História Watashitachi No Rekishi - Extra 1 :3

Acordei com o rosto doendo por ter usado o livro como travesseiro, fui logo ver o horário, pois tinha marcado de sair com o Clear, Koujaku e alguns amigos deles. Vamos nos encontrar as 19 horas em um bar na área central da cidade, não bebo mas vou pra conversar com o pessoal. Olho para o relógio e já eram 18:30! Vei, na boa, tenho que começar a botar meu celular pra despertar cedo, porque assim não dá né, chegar atrasado em todo canto que eu vou.

Levanto num pulo e corro pro banheiro pra tomar um banho ( Mas você não tinha tomado antes de dormir? A: Sim mas eu quero tomar de novo) e saio de lá uns cinco minutos depois, minha sorte era que eu tinha separado a minha roupa antes de dormir, porque se não eu ia tá lascado. Visto minha camisa de manga longa que tem um dragão vermelho estampado com minha calça peta rasgada, calçando então meu tênis vermelho de cano longo. Mal termino de pentear o cabelo e ouço batidas em minha porta.

Deve ser Clear, ele vinha me buscar em casa pra me levar pro bar, já que era longe e eu tinha acabado de chegar na cidade. Pego meu celular e coloco no bolso juntamente com as chaves de casa. Abro a porta e lá estava ele, olhando pro céu encostado no corrimão perto da escada, nem percebeu que eu tinha saído. Então fecho a porta da maneira mais silenciosa possível e me aproximo bem devagarinho, toquei seu ombro engrossando a voz e dizendo:
    - Vamos. - ele me olha assustado e diz:
    - Vai assusta outro miserávi.

Dou uma gargalhada alta como resposta e começo a descer a escada com ele me seguindo. Chegamos na rua e eu paro pra me recuperar do ataque de riso, já estava lagrimando e sem força de tanto rir. Até que recupero o fôlego e viro pro Clear que estava me encarando de braços cruzados e com uma sobrancelha arqueada. 
    - Já terminou? - diz ele me olhando com uma cara de tédio.
    - Já. - digo enxugando a lágrima que escorria.

Então começamos o percurso para o nosso destino. Depois de ter andado quase meio mundo, chegamos a um bar com uma grande área de mesas que ficavam por fora do estabelecimento. Logo avistamos Koujaku que estava junto de um beta e um outro alfa, quando nos viu deu com a mão para nos chamar para a mesa, nos aproximamos deles e sentamos nas cadeiras vagas. Ele foi adiantando as apresentações:
    - Esse aqui se chama Mizuki. - disse apontando pro beta.
    -  E ele é o Zoro, - disse fazendo o mesmo gesto na direção do outro. Ele vira na nossa direção e fala:
    - O grisalho se chama Clear e o azulado de Princesa.

Os outros riem baixinho incluindo o Clear, aquele infeliz. Fuzilo Koujaku com os olhos e o corrijo:
    - Aoba! - digo meio irritado e dou um tapa leve no topo da cabeça dele, recebo de volta uma gargalhada alta, seguida por outras mais contidas dos demais presentes, logo depois Mizuki diz:
    - Vamos pedir logo nossas bebidas!

Dito e feito, cada um pediu o seu. Os outros três pediram bebida alcoólica com exceção do Clear e eu, que pedimos suco. Depois de algumas rodadas de pedidos conversando sobre coisas aleatórias, Mizuki dá a sugestão:
    - Vamos jogar Verdade ou Desafio? - diz ele já meio alterado por conta do álcool. Todos concordamos, sinto que isso vai dar em merda mas, fazer o que né, deixa rolar.

Zoro começa pegando uma garrafa seca, logo a posicionando no centro da mesa e a girando. Parou em Koujaku e Zoro. O mesmo sorri e fala:
    - Verdade ou Desafio? - diz com um sorriso maldoso para Koujaku.
    - Desafio. - responde ele de forma confiante.
    - Então dá um selinho na Princesa. - afirma abrindo um sorriso malicioso.

