História Wait - First Love

Eu queria que você fosse meu primeiro amor, pois se você fosse o primeiro, uerido, não haveria um segundo, terceiro ou quarto amor.

- Então eu devo te chamar de oppa, meu pai é meu appa, minha mãe omma, a Lauren unni, eu sou a noona do Thomas e ele meu dongsaeng... - Amber tentava se lembrar de tudo que havia ensinado na última. Ela parecia uma criancinha aprendendo o básico das palavras e devo admitir que era bem bonitinho vê-la tão empenhada em aprender Coreano. - ...E eu sou o que para você?

- Jagiya ou Sarang-ah - ela me olhou confusa e ri com o bico que fazia. - Você é o meu amor.

- Oh. - Amber abriu a boca num grande O satisfatório, sorri com sua reação e a vi anotando aqueles outros dois nomes em seu caderninho. - Eu posso te chamar assim também?

- Pode, mas eu gostaria que me chamasse de Jungkook-ah.

Recebi um sorriso lindo e branco, ela não anotou aquilo, apenas repetiu baixo novamente parecendo uma criança.

- Jungkook-ah - ela disse mais alto - Soa legal. Posso tentar falar algo sozinha? - aceno positivamente e ela olha para um livro que havia comprado sobre Coreano Básico. - Ok, não ria de mim, ta? Sa-rang...hae, Jungkook-ah? - Amber me olha receosa. - Está certo?

- Perfeito e eu também te amo.

- Yaaay. To ficando boa nisso, Jungkook-ah. - agora ela dizia meu nome com uma voz mais grossa, fazendo-me rir. - Eu não sei se vou conseguir te chamar assim, mas posso tentar.

- Tudo bem. - finalizamos a "aula" e ela continuou a cozinhar.

Eu não sabia exatamente qual a intenção dela ao aprender coreano, mas saber que ela tem interesse e vontade já é mais que suficiente. Na altura do nosso relacionamento o que faltava para vivenciarmos era exatamente a criação de um filho, pois juntos já haviamos passado por tudo quanto é tristeza e felicidade.

O bebê nem havia nascido e eu já me sentia o jovem mais velho do mundo, a barriga da Amber já dava sinal de vida e mais uma vez me vi perdidamente apaixonado por ela e pelo nosso pedacinho de gente que carregamos. Eu era muito intenso, eu sei. Parece que eu não tenho um limite de sentir e demonstrar, mas sempre foi assim. Nunca consegui apenas amar ou apenas cuidar, eu sinto como se fosse uma obrigação mostrar meus sentimentos, mostrar o quanto me importo. E mesmo sabendo que isso pode virar contra mim por acabar não recebendo metade do que dou aos outros, eu simplesmente não consigo deixar de ser assim.

Amber estava montada num vestido amarelo e de pés descalços. Seus pés não aguentavam mais saltos ou simples pares de chinelos, - estava começando a inchar - mas ela parecia gostar de se vestir assim. A partir do momento que dei meu andar extra para montar sua agência e botar minhas exigências na mesa, ela me proibiu de contratar faxineira ou cozinheira para ajudar em casa. Amber quis fazer tudo sozinha - como uma mãe de verdade faria. E ela fazia tudo direitinho, mas não deixava a faxina toda para ela.

Além de abrir mão do sábado na empresa, eu ainda ficava mais um dia da semana em casa, normalmente às quartas-feiras, quando Amber decidia fazer a limpeza do mês. Não deixaria minha namorada grávida de quatro meses, limpar, sozinha, a casa gigante onde morávamos. Então era um mutirão de dois e meio que acabava sempre em eu saindo para comprar algo que Amber estava com desejo.

- Jungkook...-ah - Amber me chamou quando virou-se para descascar os legumes. Não pude deixar de soltar um riso mínimo ao vê-la tentar me chamar do jeito que gostaria. - Você quer que eu cozinhe algo coreano? Eu posso aprender se você tiver vontade.

- Não precisa, Am. Nós podemos comprar se der vontade. - Na verdade, seria muito legal se ela soubesse a culinária coreana, mas eu não posso exigir que ela faça ou aprenda.

- Falo sério. - Amber suspira com uma cenoura em mãos. - Eu tenho pensado em algumas coisas ultimamente e...Quer dizer, minha sogra mora do outro lado da rua, posso pedir para ela me ensinar.

- Só aprenda se quiser, ok? Não precisa fazer por mim. - Ela sorriu pequeno e assentiu, mas eu sabia que ela faria mesmo eu querendo ou não. Amber sempre foi assim...decidida.

- Lembra quando disse que eu podia pedir o que quisesse que você tentaria dar? - Amber perguntou e assenti em resposta. - Bom...Eu estudei com um garoto, o Ezra, ele foi o melhor aluno da minha turma, ele se casou recentemente e está voltando para os Estados Unidos. Eu o convidei para ser um tipo de braço direito da nossa agência...

- Nossa? Nossa quem? - perguntei a interrompendo.

