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História We are Better Together - Seis anos de namoro


Escrita por: brunacezario

Notas do Autor


Achando absurdo demais vocês dizendo que só vou voltar com Vauseman no último capítulo porque se eu fosse esse tipo de gente, se isso fosse verdade, vocês já iam poder começar a contagem para o fim da fic u.u

Ótima leitura!

Capítulo 37 - Seis anos de namoro


Já se passava das 23 horas.

Piper em seu quarto via no notebook algumas receitas novas. Nunca pensou que seria uma daquelas pessoas que gostam mesmo de cozinhar. Demorou tanto tempo para aprender a fazer um macarrão que parecia humanamente impossível cozinhar outras coisas.

Alex lhe mostrou absolutamente o contrário.

A paciência que a esposa teve na época em que ainda eram noivas para ensiná-la a cozinhar talvez tenha sido um dos motivos de Piper não ter desistido de aprender. E isso não tinha nada a ver com as vezes que Alex usou somente um avental para ensiná-la.

Por um tempo acreditou que se a esposa não se encontrasse logo profissionalmente acabaria abrindo um restaurante. No final o hobby por leitura se tornou um emprego e cozinhar se tornou o novo hobby de Alex.

Piper também adquiriu o hobby pela cozinha depois que percebeu que não era tão horrível assim cozinhando. Gostava de cozinhar, ainda mais os pratos brasileiros que aprendeu durante sua ida ao Brasil com Devon e depois em suas pesquisas na internet.

Portanto, em dias que por algum motivo ela havia perdido o sono, Piper passava um bom tempo em sites de receitas procurando algo novo. A maioria das vezes fazia isso quando os filhos estavam no apartamento de Alex. E, sempre que achava uma receita que lhe interessava e sabia que as crianças iam gostar, ela fazia de jantar no dia que eles voltavam para a casa.

Todas às vezes eles diziam que Alex ia adorar a comida. Se as coisas continuassem do jeito que estavam ela nunca saberia se isso é verdade ou não.

Teve sua busca por uma receita nova atrapalhada com uma ligação de Alex via Skype. Piper ficou tão surpresa que atendeu a vídeo-chamada sem conseguir esconder em sua expressão a estranheza daquele momento.

Não conversaram muito desde os dias que dividiram o mesmo teto por causa da gripe de Lucas – e em consequência a sua gripe. Piper não forçou. Pensou que Alex ainda precisava de um tempo longe dela e que a gripe havia sido somente uma breve trégua.

Ela ainda esperava o momento em que a esposa diria que agora queria conversar. Por que tudo não podia ser como os seus delírios? Lá elas estavam tão bem. Alex sabia muito bem por tudo que ela havia passado e a entendia. Lá a morena não havia desistido das duas e sempre estaria lá por ela.

O que faltava para tudo aquilo se tornar real?

Estava tão cansada da distância entre as duas. Sentia tanta falta de Alex. Tudo piorou depois das noites que dividiram a mesma cama. Já era estranho dormir sem Alex ao seu lado quando ela se deu conta da besteira que havia feito expulsando a esposa de casa, após os três dias que sua família parecia que não estava caindo aos pedaços a situação só piorou. Existiam noites que ela podia sentir perfeitamente o cheiro de Alex no quarto. Como também existiam noites que a saudade que sentia da esposa era tão intensa que conseguia sentir a presença de Alex no quarto sendo que ela não estava lá.

Sabe a conexão? Pois bem.

- Nós ainda estamos sem nos falar? – Alex perguntou confusa ao ver a expressão de completa estranheza pela ligação da ex-esposa. – Eu pensei que havíamos feito as pazes.

- Eu não estava sem falar com você. – respondeu achando o cúmulo do absurdo o que Alex acabara de dizer. - Pelo que eu saiba era você que estava sem falar comigo.

- Eu pensei que os três dias que eu passei jogando os seus lenços com catarro fora haviam deixado claro que eu não estou sem falar com você. – disse com um sorrisinho divertido. Piper a encarou com uma expressão de tédio. Pelo jeito os poucos dias que ficou a ignorando fizeram maravilhas também. Quem disse que um tempo não é tudo que um relacionamento precisa para continuar dando certo? Ou para as pessoas se tornarem mais ridículas? – Eu estava aqui lendo esse livro que eu recebi e quando eu virei para o lado para te mostrar... – Alex soltou um suspiro. – Eu descobri que você ainda é minha pessoa favorita do mundo inteiro. - na hora que fez a ligação pareceu uma excelente ideia dizer aquilo para Piper, mas depois que disse não estava tão certa assim. Se não tivesse desviado o olhar para fugir da expressão da Piper, teria visto a ex-esposa abrindo um pequeno sorriso e o brilho em seus olhos emocionados. – Eu sempre gostei de conversar sobre os livros que eu recebia com você.

- Você deixa de ser mentirosa! – resolveu quebrar o clima que estava prestes a ficar estranho, tendo em vista que Alex ainda não a olhava. – Até agora eu não li uma única frase do livro da minha mãe.

- Eu terminei de ler aquela porra e eu só te digo uma coisa: é melhor você continuar sem lê-lo. – pelo jeito o que Piper fez havia funcionado, pois Alex voltou a olhá-la. – Eu estou te fazendo um favor Pipes, acredite.

Pipes.

O que estava acontecendo?

A verdade era que Alex pensou muito nesses últimos dias em que Piper achou que ela ainda estava a ignorando. Foi importante os dias que conviveu debaixo do mesmo teto que Piper sem ter terminado em briga. Lembrou de como elas estavam antes de toda a confusão do beijo. Aquilo não era ilusão. As coisas estavam melhorando. Elas conseguiam conversar cinco minutos sem terminar em briga. Às vezes elas eram tão bestas que conversavam da mesma forma que estavam conversando naquele momento. A mesma forma que conversavam antes do mundo delas desabarem.

