História Wait - Nothing Like Us

AMBER 

- Nam, você pode me ajudar nessa lição? - caminhei da cozinha até a sala onde o mais velho assistia o tele jornal.

- Claro. O que quer saber?

Namjoon largou o controle e chegou mais perto no sofá. Todos estavam ali fazendo alguma coisa, menos Jungkook e Hobi que estavam montando uma churrasqueira nova. Nam começou a falar e eu finalmente entendi algumas regras que estavam sem sentido na minha cabeça. Ele foi o único que conseguiu me explicar e eu quase pulei de alegria. Me levantei para voltar ao notebook que estava na cozinha, algo começa a me incomodar nas costas. Uma dor invade minha barriga e a cólica chega de maneira estrondosa. Estava em trabalho de parto.

Apoiando nas paredes e lutando com a dor, andei até a sala parando no batente. Olhei os cinco garotos ali, mas ninguém percebeu minha presença. Vidrados na tv e em seus respectivos celulares, eu tive que quase berrar por ajuda.

- Alguém me ajuda. - falei com dificuldade. Senti a primeira gota de suor descendo por minha testa até a bochecha e então pescoço.

- Amber, você tá fazendo xixi no chão? - Namjoon foi o único a me olhar.

- Não, idiota! A bolsa estourou. - comecei a me irritar em seguida me joguei no sofá.

- O bebê tá nascendo. - Namjoon murmurou descobrindo o fato óbvio. - O BEBÊ TÁ NASCENDO. - o mais velho gritou assustando a todos.

- Chama o Jungkook, inferno! - falei com dificuldade sentindo cada vez mais vontade de empurrar o bebê.

Taehyung pulou o sofá e correu até o quintal. A cada segundo sentia mais dor e ficava mais irritada, o desespero passava por cada veia do meu corpo. Me sentia diferente e pronta para explodir. Com a demora para Jungkook aparecer e o apavoro dos meninos, eu ia ficando mais nervosa e mais perdida.

Uma pontada mais forte chegou em meu ventre e gritei. Namjoon parecia passar mal, enquanto Jin tentava me acalmar pedindo para respirar com calma, ele me abanava com uma almofada. Jimin xingava em coreano pela demora de Taehyung e Jungkook. Merda de casa gigante! Me levantei e junto de Jimin começamos a dar passos aleatórios de dança. Aquilo me distraia e parecia fazer a dor diminuir.

- Vamos! Vamos! - Jungkook apareceu com a bolsa do bebê no ombro e ouvi da rua a buzina do carro. - Respira, Amber. Fica calma!

- Calma? - disse ofegante - Cala a boca, Jungkook!

- Amber, você precisa tentar se acalmar até chegarmos no hospital. - Hoseok disse olhando pelo retrovisor.

- Eu vou matar todos vocês. AAAAAAH. - gritei com mais uma contração. - Eu. Vou. Acabar. Com. Vocês.

- Amor, calma.

- Jungkook. - puxei ele pela camisa para próximo do meu rosto. - Se você pedir calma mais uma vez eu vou socar a sua cara e todas as partes sensíveis do seu corpo.

Soltei ele conforme mais uma contração atingia meu corpo.

- É engraçado como ela fica agressiva. - Jin comentou.

- Engraçado vai ser eu... - estava próxima da próxima resposta quando Jungkook comentou que tinha que ligar para a família. O celular de alguém não parava de tocar e isso foi o meu fim. - ALGUÉM ATENDE ESSA MERDA DE CELULAR.

- Estamos a uns dez minutos do hospital ainda, Lauren. Só vai pra lá. - ouvi Jungkook falando no celular.

- Porra de hospital longe. - xinguei entre dentes.

- Vamos ouvir uma música, ok? O que acham? - Hoseok sugeriu sorrindo nervoso.

- Eu acho que vou quebrar esse rádio se uma música começar a tocar. - respondi.

Saímos do carro quando chegamos no farol a frente do hospital. Eu poderia parir dentro do carro se mais cinco minutos passasse lá dentro Jimin saiu correndo para fazer minha ficha, enquanto Jungkook decidiu tardiamente que o melhor seria me levar no colo e assim fez. Adentramos a sala de espera, gemi de dor enquanto os garotos berravam por ajuda. Um enfermeiro apareceu com uma maca e fui colocada nela.

O anestesista não tinha chego ainda, preso no engarrafamento ele demoraria meia hora para aparecer. Mas quem chegou antes foi Lauren. Ela entrou no quarto onde eu estava e me abraçou animada. Bufei e tentei sorrir. Eu já não conseguia mais segurar, a dor me consumia e Jaeyoon parecia não querer esperar. O médico mandou todos saírem da sala e apenas Jungkook podia permanecer se quisesse acompanhar o parto.

- Amber, eu vou precisar que você seja forte para isso. O anestesista não vai chegar a tempo, sua dilatação está muito alta. - o médico foi o único a conseguir me fazer mais calma.

