História Wave Surfer - Déjá vu

Alana POV's 

"Não feche os olhos...
          Cuidado! coloque ela delicadamente na maca
          Minha filha! Não! A....Hey A..la...."

Abri meus olhos, ainda estava escuro, o relógio marcava 4:54, minha respiração nunca esteve tão ofegante como naquele momento, tinha a sensação de estar me afogando. Me levantei rápido demais fazendo com que minha cabeça latejasse. Pisquei algumas vezes, me deitei novamente e olhei ao meu redor, afinal, aonde eu estava?

Coloquei uma de minhas mãos sob meu tronco e a única peça de roupa que encontrei foi um casaco - que não me pertencia. Aonde estavam as minhas roupas? Na verdade eu não me lembrava que peças de roupas eu estava utilizando antes de não tê-las mais em meu corpo. 

Minha cabeça latejava com mais intensidade, eu nunca havia me sentido tão confusa, quem eu era? O que estava acontecendo? Observei mais uma vez o local e foquei meu olhar em um sofá branco no canto daquele quarto, um garoto estava deitado.

- Socorro, alguém? 

Gritei com a tentativa besta de ser ouvida - mas nem eu mesma sabia se eu estava sozinha com aquele garoto naquele lugar ou se tinha mais alguém. Minha mente não parava 1 minuto sequer. Eu pensava, pensava e pensava mas nem meu próprio nome eu recordava, aquela situação já estava agonizante. Foquei mais uma vez no garoto - que já não estava mais deitado, agora o mesmo me encarava.

- Alana? - Sussurrou 

Fiquei sem entender, com quem ele estava falando? Quem ele era?

- Quem?...Quem é você? Quem é Alana?

Justin POV's 

Minha garganta estava seca, não conseguia falar nada, por mais que eu me esforçasse, NADA! Não conseguia dar uma explicação para Alana, seria mais complicado do que eu imaginei.

- Alana..Quero dizer...Sou Justin, você não deve estar lembrando de mim mas eu vou te explicar tudo em detalhes do que aconteceu

- Onde eu estou? - Perguntou assustada

- Estamos em um quarto de um hospital, você sofreu um acidente em um campeonato de surf, foi atingida na cabeça por uma prancha, obviamente a mesma fez os aranhões que estão no seu braço. Você sofreu uma perda de memória por isso não deve se lembrar da maioria das coisas, mas eu prometo que...

- Eu quero ir embora! - Ela me interrompeu - Só tem você aqui? Eu tenho um carro? Eu sei dirigir? Eu moro perto? Tem como ir andando? 

- Alana, olha se...

- Para! Para tá legal? - Interrompeu irritada - Para de me chamar assim porque eu não sei se meu nome é esse, eu não posso confiar em alguém que eu não conheço! Só me responde, eu tenho como chegar na minha casa sozinha?

- Olha, eu sei que é difícil mas eu preciso te explicar..Não, você não tem um carro e muito menos sabe dirigir, você mora a 30 minutos daqui, moramos na praia e estamos no centro da cidade de Honolulu, cujo é a capital do Havaí, lugar aonde você nasceu. Sou seu vizinho e costumava ser seu melhor amigo Justin Bieber, nos conhecemos desde criança. Sua mãe mora com você, ela se chama Kelly.

Esperei um pouco para que Alana tivesse alguma reação mas foi em vão, talvez ela estivesse esperando uma explicação mais detalhada do que realmente aconteceu com ela ou talvez estivesse confusa com tanta informação.

Flashback ON

Era o oitavo campeonato de surf que Alana participava e por incrível que pareça ela estava mais nervosa do que nos anteriores, seus olhos de cor castanho não paravam um segundo e suas mãos acariciavam de 5 em 5 minutos seus cabelos loiros.

- Hey, você vai ser desclassificada antes de começar se continuar desse jeito

- Não fala de desclassificação agora, nem por brincadeira!

- Cara, você é a big rider* do surf, todos aqui sabem disso, não tem com o que se preocupar, é só fazer o tubo* e fechar com o cut back*, se tiver tempo joga um 360° *, eu sei e você como ninguém, sabe que consegue!