Alex só precisava de mais alguns dias. Ainda estava com medo de no final ouvir que seu casamento estava mesmo acabado e isso não tinha nada a ver com os papéis do divórcio que ela assinou.

A propósito, ela se arrependia todo santo dia de ter assinado aqueles malditos papéis. Falou que nunca os assinaria e no final das contas acabou sendo a primeira.

- Eu não quero saber, eu quero ler o livro da minha mãe.

- Não... O livro que eu acabei de te mandar o primeiro capítulo é o que você quer ler. – riu. – Você não vai acreditar no que está lendo.

- Por favor, não me diga que é outro livro erótico. – o tom era de suplica. – Eu ainda tenho vontade de vomitar depois do último livro erótico que você me mostrou. – fez uma careta de nojo. – Como as pessoas tem coragem de escrever uma merda daquelas?

Alex soltou uma gargalhada.

Teve que inventar seu próprio conto erótico para que Piper voltasse a fazer sexo com ela.

A ex-esposa havia ficado tão traumatiza com tudo que leu que disse que nunca mais iria fazer sexo na vida e Alex dizer que queria transar com ela da mesma forma que estava descrito no livro não ajudou nenhum pouco. Portanto, teve que sussurrar no ouvido da loira uma história completamente diferente para tirar da cabeça de Piper a que ela tinha lido.

Antes era tão mais fácil resolver os seus problemas com Piper.

Piper começou a ler o capítulo do livro.

Foi impossível Alex não soltar risos e gargalhadas pelas caras e bocas que a ex-esposa estava fazendo.

Ela mudava de surpresa para espanto. Fazia caretas. Revirava os olhos. Balançava a cabeça em negativo completamente indignada. Às vezes ela até parava a leitura e ficava encarando o PDF totalmente desacreditada devido a tudo que lia em algum paragrafo. Teve vezes que abriu até a boca para comentar algo, mas sempre desistia por continuar a leitura e encontrar frases ou até mesmo parágrafos que a deixavam mais perplexa ainda.

Como Piper não podia ser a pessoa favorita do mundo inteiro de Alex quando a loira era a única pessoa que tinha as melhores reações sempre que lia os livros que ela mostrava? Os dias de Alex sempre ficavam melhores depois de ouvir alguns comentários de Piper referentes a futuros sucessos – ou fracassos – que ela recebia.

- A Jess sabe sobre isso? – Piper começou a rir. Estava espantada, mas o que leu teria suas vantagens no futuro. – A Nicky vai entrar em colapso quando ler esse livro.

- Pelo amor de Deus, Piper! Não é para falar nada para nenhuma das duas sobre esse livro.

- Por que não? A Jess tem o direito de saber que sua namoradinha andou escrevendo um livro sobre o pé na bunda que deu nela. – o tom era carregado de sarcasmo. Alex resolveu ignorar, mesmo que estivesse achando graça o ciúmes de Piper dando as caras. - E eu preciso admitir, ela escreve tão bem que fez parecer até que a Jess mereceu o pé na bunda que levou por ter sido presa.

- Você ainda não leu a parte em que ela passou dias sofrendo por causa do término. – tentou soar descontraída, mas parecia que a única vez que Alice foi um assunto divertido entre as duas foi quando estavam falando mal da comida dela. - Eu vou conversar com a Alice amanhã. Ela que precisa contar para a Jess sobre o livro, assim a Jess conta para a Nicky e ninguém é assassinado.

- Eu espero que o sexo esteja fazendo valer a pena toda essa dor de cabeça.

- A Maritza esqueceu de te enviar?

- Me enviar o que? – Piper perguntou realmente confusa.

- O calendário da minha vida sexual? Ah é! Ela não mandou porque minha vida sexual é inexistente. – abriu um sorrisinho cínico. - Eu não estou transando com a Alice.

- Claro que não está. – disse ironicamente. – Ela tem certeza que não é segunda opção e vocês nem transaram ainda. Faz todo o sentido do mundo isso.

- Do que você está falando? – Alex estava realmente confusa. Ainda não fazia ideia do que Piper e Alice conversaram tendo em vista que a ruiva nunca nem mencionou que tinha esbarrado com Piper. – Ela disse que estamos transando? – não recebeu nenhuma resposta de Piper e isso só indicava uma coisa: ela estava muito irritada. - Piper, ela escreveu um livro inspirado em tudo que ela sofreu quando a Jess foi presa. A Jess foi presa, levou um pé na bunda e ela que sofreu. A Alice não é maldita, ela é louca.

- E desde quando você não se apaixona por loucas?

- Eu não sei. – ergueu os ombros. – Tem quase vinte anos que eu sou apaixonada pela mesma louca. Eu não sei se tenho tendência para me apaixonar por outras loucas. E nem quero.

Por essa Piper não esperava.

Na verdade ela não esperava nem entrar no assunto Alice. Alex que a provocou mandando o capítulo do livro da ruiva para ela ler. Entendeu que foi por causa da história, não por causa da autora em si, mas ela já estava de saco cheio de Alice sempre aparecer no meio das duas de alguma forma. Isso chegava a ser loucura já que não existia mais as duas. Alex havia assinado os papéis do divórcio, poderia transar com quem bem entendesse. Entretanto, somente a ideia da esposa beijando qualquer outra mulher a deixava irritada. Era errado Alex pensar em ficar com outras pessoas. Ela ainda estava ali e podia muito bem continuar a fazendo feliz.

Ouvir Alex dizer que ainda era apaixonada por ela desde sempre apesar de tudo fez com que sua irritação fosse embora. Alice não tinha nem chances quanto mais seria a primeira opção de Alex.