Eu estava com o pensamento longe, pensando em como minha avó estaria morando sozinha, ela sempre teve companhia em casa, até mesmo quando meus pais morreram ela me criou como um filho. Minha linha de raciocínio foi cortada com Koujaku levandando meu queixo e depositando um rápido beijo em meus lábios. Arregalo meus olhos e fico com uma expressão de WTF?? Fiquei sem reação, quando processei o que aconteceu fiquei tão vermelho que um tomate teria inveja de mim. Os outros caíram na risada, com exceção de Mizuki que chegou mais perto de mim e apertou as minhas bochechas dizendo:
    - KAWAII!!!

Sem muita enrolação, Koujaku pegou a garrafa e girou. Parou em mim e Mizuki. Ele olhou pra mim e fez a famosa pergunta:
    - Verdade ou Desafio? 
   - Desafio. - digo sem pensar. Mas quando vi ele abrir um sorriso nada inocente me arrependo na hora. Ele fez uma expressão pensativa olhando ao redor, até que ele parece se decidir e enfim me dizer:
    - Duvido você fazer amizade com o pessoal daquela mesa. - diz apontando pra mesa de trás.

Viro meu corpo para visualizar o que me esperava, na mesa estavam nove pessoas, eram todos homens porém estavam transvestidos como mulheres, que conversavam de uma forma escandalosa. Dou um suspiro imperceptível para os outros e me levando indo em direção àquela mesa. Chego perto deles devagarinho, tentando escutar o que eles conversavam, não que fosse difícil escutar, muito pelo contrário. Estavam falando de cantores e shipps populares, felizmente sabia um pouco sobre aquele assunto. Encosto no ombro no que acredito ser de um ômega e de um beta, que me encararam curiosos.
    - Eii, ouvi vocês falando do show daquele tal cantor, quero saber as novidades!! Me contem também os babados!! - falo de uma forma extremamente animada, mas não chegando a ser histérica na qual eles conversavam antes.

De começo eles estranharam, mas depois começaram a contar várias notícias que nem a mídia tinha divulgado ainda, não demorou muito para eles puxarem uma cadeira para que eu me sentasse junto a eles. Não fiquei de fora, falei tudo o que eu sabia, o que também não era muito, mas foi o suficiente para começarmos uma roda de conversa que atraía a atenção até das pessoas que passavam pela rua. Me viro com um sorriso vitorioso para o pessoal da minha mesa e vejo Mizuki me encarando com uma cara de surpresa, dou língua como resposta fazendo os outros rirem e volto minha atenção pro pessoal da mesa que estava agora.

Passamos mais uns vinte minutos conversando, até que eles entram no assunto de uma tal festa, e me convidam para ir, respondo a eles que não poderia ir mas quem disse que eles me escutam? Foram se levantando um por um e me puxando de uma forma que não chamasse atenção para fora do estabelecimento, eles diziam que ia ser legal e que eu ia gostar mas tipo, conheço eles faz nem uma hora, nem o nome deles eu sei!! Sabe aquele momento que você pensa o que você tá fazendo da sua vida? Esse pensamento definia perfeitamente minha situação atual! Fiquei super nervoso, desistir de planejar uma fuga já que eles me cercavam acho que prevendo a minha reação e acompanhei eles sem protestar muito. Meu Deus!! Pra onde será que eles estão me levando? Será que eles vão me estuprar? Ou pior!! ME MATAR?! Comecei a rezar pra todos os santos que eu conhecia e pra uns que eu inventei. Até chegarmos para um boate e me arrastarem pra dentro dela.

Me elevaram para uma mesa vaga e a ocupamos, logo começaram a pedir as bebidas, Quando as mesmas chegam, sinto o fedor de álcool que de tão forte dava pra ser sentido de longe. Não pedi nada, pois a única coisa que vinha em minha cabeça era como sair dali. Depois de várias doses de bebidas, oito deles foram levantando um atrás do outro, indo para a pista de dança. Um deles fica na mesa junto comigo, acho que pra me vigiar. Depois de alguns minutos totalmente sem diálogo algum, percebo que o beta a minha frente ri, levando o meu olhar para ele curioso e ele me fita com um sorriso sacana em seus lábios, depois fazendo um gesto com a cabeça para o lado, como se quisesse me dizer alguma coisa discretamente. Olho na direção em que ele me indicou e percebo um alfa olhando de forma nada inocente para mim, dava pra ver que ele estava bêbado, pois suas bochechas estavam bastante coradas pelo consumo de álcool excessivo. Ele tinha cabelos negros espetados e tatuagens tribais no rosto e aparentemente no corpo também, seus olhos eram um dourado que se destacava no escuro.