Ouvi a porta bater e em segundos Jungkook apareceu com uma roupa azul segurando minha mão. Ele me olhou por um tempo e finalmente consegui regular a respiração. Não ouvi ou enxerguei mais nada, era mais uma dor, desta vez maior e diferente. O bebê estava saindo. Pela primeira vez senti medo daquilo, senti medo de nada dar certo. Eu seria uma boa mãe? Seria capaz de ajudar meu filho nas lições de casa e dar conselhos sobre a vida? Eu não sabia de nada, eu era apenas a garota perdida e que por uma pessoa havia me achado, mas não fazia muito tempo. Era recente e nada parecia certo.

- Eu te amo e vou ficar aqui o tempo todo, até o fim. - Jungkook disse entrelaçando nossos dedos em seguida depositando um beijo ali.

Empurrei, gritei, empurrei, gritei. Fiz isso por longos e tortuosos minutos e apenas a cabeça do bebê havia saído. Eu senti tudo, nada foi poupado. Não estava anestesiada e aquele parto natural me permitiu passar por uma dor nunca sentida antes. Senti repentinamente um alívio suprir meu corpo. Cada centímetro foi preenchido por essa sensação de missão cumprida, de relaxamento e então lágrimas desceram finalmente.

Eu consegui! Eu consegui! O bebê mais lindo do mundo havia nascido e mesmo com todo o sofrimento e dor me senti realizada. Me tornei uma mulher em tão pouco tempo e agora tinha que ser forte. Tínhamos que ser fortes. Olhei para Jungkook que chegava depois de alguns minutos com o bebê enrolado em mantas brancas. Havia receio em meu olhar, mas também uma felicidade infinita, aquele era um momento único, diferente de tudo e nosso. Da nossa família. Nossa família.

- Posso pegar? - perguntei tímida para Jungkook, que me olhava com olhos marejados. Ele assentiu e delicadamente me entregou Jae. - Oi, é a mamãe. - seus olhinhos fechados era pacíficos e me fizeram voltar a chorar. - Você é tão lindo e...asiático. - ri baixo junto com as enfermeiras.

Não há nada como nós
Não há nada como você e eu
Juntos, enfrentando a tempestade
Não há nada como nós
Não há nada como você e eu
Juntos

Jungkook cantou olhando o bebê. Ele não cantava fazia tanto tempo, mas naquele momento foi tão repentino e especial. O olhei e ele estava chorando - outra coisa que não via há muito tempo - e sorrindo feito um bobo. Senti algo bater forte no peito, era não apenas o coração, não apenas felicidade ou alegria. Não entendi muito bem, mas sorri emocionada. Era o melhor dia da minha vida.

JUNGKOOK
Chamei todos para ver o bebê na maternidade. Pelo vidro quase explodimos de tanta fofura que aquela coisa minúscula exalava. Eu não conseguia tirar os olhos dele. Ele era tão perfeito, era o bebê mais lindo dali. Sua aura pacífica me prendeu deste que o peguei pela primeira vez. Jae tinha meus olhos asiáticos, ele era uma versão diminuída de mim, entretanto algo nele era totalmente Amber. Sorri quando a enfermeira passou por ele e o pegou, ela o levou até a pequena janela de vidro e segurou ele por uns minutos. Não despreguei os olhos dele nem por um segundo, nem mesmo quando Jackson apareceu me zoando por estar fazendo uma voz fina e boba para o bebê. 

- Tem certeza que é seu, Kook? - Jackson debochou me acordando finalmente.

- Não, Jackson. É meu, obviamente. - Lauren respondeu num tom ríspido.

- Vocês não vão me tirar do sério hoje. Não hoje. - eu ainda olhava para o meu filho com um sorriso que não parecia sair tão cedo.

- Ele é lindo, Jungkook. Parabéns! - Lauren me abraçou de lado.

Depois de todos visitarem Amber e Jaeyoon, meu pai pediu para conversar comigo a sós. Fomos até o estacionamento do hospital. Fazia muito tempo que não via um sorriso verdadeiro estampando o rosto do velho Jiwon, sorri junto enquanto recebi leves tapas na na bochecha. Nos abraçamos por um tempo. Aquele era um momento estranho, eu não recebia abraços dele desde os dez anos mais ou menos, muito menos o via com olhos marejados há muito tempo. 

- Agora sim você é um Senhor Jeon. - ele riu referindo a idade e responsabilidade. - Eu nunca tive a oportunidade, ou talvez tive, mas não fui capaz de dizer. Eu sou seu pai, quem te criou com base dos ensinamentos coreanos e apesar de tudo que eu te fiz passar, sabia que um dia isso chegaria e você se sairia bem. - meu pai poe a mão nos meus ombros e me encara sorrindo. Ok! Momento estranho, tem como evitar? - Eu tenho muito orgulho de você, sempre tive. Sei que não fui o melhor pai do mundo, no sentido afetivo da palavra, mas sempre tentei dar meu máximo, tanto para você quanto para o seu irmão. Não pense que achamos seu irmão melhor que você. Ele não é. Nenhum dos dois é perfeito e os amo na mesma intensidade. Agora...Você é pai e futuramente marido, suas responsabilidades dobraram de tamanho e volume. Posso dizer, hoje, que não preciso mais te dar puxões de orelha e sermões a cada besteira que faz. Hoje eu confio em você e acredito que será um ótimo homem e companheiro para a Amber. Você sempre me orgulhou e me orgulha ainda mais cada dia que passa. Espero que seja muito mais feliz que eu e sua mãe, e que meu neto seja apenas o primeiro passo para nossa família ficar gigante. 