Alguém precisava avisar a ruiva maldita que ela não é nem a primeira opção de Jess.

- Ótimo! – foi a única coisa que respondeu deixando Alex mais confusa ainda. – Se a Jess ficar sem falar comigo porque eu sabia desse livro e não contei para ela quem vai te ignorar sou eu.

- Como se eu já não estivesse acostumada. – respondeu sarcasticamente. – Você me expulsou de casa, esqueceu?

- Nós vamos mesmo falar sobre isso agora?

- Não, nós não vamos.

Elas bem que podiam.

Mas para que levar em consideração as discussões bobas que estavam tendo e tirar dali a conclusão que uma queria ficar com a outra e nada do que Piper pudesse dizer mudaria aquilo quando Alex podia complicar tudo mais um pouco e mais uma vez adiar a conversa?

Cadê agenda de sentimentos? Cadê SHU? Cadê peça? Cadê Nicky tomando uma atitude? Por que só assim para as coisas irem para frente, caso contrário as duas ficariam nesse eterno chove-não-molha.

No momento Nicky estava muito ocupada para se preocupar com isso e ela tinha planos de permanecer ocupada assim que amanheceu.

As costas nuas de Jess ainda era sua visão favorita da maioria das manhãs. Ela amava o rosto todo amassado da esposa assim que ela acordava. Amava os olhos verdes a olhando com toda a doçura e o sorriso sonolento que, mesmo assim, ainda transmitia toda a felicidade que era acordar ao seu lado.

Às vezes Nicky ainda se questionava como depois de todos esses anos Jess conseguia ter o mesmo sorriso iluminado sempre que a via deitada ao seu lado na cama. Ela poderia ter escolhido qualquer outra mulher.

Com o tempo passou a acreditar que o motivo do sorriso iluminado de Jess todas as manhãs era o mesmo motivo das costas nuas da esposa ser sua visão favorita. Mesmo depois de todos esses anos parecia surreal uma continuar acordando do lado da outra e serem imensamente felizes por isso.

A primeira vez que as duas dormiram juntas as costas nuas de Jess foi a primeira coisa que Nicky viu assim que acordou. Nunca havia aberto um sorriso sincero e muito menos havia sentido um frio na barriga ao acordar do lado de uma mulher antes. Naquela época ela não entendeu mesmo o motivo de ficar feliz com a imagem. Hoje em dia ela sabia que era porque era perdidamente apaixonada por aquela mulher e nada lhe fazia mais feliz do que ver Jess dormindo ao seu lado.

E foi com a mesma doçura no olhar e um sorriso que Jess a olhou na primeira vez que dormiram juntas. Naquela época Nicky não se deu conta, mas um dos pensamentos que passou pela sua cabeça foi que ela casaria com aquela mulher e a faria muito feliz.

Até o momento estava fazendo um ótimo trabalho.

Começou a beijar o meio das costas de Jess e foi subindo até chegar ao pescoço da esposa. Ouviu um baixo gemido de Jess, indicando que ela estava despertando e não demorou muito para que a médica virasse e encontrasse os lábios de Nicky.

- Feliz seis anos. – desejou Nicky entre os beijos.

- Eu não acredito que você lembrou! – disse abrindo um imenso sorriso.

- Claro que eu lembrei! – respondeu ofendida com a surpresa de Jess. – Eu sou uma excelente esposa.

- Você esqueceu os dois primeiros anos.

- Nós tínhamos uma criança em casa ou eu lembrava o aniversário dela ou eu lembrava o nosso aniversário de namoro.

- Eu não sabia que a Amy já havia feito 18 anos e estava na faculdade. – disse em tom brincalhão. Nicky revirou os olhos. Depois era ela que sempre estragava os gestos românticos. – Eu sei que você sempre lembra. – deu um beijo na bochecha de Nicky tentando espantar a cara emburrada dela. – Mesmo dizendo que não existe coisa mais idiota do que aniversário de namoro sendo que já somos casadas. – deu um beijo em Nicky. – Mas você lembra por minha causa.

- Por que não existe nada nesse mundo que eu não faria por você. – antigamente dizer algo assim causaria no mínimo uma ânsia de vômito, mas depois de todos esses anos Jess conseguiu torná-la romântica ou algo próximo a isso. Puxou Jess para cima de si a beijou. – Nós temos reserva para aquele restaurante japonês que tem meses que você está me perturbando para ir.

- Eu não acredito que você ainda fez uma reserva para comemorarmos nosso aniversário.

- Eu não fiz a reserva para comemorarmos o nosso aniversário, aconteceu da reversa cair no mesmo dia que nosso aniversário.

- Fico só pensando aonde você vai me levar no nosso aniversário de três anos de casadas.

- Eu não vou levar a gente para lugar nenhum. Todas as surpresas de aniversário eu vou ter que organizar agora? Além de eu ter te pedido em casamento, ter aceitado casar em Las Vegas, ter feito as surpresas dos últimos dois anos, eu tenho que fazer de todos até não existir mais bodas de porra nenhuma para comemorar? Desde que esse relacionamento começou só eu que tenho prejuízo.

- Por que você não pode simplesmente dizer que é a minha vez de preparar alguma surpresa? – perguntou com um sorriso divertido. – Eu juro que ia entender do mesmo jeito. – deu um beijo em Nicky. – Mas eu tenho uma surpresa também.

- Eu não acredito que você finalmente vai nos deixar ter três videogames em casa.

- Não é nada disso! – deu um leve tapa no peito da esposa. Todo dia aquele assunto. – Eu vou te buscar na Floresta Encantada na hora do almoço.

- Ah... – abriu um sorriso malicioso. – É esse tipo de surpresa. Eu pensei que você nunca fosse ceder.

- Pelo amor de Deus, Nicky! – fez uma careta de nojo. – Também não é isso.

