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História We are Better Together - ... nem sempre é o que parece ser


Escrita por: brunacezario

Notas do Autor


Há um ano eu postei o 1 capítulo de I Can Change. Todo mundo sabe minha história de vida do motivo que eu comecei a escrever a fic, então não vou fazer textão contando de novo. Mas nesse um ano eu já li tantas coisas boas, coisas que me deixaram sem jeito sem nem saber o que responder, coisas engraçadas que me faziam ter certeza que eu estava escrevendo para as doidas certas.

Já passou tanta gente por esses comentários, algumas de vocês gostam tanto de sofrer que estão aqui desde o comecinho e mesmo assim não deixam de dar as caras, o que me deixa muito feliz por saber que mesmo depois de um ano vocês ainda tem vontade de ler o que eu escrevo.

Claro que tem quem chegou depois e continuam aqui firme e forte. Tem o pessoal da moita que sempre aparece quando eu dou um sacode. Tem quem, comenta comigo pelo twitter. Enfim...

Há um ano eu nunca ia imaginar que a fic duraria um ano e muito menos que teria uma trilogia. As ideias foram surgindo, vocês foram dando o incentivo e eu simplesmente deixei a mão da dor e do sofrimento fazer o trabalho.

Não prometo que vai ter mais um ano de fic porque eu tenho certeza que o coração de vocês precisa descansar, mas ainda tem um bocado de capítulo pela frente.

Esse textão é só para agradecer mesmo a todas vocês que leem. A todas vocês que comentam. A todas vocês que sofrem. A todas vocês que querem vir aqui na minha ponte me agredir. A todas vocês que fizeram com que a fic chegasse até aqui.

Muito obrigada, de verdade, mesmo depois de um ano, continua sendo um imenso prazer escrever para todas vocês. Vocês continuam sendo sem duvidas as melhores leitoras do mundo todinho <3

Ótima leitura!

Capítulo 33 - ... nem sempre é o que parece ser


Toda história tem diversas versões.

A sua versão. A minha versão. A versão de quem estava assistindo. A versão de quem ouviu a sua versão, de quem ouviu a minha versão, de quem ouviu a versão de quem estava assistindo... E a versão verdadeira.

- Você pode...? – Piper entregou a caixa que segurava para Julian enquanto descia do carro. – Como você não recebeu uma única mensagem durante todo o jantar? – perguntou enquanto respondia a mensagem de alguém em seu celular. – Eu sempre pensei que ninguém conseguia fazer absolutamente nada sem você.

- E não conseguem. – respondeu enquanto acompanhava os lerdos passos de Piper até a frente da casa. – Mas eu desliguei o meu celular senão eu não ia conseguir aproveitar o nosso jantar.

- Agora eu me sinto até mal pelas duas ligações que atendi enquanto jantávamos. – respondeu em tom descontraído e pegou de volta a caixa das mãos de Julian. – Obrigada.

- Não sinta. – abriu um pequeno sorriso em resposta ao agradecimento de Piper por ele ter segurado a caixa. - Eu sei que as pessoas conseguem trabalhar sem você e quando te procuram é porque já estão desesperadas.

- Eu só não prometo que vou desligar da próxima vez que formos jantar porque eu tenho filhos.

- E eles estão lindos!

- Não estão? – respondeu com um sorriso bobo. Era sempre assim quando qualquer pessoa elogiava os seus filhos. – E espertos. Hoje eu fui até chamada de egoísta.

- Diane? – assentiu, confirmando a resposta para a pergunta de Julian. – Ela me chamou de metido uma vez. – Piper riu. 

Como ia esquecer desse dia? Ainda não sabia dizer como Alex conseguiu segurar o riso, sendo que ela não conseguiu esconder nem por um segundo a expressão de que havia criado Diane muito bem.

- Muito obrigada pelo jantar. – Julian fez uma expressão de “que isso, não tem nada para agradecer” e abriu outro sorriso. – Eu te ligo para marcar alguma coisa quando você voltar de viagem.

- Eu vou ficar esperando.

Em toda versão uma história como essa termina em beijo.

Na sua versão os dois se aproximaram lentamente, trocando sorrisos tímidos, torcendo para que fosse da vontade de ambos a noite terminar com um beijo. Até que o beijo aconteceu.

De começo um beijo tímido, lento, até que a mão de Piper nas costas de Julian lhe deu coragem o suficiente para que ele levasse uma de suas mãos a nuca de Piper e pousou a outra na cintura da loira, a puxando para mais perto de si e aprofundando o beijo.

Na minha versão – que coincidentemente também é a versão verdadeira – Piper se aproximou de Julian para lhe dar um beijo de boa noite na bochecha e foi completamente enganada pelo publicitário quando ele virou o rosto e depositou um leve beijo em seus lábios.

