História Wave - Capítulo 24

A comida estava ótima, mas Thais sempre os provocava dizendo que a culinária brasileira era bem melhor, com muito mais tempero. Manuel estava feliz por ver a sua morena alegre, e por poder divertir-se como uma pessoa normal, sem interferência de ninguém interessado em sua fama. Aproveitou para tirar uma selfie dos dois, Jess se ofereceu para registrar o momento, mas ele agradeceu e disse que não precisava. Ele ergueu o braço com o celular em mãos e tirou. A foto com certeza iria para o papel de parede, Manuel sorria mostrando todos os dentes com Thais sorrindo timidamente encostada em seu ombro, o jardim iluminado com pontos de luz deixou a imagem mais linda do que imaginaram. Pensou até em posta-la no instagram, mas preferiu fazer isso quando estivessem oficialmente juntos. Conversaram e riram bastante até verem todos no restaurante se levantarem indo para o centro do salão aonde tocava uma música lenta e romântica. Kevin olhou para Manuel que entendeu a mensagem, levantou-se rapidamente dando um susto nas mulheres, e pegou na mão de Thais segurando-a.

- A senhorita me concede essa dança? – ela sorria enquanto ele beijava sua mão. Jess e Kevin olhavam atentamente a cena.

- Ah Manu, qual é, eu não sei dançar!

- Eu também não, vamos passar vergonha juntos. Veeem! – ele fez uma cara fofa e ela se rendeu caminhando com ele até o salão.

Neuer a abraçava de lado enquanto observavam os outros casais ao redor dançarem, ele a virou de frente para si encarando uma Thais tímida e retraída,que ele nunca havia visto. 

- Ei, eu não vou pisar no seu pé, fica tranquila! – ele falou no ouvido dela fazendo-a rir nasalmente.

A música terminou dando início a Thinking Out Loud. Manuel viu Thais fazer um perfeito “O” com a boca e as órbitas negras brilharam. Ela sussurrou um “ai meu Deus, eu amo essa música” e ele sorriu colocando uma mão na curva da cintura dela e a outra segurando sua mão. Manuel arqueou as sobrancelhas como se estivesse pedindo permissão e recebeu como resposta um sorriso tímido. Ela envolveu seu braço, que estava livre, no pescoço dele e ambos encaravam-se olho a olho iniciando a dança.

When your legs don't work like they used to before

And I can't sweep you off of your feet

Will your mouth still remember the taste of my love?

Will your eyes still smile from your cheeks?

Os dedos dela deslizaram pela nuca dele acariciando os cabelos fazendo ela o encarar. O olhar azul que penetrava sua alma, o jeito que os olhos dele fechavam quando sorria, a forma como seu rosto ficava avermelhado quando estava zangado, a língua que passava nos lábios quando estava pensativo ou distraído...Eram detalhes de que somente uma pessoa apaixonada seria capaz de perceber, e a cada dia tinha mais certeza de que estava morta de amores, e dessa vez não tinha medo de se machucar. Ele tinha uma capacidade incrível de transmitir confiança a ela e dessa vez sabia que seria diferente. As borboletas voavam de uma forma inexplicável em seu estômago e seu único desejo era passar a vida toda envolvida naqueles enormes braços que a transmitiam proteção. 

Darlin' I will be lovin' you

Till we're seventy

Baby, my heart could still fall as hard

At twenty three

Ele sorria de canto enquanto por dentro de si havia um verdadeiro show pirotécnico, fogos de artifício explodiam em seu coração, que batia descompassado. O carinho oferecido por ela em seus cabelos foi retribuído por um beijo longo e delicado na testa. Ele estava apaixonado, muito apaixonado por ela. Os olhos escuros que eram um verdadeiro mistério, a forma como as bochechas inchavam quando estava tímida, o sorriso radiante como o sol, o bico que fazia quando queria alguma coisa, a expressão indecifrável que ela tinha quando estava zangada, o gênio difícil e independente...Pequenos detalhes que o encantaram desde a primeira vez que a viu. Não queria perder mais tempo, ela seria sua, ele a queria ali, ao lado dele, em qualquer hora, em qualquer lugar.

I'm thinkin' bout how

People fall in love in mysterious ways

Maybe just the touch of a hand

Me, I fall in love with you every single day

I just wanna tell you I am

Dançavam harmoniosamente, parecia que não existia mais ninguém naquele salão a não ser eles. Ela repousou a cabeça no peito dele, ouvindo o coração bater rapidamente e ele a sentiu sorrir contra seu corpo. As outras pessoas abriram espaço para o casal que dançava lentamente no centro da roda, arrancando lágrimas de alguns, até mesmo de Jess, que era afagada por Kevin. Manuel e Thais apenas se olhavam sorrindo timidamente, não dava mais para fugir, o cupido havia acertado em cheio.