- Tem muita onda grande hoje, e eu não chego nem aos pés de big rider perto das surfistas que vão competir comigo! 

- O que? Tá com medo delas? Alana, já vi elas surfarem muitas vezes e posso te garantir que a única que você teria que se preocupar é com a Josy Granch, o resto é tudo bóia* e jaca*.

- Tá falando isso pra me deixar melhor...

- Quando foi que eu menti pra você? 

Alana sorriu e me deu um forte abraço, retribui a apertando mais.

- Te espero aqui na areia

Alana finalizou o abraço com um beijo em minha bochecha, sorriu novamente e correu para a posição.

- Não esquece a parafina! 

"Bom dia habitantes de Honolulu, estamos começando a primeira bateria do dia do Campeonato Wave Surfer Xlll. Primeira bateria feminina com as surfistas, Alana Blanchard com a camiseta cor vermelha, Cailin Hamilton com a camiseta cor laranja, Daynara Jets com a camiseta cinza e Josy Granch com a camiseta verde. Ao som do alarme a contagem de tempo se inicia. Cada surfista tem 7 minutos para fazer as manobras e voltar a areia. Boa sorte!"

"BEMP!" O alarme havia soado 

Alana estava se saindo muito bem, seu tempo estava extraordinário e parecia estar confiante Josy e Cailin estavam próximas de sua pontuação mas Alana conseguia desempatar. Ela ainda não tinha tentado a manobra final, com certeza estava esperando o momento certo e a onda perfeita para impressionar os jurados.

Cailin e Daynara caíram e não conseguiram embalar em outra onda, Josy e Alana iriam disputar a última, era a onda que servia como passagem para a próxima bateria.

- Boa Alana! Vamos garota! 

Muitos conheciam Alana, surfava desde criança e sempre foi querida por toda vizinhança de Honolulu. 

As duas iriam pegar a mesma onda, tinha muito risco de uma não conseguir se sair bem por causa da outra, tudo seria uma questão de equilíbrio e medida. 

- NÃO!

Josy havia perdido a onda, a mesma levou um caixote fazendo com que sua prancha saísse do strep e atingisse Alana. Josy conseguiu voltar para a areia por mais forte que estavam as ondas - mas sobre Alana não conseguíamos ver nem um pedaço de sua prancha.

O jet ski com o bote salva vidas já havia entrado e nada dela aparecer, todos já estavam preocupados e não sabíamos o motivo dela ter caído, foi uma queda rápida.

- Acharam! Alana! Alana!

Todos da praia gritavam e iam para perto de Alana que havia sido resgatada e colocada na areia. Alguns salva-vidas pediam para que nos afastássemos, eles não entendiam que estávamos preocupados e que mandar afastar não seria a melhor maneira de nos deixar calmos. 

Consegui chegar até Alana, um dos médicos já tinham saído da ambulância e a colocado na maca. Segurei em sua mão, seus olhos já estavam se fechando, pedi para que ela se manteasse  com eles abertos mas foi em vão.

"Merda"

Flashback Off

- Eu surfo? 

- Sim, você surfa a muito tempo, é profissional, mas nunca competiu fora de Honolulu, esse campeonato seria a passagem para competir em outros lugares. O surf é o seu sonho, e você sempre falou sobre surfar em outros países...

Alana continuou parada, seu nervosismo fez com que ela passasse as mãos entre seus cabelos, por mais que ela não soubesse ou talvez não se lembrasse, ela praticava aquela ação todas as vezes nas situações de nervosismo ou vergonha.

- Tem mais alguém aqui além de você? Desculpa, eu não...é difícil pra mim isso tudo.

- Claro, eu volto em um minuto, não sai daqui!

Sai do quarto a procura do Dr. que havia nos atendido ontem ou de alguma enfermeira que me ajudasse a lhe dar com Alana, eu era um desconhecido para ela agora e ter a reaproximação de novo seria mais difícil do que nunca! 

Alana POV's 

Realmente eu não sabia o que fazer, eu só queria ficar sozinha, colocar as ideias no lugar, era muita informação para pouco tempo, eu não conseguia entender como uma pessoa consegue se esquecer de tudo em um piscar de olhos. 

