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História We are Better Together - Time After Time II


Escrita por: brunacezario

Notas do Autor


Não, isso não é uma alucinação.

Acho que não tem desculpas o suficiente que eu possa pedir por toda essa demora para postar o penúltimo capítulo, mas é que a vida no último mês ficou muito louca por causa de séries de heróis, por causa de um puta crossover de séries de heróis, por causa de ships de séries de heróis e por causa de reviews de séries de heróis. Então, como Vauseman não é um ship de série de heróis, eu ganhei um block bem lindo e maravilhoso de presente. Ainda bem que as séries de heróis entraram em hiatus né?

O importante é que a vida perfeita do Oliver é ao lado da Laurel e que Sanvers é canon.

Ótima leitura!

Capítulo 59 - Time After Time II


A porta de entrada da casa bateu. Os cachorros latiram, assustados com o barulho. Não demorou muito tempo e a porta de um dos quartos no andar de cima também bateu. Novamente os cachorros latiram.

Piper, Alex e Luc estavam na sala jogando videogame. Eles se entreolharam tentando entender o que tinha acabado de acontecer. 

Alex ameaçou levantar do sofá a procura de respostas, mas Piper fez um sinal pedindo para que ela continuasse onde estava. Era a sua vez.

Piper foi até o segundo andar. Parou de frente ao quarto de Diane e deu duas batidas na porta. Sem receber nenhuma resposta, ela abriu só uma fresta da porta, o suficiente para caber sua cabeça. Encontrou a filha deitada na cama, com os braços cruzados em cima de uma almofada, emburrada.

- Portas não são baratas, você sabia disso? - disse em tom descontraído com o intuito de arrancar nem que fosse um pequeno riso da filha, mas não deu certo. - O que aconteceu? - entrou no quarto.

Se Diane não tinha a expulsado ainda era pouco provável que expulsasse nos próximos minutos.

- Eu não vou mais para porra de baile nenhum. - respondeu irritada.

- Certo. - Piper deu mais um passo a frente, receosa. - Estamos falando porra. - coçou a cabeça, ainda tentando entender o que estava acontecendo. - Isso é por causa do vestido? Eu sei que prometi que íamos comprar hoje só...

- Não tem nada a ver com o vestido mãe. - respondeu sem paciência. - Você disse que eu podia ir sem você se eu quisesse, eu não quis. Agora nenhuma de nós duas precisamos ir.

- E eu ainda não estou entendendo o por que.

- Por que meninos são uns idiotas.

Piper soltou um riso, deixando a filha mais enfurecida.

Ela odiava o fato das mães sempre acharem uma frase engraçada quando ela abria seu coração.

Piper empurrou as pernas da filha para o meio da cama e sentou-se. Olhou Diane, complacente e abriu um sorriso.

- Só agora que você percebeu isso?

Diane revirou os olhos e grunhiu. Sério mesmo que a mãe não ia levar nada daquilo a sério?

 - Qual foi o nível de idiotice deles? Por que tem que ter sido algo bem idiota para você desistir de ir ao baile que faz meses que você planeja ir.

- Eu ouvi o Robbie dizendo que só me chamou para o baile porque queria transar comigo. - Piper franziu o cenho. Queria dizer dezenas de coisas, mas precisava esperar a filha terminar de falar. - Ele acha que eu sou lésbica só porque tenho duas mães. - soltou um riso, ainda incrédula com tudo que tinha ouvido. - Ele disse que só assim eu ia "aprender a ser mulher". - fez aspas com os dedos. Lágrimas começaram a escorrer pelo seu rosto. - Idiota.

- Ele tentou fazer alguma...

Diane fez uma negativo com a cabeça, interrompendo a pergunta da mãe.

Piper a olhou complacente, com um sorriso afetado no canto do rosto e subiu de vez na cama sentou-se ao lado da filha. Abraçando-a.

- Você não quer ir ao baile porque está com medo dele fazer alguma coisa?

- Não. - a garota fungou, deitada com a cabeça no peito da mãe. - Ele não ia conseguir fazer nada nem se quisesse. Amy chutou o saco dele e do Ronny.

- Ronny não é o acompanhante da Amy? - perguntou confusa. Di fez um positivo com a cabeça. Piper riu imaginando a situação. - Desculpa que mesmo com o passar de todos esses anos os garotos continuam uns idiotas que não sabem tratar uma garota. - deu um beijo na cabeça da filha. - E ainda acham ruim quando as meninas arrumam uma namorada.

- Eu preferia ser lésbica mesmo, assim eu daria orgulho para a tia Nicky e não ia ficar me decepcionando com meninos idiotas.

Piper riu.

- Os meninos ainda vão te decepcionar e muito. - enxugou com a ponta do dedo uma lágrima teimosa que insistia em escorrer pelo rosto da filha. - Agora depende de você mando-los se foder. - Diane levantou a cabeça, encarando a mãe com os olhos arregalados. Ela não  costumava usar esse linguajar. Pelo menos não na frente dela ou do irmão. - Ou se trancar no seu quarto e nunca mais se divertir.

- Se eu escolher ficar trancada no meu quarto e nunca mais me divertir você vai me apoiar?

- Não. - respondeu sem nem pensar duas vezes. - Que tipo de mãe eu seria se te apoiasse a fazer um absurdo desses? Eu não ralei todos esses anos para ter dinheiro para te dar de mesada para você resolver ficar trancada dentro do quarto.

Diane riu.

Cresceu ouvindo as mães se chamando de ridículas. No começo não entendia o motivo, normalmente pessoas ridículas são aquelas que fazem ou falam coisas que não agradam as outras pessoas, mas com o tempo aprendeu que existe as pessoas ridículas do bem e as pessoas ridículas do mal. Suas mães eram a primeira opção.

- Eu vou poder escolher o vestido que eu quiser?

- Depende... Você já aprendeu que meu cartão de crédito é ilimitado, mas o meu salário não? – Diane a encarou com uma expressão de tédio. Pelo menos uma vez na semana a mãe usava a mesma frase sempre que ela pedia dinheiro ou alguma coisa que ela não estava realmente precisando no momento. – Nós vamos resolver isso amanhã na loja. – deu um beijo na bochecha da filha. – Está tudo bem?

- Agora está. – esboçou um sorriso afetado. – Você é uma boa mãe, Piper Chapman.

- Boa, não. – levantou-se da cama. – Eu sou uma excelente mãe. – mandou um sorriso convencido para Diane.

A filha riu.

As duas voltaram para o andar de baixo abraçadas, rindo dos “conselhos” que Piper deu durante todo o caminho. Só reforçando o quanto ela era mesmo ridícula.

Diane praticamente se jogou ao lado de Lucas no sofá, enquanto Piper sentou no braço do sofá, do outro lado, ao lado de Alex.

- Está tudo bem? Ou vamos ter que comprar portas mais resistentes? – perguntou Alex.

- Está tudo bem.

- Tem certeza? – a pergunta veio de Lucas. – Por que o meu coração ainda está chateado e eu não estou chateado com nada.

- Você fala essas coisas para a sua namorada também? Foi assim que você conseguiu que ela aceitasse seu pedido de namoro?

- Eu não sou gêmeo da minha namorada. – respondeu com um sorrisinho cínico. – E desculpa se eu não tenho esse seu coração de pedra e realmente sinto tudo que você sente. Não é como se eu gostasse, não é como se fosse a coisa mais divertida do mundo.

Diane fez uma careta e logo em seguida apertou o irmão em um abraço, atrapalhando completamente sua atenção no jogo.

- Você sabe que eu não tenho um coração de pedra e que também é um saco sentir tudo que você sente. – deu um beijo no rosto do Luc. – Eu prometo que vou ficar menos chateada se – tomou o controle das mãos de Lucas. – vocês me deixarem na ganhar.

- Me desculpa, mas eu não sinto a chateação de nenhum de vocês, então eu não vou deixar ninguém ganhar aqui não. – disse Alex concentrada na televisão que estava prestes a começar uma nova partida. – Talvez a mãe de vocês. – ela não estava vendo, mas sabia que Piper a olhava com repreensão. – Só talvez.

***

Amelia estava esparramada no sofá, assistindo algum episódio de alguma série aleatória que Jess havia gravado durante a semana comendo um pote de sorvete quando Nicky chegou em casa com Lizzie.

- Olha o que a mãe comprou para mim. – Lizzie sentou com tudo ao lado da irmã no sofá balançando um livro de colorir. – E dessa vez eu vou esconder porque você não vai mais pintar meu livro todo.

- Você é tão encrenqueira. – revirou os olhos. - Eu só pintei um desenho. – gesticulou o número “um”.

- Um desenho de cada página. – Lizzie bufou, lembrando de quando encontrou seu livro de colorir com todos os desenhos pintados. – Agora você que compre um livro de colorir para você.

- Eu não vou poder pintar um único desenho? – Lizzie fez um negativo com a cabeça. – Nem unzinho? – gesticulou o número “um” e recebeu outro não. – Nem se eu fizer sua lição de casa a semana inteira?

- Bom... – Lizzie começou a folhear o livro. – Ai a gente pode entrar em um acordo. – apontou para a página com uma paisagem. – Que tal esse aqui? Mas eu vou ficar olhando para ver se você vai pintar só ele mesmo.