Os lábios dos dois colados não durou um único segundo. Piper levou suas mãos até o peito do publicitário e o afastou lentamente. Estava totalmente confusa com o que tinha acabado de acontecer e sua expressão não escondia nenhum pouco de sua confusão.

- Julian... – ela deu dois passos para trás para ter certeza que estava distante o suficiente de Julian para que ele entendesse que o que tinha acabado de acontecer era um grande erro.

- Desculpa. – foi a vez dele de dar um passo para trás ao perceber a besteira que tinha feito. – Eu não... Piper...

- Está tudo bem. – respondeu olhando para o chão ao invés de olhar para os olhos dele. Sempre achou que era birra da Alex quando dizia que o amigo gostava dela e, pelo visto, ela estava certa, mas ela não queria que a morena estivesse. – Só vamos...

- Não, Piper, não está tudo bem. Todos esses anos nós estivemos em páginas completamente diferentes...

- Julian, por favor, não... – o tom era quase de suplica. Estava vendo a amizade dos dois acabando em questão de segundos se ele continuasse. Por que homens não conseguiam ser amigos de mulheres?

- Nós sempre fomos comprometidos, mas agora...

- Julian, eu amo a Alex. – Julian a olhou com confusão. – Eu sei que eu pedi a separação, que talvez eu tenha destruído o meu casamento, mas eu amo a Alex, isso não mudou. Eu nunca estive em um casamento que eu não queria estar. Essa torta – mostrou a caixa em sua mão – nós comemos de sobremesa no jantar do nosso primeiro ano de casadas. Me desculpa, mas...

- Não, quem tem que pedir desculpas sou eu. Eu entendi tudo errado... – soltou um riso de nervoso. – Droga, Piper! Eu sinto muito.

- Eu também. – mandou um sorriso triste para ele.

Completamente decepcionado consigo mesmo, Julian retribuiu o sorriso e se despediu de Piper com um acenar de cabeça. Era melhor não abrir mais a boca naquela noite para evitar passar mais vergonha.

Piper ficou alguns segundos parada de frente para a porta fechada. Olhava a caixa com a torta em sua mão, pensando em como diria para Alex que o Julian a beijou. Mesmo estando separadas ela se sentia na obrigação de ser sincera com a morena sobre o que havia acontecido.

Às vezes ela até se esquecia do motivo de toda a separação quando, por exemplo, via-se pedindo uma torta inteira, no restaurante que estava jantando com o seu amigo, só por ter lembrando de Alex.

Com sorte Alex estaria com um ótimo humor depois de comer uns dois pedaços de torta, então quando ela contasse sobre o beijo a esposa iria rir e usar a frase clichê “eu te avisei” e tudo continuaria bem. 

Piper respirou fundo, abriu um pequeno sorriso e entrou em casa.

- Você não vai acreditar no que eu trouxe... – Piper não conseguiu completar assim que seus olhos encontraram com os olhos marejados de Alex. – Alex, o que aconteceu?

Alex nada respondeu. Achou que seria melhor para as duas se ela não falasse uma única palavra depois do que tinha acabado de ver. Limitou-se a fazer um negativo com a cabeça, como se respondesse que não tinha acontecido nada, algo que estava bem longe de ser verdade, ainda mais que lágrimas começaram a escorrer pelo seu rosto.

- Alex... – Piper deixou a caixa que estava em suas mãos em cima da mesa de centro e foi atrás da morena que já estava do lado de fora da casa. – O que aconteceu?

- Você... – soltou um riso de nervoso enquanto tirava seus óculos. Não estava conseguindo enxergar mais nada mesmo por causa das malditas lágrimas. Não sabia se estava se sentindo mais estúpida por estar chorando por causa do que viu ou por ainda ter ficado surpresa com  que tinha visto. – Eu pensei que os tempos de vadia mentirosa tinham ficado para trás, mas eu estava completamente enganada. – já estava com raiva e a expressão de confusão de Piper estava a irritando mais ainda. Como poderia ser tão cínica a ponto de fingir que não estava entendendo ao que ela estava se referindo? Passou a mão pelos cabelos e soltou mais um riso de nervoso. – Você disse para mim que não existia outra pessoa. Não só existe outra pessoa como essa pessoa é o Julian. Aquele que você dizia que era só o seu amigo!

Finalmente Piper entendeu o que estava acontecendo. 

A expressão de confusa passou a ser complacente e seu coração ganhou todo o controle deixando o seu cérebro em pane. Não conseguia sequer montar uma frase e começar a se explicar. Saber o significado de toda aquela dor e tristeza no olhar de Alex a deixou desnorteada. Isso não era para estar acontecendo.

Deu um passo para frente, ainda tentando encontrar um modo de se explicar e ouviu o barulho de alguma coisa se despedaçando. Não sabia dizer se era o seu coração, o de Alex ou os dois quando a morena deu um passo para trás, como se dissesse que era para Piper ficar bem longe dela.

