História Wake me up - Nada parece certo

Fui para minha sala e permaneci o resto do dia lá, Ed não me procurou e eu não fazia questão que ele fizesse. Eu parecia estar fugindo, mas não era isso, apenas queria ficar sozinha. Fui para casa cedo, não falei com ninguém, apenas cheguei em casa e me escondi dentro do meu quarto.

Sabe aqueles dias que você se arrepende de ter levantado da cama? Hoje eu estava assim, tudo me irritava e me deixava extremamente triste. Não queria ver ninguém, apenas ficar no meu quarto em posição fetal até que tudo passasse. Inúmeras coisas passavam em minha cabeça e isso fazia com que a dor de cabeça voltasse de minuto em minuto. Depois de muito rolar na cama acabei adormecendo, e só acordo quando meu celular toca.

- Alo. – minha voz estava sonolenta.

- Taylor. – era Edward.

- Oi. – falo secamente.

- Está tudo bem? –ele pergunta, parecendo preocupado.

- Sim. – respondo.

- Você não parece nada bem.

- Mas estou, está tudo bem, só estou cansada. – falo irritada.

- Eu estou indo pra sua casa.

- Que? Não precisa vir aqui, está tudo bem.

- Tarde de mais, já estou na frente da sua casa e só saio daqui se você vir abrir essa porta e falar comigo.

- Você vai cansar de esperar então. – falo e desligo o telefone.

Volto a deitar na cama, a ideia de saber que Edward estava na frente da minha casa me deixou mais irritada do que eu já estava. Eu só queria ficar sozinha, mas parece que ninguém estava entendendo, pois Jay entra no meu quarto segundos depois.

- Você sabe que Edward está aqui na frente de casa né? – ele pergunta e senta-se ao pé da cama.

- Eu sei, e falei que não vou lá. – disse grosseiramente.

- Ele fez alguma coisa? – Jay pergunta.

- Não ele não fez nada, só quero ficar sozinha. – falei quase gritando- SOZINHA, estou cansada e agora irritada.

- Meu deus.- Jay fala levantando-se e indo para porta – Ed não parece querer sair de lá enquanto você não for lá.

- Acho que ele terá uma péssima noite então. – falo.

- Você não vai mesmo deixar ele lá esperando, vai?

- Sim eu vou. – disse – e você pode ir lá e dizer isso a ele.

Ele apenas sai do meu quarto, cubro meu rosto com o cobertor e acabo adormecendo. “MERDA”, penso quando sou acordada pela porta abrindo-se novamente, ouço a voz de mamãe e me descubro sentando na cama.

- Taylor. – ela fala. – eu não estou te entendendo, mais ficar assim não vai te ajudar.

- Eu quero ficar...- mas ela não me deixa terminar.

- Eu sei, ficar sozinha. Eu só não entendo o por que.

- Eu também não. – falei abaixando a cabeça. – eu só sinto vontade de deitar aqui e não levantar mais. – algumas lágrimas escorreram de meus olhos.

- Você esta parecendo ter uns 12 anos. –ela disse e ri.

- Ah. – falei e ri também – nunca me senti assim – resmunguei - que droga odeio fazer essas coisas de criança.

- Então minha querida, saia desse quarto, desça as escadas e vai lá na frente.- ela disse autoritária. – Ed está lá a quase quatro horas.

- Ok. – falei olhando o relógio, eram 9 horas da noite. – ele não vai sair de lá não é?

- Provavelmente não – ela disse – falei com ele, e bom ele não quis entrar, ele deixou bem claro que só sai lá da frente quando você for lá.

- Ah – sussurrei – droga.

Mamãe saiu do quarto, eu fui até o banheiro e lavei meu rosto, fiz um rabo de cavalo e desci as escadas. Abri a porta de casa e andei até o portão, estava descalça e o chão sob meus pés estava muito gelado, abri o portão e logo Ed desceu do carro sorrindo ao me ver.

- Achei que teria que dormir aqui na frente. – ele disse me abraçando.

- Agradeça a minha mãe que me obrigou descer até aqui.- falei, meu mal humor era bem visível.

- Você as vezes é uma criança Taylor. – ele diz e sorri.

- Cala a boca. – falei, revirando os olhos.

- Você está péssima – ele falou olhando para meu rosto.

Provavelmente meu rosto estava amassado por ter ficado tanto tempo deitada, meus olhos deveriam estar vermelhos porque chorei e deviam ter bolsas de olheiras. Sorri ironicamente com seu comentário.

- Não consigo ser bonita o tempo todo.- falei revirando os olhos mais uma vez.

- Ah você consegue sim – ele diz – mesmo péssima você continua maravilhosa Taylor Evans.

– O que você quer? – pergunto segurando um sorriso.

Ele sorriu, foi até o carro e abriu a porta pegando algo que estava em cima do banco, logo depois me entregou, era uma caixa.

- O que é isso? – perguntei.

- Abre. – ele falou.

Eu abri, e dentro da caixa havia inúmeros bombons de chocolate, sorri com o presente.

- Chocolate faz qualquer pessoa feliz. – ele diz – agora a gente pode conversar enquanto você come tudo isso.

Apenas sorri e o convidei para entrar, sentamos no degrau de entrada. Contei o que aconteceu noite passada, e contei que estava me sentindo triste e estranha, era como um pressentimento ruim, como se sentisse que algo estava para acontecer. Ed fez o que sempre fazia, era uma das coisas que mais gostava nele, ele apenas ouviu, pareceu interessado, e depois me distraiu contando coisas engraçadas.