A única coisa que Nicky conseguia fazer sempre que as filhas interagiam era sorrir.

Elas se provocavam. Claro que se provocavam. Irmãos sempre se provocam. Mas, em nenhum momento, as provocações chegavam ao caminho que elas nunca mais iam olhar uma para a cara da outra e se odiarem para sempre.

As duas se amavam e mesmo com a diferença de idade elas eram muito ligadas e amigas. Elas se defendiam sempre que alguém fazia algum comentário maldoso sobre as duas não serem irmãs por causa da aparência.

Amelia não parecer com nenhuma de suas mães por ser a cópia de Valentina enquanto Lizzie era a cópia de Jess com direito até do sorriso irritantemente iluminado havia causado algumas idas das mães até a escola.

Normalmente é a irmã mais velha que defende a caçula com unhas e dentes, mas Lizzie não aceitava de jeito nenhum que alguns de seus colegas de classe falassem que Amy não era a sua irmã e, além de respondê-los com todo deboche e sarcasmo que possuía, ainda sentava a mão neles.

A menina de dez anos podia ter a aparência de Jess, mas o gênio com toda certeza era o de Nicky.

Ela conhecia toda a história sobre a adoção da irmã. Não toda, ela sabia que a irmã não nasceu da barriga de nenhuma de suas mães e que ela tinha uma terceira mãe, mas isso nunca fez com que Amelia fosse menos sua irmã, pelo contrário, isso só fez com que Lizzie ficasse mais ligada a irmã por medo de um dia acordar e ela não estar mais lá.

Isso acalmava o coração de Jess e Nicky.

Elas preferiam ser chamadas na escola porque Lizzie brigou com alguém defendendo Amelia do que chegar em casa e ter duas filhas que não se suportam.

- Vocês demoraram esse tempo todo para chegar em casa por que estavam comprando um livro?

- Claro que não. – Lizzie respondeu. – Antes a gente ainda comeu um hambúrguer com muito refrigerante em uma reunião que a mãe estava.

- A mamãe sabe que você anda comendo hambúrguer no meio da semana? – Lizzie deu de ombros. Era óbvio que a mãe não sabia. – Interessante...

- Você não vai me chantagear, senão eu falo para a mamãe do dinheiro que eu te emprestei. Ela disse que você tem que aprender a economizar e que não é para eu ficar te emprestando dinheiro.

- Eu falo que foi para comprar esse pote de sorvete. – colocou uma colherada de sorvete na boca.

- Ai você vai ta mentindo para ela e eu vou ter outra coisa em minha defesa. – mandou um sorrisinho cínico para a irmã. – Você sabe como a mamãe se sente sobre mentiras. – o tom era superior, como se ela fosse a filha mais comportaa do mundo inteiro.

- Eu não vou contar para a mamãe que você comeu hambúrguer. – fingiu um tom derrotado só porque gostava do sorriso orgulhoso que Lizzie abria sempre que conseguia arrancar esse tom dela. – Mas da próxima vez traga um hambúrguer para mim, assim podemos ter mais um segredo juntas.

- Eu falei para a mãe trazer um pra você, mas ela disse que desse jeito você não ia caber no seu vestido do baile.

- Ela disse? – Amelia encarou Nicky com uma sobrancelha erguida. – Sério?

- Meme, não está na hora do seu banho não? – se fez de desentendida. – Eu acho que está. Pode subindo para tomar banho.

A garota olhou para a mãe, confusa. O que ela tinha dito de errado? Mas, sem dar tanta importância assim, ela pegou o seu livro de colorir e subiu para tomar seu banho.

- Sua mãe está em uma cirurgia que não vai terminar tão cedo. – avisou Nicky.

- Eu sei. Ela já me mandou um milhão de mensagens. – comeu um pouco de sorvete. – Eu nunca vou me acostumar com ela mandando as enfermeiras digitarem as mensagens enquanto ela opera.

- Você tem sorte que ela é sua mãe, assim você nunca vai correr o risco de mandar sacanagem enquanto é uma das enfermeiras que está digitando. – Amelia fez uma careta. – Agora que você sabe que a sua mãe está em cirurgia... O que vamos pedir para a janta? – recebeu um olhar de tédio da filha. – O que foi? – não ganhou nenhuma resposta, Amelia só comeu mais um pouco de sorvete. – Qual a parte que sua mãe está em cirurgia você não entendeu? Guarde os seus sentimentos até ela chegar.

Desde que chegou em casa e encontrou a filha devorando um pote de sorvete sabia que alguma coisa a incomodava. Era assim desde sempre.

- Pelo que eu me lembre foi você que me ensinou a não guardar os meus sentimentos. Disse que eu tinha que colocar tudo para fora, caso contrário eu corria o risco de ser infeliz pelo resto da minha vida enquanto o grande amor da minha vida estaria feliz com a esposa brasileira. Eu ainda não consegui entender a parte em que a mamãe ia ser casada com a tia Fernanda e o tio Danilo.

- Eu odeio quando você usa os meus conselhos contra mim. – sentou-se ao lado de Amelia no sofá. – O que aconteceu?

- Eu não vou mais ao baile. – entregou a colher que estava em cima da mesa de centro para a mãe. Sempre deixava uma de reserva para a primeira que chegasse para ouvir suas lamúrias. – Ainda bem que eu não comprei o vestido.

- Calma! – comeu uma colher de sorvete. – Tem meses que você está perturbando a mim e a sua mãe por causa desse baile e agora você não vai mais? A Di sabe disso?

- Claro que sabe. É por causa dela que eu não vou mais ao baile. – Nicky não disse nada só ficou a olhando com uma expressão de ponto de interrogação. Não estava entendendo toda aquela calma da filha ao dizer que não ia mais ao baile. – Aqueles filhos da puta só nos convidaram para ir ao baile porque queriam transar com a gente. Eles falaram que iam nos “ensinar a ser mulher” porque juram que somos lésbicas. – abriu um sorrisinho cínico, ainda indignada, lembrando de todos os absurdos que tinham ouvido. – Eu odeio o Stephen, sabia? Se ele não tivesse terminado comigo porque foi morar na puta que pariu eu não estaria passando por nada disso.

- Você tem duas personalidades, sabia? – Amy a encarou com confusão. – Quando você está abrindo o coração para a sua mãe, você não usa nenhum desses palavrões. – a filha a encarou com uma expressão de tédio. – Vocês não vão mais ao baile porque acham que eles podem fazer alguma coisa com vocês? Por que eu e a Vause podemos ir até a escola...

- Não mãe. – comeu mais uma colherada de sorvete. – Nem se eles quisessem iam conseguir fazer alguma coisa. Eu tenho certeza que o pinto deles não vão subir nunca mais depois do chute que eu dei. – abriu um sorriso, orgulhosa.

Nicky não ficou surpresa com o que a filha tinha acabado de lhe contar. Esse era o jeito que a garota de dezessete anos tratava as coisas e ela tinha muito orgulho disso. A única coisa que a deixava chateada era nunca estar presente nos momentos em que Amelia situava esses garotos escrotos.

- Então, qual é o problema? Por que vocês não vão mais ao baile?

- Por que você sabe como a Di é. – afundou a colher no sorvete, irritada. – Ela sempre fica chateada com tudo. – bufou. – Me desculpa ser essa decepção hetero mãe.

- Você ainda não está no meu testamento. – Amelia riu. – Eu podia aconselhar você ir sem ela, mas vocês são praticamente gêmeas siamesas. Não duvido nada que vocês tenham a mesma ligação que Di e Luc têm de um sentir o que o outro está sentindo, portanto você não ia se divertir.

Amelia revirou os olhos, revoltada.

- O que eu posso fazer?

- Nada.

- Então porque eu tive que escutar tudo isso sendo que não tem nada que eu possa fazer? – ganhou outro olhar de tédio da filha. Soltou um riso e a puxou para um abraço de lado. – Não se preocupe, eu não duvidaria do poder da sua tia Piper. – deu um beijo na têmpora da filha.

No mesmo instante o celular de Amy notificou. Em questão de segundos Nicky viu brotar um sorriso no rosto da filha.

- Eu amo a tia Pipes. – colocou o pote se sorvete em cima da mesa de centro bem na hora que Nicky ia pegar uma colherada. – Di acabou de me mandar mensagem dizendo que nós vamos comprar o vestido que quisermos para o baile porque nós vamos para o baile.

- Que bom que sua tia também vai pagar o seu vestido. – disse em tom debochado. – Por que eu não me lembro da sua mãe ter dito que você podia comprar o vestido que bem entendesse.

- A mamãe não sabia que eu não ia mais ao baile. Tenho certeza que ela também vai deixar.

- A não ser... – levantou-se do sofá, com um ar de suspense em suas palavras. Amelia ficou a encarando, esperando que ela prosseguisse. - Que ela fique sabendo que você andou pegando dinheiro da mesada da sua irmã.

- Você não me entregaria. – disse Amelia, confiante. – Eu também conheço os seus segredos, Nicole.