Da boca entreaberta de Piper não saia uma única palavra. Qual era o problema do seu cérebro? Quando era para dizer coisas que machucavam a esposa ele formulava as frases em questões de milésimos. Mas quando era para cessar um pouco da dor de Alex, ele simplesmente a deixava na mão? Isso só podia ser um pesadelo.

Cada segundo que passava tinha mais certeza que se afastar de Alex foi a melhor decisão que tomou na sua vida.

- Alex... – deu mais uma passo para a frente. Finalmente saiu alguma coisa, infelizmente não o suficiente.

- Guarde as suas mentiras e desculpas para você. – o tom era ríspido, irritado, desapontado, inconformado. - Eu não quero ouvir. – balançou a cabeça em negativo. Mal conseguia olhar para Piper. - Eu quero mais que você se foda, Piper.

Assistiu Alex indo embora sem conseguir dizer absolutamente nada. Simplesmente ficou parada do lado de fora da casa, mesmo depois do carro da morena ter sumido da sua vista, se odiando pelo que tinha acabado de acontecer.

Se pudesse pedir música no Fantástico a cada três vezes que alguém machucasse – mesmo que sem intenção – a pessoa que ama, Piper estava prestes a pedir um CD inteiro.

E, com isso, podemos seguir com a versão verdadeira da história.

Quando o elevador abriu, Jess deu de cara com a Alex sentada no chão, escorada na porta do apartamento. 

Não precisou ouvir uma única palavra da morena enquanto se aproximava para saber que ela estava mais bêbada do que aparentou na ligação. Como os óculos estavam pousados em sua cabeça, o rosto inchado de Alex estava em mais evidencia. Sinal de que fazia, no mínimo, uns vinte minutos que ela estava chorando – que foi o tempo que ela levou para chegar até o prédio de Alex assim que desligou o telefone.

- Eu sou patética. – Alex disse com a voz embargada. Jess sentou ao lado dela chão. Ainda não sabia o que tinha acontecido, mas ver Alex daquele jeito já era motivo o suficiente para olhá-la com complacência. – Aquela fodida da cabeça tem razão. Nós somos amaldiçoadas ou a maldição dela passou para mim. – soltou um riso de nervoso. – Nem transar eu consigo mais! Não sei como a garota não chamou a polícia para mim. Deve ter pensando que eu estava tentando invadir o apartamento. Mas... – começou a gargalhar. Jess ouvia tudo atentamente, mesmo que não estivesse entendendo absolutamente nada. – Eu devo ter perdido minha chave na rua ou ficou dentro do meu carro que teve que ficar lá no bar porque – imitando a voz do bartender que confiscou as suas chaves. - eu não tinha condições para dirigir. A porra do síndico tinha que viajar logo essa semana? Eu sou tão fodida. – escondeu seu rosto entre as pernas. Jess não sabia dizer se Alex estava rindo, chorando ou fazendo as duas coisas ao mesmo tempo. – Ela é fodida! Eu só sou fodida por causa dela! – olhou para Jess. – Você sabia que ela está tendo um caso com o Julian? Ou para ela não deve ser um caso já que estamos separadas. Agora está explicado porque aquela filha da puta pediu o divórcio. Acho que eu não era o suficiente e ela precisava dar um pai para os nossos filhos. Acho que eu nunca devo ter sido o suficiente na vida dela em dia nenhum.

- Alex, isso não é verdade. – Jess tentou passar doçura no seu tom de voz. 

Tinha a sensação de que tudo que falasse ia acabar piorando as coisas, mas ia se sentir pior caso não dissesse nada. Precisava ajudar de alguma forma.

- Você não estava lá! – esbravejou, irritada. De um dos apartamentos ouviram um “Cala a boca. Vai dormir!” – Você não viu os dois se beijando. Eu sou muito estúpida. Rainha da burrice. Presidente das trouxas. – mais gritos de cala a boca e vai dormir. – Vão se foder!

- Tudo bem. – Jess levantou do chão e puxou Alex para que ela fizesse o mesmo antes que alguém chamasse a polícia. – Vamos entrar. – abriu a porta do apartamento. – Quer que eu te ajude no banho?

- Eu estou bem. – tropeçou no vento ao fim da frase. Jess a segurou e passou o braço de Alex em torno do seu pescoço direcionando a amiga até o quarto. – É sério, eu estou bem. – Jess sentou ela na cama. – Pode voltar para o seu casamento perfeito. E pode dizer a Nicky que eu sou realmente trouxa. Ela estava certa durante todos esses anos.

- Eu não vou para lugar nenhum. – ajeitou Alex na cama, visto que seria praticamente impossível levá-la até o banheiro. – E a Nicky não está certa. – deitou ao lado dela na cama. – Tenta dormir já que a maldição da chave perdida impediu você de transar com uma desconhecida.