- Nossa de nós dois. Eu e você, você e eu. - tentei falar mais alguma, mas ela não me deixou continuar. - Então, eu queria saber se você deixa ele vir aqui e se você fica comigo para ter certeza se ele é realmente alguém bom para isso. A-assim, - ela gaguejou - você sabe bem mais que eu nessa coisa de contratar alguém.

- Por que ta me pedindo permissão para ele vir aqui?

- Porque a casa é sua... - e lá vamos nós de novo.  - ...e não quero trazer pessoas sem você deixar.

- Amber, você pode receber quem quiser, agora a casa é sua também. - ela assentiu rapidamente quando percebeu minha mudança de expressão. - E sim eu fico para te ajudar. Você sabe que eu não entendo nada de fotografia e os outros funcionários você vai ter que contratar por experiência, certo?

- Sim, claro. Mas é que são os primeiros e eu não sei de nada, nem sei por onde começar. - Ela suspirou. - Você, Jungkook-ah, é o meu oppa. Cuide de mim e não me deixe falhar.

- Agora eu sou seu oppa? - ri com o tom dela.

- Você sempre foi o meu oppa.

- Não me chame de oppa.

- Oppa.

- Para.

- Me obrigue.

- Amber, se eu tiver que levantar daqui, do meu banquinho...

- Ok. - ela levanta as mãos em rendição. - Não está mais aqui quem falou, oppa. - Meu olhar impaciente cai sobre ela uma última vez e Amber ataca uma cenoura em mim. - Não resisti.

AMBER
Seis meses atrás eu era apenas a Amber, filha de Judith e Steve Wright, irmã do Thomas e uma fotógrafa com tanta alma e amor que uma exposição com minhas melhores capturas seria pouco para meu armazenamento de fotografias. Eu era sozinha e de certa forma feliz no meu jeito, constantemente pensava em como o amor da minha vida estava e se eu realmente deveria continuar a sofrer por ele.

Hoje, eu sou tudo o que era seis meses atrás, mas com alguns adicionais. Eu não sou apenas a namorada de Jeon Jungkook, eu sou a garota do Senhor Jeon e a "aquela" que carrega no ventre, o herdeiro do mesmo. Tenho minha própria agência, que fora dada pelo pai do meu filho. Nós não sabemos como será depois do nascimento do bebê, assim como estamos longe disso, pois nem mesmo o sexo dele sabemos.

E mesmo que seja nitidamente irritante para todos, minha visão não tão positiva sobre o aspecto geral da minha vida, da nossa vida, não muda tanto a cada dia. Diferente de Jungkook, que a cada fragmento de tempo corrido parece estar mais certo de todas suas intermináveis dúvidas. E mesmo que isso soe dramático demais ou apenas Amber demais, eu não sou totalmente feliz, não sou totalmente satisfeita com a vida.

Entre trancos e barrancos, incertezas vão se formando e aparecendo como um vento forte antes da tempestade. Mas em mim alimento algo que nunca fui capaz antes. Existe um propósito na vida de cada ser vivo, eu ainda corro para descobrir o meu, e a única coisa que posso afirmar é que nessa corrida o único que me faz continuar é aquele que me faz pensar se realmente sou quem eu gostaria de ser. Me chame de megera, mal agradecida - imite aquele velho rabugento e me chame de interesseira - mas não ouse dizer que meus sentimentos são falsos e frágeis. Por Jungkook eu sei o que sinto, eu o amo mais que tudo. O que não sei ao certo, o que ainda não me faz completa é o que sinto por mim mesma. Não sei se sou capaz de fazer Jeon Jungkook o homem feliz que todos desejam que ele seja, mas da minha maneira, mesmo que torta e desengonçada, vou fazer isso acontecer.

Mesmo que isso custe a minha própria felicidade, eu devo muito a Jungkook - eu devo tudo a ele.

Me sento no sofá a espera de Ezra, um grande amigo da faculdade, o qual compartilhei o TCC e agora se encontra como um grande fotógrafo conceitual de revistas européias. De longe um dos melhores da área, ele acabou de se casar com um estilista italiano e depois de tanto citar a lista beneficiária de morar nos Estados Unidos, conseguiu convencer o marido.

Ezra é o típico gay que qualquer mulher cairia aos pés, mas levaria um toco com classe. Ele é o famoso "desperdício de homem". Mas se tem alguém que nunca levaria um fora dele seria Jackson. Por diversas vezes Ezra ousava abaixar na frente de Jackson ou esperava Lauren sair de seu campo de visão para testar suas cantadas de futebol americano.

Seria mais engraçado se não fosse pela irritação incomum de Lauren.

Me pego deitada no chão coberto por um tapete bem felpudo e fofo no centro da sala, mesmo me fazendo mal coisas peludas e empoeiradas continuei ali até ouviu passos na escada. Eu sei que é Jungkook então me permito ficar neste estado deplorável de gravidez com desejos.

Desejos são reais. Principalmente os estranhos. Lauren disse que sua tia sentiu vontade de comer tijolo com mostarda, enquanto sua mãe abocanhou um sabonete de amêndoas enquanto esperava o nascimento da loira. Perguntei para papai e o mesmo confirmou alguns desejos estranhos da minha mãe e se fosse para classificar o pior, com certeza absoluta seria chocolate com limão.