- As coisas nessa casa só funcionam a base de chantagem agora é? – Amelia deu de ombros. Foi assim que sua mãe dos cabelos loiros tinha a ensinado. – Tudo bem. – fingiu que se deu por vencida. Não era como se Jess não soubesse que Amy andava pegando emprestado dinheiro da mesada de Lizzie. Ela só fingia que não. – O que vamos pedir para o jantar? – pegou o telefone. – Pizza ou pizza?

Sem dizer uma única palavra para responder a pergunta da mãe, Amy pegou o celular e deu play em uma mensagem de voz que tinha recebido de Jess mais cedo.

- Como eu tenho certeza que sua mãe vai fingir que não ouviu a minha mensagem... Estamos no começo da semana, temos uma criança em fase de crescimento, não é para pedir pizza para o jantar. Eu quero as três comendo comida. Já não basta o hambúrguer que eu sei que vocês comeram.

Mesmo com o passar de todos esses anos, Nicky ainda não tinha se acostumado com Jess fazendo aquele tipo de coisa. Era como se ela conseguisse ler seus pensamentos e isso ainda a assustava um pouco.

Não sabia como Alex e Piper conseguiam viver daquele jeito como se fosse a coisa mais normal do mundo.

O que na verdade era. Isso era parte da convivência e o quanto uma conhecia a outra. Nicky admitindo ou não, ela também tinha desses momentos de adivinhar o que Jess estava pensando. Demorou um pouco mais do que a morena, mas ela também chegou nesse nível do relacionamento. Era assustador, mas o que iria fazer?

- Japonesa? – Nicky perguntou ao final da mensagem de voz.

Amelia fez um positivo com a cabeça. Não tinha muita coisa que ela poderia dizer para que a mãe continuasse fingindo que não ouviu a mensagem da outra mãe e comprasse pizza.

- Depois do jantar nós podemos jogar Twist. – sugeriu a garota. - Ela ainda não nos descobriu.

Foi a vez de Nicky de não dizer absolutamente nada e só colocar uma mensagem de voz de Jess em seu celular.

- Por favor, tirem as coisas do meio do caminho caso vocês passem a noite inteira jogando Twist. Eu sei que foram vocês que quebraram o vaso que minha mãe me deu.

- Eu não sei como ela faz isso. – disse Amelia, perplexa.

Ela também nunca ia se acostumar com os poderes que sua mãe tinha de ler pensamentos, independente de quantos anos ela tivesse. Às vezes era legal, mas na maioria do tempo era só assustador.

***

- Então, eu disse: Você tem certeza que quer ser pai?

Annie continuava o que parecia ser um eterno monólogo enquanto aguardava junto com Piper e Jess as meninas saírem do provador com mais um vestido que elas iam achar horrível.

- Vocês acreditam que ele respondeu que sim? Que tipo de homem responde uma coisa dessas?

- O tipo de homem que se sente pai dessas crianças desde o dia que vocês foram adotá-las. – respondeu Jess, tranquilamente. Estava se segurando para não rir da cara que Piper estava fazendo por causa de toda a indignação da amiga. – O Andrew é louco por você desde a primeira vez que te viu.

- Que ele é louco eu sei, mas por mim? – fez um barulho com a boca, ainda incrédula. - A culpa não é minha que eu achei que ele só estava querendo fazer a boa ação do ano quando me ajudou a adotar os meus filhos e quando eu menos espero ele está ajoelhado em um parque me pedindo em casamento. Isso não existe!

- Vocês estão namorando tem um ano. – disse Piper, indiferente.

- Isso não é motivo para ele me pedir em casamento.

- Tem sete anos que vocês se conhecem. – continuou Piper com a mesma indiferença, mas no fundo estava se divertindo com o momento de surto da amiga. – Vocês praticamente criam o Liam e a Iris juntos desde que o dia que os adotaram. Claro que ele quer ser oficialmente o pai dos seus filhos. Claro que ele quer casar com você.

- Por quê? – jogou-se ao lado de Piper no sofá em que ela estava sentada. – Eu tinha desistido dos homens se ele não sabe. Eu só dei uma chance para ele porque eu estava entediada.

Piper e Jess se entreolharam. Estava cada segundo mais difícil segurar o riso.

- Então você não aceitou casar com o Andrew? – mesmo sabendo a resposta, Jess resolveu perguntar.

- Claro que eu aceitei. – exibiu a aliança em seu dedo. – Se ele quer ser o pai dos meus filhos... – deu de ombros. – Nós não vamos escolher os vestidos do casamento nessa loja.

- Eu acho melhor. – disse Hayley com uma careta se olhando no espelho assim que saiu do provador. Ela usava um vestido amarelo sem alça com detalhes bordados. – Eu estou parecendo a senhora C na última festa que teve na Floresta Encantada com esse vestido.

- Piper! – a loira corrigiu a nora com os dentes semicerrados. Sempre que Hayley queria provocá-la ela a chamava de senhora. – Afinal, o que você está fazendo aqui?

- Escolhendo meu vestido para o baile? – respondeu em forma de pergunta. Fez mais uma careta ao se olhar no espelho. – Está horrível, não está? – virou-se para as três mulheres.

- O que você está fazendo aqui, escolhendo o vestido no mesmo dia que a Di e a Amy? – Piper se adiantou em reformular sua pergunta antes que Jess e Annie pudessem responder a garota. – Não existem outras lojas em Nova York não?

- Existem, mas nas outras lojas não existem mães que vão dizer se o vestido está bom ou não. Esqueceu que a minha mãe é do tipo que só da o cartão de crédito?

- Esse vestido não ficou bom mesmo em você. – Jess passou na frente antes que Piper pudesse responder a garota. Não gostava nenhum pouco quando ela jogava a falta de atenção da mãe na cara delas. – E você para de implicar com a menina! – deu um leve tava no braço da irmã.

- Eu não estou implicando com ela! – exclamou ofendida com a acusação. – Esse é o jeito que nos tratamos.

- Nós somos a versão melhorada da Alex com a Carol. – disse Hayley com um sorriso. – Esse vestido é mesmo tão horrível quanto o que você usou na última festa da Floresta Encantada, não é?

- Vai logo escolher outro vestido, Hayley! – fez sinal com a mão para que a garota sumisse de sua frente. – O que foi? – perguntou por causa do olhar de repressão de Jess. – Se você convivesse com essa menina o tanto que eu convivo... Você quer ela como sua nora só por uma semana?

- Eu não estou a procura de namoradas, tia.

Qualquer resposta que Piper formulou para dar a sobrinha sumiu de sua cabeça no mesmo instante que olhou para Amelia e a encontrou com um vestido verde com detalhes de renda branca na parte de cima um pouco a cima de joelho.

- Não está, mas tenho certeza que vai encontrar várias nesse baile. – disse Piper, com um sorriso bobo. Era impressionante como ainda ficava com cara de boba sempre que via como suas crianças estavam crescidas e lindas. – Vocês duas.

Piper alargou mais ainda o sorriso quando viu que Diane juntou-se a elas. A garota usava um vestido azul claro sem alça, também estilo princesa e só um dedo a cima do joelho.

- Tem certeza que ficou bom? – perguntou Diane olhando-se no espelho. Gostava mesmo do que via. – Tem um rosa lá...

- Não, esse está perfeito. – respondeu Piper, sem conseguir esconder o sorriso. – Aqueles meninos vão se arrepender de terem sido idiotas com vocês duas.

- Mãe, você está...

Jess estava chorando.

A mãe de Amelia e Lizzie fez um negativo com a cabeça para a pergunta que a filha não conseguiu completar, em um ato falho de dizer que não estava chorando, mas a lágrima fininha que escorria pelo seu rosto denunciava o contrário.

- Você está perfeita. – enxugou com o verso da mão a lágrima que insistia em cair. – Eu preciso... – ajeitou o celular que estava em sua mão para tirar uma foto de Amelia. – Sua mãe precisa...

- Foto não...

Tarde demais...

Mais um pouco Amy teria ficado cega por causa do flash do celular da mãe.

- Depois sou eu que não vou sobreviver quando vocês forem para a faculdade. – disse Piper fazendo pouco caso do chororo da irmã. – Ah... Agora você está parecendo gente.

Piper referia-se a Hayley que apareceu com um vestido preto com a saia rodada de alça na marca do joelho.

Desde que entraram na loja Piper não entendeu o motivo da garota tentar usar outras cores de vestido. Preto era a sua cor. Combinava com sua pele clara, seus cabelos castanhos escuros, lisos com cachos nas pontas e seus olhos pretos.

- Estou parecendo a Jess na última festa de uma das suas tias? – disse se olhando no espelho. -- Eu nunca vou gravar o nome delas. – ajeitou a saia do vestido. – É... – deu de ombros. – Não está ruim não. Eu posso fazer um comentário sobre o Luc...

- Não... – Piper fechou os olhos, fazendo uma careta. – Você não pode fazer comentário nenhum sobre o Luc tirando o seu vestido.

- Obrigada por ter feito o comentário por mim sogrinha. – disse com um sorriso cínico. Piper revirou os olhos. Toda vez caia nisso. – Vocês tem certeza que não querem que eu pague nenhum vestido? – disse balançando o cartão de crédito. – Minha mãe nem deve olhar a fatura.