- Então, oficialmente, você é pior do que eu para fazer surpresas.

- É que você não sabe o que lhe aguarda para depois do jantar. – mordeu o lábio inferior.

- Jessica, Jessica, Jessica, não me provoque – levou uma de suas mãos para debaixo do lençol e deu uma leve mordida no lábio inferior de Jess. - senão você vai ter que inventar outra coisa para depois do jantar.

Jess avançou nos lábios de Nicky. Não via problema nenhum em ter que inventar outra coisa.

- Será que ninguém vai acordar nessa casa não? – as batidas de Amelia na porta atrapalhou o começo da comemoração das duas. – Tem uma criança com fome aqui. Por que essa porta ta trancada? Mães?

- Salsicha, você tem seis anos. – abriu a porta do quarto. – Já passou da hora de você aprender a fazer suas próprias panquecas.

- Nem você faz suas panquecas, a mamãe que faz. – Amelia subiu na cama e deu um beijo no rosto de Jess. – E você tem muito mais que seis anos.

- Se você não sabe sua mãe fazia panquecas para mim bem antes de você nascer. – deitou ao lado de Amy na cama. – Então eu tenho todo o direito de ter mais de seis anos e não fazer as minhas panquecas.

- Eu também tenho porque eu sou a filha dela. Ela vai fazer panquecas pra mim até eu ficar velha que nem você. – abriu um sorrisinho em provocação e logo em seguida ela e Jess gargalharam com a expressão de espanto de Nicky.

- Depois dessa... – Nicky levantou da cama. – Eu vou fazer as panquecas todo dia agora e você não vai comer nenhuma. – mandou um sorrisinho debochado para a Amy. – Você que aprenda a fazer suas próprias panquecas.

Amelia olhou para Jess como se perguntasse se aquilo era sério assim que a outra mãe deixou o quarto. Jess só ergueu os ombros. Nunca que ia acabar com aquela provocação dizendo que a filha ia poder comer quantas panquecas quisesse. Ainda mais por ter certeza que esse seria o momento que veria Nicky realmente ensinando Amy a fazer as panquecas. Não perderia isso por nada.

- Mãe, espera. – Amelia correu atrás de Nicky. – Não é certo você me deixar com fome. Os anjinhos não gostam.

Como Jess poderia não acordar feliz sempre que via Nicky ao seu lado quando, independente de ser uma data comemorativa ou não, a esposa lhe presenteava com cenas adoráveis como Amelia de pé em cima de uma cadeira de frente para o balcão aprendendo a fazer panquecas? Nem quando desejou que quando casasse – antes mesmo de conhecer Nicky – que seu relacionamento fosse parecido com o de Lois e Clark quando o assunto era o amor que um sentia pelo outro, imaginou que pudesse ter realmente isso. Não em toda essa proporção. Não com quem ela namorava na época que desejou isso.

Como prometido, na hora do almoço Jess levou a esposa para a tal surpresa.

Se Nicky dissesse que estava entendendo o motivo da esposa tê-la levado para dentro de uma casa que estava em exposição em um bairro que lembrava o lugar em que Piper morava estaria mentindo.

- Boa tarde! – desejou Natalie com um sorriso.

Sim, a mesma Natalie que vendeu a casa perfeita para Vauseman.

- Desde quando você está de mudança? – Nicky tentou soar descontraída, mas estava achando tudo aquilo tão estranho.

- Eu vou... – mostrou o celular em sua mão. Odiava quando só uma parte do casal sabia que estava indo conhecer a casa. – Eu preciso fazer uma ligação. Fiquem a vontade.

- Desde quando você está procurando uma casa? – resolveu reformular a pergunta tendo em vista que Jess ainda não havia a respondido. – Por que você não me contou?

- Eu não estava procurando uma casa. Quero dizer, ontem eu estava sem fazer nada no consultório e entrei em alguns sites. Eu ia conversar com você, mas então eu vi essa casa e... – ergueu os ombros.

Não sabia o que esperar de Nicky após o que acabara de dizer. Acreditava que independente de quantos anos estavam juntas, algumas surpresas ou gestos ainda assustariam a esposa. O que lhe confortava era que por maior que fosse o susto, Nicky continuaria ali. Quem conhecia a sócia de Alex agora jamais diria que algum dia ela teve problemas de comprometimento.

- A Salsicha vive reclamando mesmo que no nosso apartamento não tem um quintal. – disse para alívio de Jess depois de ter caminhado por toda a parte debaixo da casa. – Mas acho que das próximas vezes temos que trazê-la também, afinal, ela tem planos de morar com a gente para sempre.

- Não se preocupe. – Jess soltou um riso. Além de aliviada ficou feliz com a reação de Nicky. – Da próxima vez nós vamos trazê-la, mas eu queria te mostrar... – puxou a esposa pela mão até o andar de cima da casa. Entraram em um dos quartos. – O que você acha?

- Acho que a Salsicha vai preferir o outro quarto por ser maior e assim ela ter a desculpa de pedir mais brinquedos para gente. – o sorriso que Nicky estava desapareceu assim que percebeu a forma que Jess estava a olhando. O brilho que ela tinha no olhar era o mesmo de quando ela disse que queria outro bebê. – A corretora foi buscar o médico que vai fazer sua fertilização? Por isso que você me trouxe aqui?

- Não é nada disso, Nicky! – soltou um suspiro. – Pensei que assim você fosse começar a se acostumar com a ideia.

- Claro. Por que é supernormal jogar alguém que tem medo de altura de um prédio. – o tom era debochado. – Pra que você quer outro filho, Jessica?

- Por que você não quer outro filho, Nicole?