Não consegui prender o choro que estava em minha garganta, eu estava desesperada, em um dia eu estava alegre, e agora estou tentando lembrar pelo menos o meu nome, quero dizer, ter certeza de que eu me chamo Alana. 

Eu precisava dar um jeito nisso, eu precisava ir aos lugares que eu frequentava e as pessoas que estavam presentes na hora do acontecimento, eu precisava saber por outras pessoas se o que aquele garoto estava me dizendo era verdade. 

Fui até o banheiro que tinha no quarto e achei uma bolsa com roupas, com certeza eram para mim e se não eram agora passariam a ser. Coloquei uma calça jeans, um par de chinelo, uma regata branca e o casaco que estava sob meu tronco - o casaco era de capuz, o usei para esconder minha face para que nenhum médico ou qualquer outra pessoa me reconhecesse.

Andei um pouco, esbarrei em uma senhora que tinha o semblante triste, suas olheiras eram fundas, parecia não ter tido uma boa noite de sono, não reparei muito porque precisava sair daquele lugar o mais rápido possível. 

Consegui sair do hospital sem ninguém me parar ou coisa do tipo. Estava mantendo os passos rápidos, era tudo novo para mim, por mais que me dissessem que eu era daquele lugar eu me sentia deslocada. As poucas pessoas que estavam na rua me olhavam como se me conhecessem, talvez elas realmente me conhecessem, mas era difícil assimilar a ideia de eu não conhece-las. 

A vontade de chorar estava a tona novamente, eu não sabia por onde começar, aonde ir e o que falar para as pessoas. Com certeza elas estavam assustadas por verem uma garota que conhecem e que sofreu um acidente recentemente, estar andando normalmente pelas ruas.

O cheiro de maresia estava mais forte, com certeza eu estava perto da praia, avistei a areia e o barulho das ondas estava mais alto. O nascer do Sol estava lindo, fui até a areia e me sentei. Os ventos estavam frios e faziam eco por aquela imensa praia vazia. 

Minhas lágrimas começaram a sair e sem que eu percebe os soluços também. Merda! Chorar me fazia entrar em desespero comigo mesma, eu não queria estar passando por aquilo, toda a incerteza estava me consumindo e não era nem a metade do que eu ainda teria que aguentar pela frente. Eu tinha que lembrar de alguma coisa nem que fosse mínima!

- Blanchard!?

Demorei um pouco para entender que era comigo - mas a praia estava vazia e muito menos havia alguém por perto então não seria com outra pessoa. O garoto loiro de olhos verdes me encarava. Não sabia o que lhe responder.

- Não, não diga nada, só me responda, o que está fazendo aqui a essa hora? Você deveria estar no hospital no centro! 

- Eu sei, mas as coisas estão tão confusas...

Me segurei para não chorar na frente daquele garoto. Ele se sentou ao meu lado e continuou me encarando, talvez ele estivesse mais confuso que eu, com certeza ele não sabia como iria começar uma conversa comigo, talvez ele estivesse procurando a melhor forma de dizer seu nome e começar a me explicar tudo o que tinha acontecido.

- Eu realmente estou surpreso de vê-la aqui, mas não vou te fazer mais perguntas. Meu nome é Cody Simpson, você sempre me chamou de Cody. Crescemos juntos até que em 3 anos atrás eu me mudei para o Brasil, na verdade eu me mudo para vários lugares toda semana! Mas o Brasil..minha cara, é um país mágico! Voltei ontem para assistir o campeonato de surf, queria ter te visto competir Blanchard...Se não fosse pela Josy você estaria classificada!

- Cujo campeonato eu perdi a memória? - Interrompi

- Sim...Mas eu vou te fazer lembrar, sua vida não pode parar por causa disso, colé Alana você não é assim! Vamos, se quiser eu te levo para o hospital. Você vai para casa e depois vamos sair, vou te mostrar todos os lugares que você frequentava e todas as coisas que fazíamos juntos. Topa? 

- Até agora foi a minha melhor opção do dia.