So honey now

Take me into your lovin' arms

Kiss me under the light of a thousand stars

Place your head on my beating heart

I'm thinking out loud

Maybe we found love right where we are

E então se beijaram. Talvez o beijo mais terno e carinhoso que já tiveram em suas vidas. Ambos sorriam enquanto os lábios ainda necessitavam serem tocados, quando o oxigênio faltou ambos cessaram o momento sendo aplaudidos por todo o restaurante. Thais ergueu o olhar e viu algumas mulheres chorando e viu um Manuel sorridente. Ela escondeu seu rosto no peitoral dele com vergonha do momento. Ele agradeceu acenando positivamente com a cabeça para todos e saiu com ela rumo à mesa.

- O que foi aquilo? Parecia uma cena de filme de romance MEU DEUS! Vocês são tão lindos juntos! Nunca vou me cansar de dizer isso! – Jess dizia eufórica enquanto abraçava a amiga.

- Sabe aqueles filmes de adolescentes, que vão para o baile do colégio e depois de uma linda dança começam a namorar e etc? São vocês. Mas no caso o Manuel é o patinho feio da escola. – Kevin disse rindo enquanto Manuel fingia estar ofendido, Thais gargalhava do comentário enquanto Jess deu uma cotovelada no moreno. Continuaram jogando conversa fora até que as mulheres disseram que estavam cansadas e todos resolveram ir embora. Despediram-se e entraram em seus respectivos carros.

Neuer dirigia atentamente enquanto Thais repousava a cabeça em seu ombro. A viagem foi repleta de carícias, o silêncio era dominador, mas confortável. Pararam em um semáforo remoto e ele começou a falar de repente, assustando a mulher.

- Eu quero você Thais! – ela tirou a cabeça do ombro dele e o encarou com os arregalados - Eu quero ficar com você até quando não tiver mais forças pra agarrar uma bola, pra te carregar no ombro como se fosse um saco de batatas, pra fazer cócegas...Não dá mais pra gente ficar nesse “rolo”. Eu quero poder dizer que estamos juntos, sem medo de uma pessoa de má vontade descubra e acabe com sua carreira. Eu quero te levar nos lugares mais sofisticados até aos mais populares sem temer os paparazzi, quero ver você no estádio comemorando uma defesa minha quando estiver jogando pela seleção, por que pelo Bayern você já vê né? – ela riu - Quero ver você acordando com seu jeito manhoso, quero conviver com seu lado difícil e independente...Eu me sinto a pessoa mais sortuda do mundo quando estou ao seu lado e quero muito que você continue envolvida em meus braços por muito tempo.  – ele disse fitando os olhos negros enquanto acariciava a mão dela. 

- Isso significa o que? - ela perguntou ainda chocada com as palavras anteriores.

- Eu quero que você seja minha namorada – a boca dela se formou em um perfeito "O" e os olhos pareciam saltar para fora– Você aceita?

Então ela pulou em seu pescoço distribuindo vários beijos no rosto dele, ele sorria e iniciaram um beijo apaixonado e caloroso. Ele a puxou para o colo dele apertando sua cintura, as costas dela chocaram-se na buzina fazendo a morena pular de susto. Eles se olharam e começaram a gargalhar do acontecido.

- Nossa Manu, até no semáforo, que por sinal abriu há muito tempo, você é assanhado! – ela disse saindo de cima dele dando um tapa em seu ombro arrancando um “ai” pouco convincente dele.

- Eu assanhado? Nunca! E você por mais que tenha acontecido tudo isso e que a resposta seja óbvia, eu quero ouvir você falar.  

- Ok Manuel, eu aceito ser sua namorada. – ela fez uma cara de tédio que logo foi desfeita pelo sorriso enorme do homem que a contagiou. Ele a beijou novamente e ela se afastou – Será que a gente pode sair do meio da rua?

- Claro senhorita – ele retomou o seu lugar e voltou a dirigir – Mas vem cá, eu vou dormir aonde hoje? – ele perguntou fazendo-se de inocente.

- Na sua casa né? Virou desabrigado agora? - ela riu. 

- Ah Tha, você me entendeu. Eu não quero dormir sozinho, logo hoje – ele reclamou fazendo birra e ela assentiu enquanto estacionava o carro em frente ao prédio dela. Antes de descerem, Thais se pronunciou.

-Manu...

- Fale morena – ele disse tirando o cinto de segurança.

- Olha pra mim – ele ergueu o olhar e a encarou.

- Eu te amo – ela disse tímida e ele abriu seu melhor sorriso.

- Eu também te amo Thais, muito.