- Por que eu já tenho a Amy. – começou a andar de um lado para o outro no quarto. Por que aquele assunto tinha que surgir novamente justo naquele dia? Não era algo que ela pensava que teria mesmo que encarar tão cedo. – Por que nós precisamos ter outro filho quando nossa família está perfeita do jeito que está?

- Eu pensei que depois de todo esse tempo você já tinha entendido. – Nicky franziu o cenho e ergueu as mãos como se perguntasse “entendi o que?”. – Eu amo a Amy mais do que tudo nesse mundo, mas... – soltou um suspiro. Como ia falar aquilo sem parecer que estava fazendo pouco caso da filha. – Eu quero outro bebê. Você sabe por que eu quero outro bebê.

- Por que as coisas tem que ser sempre do seu jeito? Por que eu não posso decidir as coisas também? – Jess estava confusa. Do que ela estava falando? As duas tinham voz naquele relacionamento. Sempre tiveram. Sempre teriam. – E se eu não quiser ter outro filho? Você vai escolher entre mim e o bebê?

- Por que você está fazendo isso?

- Eu não estou fazendo nada Jessica. Quem está estragando tudo aqui é você.

Jess observou Nicky deixar o cômodo sem entender absolutamente nada. O que tinha acabado de acontecer? Entendia o receio que a esposa tinha sobre ter outro filho só não entendia receio do que e muito menos porque ela estava agindo daquela forma. Fazia muito tempo que Nicky tinha parado de fazer isso.

***

- O que você fez Nicky? – Red perguntou assim que deu de cara com a filha sentada no bar de seu restaurante tomando uma cerveja. – Nem seus aniversários você consegue ficar sem estragar?

- É quem eu sou. – tomou um gole de sua cerveja.

- Sério? Por que a Nicky que eu conheço não é mais assim.

- Qual a obsessão das mulheres com filhos? – o tom era um pouco irritado. - Parece que quanto mais tem mais querem ter.

- Esse é o seu problema? Jess ainda quer ter outro filho? Por que você não fala a verdade para ela logo? – Nicky encarou a russa com confusão. Desde quando ela sabia a verdade? – Nicky, você pode não ter saído de mim e eu dou graças a Deus por isso porque com esse monte de cabelo acho que o parto demoraria mais do que o normal até acharem sua cabeça – Nicky deu um breve riso. – mas eu te conheço e, seja lá o que você tenha dito para Jess, não foi verdade e eu acho melhor você consertar isso logo senão eu vou te dar uma surra.

- Eu deveria ter ido para a casa da minha outra mãe. Ela nunca sabe o que se passa pela minha cabeça, sempre da os piores conselhos e não me ameaça.

- Por isso que você ainda fica fazendo essas besteiras uma vez ou outra.

***

Jess entrou no escritório de Polly sem dizer uma única palavra e sentou-se no sofá. A melhor amiga de Piper ficou a olhando por um tempo sem entender o que estava acontecendo.

Na verdade ela entendia, mas por que suas amigas não podiam ser pessoas normais e já irem logo contando o que lhe aflige ao invés dela ter que perguntar?

- Por que você está aqui e não no escritório da Piper? – se Jess não ia falar logo o que aconteceu, ela também não pretendia facilitar perguntando logo de primeira.

- Por que ela não está lá.

- O que a Nicky fez dessa vez?

- Eu sou médica. Pode ser clichê de série médica, mas no meu primeiro dia como interna eu fiz um parto. Eu lembro até hoje quando peguei aquela coisinha em meus braços. – abriu um sorriso triste. – Foi um dos melhores dias que eu tive no hospital. Depois eu fiz residência em obstetrícia, neonatal e pediatria. Até hoje eu acredito que não tem nada mais mágico do que ver aquele serzinho que tem o tamanho de um feijão se tornando um bebê. Eu acho que ficava mais emocionada do que as mães sempre que fazia um ultrassom. Sempre que o bebê mexia só para se exibir por saber que a mãe estava o vendo. Foi assim que eu tive a certeza que eu queria ser mãe e não médica dos bebês ou das mães do bebê. Eu lembro do dia que eu peguei a Amy no colo também. – mesmo com toda a tristeza no olhar de Jess o sorriso ao citar a filha era iluminado. – Naquele instante eu nunca imaginei que eu ia amar aquela coisinha ruiva mais do que qualquer coisa na minha vida e eu vi o quanto a Valentina já a amava. Eu estive lá em cada semana da gravidez. Eu sou um monstro por querer sentir toda a magia só porque eu não tive isso da primeira vez? Não é como se eu estivesse fazendo pouco caso da Amy. Eu só lembro que ela não saiu de mim quando alguém diz, mas... – soltou um suspiro. Odiava quando começava a falar sem parar assim porque nunca sabia se estava fazendo sentido. – Ela conhece toda essa história, então por que ela cogitou que eu vou ter que escolher entre ela e um bebê? Ela não é assim. Ela sabe que pode ser mãe de um time de futebol. Então por que ela não pode simplesmente falar o que está acontecendo?

- Por que ela é uma imbecil. – Polly disse na maior naturalidade. - A Nicky te ama. Se você fosse infértil eu tenho certeza que ela ia dar um jeito de parir essa criança se esse fosse o caso. Mas como não é... – ergueu os ombros. – Quem disse que depois de todos esses anos ela não iria mais ter problemas em dizer como se sente? Até hoje tem dias que eu acordo muita puta com o Larry só por causa de sonhos que eu tenho onde ele sempre abandona a mim e aos meninos. Olha a Piper e a Alex, depois de tudo ainda ficam nessa putaria de não falarem como se sentem e reataram logo o casamento. Essas coisas é o universo sendo filha da puta avisando que a vida está longe de ser um conto de fadas, mas que é tão melhor assim. Deus me livre viver em um mundo que eu não tenha com o que brigar com o Larry ou ter crises em que ele é obrigado a adivinhar o que está acontecendo.