Eu agradeci mentalmente por ele ter ido até a minha casa, por mais que o pressentimento ruim ainda tomasse conta de mim, agora eu não estava tão triste e a raiva havia se esvaído. Ed é claro me ajudou a comer os bombons, e minutos depois a caixa estava vazia.

- Obrigada por ter vindo. – falei quando Edward se levantou para ir embora – e desculpa.

- Não precisa pedir desculpa – ele falou e segurou minha mão – sabe mesmo não sendo namorados, e que fique bem claro que isso é culpa sua – ele ri – bom e sendo amigos, eu acho, amigos que se pegam – ele franze o cenho, eu rio – bom seja lá o que a gente for, eu estou aqui para tudo que você precisar. Inclusive para te chantagear com chocolates.

- Faço das suas palavras as minhas, vou estar aqui se você precisar conversar. – eu disse – mas esquece que não vou te dar chocolate. – eu ri.

Ele se despede com um beijo, um beijo bem doce por conta de tanto chocolate. Logo depois entra no carro e da partida, sumindo na primeira curva. A tristeza volta, e a sensação de que eu deveria ter falado algo vem junto com ela. 

...

Na manhã seguinte acordo não menos triste, vou até o banheiro e tomo um banho rápido, tento jogar pelo ralo todo aquele mal estar, mas é inútil, aquilo de algum jeito havia impregnado em mim. Ao chegar à minha sala, estranho-a, havia um balão em formato de coração flutuando acima da minha mesa, apenas um pequeno fio o prendia na maçaneta da gaveta, fui até a mesma e vi um bilhete escrito, abra-me. Eu o fiz, e dentro havia uma rosa vermelha e um cartão onde dizia:

Espero que esteja melhor, mas caso a resposta seja não, espero que essas pequenas coisas a façam sorrir. Edward.

Eu sorri, guardei o cartão novamente na gaveta e me concentrei no trabalho, o que foi bem difícil já que meu pensamento era uma mistura de Edward, pressentimentos ruins e vontades de falar coisas que eu não tinha coragem. Almocei com o Jay, o almoço mais silencioso e rápido que já tivemos, logo estávamos na empresa novamente. Antes de ir para minha sala me dirigi a sala de Lucy.

- Oi. –falei abrindo a porta.

-Olá Taylor. – ela disse.

- Edward está? –perguntei.

- Sim. – ela falou apontando para a porta onde havia um pequeno escritório.

- Eu posso? – perguntei.

-É claro Taylor. – ela falou sorrindo.

- Ah, e como vai seu bebe? – virei e perguntei antes de abrir a porta.

- Tudo bem, estamos bem. – ela disse passando a mão na barriga.

- Fico feliz Lucy – sorri e abri a porta entrando na sala de Ed.

- Oi. – falei.

Ed virou-se, ele estava de óculos, ele ficava lindo de óculos. Sorri e sentei na cadeira ao lado dele, ficamos de frente um para o outro.

- Obrigada pelo balão e pela flor. – falei e encostei nossos lábios.

- Beijando colegas no trabalho Taylor. – ele disse sorrindo e pondo as mãos em minha cintura.

- Ninguém vai saber. – falei e sorri. – mas só vim aqui agradecer.

- Esse é um ótimo jeito de me agradecer. – ele fala.

- Eu sei- digo – mas agora volte ao trabalho.

- Ah, você acaba de me desconcentrar. – ele ri e me beija novamente.

Eu gostava dele, gostava muito, eu só não tinha coragem de dizer isso a ele. Me afastei dele e levantei, ele apenas ficou me olhando, seus olhos brilhavam.

- Tenho que ir. – falei.

- Você vem aqui me tira do trabalho e depois vai em bora.

- Você não esperava que eu ficasse aqui a tarde inteira né?

- É o que eu queria que você fizesse. – ele diz levantando.

Edward chega bem perto de mim, põe as mãos em minha cintura e me empurra devagar até que eu encoste na parede, tento me segurar na mesa mas é inútil e acabo derrubando o porta canetas no chão, o que Lucy pensa que estamos fazendo? Essa pergunta me faz corar.  Ed deposita beijos em todo meu pescoço, ele sabe meu ponto fraco, mas logo arranjo forças e me afasto.

- Somos só amigos, lembra? – e me dirijo a porta.

Ed olha para mim e apenas assente com a cabeça, logo depois volto a minha sala. Toda vez que saio de perto desse garoto me sinto triste, era como se não fosse mais o ver e o pressentimento volta a me assombrar, o que estava acontecendo?

...

Não vejo Edward o resto da semana, apenas nos falávamos por mensagens mais não era o suficiente. Não conseguíamos nos encontrar, e eram poucas as vezes que achávamos um tempo para trocar mensagens. Eu estava cada vez me sentindo mais cansada, mais triste e meu corpo parecia que desmoronaria a qualquer hora. Meus pais continuavam insistindo para que eu fosse ao médico, mas eu neguei, disse que já estava bem, mesmo não estando.

Na sexta feira um pouco antes do almoço a dor na cabeça volta, era como se alguém estivesse enfiando facas na mesma. Ouço meu celular tocar, o som dele era ensurdecedor, atendi.

- Oi. – falei tão baixo que não tiver certeza se a pessoa do outro lado da linha ouviu.

- Taylor? – não reconheci a voz – é Matt.

- Ah, oi. – disse reconhecendo sua voz.

- Ed ele... – sua voz parecia triste – ele sofreu um acidente esta madrugada, eu... bom ele, ele não está nada bem.