ao ver que o youkai erguera a cabeça e levava sua mão aos lábios; contudo, em vez de beijá-los, como era de seu costume, Sesshoumaru se pôs a deslizar a língua entre os dedos da moça, cuja intimidade vibrou fortemente, sobressaltando-a.

Então, armando-se de coragem, o youkai branco se pôs de pé diante dos olhos muito abertos da jovem, que parecia hipnotizada pelo corpo nu e molhado. Os músculos do tórax e do abdome de Sesshoumaru eram bem definidos, suas coxas eram bem trabalhadas e seu sexo túrgido se erguia poderoso aos olhos da virgem que era sua noiva.

Foi a vez de ele estender a mão para ela, convidando-a a se colocar de pé à sua frente. Tomou mais uma vez a mão de Rin e levou-a os lábios, chupando-lhe a ponta dos dedos e notando, entusiasmado, que as coxas da moça involuntariamente se esfregaram uma contra a outra. Sem parar a atividade que não tinha cunho inocente, o youkai sussurrou, ignorando as próprias borboletas no estômago:

— Tarde demais, meu amor. Preciso avisá-la que, nesta hora, há uma coisa inadiável e irresistível a ser feita.

— O... O que, senhor?

— Contrariando todos os meus princípios de diálogo culto e nobre... — suspirou, baixando ao máximo o volume de voz, e puxando Rin para si. A moça não conteve uma exclamação de susto ao ver os olhos do noivo vermelhos como sangue; pasmada ainda mais ficou, quando ele levou sua mão à ereção pulsátil e fê-la segurar o órgão firmemente. — Eu vou te comer bem comida, metendo dentro do seu corpo este meu mastro que anda faminto por você quase que o tempo inteiro. E vai ser AGORA... Querida Rin.

 

ѼѼѼ

 

¹ — Quem ouviu o áudio-drama “Asatte” deve se lembrar do trava-língua de Sesshoumaru, onde ele consegue condensar 2 minutos de palavras (a declaração de amor para Rin) em 4 segundos.

 

ѼѼѼ

 

 


Notas Finais


Aglutinação do dia: #Sesshoubauduco ;-)

Vou cantar pra não ouvir os xingamentos:
♫ Olha eu vou falar pra tu, pra tu falar pra ela, pra ela falar pra ele, pra ele falar pra eu
♫ Vou falar para o pai dela e também para a mãe dela
♫ Pra poder falar com ela para ela vim falar com eu
https://www.youtube.com/watch?v=boiOGtO2Xek (pra quem quiser cantar junto comigo)

Obrigada, leitores! Amo vocês, mesmo sabendo que vocês estão me xingando a rodo aí do outro lado da telinha. #HueHueBR

~Okaasan


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