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História We are Better Together - Cadarço, sapato e chiclete


Escrita por: brunacezario

Notas do Autor


Vou deixar tudo que tenho para dizer nas notas finais.

Ótima leitura!

Capítulo 41 - Cadarço, sapato e chiclete


Quantas vezes elas usaram a frase “Amor nunca foi o nosso problema”? Como poderia ser? Desde quando excesso de amor é um problema quando o amor é puro, verdadeiro e não machuca a ninguém? Desde quando o amor é um problema quando só trás felicidade?

Quem disse que o coração serve para bombear o sangue estava mentindo. O coração existe com a finalidade de amar. Quanto mais o coração ama, mais ele se sente feliz, mais ele se sente cheio, mais ele quer amar. Como ele poderia não querer? O amor é o sentimento mais lindo que existe. Caso não fosse as pessoas não escreveriam tanto sobre o amor. Os romances, sejam em livros, filmes ou séries não seriam tão valorizados. Muitas vezes o amor pode fazer o coração doer, mas a dor faz parte da vida quando você é um simples mortal.

Se as pessoas amassem metade do que as duas se amam seria muito mais difícil encontrar pessoas infelizes em seus relacionamentos. A falta de amor pode ser um problema. Ainda bem que esse nunca foi o problema aqui. O amor em si nunca é problema de nada. O problema é que não importa o quanto você é rico de amor. Não importa o quanto o seu coração transborda de amor. Às vezes o amor também não consegue ser a solução. Não sozinho.

O amor é complexo

Sem nexo, convexo, é sexo 

Apartamento de Diane

- Eu não sabia que você odiava crianças.

Piper constatou em uma discussão que começaram por causa de um filme que assistiam e Alex quase teve um infarto quando ela disse que queria ter filhos tão fofos quanto as crianças do filme.

- Alex não odeia crianças. - disse Diane entrando no apartamento carregando várias sacolas. - A não ser que andaram fazendo a cabeça dela.

- Jesus, mãe! - pegou algumas sacolas da mão de Diane. - Eu pensei que íamos pedir pizza. Você passou o dia inteiro trabalhando.

- Por isso mesmo. - pousou as sacolas que restaram em sua mão em cima do balcão. - Passei o dia servindo hambúrgueres. Preciso fazer uma comida de verdade.

- Eu vou te ajudar então.

- Não precisa. - pegou o pacote de macarrão da mão de Alex. - Parece que você e a Piper tem muito o que conversar. Eu só espero que você não esteja planejando pedi-la em casamento hoje a noite. Eu sei que você pode ser mais romântica do que isso garota.

Piper engasgou com o ar devido a insinuação de Diane. Alex ficou tão perplexa que demorou alguns segundos para raciocinar e ir acudir a namorada que estava começando a ficar roxa.

- Eu não vou pedir a Piper em casamento! - exclamou dando leves tapinhas nas costas da loira. - Eu não vou te pedir em casamento. - repetiu dessa vez para Piper. - Da onde você tirou isso?

- Garota essa é a terceira vez em um mês que você vem me visitar e quando eu chego aqui vocês estão conversando sobre filhos. Você quer que eu pense o que?

- Que somos duas pessoas normais conversando coisas que pessoas normais conversam! - voltou sua atenção para Piper. - Você quer um pouco de água? - Alex ia levantar do braço do sofá, mas Piper a impediu e fez um negativo com a cabeça, recusando a água que a namorada lhe ofereceu. - Olha o que você fez mãe. Conseguiu até deixar a Piper muda.

- Eu não vou me desculpar por isso. Você deveria mesmo pedi-la em casamento.

- Eu não vou casar com ninguém... - Piper pigarreou. Sentia como se fosse engasgar mais uma vez a qualquer instante. - Eu não vou casar com ninguém que não quer ter filhos.

- Se filhos fossem coisa boa minha mãe não teria tido só uma.

- Você preferia ter comida na mesa ou irmãos? - Diane se aproximou delas enxugando a mão em um pano de prato. - Mas eu deveria ter tido pelo menos mais um filho. Talvez ele quisesse me dar netos.