- Ela não é uma desconhecida. – falou enrolando mais a fala do que normal, indicio de que estava quase pegando no sono. – Acho até que a Nicky já transou com ela.

Jess fez uma careta e resolveu ignorá-la. Podia passar quantos anos fosse, ainda não era muito fã das histórias de quando Nicky dormiu com Nova York inteira.

De manhã parecia que a obra que aconteceu semanas atrás em frente do prédio da Floresta Encantada havia mudado para a cabeça de Alex. Permanecer com os olhos abertos estava sendo uma tortura. Isso porque todas as cortinas da casa ainda estavam fechadas. Mas qualquer fio de luz estava fazendo com que ela visse estrelas.

Chegou à cozinha praticamente se arrastando e deu de cara com Jess lhe estendendo uma aspirina e um copo d’água.

- Obrigada. – colocou a aspira na boca e tomou um gole de água. - Sem bilhete com duplo sentido na geladeira dessa vez? – sentou-se no banco de frente para o balcão. Mal estava se aguentando em pé.

- Infelizmente ontem você era a única bêbada. Essas coisas só acontecem quando nós duas estamos bêbadas.

- Obrigada por ter passado a noite aqui comigo. – mandou um meio sorriso triste para a amiga.

- O prazer foi todo meu. – abriu um de seus sorrisos mais sinceros. Conhecendo Jess do jeito que Alex conhecia sabia que em seguida não sairia nada que não fosse algum comentário bem humorado de sua boca. - Você sabe o quanto eu amo acordar no meio da madrugada para segurar o cabelo das amigas no banheiro. – Alex riu. Não se arrependeu de sentir seu cérebro chacoalhando, Jess merecia o gesto. – Eu fiz café porque tenho certeza que é a única coisa que seu estômago vai segurar até o almoço. Eu ficaria mais um pouco, mas depois de ouvir minha filha toda feliz ao telefone porque pôde fazer o lanche que ela quisesse para levar à escola já que eu não estava em casa, eu ainda tenho uma cirurgia nessa manhã. – pegou a chave do carro em cima do balcão. - Você vai ficar bem?

- Futuramente, sim.

- Eu tenho certeza que as coisas vão se ajeitar.

- Não, não vão. Esse casamento já tinha acabado há muito tempo, só eu que não queria aceitar.

Jess mandou um olhar para Alex como se dissesse “eu sinto muito” e lhe apertou em um abraço de lado. 

Odiava ficar com as mãos atadas sem saber o que fazer para ajudar as amigas. Mas, depois de uma noite segurando o cabelo de Alex enquanto ela vomitava, chegou a conclusão que só as duas poderiam se ajudar. Nada que falasse ou fizesse ia adiantar de alguma coisa. As duas precisavam parar de lutar contra toda a história que as uniram e arrumar um modo de se entenderem.

Ainda não tinha ouvido a versão de Piper da história, mas duvidava que a irmã estava tendo um caso com Julian ou com qualquer outra pessoa. 

Entendia Alex por acreditar veemente no que havia visto na noite anterior. A morena tinha sido expulsa de casa, estava lutando constantemente pelas duas. Estavam lutando constantemente para acreditar que, eventualmente, as duas voltariam. Ver o grande amor da sua vida beijando outra pessoa era de abalar qualquer um.

Mas não cabia a ela dizer o que pensava. A última coisa que queria era que Alex achasse que ela tinha escolhido um lado. Ela estava do lado do amor. Estava do lado do coração de ambas.

Portanto, a única coisa que restava era esperar e torcer para que elas encontrassem uma forma de se entender.

Infelizmente...

Piper praticamente pulou da cadeira com o susto que levou quando um envelope foi jogado em sua cima da mesa em meio aos documentos que ela estava lendo. 

Conhecia muito bem aquele envelope. Havia dado a Alex semanas atrás. Pensou até que a morena havia se desfeito dele. Tacado fogo. Usado como rascunho. Mas não, lá estava o envelope e, assim que seus olhos olharam um pouco para cima, lá estava Alex.

- Espero que vocês dois sejam muito felizes. – o tom era ríspido.

A dor que Piper viu no olhar de Alex na noite anterior não estava mais lá. A irritação havia tomado conta completamente da morena. Nunca tinha visto a esposa com a cara tão fechada.

Se Piper tinha pedido a separação com medo do amor de Alex se transformar em ódio, naquele momento, pela forma que a mãe de seus filhos estava a olhando, ela tinha quase certeza que seu medo tinha acabado de se tornar realidade. 

Nem em Litchfield, depois de tudo que ela tinha feito, Alex a olhou daquela forma.

- Alex... 