***

Fazia uns dois minutos que Lucas estava parado na porta do escritório de Alex. Ela havia percebido a presença do filho desde o momento que ele parou ali. Luc já tinha mexido na armação dos óculos dezenas de vezes enquanto ensaiava alguma coisa que queria perguntar para a mãe.

Alex achava divertida toda essa timidez do filho. Com o passar dos anos ela tinha melhorado em diversos assuntos e aspectos, mas em outros ele ainda agia da mesma forma até tomar coragem para dizer ou perguntar tudo que estava passando pela sua cabeça. Nas outras vezes, ela ainda tinha que adivinhar ou dar uma pressionadinha para ver se assim saia alguma coisa.

- Esse é o momento que você me pede dinheiro para alugar uma limusine para levar a Hayley ao baile? – perguntou sem tirar a atenção do notebook em sua frente. – Eu já separei o cartão de crédito.

- Ela disse que odeia limusines. – respondeu, finalmente ganhando a atenção com olhares da mãe. – Eu queria que você me ajudasse a escolher a flor de pulso.

- Tem certeza que ela vai querer usar uma flor já que ela não quer ir ao baile de limusine? – Luc ergueu os ombros. Sua namorada era imprevisível. – Eu nunca comprei uma flor para ninguém. – arrastou sua poltrona para que o filho pudesse encaixar outra ao seu lado. – Eu odiava esses bailes da escola.

- Tenho certeza que se você tivesse uma namorada para ir aos bailes da escola não iria odiar. – disse com um sorrisinho cínico. Alex lhe deu um pequeno empurrão, fazendo-o rir. – Como você soube?

Estava ai o motivo de Lucas ter ficado alguns minutos parado na porta de seu escritório sem dizer uma única palavra, mas ele ainda ia precisar dizer muito mais do aquilo para que Alex pudesse entender ao que ele estava se referindo.

- Como você soube que a mãe era a escolhida? – completou assim que viu a expressão de ponto de interrogação com a qual a mãe lhe encarava. – A mulher da sua vida?

- No mesmo instante que eu coloquei meus olhos nela. – respondeu com um sorriso de canto de rosto lembrando-se do dia que mudou completamente a sua vida. – Você está achando que encontrou a mulher da sua vida aos 16 anos?

Luc deu de ombros.

- Hayley disse que é besteira pensarmos nisso agora e que por isso quando formos para a faculdade ela vai terminar nosso namoro para podermos namorar outras pessoas e se depois que nos reencontrarmos ainda tiver a faísca...

- A cabeça dessa garota precisa realmente ser estudada. – Luc riu. – Mas talvez não seja uma má ideia, funcionou comigo e com a sua mãe.

- Você e a mãe se reencontraram em uma prisão, eu acho que esse exemplo não é um dos melhores.

- Garoto, eu estou me referente ao nosso amor. – respondeu em tom de tédio. - Ele ainda estava lá. Se não estivesse, provavelmente teríamos nos matado. – os dois riram se lembrando das diversas histórias sobre o relacionamento Vauseman. – Se Hayley é a mulher da sua vida, ela vai continuar sendo com o passar dos anos. – deu uma leve apertada no ombro do filho, tentando confortá-lo e também como forma de pedir para que ele deixasse esses pensamentos de lado. - E é besteira pensar sobre isso agora mesmo. Aproveite o seu namoro, vai que até a faculdade ela mudou de ideia.

- Você já viu a Hayley mudar de ideia sobre algo?

Alex não precisou responder. Sua expressão de quem estava tentando se lembrar de alguma situação em que a garota havia mudado de ideia já era resposta suficiente.

E, logo em seguida, sua atenção passou a ser de uma garota dos cabelos loiros que entrou toda serelepe em seu escritório.

Diane lhe apertou em um abraço, enchendo seu rosto de beijos. A garota estava realmente feliz.

- Muito obrigada. – beijou mais uma vez o rosto da mãe. – Ficou perfeito. – mostrou o “caderno” com todos os atos da peça que seria entregue ao público na entrada do teatro da escola, completamente feliz. – Obrigada! – apertou Alex em mais um abraço.

- Isso significa que o ingresso da Flaca vai ser de graça? – Diane encarou a mãe com uma expressão de tédio. Por que ela sempre tinha que estragar os momentos? – Eu vou entender isso como um sim. – beijou a bochecha da filha.

- Hayley vai amar essa flor aqui. – apontou para a tela do notebook da mãe. – Combina com o vestido dela. E, por favor, para de sofrer à toa, eu estou em um dia muito feliz para isso.

- Insensível!

Diane só mandou um sorrisinho para o irmão, deu mais um beijo no rosto da mãe e deixou o escritório.

Os dois olharam para a flor que Diane havia apontado na tela do notebook, entreolharam-se e fizeram um positivo com a cabeça. A pulseira de flores pretas realmente combinava com Hayley.

***

Após dezenas de fotos, vídeos, elogios e algumas lágrimas, as mães pareciam que estavam prontas para deixar seus filhos irem ao baile.

Nunca iam se acostumar com o fato das crianças que passavam o dia inteiro dentro de uma casa da árvore ou em um parque correndo de um lado para o outro agora eram adolescentes que iam ao baile de primavera da escola.

- Com licença.

Finn entrou na sala ganhando a atenção de todas as mulheres. O jovem vestia um smoking preto que parecia ter sido feito a medida para ele. Os cabelos estavam perfeitamente penteados, a barba continuava bem feita e o cheiro do perfume que ele usava era de hipnotizar qualquer pessoa.

As meninas queriam perguntar o que Finn estava fazendo ali vestido daquela forma, mas a única coisa que elas conseguiam fazer era olhar para o rapaz, sem conseguir emitir um único som.

- É aqui que eu encontro minhas acompanhantes para o baile? – ele carregava uma caixa com a flor em cada mão que tratou de imediatamente estender para as meninas. – Para vocês. – abriu um largo, sincero e apaixonante sorriso.

- Mãe, isso não tem nada a ver com...

- Não, isso não tem nada a ver com os garotos idiotas que nunca mais vão fazer sexo na vida. – respondeu Finn, cortando a pergunta de Diane. – Isso tem a ver comigo querer ser invejado por todo o baile por chegar com as duas garotas mais lindas da escola.

As duas abriram um largo sorriso com o elogio, sem saber o que responder.

- Ainda bem que vocês duas não são mais apaixonadas por ele, não é mesmo? – comentou Nicky, por incrível que pudesse parecer, sem maldade nenhuma e, em resposta, ganhou um olhar de repreensão das duas. – O que foi? Desde quando Finn não sabe que vocês eram apaixonadas por ele?

- Desde alguns segundos atrás? – Finn respondeu, tentando entender se aquilo era algum tipo de brincadeira ou se Nicky estava falando sério. – Isso...

- Não se preocupe, nós já te superamos. – disse Amelia.

– Nós colocamos nossa amizade na frente da pequena crush que tínhamos por você. – completou Diane.

Nicky soltou um riso debochado como se dissesse “pequena?” e ganhou outro olhar de repreensão das duas.

– Crushs vem e vão, amigas não. – as duas falaram juntas o lema que inventaram no dia que decidiram que não iam mais brigar por causa da paixão platônica que tinham pelo Finn. – Obrigada por nos acompanhar. – as duas abriram um sorriso, completando o agradecimento.

- Essa é a hora que vamos tirar mais uma foto antes de vocês irem. – avisou Piper fazendo sinal para que os três se juntassem para a foto. – Na verdade, mas algumas fotos.

Jess fez um positivo com a cabeça, concordando com a irmã.

As duas reviraram os olhos. Já não aguentavam mais as mães achando que elas estavam passando por algum tapete vermelho.

- O que foi? – perguntou Alex por causa da mão estendida de Lucas. – Eu não tenho nenhuma camisinha aqui comigo. – tateou o vestido que estava usando, mostrando que não tinha bolsos. – Mesmo porque eu não preciso delas. – abriu um sorrisinho em provocação. – Mas, se você quiser nos dar um neto...

- Por favor, não complete essa frase. – Piper estava tentando ignorar toda aquela conversa, mas sempre que citavam a palavra “netos” era demais para ela suportar. – Ele só está pedindo a chave do carro.

- Ah... – Alex se fez de sonsa. – Desculpa se eu não leio os pensamentos dos meus filhos. – completou debochadamente.

- Por que você tem sempre que provocá-la quando estão prestes a sair? – a pergunta de Lucas trazia uma real indignação. – Todos esses anos de casamento não te ensinaram nada?

- Não muito. – mandou uma piscadela para Piper com um sorrisinho de canto de rosto. O que restou para a loira foi rir da cara de pau daquele ser humano. – Aqui. – ela fechou a mão na chave do carro na hora que Luc foi pegá-la. – Sem fazer filhos no banco de trás do meu carro.

- Ah pelo amor de Deus, Alex! – Piper arrancou a chave da mão da esposa e entregou para Lucas. – Divirta-se. – ajeitou a gravata borboleta do filho.