- Mãe, você fala como se tivesse 70 anos. Nós vamos casar, nós vamos ter filhos, nós vamos ter uma casa gigante com piscina em alguma cidadezinha do subúrbio em que todo mundo sabe da vida de todo mundo.

- Nós vamos? - Piper franziu o cenho.

Diane deu uma gargalhada.

- Nem ela acredita em você, Alex. - a morena deu de ombros. Não estava falando sério mesmo. - Não se preocupe Piper, eu não vou deixar com que ela te enrole. - mandou uma piscadela para nora. - E nem que me enrole. Eu não estava brincando quando disse que você gostar de garotas só iria ser um problema se você não me desse netos.

- Será que podemos mudar de assunto? - levantou-se do sofá e puxou Piper com ela. - Nós vamos comprar cerveja enquanto você prepara o jantar. - deu um beijo na bochecha da mãe. - Piper aproveitou que você não estava em casa e tomou todas.

- Acho que você a deixou com vergonha e ela vai me pedir em casamento no meio da rua. - deu um beijo na bochecha de Diane lutando contra Alex que tentava puxá-la para fora do apartamento pelo pulso. - Eu te conto todos os detalhes do pedido e o motivo de eu ter dito não quando voltarmos. - abriu um sorriso divertido fazendo com que Diane gargalhasse.

- Eu não deveria ter apresentado vocês duas. Nunca. - puxou Piper para fora do apartamento. - Nós já voltamos com um neto para você. Alguma preferencia?

Diane deu com o pano de prato em Alex. 

As três riram. 

Nunca iam imaginar que tirando a casa no subúrbio, tudo se tornou real.

Apartamento da Diane

Piper parecia uma criança dentro de uma loja de brinquedos. Quando Alex disse que elas dariam um passeio fora de Nova York, ela pensou que iriam a algum lugar de carro a poucas horas da cidade. Ainda não fazia a mínima ideia para onde seria levada e, no momento, não estava se preocupando com o destino. Por mais que já tivesse andado de jatinho antes devido a alguns eventos, nunca havia andando em um jatinho daquele tamanho. Nem a primeira classe era tão luxuosa quanto todo o jatinho.

- Desde quando você tem um jatinho? – Piper se lembrou de perguntar após ter visto cada centímetro do lugar. – As coisas andam tão bem assim na Floresta Encantada?

- A Floresta Encantada ainda vai precisar vender muito livro para eu conseguir comprar um jatinho. – entregou uma garrafa de cerveja para Piper. – Eu pedi o jatinho emprestado para a Michelle.

- Às vezes eu esqueço que a Michelle é milionária – sentou na poltrona de frente para Alex. - Ainda mais quando ela, minha mãe e Marka saem por ai. – tomou um gole da cerveja. – Será que é por isso que minha mãe voltou a falar com ela? Amizade por interesse? Por que eu posso admitir que Jess é minha irmã se isso me colocar no testamento também.

- Pipes, vocês duas pensam que estão enganando quem? Eu fiquei sabendo do textão que você mandou pedindo desculpas por não ter contado sobre o livro da Alice para ela.

- Me arrependo todo dia por ter mandando aquela mensagem. Não sei como ela não emoldurou e colocou no consultório dela. – Alex a encarou com uma expressão de tédio. Não acreditaria nem por um segundo em toda aquela falsa irritação e indiferença com Jess. – Eu não queria ela ficasse chateada comigo. Eu estou acostumada a tê-la enchendo o meu saco porque é isso que irmãs mais novas fazem, não é? Eu gosto de tê-la como irmã. Satisfeita?

- Fala de novo. – Alex pegou o celular e fingiu ter começado uma filmagem. – Eu preciso mandar essa declaração para Jess.

- Você é ridícula! – Alex riu. – Por que você está fazendo isso?

- Eu não estou fazendo nada. – colocou o celular no meio das pernas e mostrou as mãos. – Eu não filmei. Não vou estragar esse lindo relacionamento de irmãs que vocês têm com toda essa sua melação. 

- Eu estou falando sobre todos esses encontros. – voltou sua atenção para a janela do jatinho. – Você não precisava fazer nada disso.