- Você sabe que um relacionamento entre duas mulheres é bem mais difícil, não sabe?

- Sério mesmo que vocês vão para rua pedindo direitos iguais e depois usam essa desculpa? – Jess riu. O que ia fazer se era verdade? - Em todo relacionamento tem um doido. A única diferença é que eu acho que as mulheres são muito mais persistentes a fazer o relacionamento dar certo do que os homens. Com raras exceções, claro.

- Por que você não pode conversar com as pessoas assim no seu dia a dia também? – Polly fez uma careta de tédio e riu logo em seguida. Não podia ser assim todo dia com as pessoas, caso contrário elas ficariam mal acostumadas.

- Só para você saber... Fora os enjoos, os pés inchados, as dores nas costas e você achar que sua vagina nunca mais vai voltar ao tamanho normal, não existe nada mais mágico do que sentir todo o desenvolvimento de um bebê.

Jess abriu um sorriso em agradecimento por toda a conversa com a amiga. Devido ao assunto, no final das contas, achou que era melhor ter conversado mesmo com a Polly. Por mais que Piper dissesse que estava bem e que não queria ninguém protegendo seus sentimentos, ainda existiam assuntos que poderiam ser sensíveis e a última coisa que queria era que a irmã desse um passo para trás.

Nem conto quem tinha esse mesmo pensamento...

- Ei. – disse Piper entrando no escritório de Alex. – Eu acho que o Luc esqueceu... – não precisou completar a frase, Alex tinha acabado de lhe entregar o livro que ela foi pedir. – Obrigada.

- Não é mentira todos eles já terem feito a lição de casa. Eles pediram para fazer logo porque parece que você vai levar todos os desastres naturais para casa hoje?

- Polly descobriu que eu vou ficar com a Amy porque Nicky e Jess vão comemorar um aniversário de não sei o que, então praticamente me obrigou a ficar com o Finn e o Ben também para ela sair com o Larry. Parece que só porque eu sou uma mãe separada eu tenho a obrigação agora de cuidar de todas as crianças.

Mãe separada. Isso não tinha soado estranho de jeito nenhum. Imagina.

- Se você quiser ajuda...

Piper ia abrir a boca para responder, mas foi impedida quando viu Alice entrando ao escritório. Aquela mulher parecia uma bactéria, estava em todos os lugares, sempre.

- Vamos?

- Eu acho que vocês duas já se conhecem...

- Nos conhecemos. – abriu um sorrisinho falso. – Ela até autografou um Orang is the New Black para mim.

- E pelo visto você ainda não teve tempo de começar a lê-lo, não é mesmo? – forçou um sorriso. – Pede para Alex te contar qual é o capítulo favorito dela.

- Eu vou. – pegou Alex pela mão. Piper não fazia ideia de onde tirou tanto autocontrole para não desvencilhar a mão de Alex da mão de Alice. – Com licença.

Alex não conseguiu dizer uma única palavra e para o seu bem foi melhor não ter falado nada mesmo, caso contrário iria ter que aguentar 84 anos de chiliques da Piper. Poderia até dizer que com razão se a todo instante não lembrasse que elas estavam divorciadas.

Só que era muita hipocrisia achar que só ela podia dar chilique quando via Piper com outra pessoa, mas como teoricamente nenhuma das duas estava saindo com ninguém, automaticamente nenhuma das duas tinha direito de dar chilique.

Obvio que tudo teoricamente.

Alex foi até um bar com Alice para conversarem sobre o livro da discórdia. O plano era que a conversa acontecesse em seu escritório, mas Alex achava impressionante como a ruiva conseguia transformar todo encontro de negócios em somente encontros.

- Então? O que você achou do livro? – Alice perguntou animada.

- Quando você vai falar para a Jess sobre o livro? – o sorriso da ruiva desapareceu. Será que ela não podia elogiar antes e depois vir com as críticas? – Eu não quero que ela descubra sobre isso quando a Nicky for atualizar o site da Floresta Encantada com informações sobre o livro. Que será quando a Nicky também vai descobrir sobre do que se trata o livro.

- Eu ia contar para ela no dia do almoço. – soltou um suspiro. – Só que começou a sair todas aquelas notícias de que havíamos voltado e se ela ficou puta com algo que eu não tinha nada a ver imagina como ela não ficaria se descobrisse sobre o livro?

- Então você ia mesmo deixar que ela descobrisse junto com todo mundo?

- Não, eu ia contar assim que terminasse o último capítulo. Por que você está irritada? – colocou sua mão no braço de Alex que estava pousado do balcão. – Nenhum editor ia mandar eu avisar minha ex sobre um livro que eu escrevi.

- O problema é que eu não sou qualquer editor. – tirou seu braço de cima do balcão. – E sua ex não é qualquer pessoa. Alice, me desculpe, talvez nossa aproximação tenha feito você entender as coisas de forma errada, mas...

- Nossa aproximação? – Alice soltou um riso debochado. – Você ligou para mim, bêbada, dizendo que queria que eu estivesse na cidade porque não aguentava mais mulheres que machucavam os sentimentos dos outros. Desculpa se eu entendi que você queria transar comigo. Eu sei que você estava bêbada, que eu não deveria ter te levado a sério, mas eu pensei que isso era você dizendo que ia seguir em frente.

- Eu não quero seguir em frente a não ser que eu tenha que seguir em frente.

- Alex, você merece muito mais do que isso.

- Eu odeio quando a Piper usa o Orange is the New Black para as pessoas entenderem o nosso relacionamento, mas eu acho que ela está certa, você não leu o livro.

- Eu li o livro. Por isso que eu estou dizendo isso. Só uma pessoa muito fodida da cabeça para fazer quem ela diz que ama sofrer tanto assim. Pessoas não mudam Alex.