Olho pro beta e ele sorri brincalhão pra mim e se levanta indo para a pista de dança. Dava pra ver que o pessoal com quem eu vim continuava me vigiando da pista de dança. Continuo então a vigiar o alfa de antes pelo canto dos olhos sem ter muito o que fazer, ele não tirava os olhos da minha direção, até olhei para os lados pra ver e tinha outra pessoa no mesmo lugar, na esperança de ele não estar olhando para mim, já estava começando a ficar com medo dele. Confirmo minha suspeita quando ele se levanta do banco do bar onde estava sentado e começa a vir devagarinho em minha direção, seu olhar era penetrante como o de um predador que olhava seu banquete. Meu cérebro entrou em modo de perigo! PUTA VIDA!! O QUE EU FAÇO??!!!

Peguei meu celular mais do que desesperado pra ligar pedindo ajuda pra alguém, desbloqueio ele, quando acho na lista telefônica o número de Clear e aperto para ligar pra ele meu celular descarrega na hora! Esqueci de botar esse troço pra carregar!! Quando olho para trás ele já estava chegando em mim!! CARALHO!!! CALMA AOBA! RESPIRA E TENTA USAR ESSE TROÇO CHAMADO CÉREBRO!!!! De repente eu sinto uma mão deslizar em meus cabelos os acariciando, fico paralisado e prendo involuntariamente a respiração.
    - Oi delícia, vem dançar comigo? - diz com a voz rouca de um jeito sensual sussurrando em meu ouvido direito logo em seguida mordiscando seu lóbulo, o que me causa arrepios por todo o corpo me assustando ainda mais. Sem saber o que fazer vou virando meu rosto lentamente na direção dele e do nada tenho uma ideia pra me tirar dali, foi como uma luz no fim do túnel.

Peguei rapidamente meu celular e simulei como se estivesse falando com alguém. Tapei o outro ouvido pra tentar ensinuar que eu não estava escutando o que a outra pessoa estava falando por conta da música alta. Me levantei e corri o mais rápido possível para fora da boate. Quando chequei na rua fui andando até a esquina e quando a dobrei comecei a correr, AH E COMO CORRI!! Sabe quando somos pequenos e apagamos a luz do quarto e vamos correndo pra cama com medo do capeta nos pegar. Tava com o mesmo medo e desespero dessa situação!! Disparei que nem um louco correndo por ruas aleatórias, só para me distanciar o máximo possível daquele lugar.

Só paro de correr quando não sinto mais minhas pernas. Quase morrendo de cansaço e respirando pesadamente me jogo no chão. Depois de ter recuperado mais o fôlego, paro para analisar onde eu estava. Eu conheço essa rua............. Fica perto da minha casa!! Tapoha quanto eu corri?? Sem pensar duas vezes vou andando mais rápido que o meu corpo permite para a minha casa. Chego na frente da mesma e subo as escadas me sustentando com ajuda do corrimão, destranco a porta logo a fechando em minhas costas. Vou cambaleando até o meu quarto e boto meu celular no carregador. Escorrego na parede ao lado da tomada me sentando no chão, espero meu celular acender e ligo pro Clear, eles devem estar preocupados comigo. Ligo para ele que me atende quase que na mesma hora.
    - AOBA? Onde você tá??!!
    - Em casa. - digo com a voz fraca. 
    - Você tá bem? Aoba?

Minha vista começa a escurecer, passei por muito aperreio e o fato de eu ser um ômega não me ajuda.
    - Você tá me escutando? Aoba? AOBA?!
    - Cle....ar. - consigo dizer antes da escuridão tomar conta de mim.