- Eu não quero ouvir Piper! – esbravejou. - Você não queria o divórcio? Pronto! Estamos divorciadas! Não preciso ouvir nenhuma explicação do quanto você é filha da puta. Eu já entendi. – tirou a aliança do seu dedo. – Eu era a única que me importava com a porra desse casamento. – leu o que estava dentro de sua aliança e soltou um riso completamente debochado. – Agora eu quero mais que se foda. – jogou a aliança em cima de Piper e andou até a saída do escritório. – E, se você pensar em afastar os meus filhos de mim novamente, eu vou ter o prazer de contratar o melhor advogado de Nova York, eu vou te colocar na justiça e ainda vou contar para o juiz o quanto você é fodida da cabeça! 

E, sem que Piper conseguisse formular alguma frase para se defender, Alex deixou a sala quase levando o braço de Polly junto com ela.

- O que aconteceu? – perguntou realmente preocupada, nunca tinha visto Alex tão transtornada daquela forma.

- Eu acho que... – colocou a aliança em cima do envelope com os papéis do divórcio. Piper olhava para aquele envelope ainda tentando assimilar o que tinha acabado de acontecer. Seu coração estava doendo. Depois de meses achando que sua confusão sentimental estava tão confusa que ela não conseguia distinguir o que estava sentindo ou deixando de sentir, aquilo era o seu coração doendo. E ele estava doendo porque, pela primeira vez, ela se deu conta de que seu casamento havia realmente acabado. – Meu casamento acabou? – a resposta saiu mesmo mais como uma pergunta do que como uma resposta.

Ela, mais uma vez, tinha mesmo conseguido destruir absolutamente tudo.

***

Era nítida a lembrança que Berdie tinha da primeira vez que Piper entrou em sua sala após o que muitas achavam ser uma longa estadia na ala psiquiátrica. 

Lembrava-se do alivio que sentiu quando viu que a loira havia recobrado completamente a sua sanidade e da promessa que fez para si mesma de ajudá-la a encontrar um caminho na vida. 

Antes de trabalhar em Litchfield, Berdie tinha seu consultório, seus pacientes e ela chamava pessoas como a Piper de “almas perdidas”. Acreditava que pessoas como a loira só precisavam ser ouvidas, entendidas e guiadas de volta para o seu caminho. 

Alguns poderiam dizer que todas as pessoas são assim, mas os anos de profissão mostraram que isso não era verdade. Existem pessoas que nascem perdidas e pessoas que se perdem no decorrer da vida, Piper era a segunda opção.

Portanto, Berdie fez de tudo para cumprir sua promessa e colocar Piper de volta aos trilhos. Para a ciência a conselheira precisava admitir que Piper foi uma das melhores pacientes que já teve na vida. Qualquer outra pessoa poderia dizer que a cabeça da loira era uma das mais complicadas de entender. Para ela foi um dos desafios mais prazeroso que teve na vida. A cabeça da Piper só era confusa para ela mesma e, por causa disso, causava confusão as pessoas ao seu redor. Totalmente sem intenção, mas quem nunca sentou para analisá-la jamais iria saber do que ela estava falando.

Surpreendeu-se quando viu Piper parada na porta de sua sala com uma expressão completamente perdida. A boca dela poderia estar fechada, mas cada centímetro do seu rosto gritava por socorro. 

Sem querer ela havia se perdido novamente, só que dessa vez Berdie sabia que seria mais fácil fazê-la encontrar o caminho de volta. Diferente da primeira vez ela demorou para admitir que estava perdida.

Berdie mandou um olhar terno a ela e fez sinal com a cabeça para que Piper entrasse. No mesmo instante a loira adentrou a sala, fechando a porta atrás de si e quando virou-se novamente para falar com Berdie, seus olhos estavam completamente marejados.