- Você não faz ideia do que está falando. – o tom de Alex era de indignação misturado com irritação. – Eu mudei, a Piper mudou, a Jess mudou, a Nicky mudou e se você leu mesmo o livro, você sabe muito bem que eu estou certa. – levantou do banco. – Se existe alguém que não deve ter mudado nada durante todos esses anos depois de tudo que eu ouvi é você.

Sem dizer mais nada, Alex jogou algumas notas em cima do balcão e deixou o bar, deixando Alice completamente sem reação.

Não vou mentir, adoro.

***

Jess chegou ao apartamento naquela noite e encontrou a mesa de centro da sala com várias embalagens de comida japonesa em cima dela e Nicky sentada no chão escorada no sofá. Deixou sua bolsa em cima do balcão da cozinha e caminhou até a sala sentando ao lado da esposa no chão. Não fazia ideia de como iria acabar aquela depois que conversassem. A única certeza que tinha era que Nicky não iria para lugar nenhum, pois ela não ia deixar.

- Não vai existir grávida no mundo mais linda do que você. – sem olhar para Jess, Nicky resolveu quebrar o silêncio. Era o mínimo que podia fazer. – E esse bebê vai ser tão sortudo quanto a Amy em ter você como mãe.

- Eu espero que isso não seja você dizendo que eu vou ter esse bebê sozinha porque eu não vou. Você vai ser a mãe dele também, caso contrário nós não vamos ter bebê nenhum.

- Você é louca. – finalmente olhou para Jess. - Louca por querer abrir mão de ter outro filho por minha causa e mais louca ainda em achar que eu vou deixar você ter um bebê sozinha. Por favor, Jessica, está na cara que a Amy não vai fugir de casa com 16 anos com o namorado punk por nos odiar e 9 meses depois aparecer com uma criança no colo dizendo que não tem para onde ir. Tudo isso porque eu a criei. Você não tem um histórico muito bom e se você criar uma criança sozinha ela vai acabar parando na prisão.

Jess não sabia se estava rindo de nervoso, de raiva, de alívio ou da junção dos três sentimentos.

Como ela podia odiar e ao mesmo tempo amar tanto a Nicky? Por que era isso que a esposa causava nela. Por que ela tinha que ser esse tipo de pessoa? Por que ela sempre tinha que matá-la do coração a fazendo achar que o casamento das duas estava condenado? Isso não se faz com um ser humano. Depois ela ainda jurava que havia virado gente.

- Será que você pode, por favor, me explicar o que se passa nessa sua cabeça? Por que até a hora do almoço você estava me fazendo escolher entre você e um bebê.

- Eu não queria que você achasse que eu não te escolhi. – respirou fundo. Ainda existia momentos que era muito difícil dizer tudo que se passava em sua cabeça e o olhar confuso de Jess não ajudava nenhum pouco. Se ajeitou no chão, ficando de frente para a esposa. – Eu não queria que você achasse que eu escolhi elas ao invés de escolher você.

- Elas quem? – estava começando a ficar aflita por não conseguir entender o que Nicky estava dizendo. – Você tem quantas filhas fora desse casamento Nicky?

- Para de ser louca, Jessica! – o tom era de desespero. Que horrível brincar com uma coisa daquelas. – Eu estou falando da Alex e da Piper. – mais olhares confusos. – Uma coisa é conversar sobre ter mais um filho na frente delas outra coisa bem diferente é esfregar um bebê na cara delas depois de tudo que aconteceu. Eu não podia dizer para você que só ia ter outro filho quando as duas se acertassem. Eu pensei que até você voltar com esse assunto elas já teriam resolvido todos os problemas e não ia parecer provocação esfregar na cara delas uma gravidez. Tipo “eu vou ter mais um filho enquanto vocês tem um a menos”, mas essas duas acabam com minha paciência com toda essa lerdeza. Eu não queria que você achasse que eu coloquei a felicidade delas em cima da sua. Eu só estou cansada de vê-las sofrendo e não poder fazer.

- Meu Deus... - Jess soltou um riso. Ela mal conseguia acreditar em tudo que acabou de ouvir. Se ajeitou no meio das pernas de Nicky e a olhou com todo amor que possuía em seu coração naquele momento. - Amor... - estava sem palavras. Nunca ia cansar de se surpreender com Nicky. - Eu nunca ia pensar uma coisa dessas. Elas sempre estiveram aqui por você. Eu sei que elas também são uma parte importante da sua vida e... - pegou a mão da esposa e começou a brincar com a aliança em seu dedo mais para ter certeza se era mesmo casada com ela. - Você podia ter me dito. - olhou para Nicky. - Eu... – soltou um riso deixando uma fina lágrima cair de seu rosto. Obvio que ia chorar. Quando ela não chorava quando Nicky fazia esse tipo de coisas? - Agora eu estou me sentindo uma pessoal horrível por ter enchido o ouvido da Piper com reclamações sobre você não querer ter outro filhos e... - limpou a lágrima e abriu um sorriso. - Você que é louca. - levou a mão até o peito de Nicky. - Ninguém com um coração desses merece ter uma esposa que não ia entender uma coisa dessas. Ainda bem que você nunca desistiu porque eu sou a pessoa que mais te entende.

- Ainda bem que você não desistiu, né. Imagina se eu tivesse casado com alguém que ia me expulsar de casa depois de tudo que eu falei mais cedo. - Jess riu. Nicky tirou a mão da esposa de seu peito e a beijou. - Desculpa ter estragado nosso aniversário seis meses de namoro.

- Não se preocupe. Você pode sempre compensar no nosso aniversário de casamento. - abriu um sorriso obrigando Nicky a rir. Jessica era tão cara de pau às vezes. Beijou a médica. - Eu te amo.