O sorriso que ela abriu ao se dar conta – mais uma vez – de como o filho estava lindo com aquele smoking era um dos sorrisos mais sinceros e encantados que Lucas já tinha visto a mãe dar.

- Será que podemos...? – Finn gesticulou para que as garotas entrelaçassem os braços no dele.

- Você sabia... Anos atrás esse “será que podemos” era um meme brasileiro que indicava segundas intenções.

- Amor, - Jess levou o indicador até a boca em um gesto que mandava Nicky ficar quieta. – por favor.

- Ah! – um gritinho de Diane e Amelia foi ouvido. - Uma limusine!

- É oficial... – Lucas deu um beijo no rosto da Piper. – Só a minha namorada não gosta de andar de limusine. – balançou a chave do carro de Alex. – Vejo vocês amanhã.

- Até... – Piper ouviu a porta da frente da casa fechar. – Ele disse até amanhã? Que história é essa de... – ia atrás do filho, mas Alex segurou em seu braço. – Ele estava tirando com a minha cara.

- Claro que estava. – Alex respondeu com um sorriso divertido e logo em seguida depositou um beijo no rosto de Piper. – Então, acho que é a nossa vez de irmos...

 

***

Assim que cruzaram a porta do ginásio da escola, local que estava acontecendo o baile de primavera, toda a atenção foi voltada para elas.

Os adolescentes cochichavam entre si a cada passo que as duas davam. Algumas garotas estavam inconformadas e olhavam para os seus devidos pares com desdém.

Elas estavam novamente se sentindo como se estivessem no tapete vermelho de alguma premiação. Não era para menos, Diane Vause Chapman e Amelia Nichols Lane estavam acompanhadas de Finn Harper, uma das maiores estrelas da escola.

As duas estariam mentindo se dissessem que não ficaram realizadas com a expressão contrariada de Robbie e Ronny ao vê-las chegando com Finn.

Além de não conseguirem mais fazer sexo com garota nenhuma por um bom tempo, também não seriam os garotos mais cobiçados do baile.

O que mais elas queriam para que aquela noite fosse de completa diversão? Só nos cinco minutos que haviam chegado estavam tendo diversão pelo resto do ano.

Claro que elas se divertiram durante todo o decorrer do baile. Passaram a noite dançando com todas as suas amigas sem se preocupar com o que aconteceu ao redor e rindo de Finn. Ele podia ser um dos meninos mais bonitos daquele baile, mas ele era um péssimo dançarino.

Diferente de Luc que chamou a atenção de muitas garotas enquanto dançava. Hayley que não ficou nenhum pouco feliz com isso, mas nada que alguns olhares fulminantes e comentários ácidos não resolvessem.

- Então, o Lorenzo está perguntando se também pode aparecer na festa, Di. – um dos colegas de classe de Diane praticamente cochichou em seu ouvido isso. – Ou você tem alguma coisa contra ele? Se você tiver alguma coisa contra...

- Eu não tenho nada contra o Lorenzo. – Diane respondeu, mas não fazia a mínima ideia do que o menino estava falando. – E que festa é essa? Por que você está me pedindo permissão?

- Desculpa, eu pensei que a festa fosse na sua casa. Então, o Lorenzo pode ir, Amy?

- Como eu vou saber? – Amelia também não estava entendendo absolutamente nada. – Eu não estou dando festa nenhuma.

- Claro que você está dando uma festa. – Finn passou seus braços pelos ombros das garotas. – Nós estamos dando uma festa. Na sua casa. – disse olhando para Diane.

- Não, não, não. – Di se desvencilhou do braço de Finn. – Nós não estamos dando festa nenhuma na minha casa. Você enlouqueceu? E se as minhas mães descobrem?

- Elas não vão descobrir. – disse Lucas com toda confiança que possuía, sendo responsável por mais olhares confusos da irmã. Normalmente ele que era o responsável. – Nós vamos ter uma lista. Não vai se tornar o tipo de festa que acontece nos filmes.

Por pouco a festa não se tornou uma típica festa de filmes de comédia. Muitos colegas de classe realmente ficarem de fora da primeira festa dada pela família Vauseman Jecky, entretanto algumas pessoas que eles não faziam ideia de quem eram compareceram.

Por sorte, aparentemente, Finn já tinha planejado essa festa com antecedência, pois em nenhum momento nenhum dos convidados – ou penetras – passaram por dentro da casa. Todos entraram pelo portão dos fundos que dava para a piscina, lugar perfeito para se realizar uma festa.

Era como se Finn já tivesse dado aquele tipo de festa dezenas de vezes na casa de Alex e Piper. E ele tinha dado mesmo muitas festas lá em todo seu tempo de aluno do ensino médio.

Ninguém podia dizer que ele não era um bom organizador de festas sem autorização dos pais. Em poucos minutos Diane e Amelia esqueceram que a qualquer momento podiam ser pegas por suas mães e resolveram aproveitar a festa também. Não era sempre que seu ex-crush estava na cidade para organizar festas de última hora com todos seus amigos e colegas de classe que elas gostavam.

- Eu tenho certeza que o bartender não tem mais um emprego. – comentava Piper entre risos. – Ou nós não vamos mais ganhar convites para inauguração nenhuma.

- Eu não tenho culpa que ele não sabia fazer a sua bebida preferida. Fala a verdade, se eu não fosse uma empresária de sucesso eu seria uma ótima bartender, não seria?

- Claro. – deu um beijo na bochecha de esposa. – Infelizmente, eu não seria a sua esposa.

- Por que não? – puxou Piper levemente pelo braço, impedindo-a de subir a escada antes de responder a sua pergunta. – Servir bebidas alcoólicas a outras pessoas é um trabalho muito nobre se você não sabe.

- O problema não é o trabalho e sim as dezenas de mulheres pedindo bebidas que provavelmente nem vão tomar só por causa da bartender.

- Isso seria motivo para eu ganhar um aumento – puxou Piper pela cintura para mais perto de si. – não para eu não me casar com você. – colou seus lábios com os de Piper.

Alex esperou que a esposa retrucasse sua resposta entre o beijo, mas nem deu tempo dos lábios colados se tornarem um beijo por Piper estar concentrada em outra coisa que não era a boca da morena.

- Você escutou isso? – Piper se desvencilhou dos braços de Alex que estavam em volta de sua cintura e caminhou em passos curtos até a sala. – Sério que você não está ouvindo?

- Ouvindo o que exata... – Alex não precisou termina a pergunta. A única coisa que fez foi soltar uma gargalhada quando olhou pela porta de vidro que dava até o quintal e encontrou dezenas de adolescentes dançando, conversando e bebendo perto da piscina, incluindo seus filhos e sua sobrinha. – Eu não acredito que meus filhos deram sua primeira festa e não me convidaram.

- Alex, eles estão bêbados! – Piper inclinou um pouco a cabeça para o lado, tentando ter a certeza se seu filho estava mesmo bêbado ou se ele dançava daquele jeito mesmo. – Pelo menos eu acho que eles estão. Isso é ilegal!

- Vai me dizer que você só começou a beber com 21 anos? – Piper encolheu os ombros. Não precisava responder aquilo porque a resposta era óbvia. – E eles não estão bêbados. – Alex semicerrou os olhos, tentando ter certeza que a filha ria mesmo daquela forma quando estava com as amigas. – Pelo menos eu acho. – tirou o celular de dentro da bolsa. – Eu preciso...

- Não, Alex, você não vai... – Piper começou a rir ao ver Amelia virando um copo de cerveja como se estivesse bebendo água. – Meu Deus! A Jess vai ter um ataque do coração. Não é para você enviar esse vídeo...

- Já enviei. – respondeu com um sorriso sapeca. – Eu espero que eles não acordem com ressacada, caso contrário a peça que vocês passaram meses ensaiando vai flopar.

- Eu que não vou ser a mãe que vai acabar com a festa por causa disso. – Piper ergueu as mãos, isentando-se de qualquer problema que ocorrer por causa dessa bebedeira. – Mas eles podiam mesmo ter nos convidados, não podiam?

Alex fez um positivo com a cabeça, concordando com a o que a esposa acabara dizer. Logo em seguida riu por causa da mensagem que recebeu.

- Jess disse que está vindo para cá. – balançou o celular com um sorrisinho. Conseguia imaginar perfeitamente a cunhada surtando por causa do vídeo que ela mandou. – Ela vai ser a mãe que acaba com a festa.

Não demorou muito tempo para que o carro de Jess estacionasse na frente da casa das duas. Óbvio que elas estavam esperando Jess e Nicky do lado de fora. Não sabiam em que estado de surto a médica estava, então não iam arriscar deixá-la entrar em casa dando um show.

Claro que não adiantou muita coisa, Jess não deixou nem com que elas abrissem a boca para explicar que tipo de festa estava acontecendo no quintal e passou pelas duas parecendo um furacão. Nem os gritos de Nicky para que ela esperasse e não fizesse nada que pudesse se arrepender depois fez com que a médica diminuísse o passo.

Pensaram que assim que alcançassem Jess iam encontrá-la expulsando todo mundo da festa e dando um eterno sermão em Finn, mas para a surpresa de todas, encontraram a mãe de Amelia parada de frente a porta de vidro filmando as “crianças” se divertindo em sua primeira festa sem autorização dos pais.