- Eu sei. – respondeu sinceramente. – Eu só não quero que mais ninguém nos atrapalhe e eu gosto da sua companhia Chapman. Eu senti falta disso.

- Eu também senti. – abriu um pequeno sorriso.

Os olhares se encontraram e, por mais que elas tenham conversado sobre outras coisas durante toda a viagem, se elas não quisessem falar mais nada estaria tudo bem. Só a troca de olhares falou tudo que elas sempre sentiram uma pela outra e que fazia jus a frase “Amor nunca foi o nosso problema”.

É frio de geladeira e tem calor de fogão

Jorra água de torneira, é filme, televisão

Chegaram em Los Angeles no meio da tarde. 

Piper se perdeu um pouco com o barulho do mar assim que chegaram na frente de um café. Por mais que as pessoas estivessem andando na praia ou conversando enquanto comiam ou bebiam alguma coisa nas mesas que tinham do lado de fora do café, o barulho do mar não deixava de trazer uma calmaria. Talvez a calmaria que elas precisavam para continuar a conversa que tiveram dois dias atrás.

- Não é que ela existe mesmo! – exclamou uma mulher de cabelos vermelho cacheados que não aparentava ter mais de 50 anos com um imenso sorriso assim que as viu entrando no café. – E ela é muito mais bonita pessoalmente.

- Você achou que eu encomendei um bolo de casamento daquele tamanho para enfeitar a minha casa? – Alex perguntou em tom divertido. – É claro que ela existe!

- Acho que posso dizer o mesmo de você. – disse Piper com um sorriso tentando retribuir toda a simpatia da mulher. – Eu pensei que você iria ao nosso casamento, mas só mandou o melhor bolo de chocolate que já comi na vida.

- Bolo de chocolate com sorvete... - a mulher balançou a cabeça em negativo. - Eu pensei que a Alex fosse louca.

- Ela é. – Alex assentiu concordando e a mulher riu.

- Fiquem a vontade. Eu só vou... – apontou para alguns pedidos que haviam acabado de chegar. – Eu já sirvo um pedaço do melhor bolo de chocolate que você já comeu na vida. – mandou uma piscadela para as duas e pegou dois pratos em cima do balcão.

- Para compensar o dia que não comemos a torta do nosso primeiro ano de casamento. – sentou-se de frente a Piper assim que ela se sentou. – E também porque fazia tempo que eu estava querendo te trazer aqui.

- Aqui. – a mulher pousou na mesa um prato de bolo de chocolate com sorvete para cada uma. – Eu ainda não acredito que finalmente estou vendo vocês duas juntas. Se você soubesse o quanto ela fala de você sempre que vem aqui com algum autor... Acho que ela os ganha pelo coração.

- Não somente eles. – Piper encontrou um olhar completamente tímido de Alex e abriu um pequeno sorriso.

- É um prazer finalmente te conhecer Piper. – a loira balançou a cabeça com um sorriso como se respondesse “é um prazer finalmente te conhecer também”. – Espero que o bolo esteja tão bom quanto o do casamento. – alisou o ombro de Alex. – E eu espero que não demore mais seis anos para que você a traga novamente.

- Eu prometo que vou fazê-la limpar a agenda quando eu vier para Los Angeles novamente.

Piper ouviu novamente toda a história de quando Alex encontrou o melhor bolo do mundo para o casamento das duas. 

A mulher não deixou de complementar a história com o seu ponto de vista quando ouviu Alex contando novamente a história a ela. Às vezes nem parecia que já havia passado tanto tempo. As duas lembravam de cada detalhe como se tivesse acontecido no fim de semana.

Piper não cansava de se surpreender com as pessoas. Ela e Alex eram somente duas pessoas normais e mesmo assim as pessoas tinham um carinho imenso pelo relacionamento delas. Era como se fossem seus familiares que sempre torceram pelas duas e se afetavam sempre que elas brigavam. Dava para ver no olhar que não era uma simpatia forçada. O mais interessante era que elas não estavam juntas, existiam dezenas de problemas para serem resolvidos e mesmo assim ninguém percebia isso. Sempre citavam a forma como elas se olhavam. A forma como elas sorriam uma para a outra. A forma como se tocavam. Algumas pessoas ainda falavam que gostariam de ter um amor igual ao delas.

