Me virei e bati a mão no interruptor.
Era o Sehun. Ele estava encostado na pia, com os braços cruzados.
-Sehun, como..- ele me interrompeu.
-Como eu sei? S/N, você acha que eu não entendi o seu joguinho?
Eu não falei nada. Não havia o que falar.
-Você tenta separar a Irene de mim, e você acha que eu não saquei?- ele se afastou da pia, e começou a andar em círculos.
-Eu só queria que você soubesse o que eu senti, quando você brincou comigo!- fui alterando o meu tom de voz.
E foi aí que eu percebi que o que eu fiz, foi idiota demais.
-Mas precisava ser me separando de uma pessoa que eu realmente gosto?- ele me olhou com lágrimas nos olhos.
-Você que quis terminar com ela, eu não tenho culpa alguma nisso- voltei com o meu tom de voz normal.
O que eu fiz foi realmente idiota, mas eu não iria se orgulho fala mais alto.
-E o "conselho"- ele fez aspas com as mãos- Que você deu para ela?
-Eu falei o que é verdade, Sehun- me encostei no batente da cozinha.
-O que é verdade??- seu tom de voz foi ficando mais alto- VOCÊ DIZ PARA ELA QUE ELA NÃO ME DEVE NADA, E ISSO É VERDADE?
-Sim, Sehun- eu estava tentando manter a calma- Ela me disse que nem namorando vocês estavam.
-É, mas eu ia pedir ela em namoro. Hoje. E você estragou tudo.
Talvez eu estivesse me sentindo culpada.
-Mas antes vocês não estavam namorando, tenta entender isso!- meu tom de voz foi aumentando- NINGUÉM DEVE NADA A NINGUÉM SE ELES NÃO ESTÃO NAMORANDO!
Ele limpou uma lágrima que estava deslizando sobre a sua bochecha.
-É A MESMA SITUAÇÃO DE QUANDO VOCÊ BEIJOU ELA QUANDO "ESTAVA" COMIGO! - fiz aspas com as mãos. Minha visão começou a ficar turva por causa das lágrimas.
-O engraçado, Oh Sehun, o engraçado é que você fala isso como ela realmente te devesse alguma coisa. Mas se ela te deve alguma coisa, você acha que você não deve para mim também?- fui me aproximando dele- Eu sei que nós não estávamos juntos, mas...- limpei as lágrimas que caíram dos meus olhos- Você disse que não me devia nada. Você não acha que me deve alguma coisa?- eu estava literalmente, cara a cara com ele.
Ele ficou quieto. Porque não havia o que ele falar. Ele sabia que era verdade.
-S/N, eu...
-Não precisa falar nada- o interrompi- Antes de seguirmos em frente com o que aconteceu entre nós, eu queria pedir desculpas. Eu fui uma idiota por ter feito isso com você.
O orgulho sumiu. Eu tinha que aceitar o fato de que não era de mim que ele gostava, e que ele não me devia nada pelo que aconteceu.
Se eu ainda estou brava com ele? No fundo, eu sei que estou. Mas nós precisamos seguir em frente.
-S/N, eu quero que me desculpe também. Eu... Realmente não sei o que dizer.
-Está tudo bem- limpei as lágrimas que caiam pela minha bochecha e dei uma sorriso para ele.
Eu estava me distanciando, quando ele decide fazer uma pergunta.
-S/N, o que você quer dizer com "seguir em frente"?- suas lágrimas haviam secado a mais tempo que as minhas.
-Você não vai pedir a Irene em namoro?- o perguntei.
-Eu não sei se eu ainda tenho chances com ela- ele olhou para baixo.
-Sehun, ela gosta de você e você gosta dela. O que vocês dois estão esperando?
-Eu acho que ela me odeia- ele ainda estava olhando para baixo.
-Sehun, é claro que ela gosta de você- arrumei a gola de sua camisa- Quem não gosta?
Ele me encarou.
Eu não estava tão próxima dele, porque o Sehun parecia um poste e eu batia exatamente em seus ombros.
-Você tem razão- ele disse passando a mão pelos seus cabelos.
Eu ri.
-S/N, obrigada. Por tudo. Muito obrigada.
-Muito obrigada, Sehun, obrigada- eu o puxei para um abraço, que foi retribuído.
-Agora vá- me separei dele e inclinei a minha cabeça em direção à porta- Você não vai perder a chance de novo, vai?
-Não, eu não vou- ele sorriu e saiu correndo, abrindo a porta rapidamente. Deu um leve aceno e fechou a mesma.
Dei um suspiro cansado e me encostei na pia.
-Agora... Agora eu vou seguir em frente.
Aonde eu estou agora?
Eu estou no meu quarto. Lendo "Tudo e Todas as coisas" (livro muito bom, aliás)
Estava bem plena quando escuto batidas na minha porta.
-Quem é?- gritei/falei.
-Sehun- a pessoa respondeu.
-Entra- voltei meus olhos ao livro.
Ele entrou com um sorriso no rosto.
-Ela aceitou?- eu perguntei me levantando da poltrona aonde eu havia sentada.
-Sim, ela aceitou- ele estava com um brilho nos olhos. Um brilho que eu nunca tinha visto antes.
-PARABÉNS!!!- me levantei e comecei a dar pulinhos de alegria, e o abracei.
-S/N, se acalma- ele disse ainda me abraçando.
-Isso é muito bom!- me separei dele e o olhei nos olhos- E é a primeira vez que eu vejo você namorando.
Ele riu.
-E você, S/N? Como vai com o Jongin?
-A gente começou a namorar. Hoje- me abaixei, sorrindo boba.
-Então nós começamos a namorar no mesmo dia- ele tinha um olhar de reprovação e de "estou feliz por você".
-Verdade- o olhei.
Nós ficamos em silêncio por alguns minutos.
-Então...- ele disse quebrando o silêncio- Amanhã eu vou embora.
-Daqui de casa?
-É... Meus pais estão de volta...
-Que bom!- dei um sorriso falso.
Ele sorriu também.
-Se cuida, baixinha- ele bagunçou meu cabelo e saiu.
Eu fiquei ali. Parada. E sorrindo.
Sehun estava no banho quando eu desci na cozinha para comer.
Ouvi meu telefone vibrar.
"Kyung" estava no visor.
Fazia tempo que eu não falava com o Kyung. Tipo, desde que o Jun sofreu o acidente. E o Jun já saiu do hospital.
Ligação ON.
-Oi Kyung, quanto tempo!
-Oi S/N! Faz tempo que nós não nos falamos!
-Sim, muito tempo. Como anda a vida? Você está bem?
-Estou bem! Me recuperei depois do que aconteceu.
-Que bom! Por que me ligou?
-Eu queria te avisar que estou no interior a um tempo. Passando as férias.
-Achei estranho eu não estar te vendo ultimamente.
-É.
-Está na casa do seus avós?
-Estou.
-Você sempre vai para a casa deles nas férias.
Um certo silêncio se estabeleceu na linha.
-Bom, eu só te liguei para isso mesmo.
-Foi bom escutar sua voz.
-Tchau, S/N.
-Tchau, Soo.
Ligação OFF.
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