- Vocês não acreditaram em mim quando eu disse, mas olha isso... – apontou para a filha virando mais um copo de cerveja como se não fosse nada. – Alcoolismo é genético sim. Ela bebe igual a Valentina. – abriu um pequeno sorriso. – O importante é que provavelmente ela não vai passar mal.

- Você é médica, sabe que isso não é verdade. – disse Nicky. – Por que eles não nos chamaram para essa festa? – Alex e Piper ergueram os ombros. Ainda estavam se fazendo essa mesma pergunta. - Por que você não está lá ainda acabando com essa festa? – direcionou a pergunta para a esposa. – Eu pensei que você fosse esse tipo de mãe.

- Desde quando eu sou esse tipo de mãe? – perguntou realmente ofendida. As três somente se olharam. – Só porque eu era superprotetora com a Amy quando ela era menor não significa que eu vou fazê-la passar vergonha na frente dos amigos acabando com uma festa.

- Eu estou orgulhosa de você, amor. – Nicky deu um beijo na têmpora de Jess. – Quantos copos essa menina já virou? Ela está mais sã que a Di que parece que está com aquele copo de cerveja na mão faz horas.

Elas passaram mais algum tempo observando suas eternas crianças em sua primeira festa sem autorização dos pais. Elas queriam mesmo ter sido convidadas. Como não foram, resolveram que estava na hora de ir dormir. Não queriam ser o tipo de mãe que envergonhavam os filhos em público. Não mais do que o nível autorizado pela lei maternal.

***

Amelia bateu a porta do armário sem querer enquanto pegava um prato. Em consequência, três pares de olhos a encararam com repreensão. Eles não estavam necessariamente de ressaca. A cabeça doía um pouco, mas nada que algumas horas de sono não resolvessem.

Quase não tinham dormido. Quando pensaram em dormir lembraram que tinham um quintal para arrumar e sumir com qualquer vestígio de que tinha acontecido uma festa ali. Festas sem autorização dos pais eram legais, mas davam muito trabalho.

O plano era dormir por mais tempo, mas não conseguiram. Estavam com medo de ter deixado alguma coisa passar. Precisam ver a cara de Piper e Alex de quem não faziam a mínima ideia do que eles tinham feito durante toda a madrugada.

Na verdade, a única pessoa que não estava ligando muito para as consequências da festa era Hayley. A garota só acordou mesmo porque era humanamente impossível continuar dormindo com Diane e Amelia falando no ouvido de Lucas.

- Vocês querem? – Amelia mostrou a frigideira com ovo mexido para os três. Lucas e Diane fizeram uma careta. Hayley estendeu um prato para ser servida. Ela não era uma pessoa que recusava comida a toa. – Eu acho que elas não sabem.

- Elas nem devem ter chegado em casa ainda. – disse Hayley. – Nós devíamos ter feito uma festa dessas antes porque elas vivem saindo e deixando a casa só para vocês.

- Eu não quero ouvir falar em festa pelos próximos dez anos. – Diane deitou a cabeça no balcão. – Eu preciso dormir.

- Bom dia! – desejou um casal totalmente bem humorado. – O cheiro está bom. – disse Alex referindo-se ao ovo mexido de Amelia. – Nem parece que você é filha da Nicky.

- Então... – Piper sentou no banco que tinha na ponta do balcão. – Como foi o baile? Eu quero saber todos os detalhes.

- Todos os detalhes? – Hayley abriu um sorrisinho malicioso. – Tem certeza?

- Você não tem casa não? – o tom de Piper era sem paciência. – Ou vocês dois já estão morando juntos e esqueceram de me avisar? – levantou o dedo indicador. – Por favor, não responda.

- Por que você pergunta, então?

- O baile foi ótimo. – Diane resolveu responder a pergunta da mãe antes de Hayley falasse alguma besteira. – Finn foi um ótimo acompanhante.

- Não me diga. – Alex sentou no banco de frente para ela. – Ele batizou o ponche de vocês? Ele e os amigos tinham a mania de fazer isso em todos os bailes.

- Ele também tinha mania de fazer festas sem autorização na nossa casa. – completou Piper.

- Elas sabem. – Lucas soltou um suspiro, conformado com qualquer que fosse o castigo que iam receber. – Como vocês sabem?

- Nós temos olhos. – respondeu Alex com um sorrisinho. – Você bebe bem hem, Amy.

- Ah não tia! – o tom da garota era de desespero. – Por favor, me diga que você não mandou nenhum desses vídeos para a mamãe.

- Ela tem os próprios vídeos. – disse Alex.

- Alguns ela disse que vai usar como convite do seu aniversário de 18 anos. – continuou Piper se divertindo com a expressão confusa da menina. – Quantos litros de cerveja você bebeu? Nós fizemos uma aposta.

- Minha mãe, Jessica Victoria Lane, me viu bebendo e ainda fez uma aposta de quantos litros de cerveja eu bebi ao invés de acabar com a festa? – a garota ficou mais perplexa do que estava quando as tias fizeram um positivo com a cabeça. – Por que vocês estão mentindo para mim?

- Nós não estamos mentindo. – confirmou Alex. – Ela não é esse tipo de mãe.

- Isso significa que não estamos encrencados? – perguntou Lucas com receio. – Em nossa defesa, nós não bebemos cinco litros de cerveja que nem a Amy.

- Muito obrigada! – disse Amelia sarcasticamente jogando um pano de prato em Lucas. – E não foram cinco litros, foram três litros e setecentos.

- Merda! – exclamou Piper. - Perdi! E nenhum de vocês estão encrencados. Vocês fizeram mais do que muitos adolescentes fazem quando dão uma fez sem autorização. Eu mesma não limpei a casa na minha primeira festa.

- Eu falei que deveríamos ter ido dormir ao invés de limpar tudo. – Hayley levantou do banco que estava sentada completamente indignada. – Aliás, é isso que eu vou voltar a fazer porque nós temos uma peça para apresentar mais tarde caso vocês não se lembrem.

- Eu vou voltar a dormir também. – Diane deu um beijo no rosto de cada uma de suas mães. – A propósito, eu odiei cerveja.

- Essa é minha garota. – Piper deu um beijo no rosto da filha e quando ela virou para deixar a cozinha deu um tapa na bunda dela. Agora era esperar que a filha não gostasse de mais nenhuma outra bebida e se gostasse não se transformasse em uma alcoólatra. – Nós deveríamos ganhar o prêmio de melhores mães do universo.

- Sim. – deu um beijo em Piper. – Nós deveríamos.

***

- Da próxima vez eu vou ficar com o papel principal. – Hayley e Diane estavam em uma discussão que parecia interminável enquanto desciam as escadas. Algumas horinhas de sono tinham mesmo feito milagre em todos. – Não vou aceitar desculpas de que sou muito gótica para o papel. Essa sou eu, eu sei... Eu espero que isso não seja uma intervenção.

A frase final de Hayley foi devido a Alex e Nicky sentadas no braço do sofá, encarando os quatro como se estivessem mesmo pensando em mandar todos para uma reabilitação.

- Sentem-se. – o tom de voz de Alex era firme e sua expressão era séria.

Isso fez com que imediatamente os três sentassem.

Amelia teve que puxar Hayley pelo braço para que ela sentasse também. A garota não ficou nenhum pouco feliz com isso, mas sentou-se também. Se já estava lá o que poderia fazer?

- Eu sabia que vocês estavam mentindo para mim. – Amy foi a primeira a se pronunciar. Seu tom de voz era choroso, mas isso não suavizou a expressão série da tia a e muito menos da mãe. – A mamãe nunca mais vai falar comigo, não é?

- Se a Jess nunca mais vai voltar com você? – Nicky soltou uma risada. – Sua mãe está comemorando até agora por ter ganhado a aposta sobre quantos litros de cerveja você bebeu. Admito que você começou bem, salsicha.

Amelia estava confusa assim como todos os outros.

- Se isso não é uma intervenção... – Lucas mexeu na armação dos óculos. – Por que vocês...

- Vocês sabem o que é isso? – Alex mostrou um saquinho cheio de cigarros de maconha.

- Se eu responder a verdade vocês vão me perguntar como eu sei o que é isso? – a pergunta veio de Hayley. – Por que eu tenho algumas histórias.

- Isso não é nosso! – Diane tratou de responder, antes que Hayley falasse alguma besteira. – Algum penetra da festa deve ter deixo isso cair. Eu não sei, mas eu juro que não é nosso. Nós não chegamos perto disso.

- Vocês sabem que nós fomos presas por causa de drogas, não sabem? – os quatro não responderam a pergunta de Nicky. Estavam mais preocupados com as consequências que aquele saco cheio de baseados ia trazer para a vida deles. – A Vause foi a mais estúpida de nós duas.

- Desculpa? – Alex encarou Nicky com indignação. – Eu fui a mais estúpida?

- Ninguém te obrigou a traficar drogas. Você poderia ter achado um emprego que não fosse ilegal como qualquer pessoa normal. Eu tinha um vicio.

Alex pensou em retrucar aquilo, mas iam acabar fugindo do foco da conversa.