Justin POV's 

- Eu a vi Dr.! Eu tenho certeza! Minha filha!

Kelly gritava desesperada com o Dr. que havia nos atendido na noite em que chegamos com Alana no hospital. Minha cabeça estava latejando, eu estava ficando irritado, não conseguia ter um minuto de paz, um minuto sem confusões - e o pior de tudo é que a história mal tinha começado.

- O que tá acontecendo? - Perguntei irritado 

- A Alana, ela..ela... - Kelly gaguejava 

- A paciente Alana saiu hoje de manhã e esbarrou na Sra. Kelly mas a mesma não tinha certeza se era a filha - O Dr. completou

- E você fala isso na maior tranquilidade? Porra! Será que nenhuma pessoa dessa merda de hospital viu a garota saindo? Não tem câmera nessa merda? Não tem nada? 

Sai dali com as veias pulsando de raiva e preocupação. Peguei o carro e sai do estacionamento daquela merda de hospital cantando pneu a procura de Alana. 

Passei por todos os lugares que já estavam abertos aquela hora e nada de Alana, as pessoas disseram que não a viram. Minha tensão e preocupação só aumentava, eu tinha mandado ela ficar na porra do quarto!

"Cody Simpson? O que esse cara tá fazendo aqui?"

Pensei comigo mesmo. O cara estava sentado na areia com uma garota com casaco e de capuz...Eu conhecia aquele casaco! 

Parei o carro no mesmo lugar em que eu estava, não me importava com multas ou com qualquer outra coisa. Eu tinha que levar Alana para casa e se fosse para ela voltar a recordar as coisas teria que ser comigo e não com o Simpson.

- Alana? - Gritei irritado 

- Coé brother! Quanto tempo! - Cody sorriu 

- Alana tá todo mundo louco atrás de você, sua mãe está preocupada pra caraca e você sentada na areia?

- Oi? - Alana perguntou confusa

- Brow, pega leve com ela, você não diferente de mim sabe muito bem o que ela tá passando, a garota só queria relaxar, como nos velhos tempos - Cody sorriu sínico

- Não tem mais velhos tempos! Ela perdeu a memória, não vai ser como antes! - Gritei 

- Cara, só não vai ser igual se você não quiser que seja, comigo vai ser como nos velhos tempos e até melhor! 

- Alana vamos embora 

- Eu não quero voltar para o hospital, eu quero ficar aqui... - Alana disse baixo 

- Alana, todos estão preocupados 

Alana olhou para Cody antes de me responder, como em tão pouco tempo pareceu que ela havia virado propriedade daquele viado? Eu não ia deixar ele repetir a mesma coisa que tentou fazer  a 3 anos atrás, ele não ia conseguir tirar Alana de mim.

- Vai Alana, depois nos vemos, não esquece do nosso combinado

- Ok..vamos...

Simpson deu o mesmo sorriso sínico e andou em direção contrária de nós. Alana estava com os olhos afogados em dúvidas, eu a explicaria tudo mas agora ela teria que ver quem realmente estava preocupada com ela.

...

O caminho para o hospital foi todo em silêncio, ela só observava as pessoas, os comércios e as enormes palmeiras.

Ao estacionar meu carro desci e abri a porta para Alana, fui andando na frente, tentei lhe dar a mão para guia-la, mas a mesma se afastou rapidamente, me tratava como se eu fosse a pior pessoa de todos que ela já havia falado hoje, mal sabe ela o verdadeiro monstro.

Entramos no hall do hospital e Kelly estava virada de costas conversando com uma enfermeira, estava mais calma e bebia um copo d'água. A enfermeira que conversava com ela parou de falar e nos olhou fixo fazendo com que Kelly se virasse.

- Alana! - Kelly gritou de felicidade

A mesma correu para abraçar Alana que não sabia o que fazer. A menina se manteve intacta até que os braços de Kelly a envolveu. 

Alana teve um certo déjá vu, estava olhando para um ponto fixo e depois piscou várias vezes, em seguida abraçou forte Kelly e deixou algumas lágrimas caírem, suspirou fundo.

- Mãe!