- Eu também te amo, Lane. - deu um beijo na cabeça dela assim que a esposa se ajeitou em seu coloco deitando a cabeça em seu peito. - Assim que elas se resolverem nós vamos fazer esse bebê.

- Tudo bem... Só que tem mais uma coisa que você precisa saber. - Jess ergueu um pouco a cabeça para ver a expressão de duvida da esposa. - Você que vai ter que engravidar por que...

- Jessica não abusa. - resolveu interrompê-la antes que ela estragasse o momento e tirou a esposa do seu colo - Senão eu não vou deixar você ter mais de um filho caso você aguente uma gravidez.

- Como assim mais um filho? Quantos irmãos você quer dar para a Amy?

- Eu não quero dar irmão nenhum, mas como você não me entende, se você gostar de ficar grávida da mesma forma que você gosta de super-heróis... - balançou a cabeça em negativo.

- Acho que a Amy que não vai gostar dessa história de ter vários irmãos, então vamos com calma senão ela vai fugir de casa por pensar que a rejeitamos.

- Meu sonho ver a Salsicha fazendo aquela trouxinha de roupa para fugir de casa.

- Pelo amor de Deus, Nicky! - deu um leve tapa na perna da esposa. - Para de ser horrível. - a loira riu e deu um sushi na boca da esposa. - Isso não é do restaurante novo.

- Claro que não é. Você fez com que a gente perdesse a reserva. - deu mais um sushi na boca dela antes que levasse um xingo por aquele absurdo. - Eu mudei a nossa reserva.

- Ótimo. - abriu a boca para que Nicky lhe servisse mais um sushi. - Espero não estragar tudo novamente da última vez. - completou com a boca cheia em tom debochado. - Eu odeio essa minha mania. - Nicky a encarou com uma expressão de tédio. - Molha mais isso no shoyu.

- Você vai comer tudo sozinha? - Jess ergueu os ombros. - Se já come desse jeito assim imagina quando estiver grávida. - deu mais um sushi na boca de Jess. - Você vai trabalhar só para fazer compras porque senão eu vou ter que vender a Floresta Encantada para conseguir sustentar você, a Sal...

Não conseguiu completar, Jess a calou com um beijo. Com o passar dos anos Nicky até estranharia caso ela não fizesse isso quando começava a falar demais. Um dos milhares de motivos por ela ser casada com Jessica Lane.

***

- Onça! - gritou Piper tentando adivinhar a imitação de Luc. Estava com as crianças na parte exterior da casa brincando de mimica. Lucas fez um negativo com a cabeça e continuou com a imitação. - Leão! - Piper e Amelia gritaram juntas. Outro não por parte de Lucas. - Dinossauro! - Lucas correu até o colo da mãe comemorando mais um acerto para o time deles.

- Toda hora! - Diane cruzou os braços emburrada. - Você não sabe brincar mãe.

- Eu não sei brincar ou você que não sabe perder? - a garota revirou os olhos ainda emburrada. - Vai logo! É sua vez.

- Eu não vou mais brincar. - ia levantar do banco de madeira que estava sentada, mas Finn a segurou pelo braço.

- Peraí Di. Olha... Nós estamos só um ponto atrás delas, se a gente acerta essa vamos empatar e depois só é torcer pra Amy errar a imitação dela.

- Eu nunca erro minha imitação. – respondeu ofendida.

- Você errou sim. - disse Ben. - Até eu sei fazer uma zebra.

- Você nem sabia o que era uma zebra. - disse Lucas.

- Tudo bem. - Piper levantou do banco. - Quem vai querer cookies e depois o troféu da vitória?

Todas levantaram a mão gritando que eles.

- Vão treinando enquanto eu vou lá pegar os cookies porque eu não quero ver ninguém resmungando quando perder não. - mostrou a língua para Diane e entrou em casa justo na hora que o telefone começou a tocar. - Alô?

- Pensei que estava amarrada em algum lugar e por isso não atendia o telefone nem o celular. - Piper não sabia se foi o tom descontraído de Alex ou só o som da voz de Alex, mas isso foi o suficiente para que ela sorrisse.

- Meu celular deve estar escondido em algum lugar, mas eu ainda não fui amarrada em lugar nenhum. Vamos ver até o final da mimica.

- O time da Di está perdendo?

- Claro que está! Eu não estou nele. - sorriu ao ouvir a risada de Alex. - Acabou cedo o seu encontro. - infelizmente não conseguiu segurar o comentário.

- Chega Piper. - o tom era calmo e deixou Piper confusa. - Eu não quero mais tempo nenhum. Acho que chegou a hora de conversamos.

- Você quer conversar agora? - franziu o cenho.

Por mais que quisesse, se fosse dizer tudo que tinha para dizer e as crianças ficassem sozinhas nesse tempo, não ia sobrar uma casa ao final da conversa.

- Não precisa ser agora. - riu. Sabia exatamente o que a ex-esposa estava pensando. - Pode ser amanhã. Podemos almoçar e depois conversamos.

- Por mim tudo bem.

- Ótimo.

- Ótimo.

Ficaram em silêncio. Nenhuma das duas acreditava que a conversa para elas conversarem finalmente aconteceu.

- Eu te vejo amanhã, então. - Alex resolveu quebrar o silêncio.

- Até amanhã. - respondeu com um sorriso bobo no rosto observando as crianças brincando do lado de fora.

Se Alex aceitasse tudo que ela tinha para dizer, essa seria a última vez que teria a casa cheia de crianças brincando sem ter a esposa no meio.


Notas Finais


Será se agora vai?

Que absurdo vocês acharem que eu ia separar Jecky também. Logo eu que nem gosto de um casal separado, eu hem...

Spoiler: Vauseman vão lembrar dos bons tempo de SHU no próximo capítulo.

Até lá <3


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