- Por causa das drogas nós duas quase morremos. – Alex continuou.

Essa era a oportunidade que Nicky estava esperando para mostrar a cicatriz que tinha em seu peito. Como se todas as pessoas naquela sala não tinham visto aquela cicatriz pelo menos uma vez na vida.

- Eu tenho problemas cardíacos por causa disso até hoje.

- Não, você tem problemas cardíacos causados por Jessica Lane.

As crianças adolescentes quiseram rir, mas ainda não estavam certos se não estavam encrencados, portanto continuaram com a expressão de quem estava tentando entender o que estava acontecendo, quase encolhidos no sofá. Não era todo dia que as duas mandavam eles sentarem para conversar sobre drogas.

- Eu tive sorte de ter alguém compatível em minha família. – Alex levantou um pouco a blusa que usava para mostrar a sua cicatriz. – E se eu não tivesse? E se não entrassem alguém compatível para me doar um pedaço do fígado a tempo?

A língua da Diane coçou para dizer que ela e Lucas eram gêmeos idênticos, por isso ela não teria que se preocupar com isso, mas ela gostava do seu novo recorde de estar um ano e dois meses sem ficar de castigo.

- Drogas são perigosas. “Ah, mas maconha é uma droga medicinal”. – Nicky fez uma voz irritante. – Mas eu não estou vendo ninguém com a receita.

- Essa é a hora que vocês me acusam de ser dona desse saquinho? – Hayley perguntou sem medo das consequências. Elas não eram mãe dela mesmo e se falassem alguma coisa para a mãe dela ia dar na mesma de não terem falado, então... – Por que eu não gosto nem do cheiro dessa porra. Fui fumar uma vez e quase morri sufocada.

- Nós sabemos que esse saquinho não é de nenhuma de vocês. – disse Alex com um tom de voz mais descontraído. Fazendo com que todos relaxassem. – Mas a Piper achou no quintal e disse que vocês precisavam da “conversa”. – fez as aspas com os dedos. – Então essa é a conversa.

- Por que vocês não podem ser mães normais? – a pergunta de Diane tinha um pouco de irritação. – Só porque eu não tenho uma enorme cicatriz no meu peito não significa que eu não tenho problemas cardíacos.

- Não venha querer roubar minha desculpa de problemas cardíacos. – disse Nicky em tom sério. – Arrume outro problema de saúde para você.

- Eu não preciso, eu tenho um de verdade. – mandou um sorrisinho cínico para a tia. – Era só isso? Não estamos de castigo pelo resto da nossa vida?

- Não. – as duas responderam juntas.

- Então será que podemos ir para casa? – perguntou Amy. – Nós ainda temos uma peça para apresentar hoje.

- Você vai me deixar em casa hoje ou vai me fazer ir andando que nem da última vez, Nicky? – perguntou Hayley. – Eu ainda tenho as queimaduras do sol.

- Isso é pra você aprender a deixar de ser folgada. – passou seu braço pelos ombros de Amelia, mandando um sorriso a ela que ainda parecia não acreditar que estava tudo bem entre ela e Jess. – Mas eu vou te deixar em casa, tenho que pegar o cheque que sua mãe prometeu doar já que ela disse que não ia perder duas horas da vida dela assistindo a peça.

- Mamãe sempre sabe quais são as prioridades dela. – disse ironicamente. Deu um rápido beijo nos lábios de Lucas. – Nos vemos daqui a pouco.

- Onde a mãe está que não veio dar o sermão sobre drogas na gente? – perguntou Lucas, realmente curioso.

- Nós falamos que íamos usá-la como maior exemplo de estupidez, então ela levou os cachorros para passear.

- Você realmente não tem medo dela te largar, não é mesmo?

Alex ergueu os ombros em resposta ao comentário de Diane. Depois de todos esses anos, não tinha mesmo medo de Piper largá-la por saber que ela nunca iria.

***

O auditório da escola estava lotado.

Era normal a maioria dos pais irem dar apoio aos seus filhos nesses eventos escolares, mas dessa vez era diferente. Pessoas de fora que não tinham nenhum grau de parentesco com os adolescentes também estavam presentes.

Aparentemente, muitas pessoas ainda gostavam da palavra “caridade” e sempre que tinha uma estavam dispostas a ajudar. Isso era o que todos realmente esperavam quando decidiram fazer a peça, mas no fundo ninguém tinha certeza se ia dar certo.

- Pode ir sentar no seu lugar, C. – Hayley fez um gesto com a mão, praticamente expulsando Piper dos bastidores. – Seu trabalho nessa peça está completo.

- Do que você está falando criatura? – Piper ajeitou a roupa de uma menina que passou por elas. - Eu sou a diretora.

- O que ela está querendo dizer é que pode deixar com a gente, tia. – Amelia mandou um olhar de repreensão para Hayley. Amava a amiga, mas ela precisava aprender a falar com as pessoas, ainda mais quando essas pessoas era sua tia. - Nós sabemos que você quer assistir junto com a plateia, então pode ir.

- Eu não vou deixar vocês sozinhos depois de todo o trabalho que tivemos durante todos esses meses.

- Por causa desse trabalho que nós sabemos que damos conta. – disse Lucas com um pequeno sorriso. – Nós temos uma ótima equipe, mãe. Ninguém vai nos deixar entrar na hora errada ou esquecer as falas.

Piper olhou para todos aqueles adolescentes que trabalharam mesmo duro durante todos esses meses para fazer a peça acontecer. Todos com olhares complacentes, de ternura e de agradecimento. Os olhares também diziam que ela podia ir assistir tranquilamente a peça junto com toda sua família. Eles dariam conta sim e não destruíram algo que deu tanto trabalho para construir.

- Eu vou. – disse por fim. Passou tanto tempo com aquelas crianças adolescentes que era difícil negar qualquer coisa para aquelas carinhas. - Mas qualquer problema é para me chamar porque não vai adiantar nada se eu estiver lá assistindo se não tiver peça para assistir.

Os adolescentes abriram um sorriso e, quando Piper menos esperou, todos já estavam em cima dela apertando-a em um abraço em grupo.

Eles iriam sentir falta da diretora e roteirista, Piper Chapman.

- O que você acha de ao invés de um novo livro eu escrever uma peça de teatro também? – essa não era a primeira pergunta que Carol fazia para Alex enquanto a peça não começava. – Eu tenho várias ideias.

- A Floresta Encantada é uma editora.

- Não estou falando para você publicar minha peça, só estou pedindo o seu apoio.

- Quando você não tem o meu apoio, querida sogra? – abriu um sorrisinho cínico. – Escreva o que você quiser.

- Por que você está sentada no meu lugar, mãe?

- O que você está fazendo aqui? – a pergunta veio de Alex, Carol, Jess e Nicky. – Eles finalmente te demitiram como diretora? – Nicky emendou a pergunta com um sorrisinho.

- Aquelas crianças me amam como diretora. – Piper fez sinal para que Carol pulasse uma poltrona para que ela pudesse sentar ao lado da esposa. – Depois de todo o trabalho eu mereço assistir a peça com todos vocês.

- Eu sabia que deveria ter apagado meu nome do roteiro para eventuais flops. – Nicky balançou a cabeça em negativo, inconformada. – Agora é torcer para que não seja um completo desastre.

- Sua positividade e confiança nas crianças me emocionada, amor. – disse Jess ironicamente. – Vai ficar tudo bem.

- É o que nós vamos descobrir agora. – disse Alex.

O auditório ficou completamente escuro. Em questão de segundos a cortina abriu e as luzes começaram a iluminar somente o palco. Indicando o inicio da peça.

Alex entrelaçou sua mão na mão de Piper e mandou um olhar junto com um pequeno sorriso para a esposa que dizia que tudo ia mesma ficar bem. Que ela não precisava se preocupar com absolutamente nada.

E, ela estava certa.

Todas as vezes que Piper olhou ao seu redor encontrou um publico concentrado a cada letra que as crianças diziam, em cada ato que elas apresentavam. Eles riam das piadas. Interagiam com as cenas com um acenar de cabeça ou algum comentário para a pessoa que estava sentada ao seu lado.

Os adolescentes estavam melhores do que Piper imaginou. Isso não significava que nos ensaios eles estavam péssimos, pelo contrário, Piper achou que eles já tinham dado tudo de si nos ensaios, mas eles estavam conseguindo de superar.

Uma hora ou outra quando ela olhava para o canto do palco encontrava seus filhos ou sua sobrinha a olhando e, quando seus olhares se encontravam, eles trocavam um sorriso. Ela, emocionada, eles felizes por ver o olhar e o sorriso orgulhoso que ela carregava consigo.

Ao final um sonoro “ah” em chateação pela peça ter acabado foi ouvido e todos ovacionaram as crianças de pé. Não era fingimento, ninguém estava sendo complacente pelo esforço de todos aqueles adolescentes em cima do palco, todos haviam mesmo gostado da peça.

Nos bastidores as crianças estavam extasiadas. Os elogios vindos especialmente de Piper tornou todo o nervosismo que eles estavam sentindo antes de subir no palco em felicidade. Tudo havia saído melhor do que o ensaiado e planejado.