Ele não deixa eu responder, apenas me abraça e começa a caminhar para o carro.

- Neto? Aish...Eu to velho. Preciso de uma bebida. Preciso ficar bêbado.

Fecho a porta do carro e espero partirem. Aceno quando os vejo longe e volto para dentro do hospital. Fico um tempo na recepção com Jackson e Lauren. Amber estava sendo cuidada e assim que totalmente recuperada poderíamos ir até o berçário ver o bebê mais uma vez. Segundo os médicos Amber estava se recuperando muito bem e poderia ir embora no dia seguinte. 

[...]

- Pois é...Cá estamos nós, o trio do sofrimento. Diria que somos bem fodidos, mas hoje parece que tudo foi compensado. - Jackson quebrou o silêncio quando chegamos ao hospital na manhã seguinte.

- Eu não sou uma fodida, se você é fale apenas por si. - Lauren resmungou sentando na cadeira da recepção.

- Vocês dois são o meu casal favorito. - comento rindo indo ao balcão de atendimento. 

- Sua esposa já está pronta faz trinta minutos. - foi estranho ouvir "sua esposa", mas fiquei feliz. Isso significa somos parecidos como um casal de casados? - Me acompanhe.

Seguimos por um corredor longe e subimos uma escada. O que era neutro e padronizado começou a se tornar azulado com desenhos de personagens animados e um chão colorido por tapetes fofos e firmes. Imaginei que ali fosse a área onde crianças em tratamento ficam para brincar, ri com uma garotinha que pintava a parede do hospital. Quem sou para atrapalhar a diversão dela?  A atendente pede para eu esperar numa poltrona que ficava ao lado de uma porta. Era o quarto na ala infantil que haviam transferido Amber. 

- Ela está acabando de se trocar, pode entrar se quiser. - a moça diz baixinho e sorri me deixando entrar.

Abro a porta e encontro Amber calçando seus antigos tênis. Ela já não tinha mais o barrigão, mas aparentava estar ainda mais cansada. Ela estava diferente, mas era a mesma. A enfermeira a entregou Jaeyoon dormindo, Amber ainda não havia percebido que eu estava lá. Mais uma vez me peguei a observando, não apenas sua aparência, isso pouco me importa. Eu observava cada movimento que ela fazia, seu cuidado com o nosso filhos, sua atenção às instruções dadas pelos médicos e enfermeiros. Ela estava claramente assustada, seus olhos gritavam medo, mas Amber se manteve firme e tentou compreender tudo. Eu já havia ouvido tudo aquilo e estava basicamente pronto, faltava a prática. 

Nos olhamos quando ela se levantou para sair do quarto. Amber sorriu e eu retribui do mesmo jeito. Peguei as coisas dela e deixei que uma enfermeira a acompanhasse junto ao bebê até o nosso carro. Depois de muito perguntar se ela precisava de algo e se estava bem, partimos para casa. Seria um dia diferente já que combinamos de fazer a comida por ela e deixar tudo pronto para o bebê descansar no quarto. Foi difícil conter mais um choro de alegria, mas consegui. Amber dormiu feito uma pedra no banco de trás. Pelo retrovisor observava ela e Jae, ás vezes ela acordava e sorria para ele, depois voltava a cochilar. Definitivamente ela estava com medo. 

- Ele é tão lindo e pequenininho. - Amber comentou colocando Jae no segundo berço que agora ficava na sala. - Como fomos capazes de fazer uma coisa tão fofinha assim? Nós somos dois brutos. - ela riu.

- Você é bruta, Amber. - a corrigi brincando.

- Eu sou um amorzinho, meu bem. - dissemos ao mesmo tempo e ela me abraçou em seguida.

- Se fosse qualquer outro eu nem sei se conseguiria passar por tudo isso. Obrigada por ter voltado e lutado por mim. Eu sei que não sou lá grandes coisas e que sempre te tratei muito mal, mas você não desistiu de mim. - Amber começou a chorar e me abraçou novamente. - Eu te amo muito.

- Ei! Por que está chorando? - a afastei enquanto ela esfregava os olhos.

- Porque eu finalmente consegui o que sempre sonhei. Aqui e agora, tudo. Eu consegui, Jungkook. - ela soluçou.

- E o que seria isso?

- Felicidade. Eu finalmente me sinto feliz. Graças a você, ao nosso filho e ao tempo. Obrigada por me fazer feliz, eu te amo.