Isso continuava dando sentindo a frase "Amor nunca foi o nosso problema".

O amor é carga na tomada

É sangue no coração

Alex se encostou no parapeito do café que ficava de frente para o mar ao lado de Piper. A esposa nem percebeu sua presença. Os olhos dela poderiam estar fixados nas ondas do mar, mas sua cabeça estava em um mundo bem distante. Pela expressão serena de Piper, ela não deveria estar em um lugar tão ruim assim. Alex conhecia muito bem o jeito dela e aquela era somente a forma que ficava quando estava refletindo sobre a vida. Se tratando de Piper isso muitas vezes poderia ser perigoso por causa das trapaças que sua cabeça costumava dar. Ainda bem que dessa vez esse não era o caso.

- A terapia serviu de alguma coisa para você?

A resposta para a pergunta de Alex não veio de imediato. Piper ainda ficou uns bons segundos olhando para o mar curtindo toda aquela calmaria que a brisa e o barulho das ondas traziam.

- Eu achava que não até ela perguntar se o nosso amor era o suficiente. - respondeu ainda olhando para o mar. - Eu sei que havíamos chegado a conclusão que era, mas... - soltou um suspiro. - Amor nunca foi o nosso problema. Independente do quanto nos amávamos, você não estava feliz e eu não ia conseguir te fazer feliz novamente. Todo mundo tem essa ideia de que o nosso amor é uma das coisas mais puras que existe... - soltou um riso, tentando controlar as lágrimas que estavam ameaçando sair devido ao seu coração que estava tão apertado. - Nosso amor ia acabar sendo nossa ruína.

- Foi por isso que você pediu o divórcio? - o tom de voz de Alex era calmo, mas por dentro ela gritava. Estava odiando o rumo que aquela conversa estava tomando. - Por achar que nosso amor não era mais o suficiente?

- Eu não acho que somos amaldiçoadas. - finalmente olhou para Alex. Essa não era a resposta que a morena esperava, mas uma hora teriam que colocar aquilo em discussão também, então... - Eu só disso aquilo para que você saísse de casa. Quando eu olho para você, eu só lembro dos bons momentos que tivemos. - procurou pela mão de Alex no parapeito. Quase não conseguiu tocá-la por causa do receio que a esposa estava com tudo que ouvia. - Nós tivemos três filhos como isso pode ser uma maldição? Nós tivemos nossos momentos ruins, mas eu não os vejo como maldição. - conseguiu entrelaçar sua mão com as de Alex e foi ali que seu olhar ficou. Ainda estava montando tudo que ia dizer em sua cabeça e a maioria das vezes olhar para Alex atrapalhava todo o seu raciocínio. - Todos aqueles momentos ruins que tivemos foi uma forma de crescermos. Se não aprendêssemos com todas aquelas merdas como estaríamos aqui hoje? Eu pedi o divórcio por que achei que nós éramos melhores separadas.

Alex soltou a sua mão e se afastou do parapeito. Uma raiva começou a crescer dentro de si. Odiava ouvir aquela merda.

- Você ainda acha isso? - tentou não gritar sua pergunta. - Você ainda acha que somos melhores separadas? - tirou os óculos e ficou andando de um lado para o outro pedindo mentalmente para que estivesse entendendo tudo aquilo errado. - Você acha que nunca vamos superar isso? - voltou sua atenção para Piper. Se amaldiçoou por ter feito isso. Não conseguia ler nos olhos dela as respostas. - Nosso amor não é o suficiente? 

- Quando eu voltei... - balançou a cabeça em negativo tentando espantar as lágrimas. - Quando eu voltei não, não era porque eu só tinha forças para pensar nos nossos filhos. - limpou rapidamente com o verso da mão as lágrimas que começaram a escorrer pelo seu rosto. Não queria começar a chorar agora.  - Eu te amava, mas eu não conseguia demonstrar, eu não conseguia te dar esse amor porque estava uma puta bagunça dentro de mim. Eu não aguentava mais Alex! - deu dois passos para frente e Alex continuou parada onde estava ouvindo atentamente tudo que ela dizia. - Minha confusão estava ganhando de tudo que eu sentia. Eu te amava, mas nós éramos melhores separadas.