- Por que eu só faço merda? – o tom de voz estava embargado e as primeiras lágrimas começaram a escorrer pelo seu rosto. – Eu tentei ser essa nova pessoa, mas mesmo assim eu destruí o meu casamento. E nem era isso que eu queria, eu só precisava de um tempo. Eu só precisava... – olhou para o alto tentando controlar as lágrimas que não paravam de cair. Já não estava enxergando mais nada e já estava ficando irritada por causa de toda aquela dor que estava sentindo em seu coração. – Mas então a terapeuta perguntou se nós não éramos melhores separadas, se nosso amor era o suficiente e eu... Eu só não podia mais fazer isso com ela. Eu precisava parar de machucá-la. Eu não queria que ela me odiasse e eu não a culparia se me odiasse. A culpa era minha. A culpa é minha. – Berdie observava Piper andando de um lado para o outro em sua sala atentamente. Tinha quase certeza que Piper achava que tudo que estava dizendo não estava fazendo o menor sentido. Mas para ela fazia e a conselheira sabia até onde aquele desabafo iria. – Eu fiz ela ficar conversando comigo no celular enquanto eu estava presa no trânsito. Eu ouvi ela brigando com o Chris na hora que eles chegaram a pizzaria, ela disse que me ligaria depois, mas eu liguei para ela e pedi para que ela ficasse conversando comigo enquanto nosso filho estava comendo pizza de morango com choc... – ela não conseguiu completar, começou a chorar copiosamente. Era a primeira vez que ela falava em voz alta tudo que pensou esse último ano. Tudo que tentou lidar sozinha. E, mesmo parecendo que seu coração ia sair do seu peito, estava começando a se sentir muito mais leve. – Por minha culpa ela ficou se culpando pela morte do Chris e isso me irritava porque a culpa não era dela, se tinha alguém que ela deveria culpar pela morte do nosso filho era eu, mas ela não culpou, ela continuou lá cuidando da nossa família quando eu não conseguia nem dizer que a culpa da morte do Chris não era dela. Eu a afastei de mim, eu a afastei dos nossos filhos, eu... – balançou a cabeça me negativo. Todo o último ano estava voltando com tudo. Por mais que lembrasse tudo que viveu durante esse período, ainda não tinha se dado conta de tudo que aconteceu. Era como se só agora ela recobrasse a sanidade, só que diferente de quando ela se perdeu completamente e tudo em sua mente era um borrão, dessa vez ela lembrava de tudo perfeitamente bem. – Só que ela continuou lá. Ela continuou lá porque me amava e isso me irritava porque eu não merecia isso. Por que eu só a machucava e ela não merecia isso. Eu já tinha a machucado o suficiente no passado, não podia fazer isso de novo, então achei que nós estaríamos melhores separadas. Que ela merecia alguém que realmente podia fazê-la feliz porque eu cheguei a conclusão de que também não ia mais conseguir fazê-la feliz. Eu não conseguia nem ficar feliz por cinco minutos como eu poderia fazer outra pessoa feliz? – soltou um riso de nervoso. Só queria que todo aquele desabafo terminasse logo porque não estava mais se aguentando de dor. - Quando eu sai da ala psiquiátrica eu senti que jamais recuperaria uma parte de mim. Na época eu não sabia que parte era essa, até o dia que ela me disse que eu estava diferente e eu me dei conta que era porque eu estava completamente feliz. Que eu não carregava mais nas costas todo aquele peso de alguém que estraga tudo. Que eu fazia ela feliz. Que eu fazia os meus filhos felizes. Que minha vida, pela primeira vez, tomou um rumo que eu não ia estragar tudo. Quando o Chris morreu parecia que eu havia saído da ala psiquiátrica de novo e eu não tinha forças para lidar com tudo aquilo mais uma vez. Ela não merecia ter que lidar de novo com todo o meu desgraçamento mental e eu nem sequer conseguia dizer isso a ela porque eu sabia que ela ia continuar lá.

Com o fim de todo seu desabafo, Piper apoiou a mão na estante ao seu lado e continuou chorando. Dessa vez sem dizer uma única palavra. Não tinha mais o que dizer. E também não tinha mais forças. Foi exaustivo falar em voz alta tudo que guardou durante o último ano. A única diferença era que agora, por mais cansada que estivesse, essa exaustão era boa. Seu peito não estava mais pesado dando a sensação que iria explodir a qualquer momento. Todo o cansaço emocional que sentia por causa de toda sua confusão esvaeceu. Finalmente não existia mais confusão. Finalmente ela sabia muito bem com tudo que estava lidando.

E, se havia aprendido alguma coisa naquela mesma sala, isso era um excelente sinal.

Assim que o choro da Piper cessou e, aparentemente, ela estava recuperando todas as suas forças, Berdie levantou de sua cadeira e estendeu uma caixa de lenços para ela. 

A loira ao invés de pegar um único lenço, pegou a caixa inteira da mão de Berdie. A conselheira não se importou, pelo contrário, abriu um pequeno sorriso e fez sinal para que Piper sentasse. Era sua vez de falar.

- Ela te ama.

Piper soltou um riso debochado ao ouvir aquilo.

- Amava. – corrigiu. Antes de prosseguir assoou o nariz, ganhando uma careta de Berdie. – Agora ela me odeia. Ela acha que eu estava a traindo por causa da porra de um beijo que eu nem correspondi. Por que homens não sabem ser amigos de mulheres? – assoou o nariz mais uma vez. – Mais um pouco ela teria me assassinado com os papéis do divórcio. Eu estava vendo a hora que ela ia me fazer comer nossa aliança de casamento. Tudo isso por causa de uma porra de um mal entendido. Seria tão difícil assim me ouvir? E mesmo se eu tivesse beijado o Julian, nós estamos separadas, ela não tem o direito de ficar com raiva de mim.

- Você realmente não entende, não é mesmo?

- A não ser que você tenha uma apostila ai que me explique, não, eu realmente não entendo.

