POV Chichi
Os guardas enfileirados no grande corredor ao sul do palácio estavam me deixando cada vez mais ansiosa, pois sabia exatamente o que havia no fim do corredor quando eu cruzasse as portas: Tights. Eu estava andando ao lado de Tarble, que mantinha a mão em meu ombro, guiando-me e dando o apoio que eu preciso. As palpitações do meu coração estavam me sufocando quando cheguei à porta e a abriram. Todos os olhares se dirigiram à mim, Vegeta estava em seu trono e levantou-se. Pela primeira vez em toda minha estadia nesse planeta, eu vi Vegeta demonstrar algo e, também pela primeira vez em toda minha estadia nesse planeta, eu senti vontade de... abraça-lo. Kakarotto estava ao seu lado direito, já de pé e Bardock estava a sua esquerda. Eu não via Bardock há tempos, ele parecia desconfortável, como se fosse fugir dali à qualquer momento.
Haviam também diversos soldados em frente a eles, alguns de meu conhecimento, outros não. Adentrei o local e só aí pude avistar Tights. O cabelo loiro estava amarrado em coque, seu traje ne resumia em um couro preto estranho dos pés ao pescoço. Estava linda, mas não fiquei muito contente em vê-la na frente de tanta gente. E ela, não pareceu tão contente em me ver, também.
Olhei para Kakarotto e seu olhar transmitia compreensão e apoio. Respirei fundo e cheguei até Tights. Ficamos olhando uma para a outra pelo que pareceu uma eternidade, até que eu quebrei o silêncio.
-Acho que cheguei um pouco atrasada... - Disse com toda a altividade que reuni. Ela sorriu debochadamente.
Virou-se de costas para mim.
-Vossa Majestade, gostaria da permissão de ter uma conversa a sós com Chichi. Prometo que será breve.
Vegeta não gostou nenhum pouco do pedido, mas ele permitiu, fiquei surpresa. Os guardas nos guiaram a uma pequena sala perto do salão principal, lá haviam alguns livros em prateleiras e muitos estofafos, parecia uma biblioteca particular.
Quando finalmente ficamos sós Tights sentou e suspirou.
-Olhe, Chichi, eu sei o que pensa sobre Pan e...
Eu a interrompi, meio que sem querer. Não obstante, eu não podia ficar ouvindo Tights defender um monstro como Pan.
-Ela tentou matar Kakarotto. - Falei tentando conter a emoção que lutava para ser demonstrada pelos meus olhos. Tights pareceu suspirar, me deixando indignada. Como ela podia ser tão condescendente quanto a Pan?
-Vai me dizer que você não achou estranho ela mudar de personalidade, do nada? Acha que alguma garota possa ser assim? Mesmo? - Ela me olhou impaciente. Tento ao máximo entender as palavras que ela disse. - Chichi, aquela coisa não era a Pan.
Eu a fitei, séria.
-Então, o que era?
-Há alguns anos atrás, ainda quando a guerra na Terra estava à todo vapor haviam sobreviventes, éramos vários, porém alguns eram incapazes. Eram mulheres, idosos, crianças e aleijados. Nosso grupo quem sustentava à todos, Pan estava incluída. Saíamos para saquear bebidas e alimentos, só que um dia, Mai descobriu que os Saiyajins estavam atrás das esferas do dragão. - Assenti, assimilando tudo. - Não podíamos deixar que eles tivessem as esferas, na época elas eram tudo o que tínhamos para usar contra eles. Nós sabemos o quão poderosos são os Saiyajins... então fizemos o impensável para tentar nos salvar.
-O que...
-Não me interrompa, Chichi.
Calei a boca, constrangida, e deixei a mesma prosseguir.
-Passamos a ir atrás das esferas, mas eles foram bem mais rápidos. Já estavam com todas em mãos, e ficamos sabendo que iriam pedir a soberania eterna do Rei, algo assim e depois destruiriam a Terra e voltariam ao seu planeta natal. Era complicado e assustador então fomos todos atrás de impedi-los. Pan pulou nas esferas na mesma hora em que o grande dragão apareceu... então ocorreu uma explosão e as esferas sumiram. Apenas Pan estava lá e todo seu corpo reluzia em ouro. Foi aí que entendemos o que havia acontecido.
-Mas isso só prova que foi mesmo a Pan quem fez tudo aquilo. - Falei. Ela sorriu com deboche e sentou ao meu lado.
-Entenda Chichi. O poder que há contido naquelas esferas entraram dentro de um corpo magro e desnutrido de uma adolescente. O poder a corroeu por dentro e a dominou e ela... - Tights parou um pouco, sem poder conter a emoção. Uma lágrima solitária desceu em seu rosto e senti meu peito apertar. Sei bem qual é a dor de perder uma irmã. - Ela ficou irreconhecível.
-Eu sinto muito. - Foi tudo o que pude dizer.
Ela enxugou o rosto e se recompôs.
-Enfim... com a morte de Pan, as esferas foram espalhadas pelo planeta e o rei Vegeta já fora informado e já começou as buscas.
Meu coração descompassou, meu peito apertou e uma sensação de euforia e ansiedade me invadiu. Então por isso a emoção de Vegeta era transparente à poucos minutos atrás. Minha boca ficou seca. Não sabia o que essa notícia implicava, Bulma sofreria mais em vida ou morta?
Balancei a cabeça, não posso me dar ao luxo de pensar essas coisas.
-Vamos voltar, estamos demorando demais.
Assenti e a segui. A sala não estava estática como quando entrei pela porta. Muito pelo contrário, Vegeta estava usando argolas de ki para prender um saiyajin.
-Seu maldito incompetente. É o seu fim. - Disse Vegeta. Seu ódio transparente.
-Me perdoe, Vossa Majestade. - O pobre saiyajin grunhiu de dor e Vegeta jogou-o contra a parede, assim dissipando as argolas.
-Isso doeu... - Sussurei.
-Agora vá ser inútil em outro lugar? Longe de mim! - Ordenou Vegeta, friamente.
-Ei... - Senti uma mão em meu ombro, virei e deparei-me com meu marido. - Como você está? - ele perguntou com o cenho preocupado.
Sorri e toquei seu queixo, tranquilizando-o.
-Estou... - Ponderei por um minuto e pude, com toda certeza concluir que: - Aliviada. Estou aliviada. Finalmente ela vai voltar para nós...
* * *
Já era madrugada e eu estava mais do que acordada. Faltavam três esferas e a euforia aumentava cada vez mais. Após me atualizar de tudo com Vegeta, fui para o jardim do palácio pegar um ar.
-Eu não sabia que você ainda estava aqui.
-Ai meu Kami - Peguei em meu peito controlando meu coração com o tremendo susto que Kakarotto me deu. -Que susto!
Ele colocou um cobertor em cima dos meus ombros e me abraçou por trás. E, em 24 horas inteiras, só nos braços dele que pude relaxar. Ele me envolveu em sua bolha protetora e eu não queria sair.
-Venha, vamos descansar um pouco. - Ele disse me dando um aperto e relaxando mais os braços.
-Não quero ir para casa agora.
Ele sorriu, como se já soubesse o que eu diria.
-Tenho um quarto no palácio, amor. Vamos lá.
-Mas... - Me soltei dele por um momento querendo chamar sua atenção. - Não estou afim de dormir.
Ele sorriu, sacana e me puxou com a mão no meu glúteo e a outra no meu pescoço.
-Quem disse que vou deixá-la dormir?
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