- Amava?

Piper deu os passos que faltavam para ficar próxima de Alex novamente. Tocou no rosto da morena e sorriu. A confusão que estava estampada nos olhos de Alex só aumentou. Por que ela estava sorrindo?

- Amo. - enxugou com o polegar uma lágrima que escorreu pelo rosto de Alex. - Não existe mais confusão nenhuma aqui dentro. - levou a mão de Alex até o seu coração. A morena riu ao sentir o coração de Piper batendo muito acelerado. - Eu ainda acha que somos melhores juntas.

Piper levou as duas mãos até o rosto de Alex e a beijou. 

Se a esposa ainda não estava entendendo o que ela queria dizer, talvez o beijo esclarecesse as coisas.

Alex riu entre os lábios de Piper e a trouxe para mais perto de si aprofundando o beijo. Havia entendido perfeitamente bem.

Quando você chega mais perto assim

Tudo da certo pra mim

Sorte é amar e viver

Casa perfeita 

- Feliz dia das mães. - elas riram ao perceber que desejaram juntas antes mesmo de abrirem os olhos naquela manhã. - Isso ainda é tão estranho. - Alex levou uma mecha do cabelo de Piper para trás da orelha e deixou a mão em seu rosto fazendo um carinho. - Não é estranho?

- O que? Você ainda achar que é estranho sermos mães no nosso terceiro dia das mães? - Piper chegou mais perto da esposa na cama e colocou seu braço em cima da cintura dela. - Sim. - a beijou. - Isso é muito estranho.

Alex foi obrigada a rir. Cada ano que passava Piper ficava mais ridícula e isso passava longe de ser algo ruim.

- Você me entendeu. - Piper balançou a cabeça em negativo com um sorriso divertido. Não estava entendendo mesmo. - Nós somos mães tão boas que é estranho nada ter dado errado ainda.

- Depois eu que sou a paranoica quando falo que eles vão crescer e me colocar em um asilo. - mais risos. - Eles ainda tem três anos. Ainda tem muitos anos pela frente para as coisas darem erradas e quando derem nós vamos dar um jeito porque é isso que fazemos.

- É isso que fazemos? - Piper fez um positivo com a cabeça. - Se é isso que fazemos... - deu um beijo na bochecha de Piper e logo em seguida seus lábios se encontraram.

- Feliz dia das mães! - três crianças animadas desejaram entrando no quarto. Elas correram para cima da cama e encheram as mães de abraços e beijos. - A gente fez o café da manhã de vocês. - assim que Lucas terminou de dizer Carol apareceu no quarto segurando uma bandeja. - A vovó ajudou.

- Guarde os seus comentários para você! - disse Carol ao ver a expressão divertida de Alex.

- Mas eu nem ia falar nada sogrinha. - Carol revirou os olhos. Odiava quando Alex a chamava assim. - Na verdade eu ia te desejar feliz dia das mães por você ter sido a responsável de colocar a mulher da minha vida nesse mundo, mas como é para eu guardar os meus comentários para mim... - ergueu as mãos se isentando de dizer qualquer coisa.

- Todo ano a mesma coisa... - disse em tom de tédio. - Escreva um cartão da próxima vez.

- Feliz dia das mães, mãe. - Piper abriu os braços para que a mãe fosse até ela e parasse de discutir com a Alex. Deu um beijo na bochecha de Carol assim que ela se aproximou. - Obrigada pelo café da manhã.

- Tudo para deixar os meus netos felizes. - disse olhando para Alex com um olhar cínico. Alex só abriu um sorriso. - Agora eu vou para casa me arrumar para o almoço mais tarde.

- Você foi convidada? - Alex perguntou em provocação.

- Alex! - repreendeu Piper. - Nos vemos na hora do almoço mãe. Agradeçam a avó de vocês por ter ajudado no café da manhã.

- Obrigado vovó.

- Obrigada vovó.

Carol só abriu um sorriso e acenou deixando o quarto.