- Ela te ama. – Piper revirou os olhos. Até quando ela ia ficar repetindo aquela inverdade? Berdie se segurou para não rir para não dar confiança a loira. Amava a forma que em um segundo ela estava se acabando de chorar, totalmente perdida com o rumo de sua vida e no outro segundo estava totalmente irritada por causa de alguns problemas que, no fundo, ela sabia muito bem que poderia lidar. – Por todos esses meses ela esteve lá. Por todos esses meses ela teve a esperança que ia chegar o momento que você iria se recuperar e tudo ia ficar bem novamente. Ela não teve tempo de se irritar com todo mundo ao seu redor porque estava muito ocupada cuidando para que sua família não de despedaçasse. No momento que ela te viu beijando outro, ela não tinha mais motivos de permanecer forte e muito menos esconder toda a raiva que estava sentindo do mundo. Ela se desiludiu, Chapman. – Piper ia abrir a boca para contestar algumas coisas que ouviu, entretanto Berdie fez sinal para que ela calasse a boca. Era sua vez de falar. – Você precisa entender que, ser uma pessoa diferente não é ser uma pessoa perfeita. Você não é perfeita! – ela sabia disso, não precisava ser formada em psicologia para chegar a essa conclusão. – A Alex não é perfeita. Ela sabia muito bem onde estava se metendo quando resolveu casar com você. Ninguém apagou da memória dela todas as vezes que ela saiu machucada por sua culpa, assim como ninguém apagou da sua memória todas as vezes que você saiu machucada. Ela é humana assim como você. Por mais que você tenha tentado resolver todos os seus problemas sozinha e, com isso, a machucou nesse processo era o seu jeito de lidar com o luto. Pode ter sido egoísmo você achar que era a única que havia perdido um filho – novamente ia abrir a boca para contestar, mas Berdie foi mais rápida. - e eu sei que você não achou isso. Vocês duas perderam um filho. Vocês duas lidaram com o luto da forma que acharam que deveriam lidar no momento. De um modo totalmente torto você também pensou na Alex. Ou você acha que a expulsou de casa só para poder sair beijando as pessoas que quisesse por ai? Você pensou nela, já que ela não estava pensando. Você pensou tanto que achou que ela seria mais feliz se você não estivesse por perto. Mas o que eu disse sobre vocês serem melhores juntas? Se não fosse por você a Alex com toda certeza teria voltado a ser uma traficante e, ou estaria de volta a Litchfield ou estaria morta. Com o empurrãozinho que a Alex deu, agora você tem sua própria empresa. A Alex tem a própria empresa. Vocês conseguiram até dar um jeito na Nicky. Como você pode achar que vocês duas são melhores separadas por causa de uma tragédia que aconteceu com ambas? Por causa da forma que ambas lidaram com essa tragédia? Tudo que você me disse é a prova de que você mudou e continuou mudando durante todos esses anos. Mudando para melhor. A forma que você escolheu para lidar com o seu luto não muda isso.

- Isso não muda o fato de eu estar praticamente divorciada.

- Ainda bem que “praticamente divorciada” não significa divorciada. Acho que agora é sua vez de lutar por vocês duas da mesma forma que você fez nove anos atrás.

- Acho quem não está entendendo é você. – levantou-se da cadeira e começou a andar de um lado para o outro na sala. O fato do seu casamento depender dela lutando a apavorava e ela não sabia como colocar aquilo em palavras. – Eu não tenho forças. Um dos motivos de tê-la expulsado de casa também é porque eu não conseguia lutar por nós duas. Eu só conseguia pensar nos meus filhos. Foram eles que me trouxeram de volta.

- Chapman, você está aqui de pé na minha frente. Você me contou tudo que passou na sua cabeça durante esses dezessete meses. Tudo que você escondeu na terapia de casal. – ia abrir a boca para contestar, mas novamente era a vez da Berdie falar. – Eu sei que você não escondeu de propósito, que você tinha as melhores intenções, mas esse não é o ponto. Você ficou bem. Você está bem. Você tem forças para mostrar para Alex que não desistiu desse casamento, caso contrário você estaria na sua casa falando que é melhor as coisas do jeito que estão. 

- E não estão?

- Pelo amor de Deus, Piper! Você consegue realmente ver a Alex casada com outra pessoa quando você sabe que ela ainda te ama? – só a ideia lhe revirava o estômago. Entendeu o ponto de Berdie. – Então...?

- Elas realmente encheram sua caixa postal sobre mim, não encheram?

- Elas se importam com você. A Nicky um pouquinho mais, eu estava vendo a hora que ela ia até a África atrás de mim.

- Nicky Nichols é cheia de surpresas. – disse com um sorriso bobo. Ainda era novidade o quanto a amiga se preocupava com ela mesmo depois de tudo.

- Você também é, Chapman.