Eu apenas quero um sorvetinho para me tirar dessa tristeza que nem eu mesmo sei o motivo certo. Já fui pega comendo uma colherada generosa de manteiga e vomitando tudo logo em seguida, eu odeio manteiga pura, mas parecia tão deliciosa. Levei uma super bronca da Lauren, responsável por me ajudar a limpar o chão, e então eu descobri que não podia mais agir igual uma criança.

A campainha me faz levantar tão rápido quanto Berry Allen - ok, não é pra tanto - e chegar a porta na mesma rapidez. Eu sei, eu sei. Estou grávida e preciso do máximo cuidado, mas minha ansiedade tem sido tamanha desde que Ezra aceitou meu convite e eu já não aguentava mais esperar.

Fiz Jungkook ficar ao meu lado enquanto esperamos Ezra pegar sua bolsa gigantesca no porta-malas do táxi. Ezra surge extremamente pomposo, com uma bota plataforma cor lilás cintilante e uma careca recém polida - como o mesmo disse ao telefone. Sua caminhada até nós foi triunfante e eu não esperava menos. Tinha certeza que Ezra faria Jungkook ficar sem jeito e conseguiu, pois o moreno ao meu lado cochichou em meio a um sorriso tímido - Pensei que ele havia casado com uma mulher. - e então não ouvi mais nada quando Ezra me abraçou.

Na cozinha um naked cake de frutas vermelhas nos esperava, eu não tinha muita prática com doces, então pedi à senhora Jeon uma ajudinha e assim ela me entregou um lindo bolo. Me sentei ao lado de Jungkook e nos servi, Ezra fitava o moreno a cada segundo e eu sabia o que aqueles olhares significavam.

"O dia que eu encontrar esse broxa na minha frente acabo com ele e não me importarei se ficar ofendido, pois vou chamá-lo de japonês mesmooooooo."

A ameaça feita por Ezra há dois anos veio em minha mente como uma memória fresca. Eu havia contado sobre como estava mal por Jungkook estar longe e como fazia falta depois de ter ido para a cama com outro cara. Ezra prometeu de pés juntos que Jungkook levaria o troco por me fazer mal e agora ele apenas aguarda um deslize do mesmo.

- Então, garota. - Ezra comeu o último pedaço do bolo, encerrando assim a conversa de negócios e iniciando uma mais informal. Nós decidimos por ele ser um tipo de gerente enquanto estiver fora e Ezra aceitou animado. Ele precisa se firmar na América novamente e cuidar de um o iniciante ajudaria a mostrar ao marido que fizeram a escolha certa. - Você caiu do céu. Pietro estava todo rebelde com nosso casamento, nós casamos sem os pais dele saberem que eu sou um chocolatão delicioso, aí no dia do casório deu um bafafá. Eu adorei, porque sou da treta. Miami bitch, baby! Então nós voltamos para a Itália e juntamos nossas coisas. Foi um ó aguentar a indecisão dele, mas você sabe como é, né. A gente da um jeito...

- GIRRRRL - falamos ao mesmo tempo. Vimos Jungkook tentar sair da cozinha, mas Ezra o impediu.

- Então, Jeon Deixei a Garota Que Eu Amo Sofrer Por Três Anos Jungkook. - então eu respiro fundo, peço a Deus por ordem na casa e seguro qualquer ar que possa ser expirado. - Você me deve algumas camisetas, na verdade, podem ser cartões presente na Gucci. Essa garota aí, acabou com minhas roupas favoritas enquanto chorava pelo senhor.

- E-eu...me desculpe por isso. E-eu... - Jungkook parece estar bem intimidado mesmo, considerando que um negão lindo igual o Ezra o encara como um caçador cerrando os punhos, bem...qualquer se sentiria intimidado.

- Ou você pode não mais magoar minha amiga. Tudo bem, meu dengo? - Ezra questiona firme e delicado quase obrigando Jungkook a concordar e foi assim que o fez.

Jungkook conseguiu se livrar de nós dois. Por muito tempo não me sentia tão bem conversando com alguém. Quer dizer, eu sempre converso com as mesmas pessoas e constantemente me sinto presa a intimidade quase sem barreira que tenho com Jungkook.

Nós somos um casal que antes de qualquer opção ou rótulo, têm uma amizade verdadeira. Sinto que posso falar tudo com ele e assim o faço, bem como Jungkook. Entretanto, às vezes é sufocante, quando estou triste com alguém jogo tudo para fora. Mas quando estou triste com ele, com quem eu devo falar? Não estou reclamando, não é isso.

A presença de Ezra faz eu aumentar meu estoque de desabafo e ele é um ótimo ouvinte. Ezra sempre soube identificar quando estava muito bem ou muito mal, ele dá os melhores conselhos e não é levado pela minha cara de cachorro abandonado. Se for para falar a verdade ele irá falar. E não sabe como sou grata por isso.

Eu só espero que ele e Jungkook se dêem bem, afinal. De hoje em diante, os dois se verão todos os dias e se for para ter fogo, o prédio irá virar um inferno.