- Está com um cheiro bom todo esse café. - disse Piper dando um beijo na bochecha de Lucas que estava sentado ao seu lado. - Mas tem tanta coisa. - pegou uma torrada. - Vocês vão ajudar a gente a comer?

Os três se entreolharam e fizeram um positivo com a cabeça. Eles iriam ajudar até se elas não tivessem perguntado.

- A gente também fez isso. - Chris revelou um desenho entregando para Alex. - Você - apontou para cada pessoa na folha. -, a mamãe, o Luc, eu, a Di, o Litch e a Lolita. - assim que terminou de dizer o nome dos cachorros eles apareceram também subindo na cama. - Nossa família.

- Esse desenho está melhor do que as fotos que tiramos. - disse Alex passando o desenho para que Piper visse. - Obrigada! - deu um beijo na têmpora de Chris. - Obrigada pelo café da manhã também. - passou um pouco da geleia da torrada que ficou em seu dedo no nariz de Chris arrancando risadas de todos. - Está uma delícia.

Chris limpou o nariz sujo de geleia com o dedo e depois a comeu.

- Ta mesmo.

Todos riram novamente.

- Litch e Lolita também gostaram do café da manhã. - disse Diane apontando para os cachorros que já comiam as frutas dos pratos. - Gulosos!

Os cachorros latiram se defendendo da acusação e voltaram a comer.

Elas riram e começaram a tomar de verdade o café da manhã na companhia bem animada dos filhos desejando que todos os dias das mães continuassem sendo assim.

Casa perfeita

Depois de uma infinita discussão cachorro-quente EUA x cachorro-quente BR, Alex resolveu que o próximo encontro seria em seu apartamento. Prometeu a si mesma que jamais experimentaria aquela marmota que a esposa tanto amava por aquilo ser uma ofensa ao verdadeiro cachorro-quente, entretanto chegou a conclusão de que se não experimentasse, Piper nunca a deixaria em paz.

Ainda bem que elas não eram brasileiras, caso contrário seriam aquele tipo de pessoa que discutem biscoito x bolacha.

- Tudo bem... – Alex encarou o pão em sua mão. Tinha tanta coisa ali que mal dava para ver a salsicha. Ainda se perguntava como Piper além de gostar daquilo ainda conseguia comer mais de um. Deu uma mordida. Caiu milho, ervilha e batata palha por todo o balcão, além da mão de Alex ficar toda suja com a mistura purê, catupiry e cheddar. A careta que ela fez durante as mastigadas fez com que Piper gargalhasse. – Jesus, Piper! – cuspiu o que mastigava em um guardanapo. – Acho que vômito tem um gosto melhor.

- Alex! – fez uma careta apontando para o cachorro-quente que tinha em mãos. – Nojenta! Você não tem bom gosto para comida.

- Eu não tenho bom gosto para comida? – perguntou indignada com a acusação. – Qual o problema das pessoas com o bom e velho cachorro-quente? – tomou um pouco de refrigerante na tentativa de tirar o gosto daquela ofensa ao cachorro-quente americano de sua boca. - O pão só foi feito para suportar a salsicha, ketchup e mostarda. Não tudo isso... – apontou para o balcão todo sujo. – Você precisa parar de “brasileirizar” nossa comida. Não é possível que todos os brasileiros gostam de comer isso. 

- Só os que tem bom gosto para comida. – pousou seu cachorro-quente em cima do prato. – Está suja. – apontou o dedo para o canto de sua boca.

- Claro que está suja. O que não está sujo depois desse cachorro-quente? – limpou a boca com o guardanapo. – Limpou?

Piper fez um negativo com a cabeça e com um sorriso sapeca se aproximou de Alex e lhe deu um beijo.

- Agora limpou.

Alex riu.

Um silêncio confortável tomou conta da cozinha. 

Alex observava Piper comer o cachorro-quente como se fosse mesmo um dos melhores lanches do  com um sorriso. Era impossível não sorrir. Seu coração estava tão leve. Ela se sentia tão feliz como há muito tempo não se sentia. Não lembrava quando foi a última vez que seu coração esteve tão cheio de amor ao invés de dor. 