- Obrigada. – mandou um sorriso doce para a conselheira.

- Eu tenho algumas agendas dos sentimentos por aqui ainda – fingiu procurar as agendas em sua gaveta – se você quiser uma.

- Não, eu não vou precisar de uma agenda dos sentimentos dessa vez. Eu já tenho um livro e uma série talvez.

***

Nas histórias também sempre tem alguém que passa por uma desilusão amorosa e fica sofrendo sozinho em casa por não saber o que fazer da vida.

Piper sabia muito bem o que fazer da sua vida dali em diante. Por que Berdie não podia ter aparecido em sua vida antes? Era até irônico pensar assim quando da primeira vez ela também achou que a orientadora havia comprado o diploma.

Ela estava sentada no degrau da varanda da casa. Limpou rapidamente a lágrima que resolveu escorrer pelo seu rosto quando viu Nicky se aproximando. Pensou que havia esgotado sua cota de choro pelo dia, mas ter suas mensagens e ligações ignoradas por Alex não deixava seu coração muito feliz.

Saiu do escritório de Berdie confiante de que ia colar tudo que sobrou do seu casamento, mas a cada ignorada que recebia a confiança ia se esvaecendo. Só de pensar no estado que Alex estava por culpa de um mal entendido que ela não dava abertura para ser esclarecido a deixava deprimida.

Nicky sentou ao seu lado no degrau sem dizer uma única palavra. Pelo visto estava por dentro de tudo que estava acontecendo e, por incrível que pudesse parecer, ao ver sua cara triste, a mãe de Amelia guardou todos os comentários debochados para ela.

Seu ar confiante deveria ter desaparecido mesmo.

- Eu conversei com a Berdie hoje.

- Ela te deu outro agenda dos sentimentos? Posso marcar a próxima peça?

- Não. – respondeu revirando os olhos. – Eu não estou tendo um caso com o Julian.

- Eu sei. Seria putaria sua se separar da Vause para ficar fornicando por ai, ainda mais com homens. – fez uma careta. Piper riu. – Vamos. – puxou Piper pelo braço para que as duas se levantassem. – Eu vou te pagar o jantar. Não vou deixar você sozinha em casa.

- Eu não sou suicida, Nicky. – a amiga revirou os olhos. – E eu sei que você precisa de mim, então eu nunca faria uma coisa dessas. – mandou um sorriso divertido para Nicky e foi obrigada a dar uma gargalhada por causa da cara de “Porra! Fui pega” da amiga.

- Você é muito filha da puta, Chapman. – tentou passar um tom indignado, mas foi obrigada a rir. – Eu sabia que você estava ouvindo. – abriu a porta do carro. – Você não é minha inspiração, eu só disse aquilo para ver se a ilusão te trazia de volta.

- Claro, Nicky. – responde descrente enquanto prendia o cinto de segurança. – Mais um pouco você ia dizer que eu era a sua heroína.

- Vai se foder. – deu partida do carro. Piper riu. – Maldita Berdie que disse que eu não podia ficar guardando as coisas para mim. O importante é que é sua palavra contra a minha e ninguém nunca vai fazer uma peça sobre isso. – estava amando ver o sorriso sincero que Piper estava esboçando. A diferença na amiga comparado a meses atrás era gritante. – Chapman, por favor, não... Eu sei que você me ama, não precisa dizer, senão eu vou te jogar desse carro. Odeio quando as coisas ficam sentimentais demais.

Piper riu.

Dessa vez guardaria para ela o sentimentalismo quando o assunto era sua amizade com Nicky. Às coisas não podiam ser mais claras entre as duas.

Além do mais, em toda essa história, só existia uma única pessoa para quem ela precisava abrir o seu coração e dividir tudo que guardou para si durante todos esses meses.


Notas Finais


Agora aviso a todas que capítulo novo só semana que vem. Vou deixar vocês descansaram o coração para quando chegar sexta-feira. Por que se vocês acham que minha fic faz vocês sofrerem, devem ter esquecido do quanto OITNB faz todas nós sofrermos.

Espero relatos dos bugs que vocês vão ter assistindo aos novos episódios porque eu estou maratonando a s3 novamente e eu já ri d+++ da Nicky dizendo que odeia crianças e toda hora eu fico procurando a Jess. Só estou esperando a s4 para ver o quanto esse bug vai piorar hahahahahahahaha

Os spoilers dos próximos capítulos são: Alex vai dizer que agora ela que quer que a Piper suma da frente dela. Vai ter jantar Alix só que elas não vão estar sozinhas. Mais trechos do livro da Carol. Piper vai conhecer a Alice. Jess não é shipper Alix. Tem mais coisa, mas eu esqueci, então é isso mesmo e não é necessariamente nessa ordem que os spoilers vão acontecer.

Até o próximo capítulo <3


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