As últimas semanas com Piper estavam sendo tudo que ela precisou durante todos esses meses. Até o momento a esposa estava cumprindo a promessa de não machucá-la. Piper respeitou o seu tempo, não fugiu de suas perguntas e ainda deu respostas que ela jamais imaginou receber. Tudo que ouviu, por mais doloroso que fosse devido a toda a situação, não lhe afetou negativamente em nenhum momento. 

Ainda lhe incomodava o fato de Piper só ter melhorado depois que ela saiu de casa. Entendeu os motivos. Assim como também entendeu os motivos de Piper ter a privado de passar muito tempo com as crianças. Mas ainda tinha dúvidas se depois de tudo isso ela seria o suficiente para Piper. Sempre falaram que quando as coisas começassem a dar errado elas dariam um jeito juntas. O motivo de dizerem isso era por causa do amor que uma sentia pela outra. Será mesmo que o amor das duas era o suficiente? Chegava até ser irônico ela questionar isso quando fez a mesma pergunta para Piper dias atrás. 

O problema era que mesmo que palavras estivessem sendo muito importantes naquele momento, ainda faltava alguma coisa para Alex acreditar em toda a sinceridade de Piper em dizer que elas são melhores juntas.

- Por que você jogou os papéis do divórcio no lixo? - o tom era descontraído. Só entrou naquele assunto mesmo para afastar seus pensamentos que causavam conflitos em seu coração feliz. - E se eu resolvesse casar de novo? Ia acabar sendo presa por bigamia.

- Seria um ótimo modo para você aprender que não deve casar com mais ninguém a não ser eu.

- Pelo que eu me lembre quem pediu o divórcio foi você. - limpou com o dedo o canto da boca de Piper que estava sujo com toda aquela mistura que ela colocou no cachorro-quente e ganhou um dos sorrisos mais doces dela em agradecimento. - Se você não queria o divórcio para que você pediu então?

- Por que eu queria que você fosse feliz.

Essa definitivamente não era uma resposta que Alex estava esperando para sua pergunta inocente.

- Sem você?

- Eu não estava te fazendo feliz. - levantou do banco do balcão. Não pensou que teria que falar sobre isso naquela noite. - Eu pensei que nunca mais ia conseguir te fazer feliz por que eu não estava feliz. - passou a mão pelos cabelos. Estava nervosa e o olhar confuso de Alex não estava ajudando. - A culpa não era sua. Você estava lá e fez tudo que podia. - andou até a sala. Estava com a cabeça gritando em explicações e com o coração apertado devido ao medo de fazer com que Alex lhe entendesse de forma errada e achasse que a culpa era dela por não ter sido o suficiente para lhe trazer de volta. - Eu não podia deixar você ser infeliz pelo resto da sua vida. - disse ao perceber a presença de Alex na sala. A esposa continuava a olhando sem entender absolutamente nada e agora os olhos livre dos óculos estavam marejados. - Eu entendi quando você disse que me amar era cansativo. Você merecia muito mais do que eu estava oferecendo Alex. Você merecia conhecer alguém menos desgraçada da cabeça que não se perde dentro dos seus próprios pensamentos e sentimentos. Você merecia conhecer alguém que não te excluiria e muito menos te machucaria em um momento difícil ao invés de passá-lo junto com você. Você merecia conhecer alguém que fosse te fazer feliz e eu não conseguia mais ser essa pessoa para você.

- Por que?

- Por que? - as lágrimas começaram a escorrer pelo seu rosto assim que viu algumas lagrimas escorrendo pelo rosto de Alex. - Por que eu te amo. Por que eu prometi que ia te fazer feliz e estava me destruindo por dentro não cumprir essa promessa.

- Por que você não me disse tudo isso desde o começo sua idiota?

Antes que Piper pudesse raciocinar o que responder, Alex avançou em seus lábios a beijando de uma forma desesperada e apaixonada.

Era somente isso que Alex precisava para ter a certeza de que elas eram melhores juntas.

- Alex... - se separou do beijo gentilmente. Estava confusa. - Você não...

- Será que você pode calar a boca um minuto, por favor? - o tom era calmo. Piper estava começando era ficar com medo. - É minha vez de falar. - Piper franziu o cenho. Não fazia ideia do que esperar. - Todo esse tempo você só estava pensando em mim? - levantou o dedo pedindo silêncio. A pergunta era retórica. - Você queria que eu assinasse a porra daqueles papéis por que queria que eu fosse feliz? Com outra pessoa que não fosse você? - soltou um riso em meio das lágrimas que inundavam seus olhos. - Muito obrigada por ter jogado aquela porra no lixo! - curiosamente o tom não era sarcástico era mesmo um agradecimento sincero. - Quantas vezes eu vou ter que dizer que eu sabia onde estava me metendo quando aceitei me casar com você? Eu não ligo para o seu desgraçamento mental. Eu só fico com raiva quando você me exclui de tudo que você está pensando por que eu sempre penso o pior. Eu passei todos esses meses achando que não era o suficiente para você e você achava que não era o suficiente para mim? - se aproximou de Piper e limpou as lágrimas de seu rosto. - Você é o suficiente para mim. Você é a única mulher que pode me fazer feliz.

- Você é masoquista!

- Não... - balançou a cabeça em negativo. - Eu só sou alguém que conhece o nosso amor e nunca deveria ter desistido de nós duas.

- Você não desistiu de nós duas. Você só precisava de um tempo.

- Eu não quero mais tempo nenhum! Eu quero você. Eu quero a nossa família. Eu quero mostrar que você pode me fazer feliz. Eu quero te fazer feliz.

- Você tem certeza?

Alex abriu um sorriso e a puxou para perto de si pelas mãos. Ela se recusava a responder aquilo com palavras. Passou uma mecha do cabelo de Piper para trás da orelha. Sem perder o contato visual, lentamente aproximou seus lábios dos lábios de Piper e um beijo lento começou. Um beijo doce, cheio do amor que elas traziam em seus corações.

Somos, enfim, cadarço, sapato e chiclete

A sete que aponta e converge

Início sem medo e sem fim

Com as duas mãos no rosto de Piper, Alex colou mais ainda as suas bocas e o beijo foi aprofundado. As línguas exploravam cada centímetro da boca. O coração das duas batiam de forma descompensa. Quase pulando do peito. O corpo de ambas reagiam ao beijo. Uma conseguia sentir a temperatura da outra aumentando. 

Alex mordeu levemente o lábio inferior de Piper. A loira abriu um sorriso e voltaram a se beijar. Alex conseguiu tudo o que precisava. Ergueu Piper e, sem pararem de se beijar, a loira entrelaçou as pernas em sua cintura, os braços em volta do seu pescoço e antes que precisassem recuperar o ar, estavam no quarto de Alex.

Assim que caíram na cama nada foi feito as pressas. Os beijos de Alex exploravam cada centímetro do corpo de Piper. Os toques eram como se uma quisesse memorizar cada pequena parte do corpo da outra. Cada detalhe do corpo da outra. Os olhares, os sorrisos e o tempo que elas passavam se admirando diziam o quanto elas estavam felizes por estarem juntas novamente.

O que elas fizeram naquela noite foi a definição mais pura do que é fazer amor.

Por que amor nunca foi o problema delas. Como poderia ser? Amor requer sacríficos. Amor requer entendimento. O amor é tão confuso quanto a cabeça da Piper. Às vezes o amor é todo errado da forma mais certa que existe. O amor delas sempre foi sim a solução para tudo. Elas só precisavam de um tempo. Elas só precisavam lembrar disso. Elas só precisavam lembrar que eram melhores juntas. Dessa vez não seria diferente.

Dessa vez não foi diferente.

Então sorri pra mim, vem cá

Pra gente namorar

Já ta tudo dando certo

Na espera de você chegar

- Cadarço, sapato e chicle (Jammil)


Notas Finais


FIM!

Muito obrigada a todos que leram a fic, comentaram, sofreram BRINCADEIRA! Elas ainda tem umas coisinhas para conversar no café da manhã, isso se nenhuma das duas fugirem no meio da noite, mas eu acho que agora foi. Agora só no trenzinho do amor como diz certas leitoras ai.

Até o próximo capítulo <3


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