- Nós somos amigas desde a sétima série, não somos? – uma das amigas de Diane que participou da peça perguntou. A garota fez um positivo com a cabeça, sem entender o motivo daquela pergunta. – Então, eu preciso perguntar isso. Você conhece os meus pais, sabe como eles não suportam respirar o mesmo ar, mas mesmo assim continuam casados. Suas mães sempre foram assim?

Diane seguiu o olhar da amiga quando ela fez uma pequena pausa. Eles estavam fixos em suas mães que estavam do outro lado dos bastidores conversando animadamente com alguns pais. Piper abraçava a cintura de Alex com os seus dois braços e a morena a abraçava de lado com um único braço. Elas sorriam sempre que a outra estava falando. Trocavam olhares. Riam.

Isso fez com que Diane abrisse um pequeno sorriso. Ela amava o fato das mães mesmo com o passar de todos os anos continuarem se tratando como um casal recém-apaixonado.

- Elas nunca tiveram uma crise no casamento? – a amiga continuou. - Elas nunca pensaram em se separar?

- Eu acho que isso não é a sua conta. – Hayley passou na frente para responder trazendo no rosto um de seus melhores sorrisos cínicos. – Só porque os seus pais se odeiam não significa que as mães delas precisam se odiar também. Existem casamentos realmente felizes se você não sabe.

- O que eu estou dizendo é que todos os casais passam por uma crise. Quando nós nos conhecemos as mães da Amy estavam prestes a se divorciar.

- Aquilo foi um mal entendido. – Amelia tratou de defender o casamento de suas mães. – Era só uma crise que todo casamento tem. Problema de comunicação. Elas não eram loucas de se separar depois de todas as histórias que eu cresci ouvindo.

- É isso que eu estou dizendo. Crise!

- Você não leu o Orange is the new Black, não? – o tom de Hayley era ríspido. Em outro momento Diane riria de todo o incomodo de Hayley por causa daquele assunto. A maioria das vezes ela se fazia se indiferente, mas se importava com sua família. Ela conhecia toda a história. - Elas tiverem crise o suficiente.

- Hayley, vem aqui! – Piper a chamou. – Falta você nas fotos.

- Você sabe que eu odeio tirar foto... – revirou os olhos por causa da expressão de quem não estava ligando para as desculpas e reclamações que ela iria fazer de Piper. – Sem a porra do flash, por favor.

- Desculpa se não é da minha conta, mas... – a amiga encolheu os ombros. Odiava quando tinha que lidar com a rispidez fora do comum de Hayley. – Deixa pra lá.

- Eu e o Luc éramos trigêmeos. – surpreendendo Amelia, Diane começou. – Eu não lembro muito bem, Luc lembra bem mais do que eu só que ele não gosta de falar muito sobre isso. – passou a mão pelos cabelos na tentativa de alinhar todos os seus pensamentos para contar aquela história. - Nós tínhamos três anos quando nosso irmão morreu. Chris. – abriu um sorriso afetado. Não lembrava muita coisa do irmão mesmo, mas só de citar o nome dele vinha uma alegria imediata, como se tivessem tido ótimos momentos juntos, mesmo que em tão pouco tempo. – Foram dezessete meses que elas passaram separadas por causa disso. Elas quase de divorciaram. – Diane olhou para trás por alguns segundos. Abriu um pequeno sorriso ao ver a mãe loira em uma de suas eternas discussões com Hayley, enquanto a mãe morena tentava acalmá-la. – Só que elas encontraram o caminho de volta de uma para outra. Então, sim, elas já tiveram uma crise, elas quase se divorciaram, mas elas descobriram que são melhores juntas.

- Desculpa, eu não... – a amiga estava completamente sem graça. – Eu sinto muito, eu não...

Diane abriu um singelo sorriso, como se dissesse que estava tudo bem. Ela poderia ter escolhido não contar, afinal não era da conta da amiga mesmo. Mas, desde que a conhecia, sabia os problemas que ela tinha em casa com seus pais se odiando. E, mesmo assim, ela esteve lá por Amelia quando todo mundo pensou que era o fim de Jecky. Isso fez com que elas se tornassem amigas. E, se tinha algo que Diane e Amelia começaram a levar para a vida é que sempre que alguém tratava uma delas bem, isso contava como se as duas tivessem sido tratadas bem. Mesma coisa quando alguém as tratava mal. Então, seja qual fosse o motivo da amiga fazer aquela pergunta depois de todos os anos que se conheciam, não custava nada responder.

- Quem está a fim de comer uma pizza? – Alex gritou no meio dos bastidores. – A diretora vai pagar. – apertou Piper pelos ombros mostrando que era da esposa mesmo que ela estava se referindo. – Eu vou ajudar porque eu sou uma ótima esposa, todos vocês sabem disso.

- E modesta também. – disse Piper com um sorriso. – Então, vamos?

A pizzaria era outra.

Essa não tinha brinquedos, não tinha uma piscina de bolinha e nem pizzas com formato de lua. Era simplesmente uma pizzaria normal, mas aqueles adolescentes sentados todos juntos em uma única mesa se divertiam da mesma forma de quando eram crianças. A única diferença era que os pais não precisavam ficar gritando para eles não correrem.

- Isso. – Jess falava ao celular do lado de fora da pizzaria. – Qualquer coisa pode me ligar, mas eu tenho certeza que vai ficar tudo, ele tem você como médica. – abriu um pequeno sorriso. – Confie no seu instinto. Boa noite.

Jess desligou o celular.

Ao se virar para voltar para dentro da pizzaria deu de cara com Amelia encarando-a da mesma forma que sempre encarava quando achava que tinha feito alguma coisa de errado e tinha quase certeza que a mãe estava brava com ela.

Quis abrir um sorriso, mas queria ouvir o que a filha tinha a dizer.

- Você tem certeza que não está brava comigo? – os olhos azuis intercavalam entre o chão e os olhos verdes da mãe. - Por que eu juro que nunca mais vou beber na minha vida.

- Por que eu estaria brava com você? Eu ganhei a aposta.

- Eu não sei. – colocou as mãos nos bolsos do vestido. Soltou um suspiro. – Você passou o dia inteiro no hospital. Nós quase não conversamos hoje. Você pode ter dito que estava tudo bem para eu não me distrair e estragar toda a peça.

- Princesinha... – Jess segurou os dois braços da filha praticamente obrigando-a a encará-la de vez e abriu um pequeno sorriso. – Eu não estou brava com você. Eu só não quero que você ande por ai comprando bebidas com identidade ilegal e chegue todo dia bêbada em casa.

- Eu jamais faria isso com você, mãe. Cerveja é muito boa, mas eu prefiro não vê-la preocupada com sua filha mais velha se tornando uma alcoólatra. Eu só achei que... – encolheu os ombros. – Eu achei que você tivesse ficado decepcionada por eu não ser igual você.

- E quem eu disse que eu quero que você seja a igual a mim? – o tom de voz era doce, assim como seu olhar. Fez um carinho no rosto da filha. – Eu quero que você seja você.

- Muito difícil depois da lavagem cerebral que você fez em mim por anos para eu gostar de super-heróis. – Jess fez uma careta de tédio, arrancando risos de Amy. – É verdade que eu bebo igual a Valentina?

- Você acha que eu ganhei a aposta por quê?

Amelia soltou um riso, desacreditada do sorriso convencido que a mãe abriu após o fim da frase. Foi obrigada a puxá-la para um abraço. Tinha a melhor mãe do mundo e ninguém poderia dizer nunca o contrário.

- Oba! – Lizzie abraçou as duas também. - Abraço.

- Por que nós estamos nos abraçando? – Nicky perguntou confusa com a cena.

- Eu não sei. – respondeu Lizzie. – Mas é abraço, mãe.

Nicky deu de ombros e abraçou as três. Não precisava mesmo de um motivo para participar daquele abraço coletivo de sua família.

- Aw, vocês são tão bonitinhas quando estão agindo como uma família normal. – debochou Piper. Em resposta, ganhou um dedo do meio de Nicky. – Por favor, crianças, vão para casa. Nada de pararem em um bar para tomar mais vários litros de cerveja, amanhã vocês tem um jogo de beisebol para comparecer. Não façam minha esposa ter treinado vocês a toa.

Os adolescentes trocaram olhares entre si. Estavam confusos. Ninguém tinha comentado com eles que as adultas sabiam da festa sem autorização que aconteceu na casa delas na noite anterior.

Se todos os pais fossem quem nem elas...

***

Para um jogo não oficial das escolas, o estádio de beisebol estava lotado. As pessoas estavam mesmo levando a sério toda aquela coisa de caridade.

- Adivinha quem chegou?

Todos os pais próximos olharam ao redor e, logo em seguida, fizeram uma careta, trocando vários múrmuros entre eles. Por que tinham que colocar os pais todos juntos em uma única arquibancada? Já não aguentavam Nicky o suficiente nos outros jogos?

- O que é tudo isso mãe? – Nicky pulou uma caixa térmica e uma cesta cheia de cachorros-quentes. – Você que fez?

- A Carol e a Michelle fizeram. Nós não íamos deixar nossos netos passando fome e muito menos comer desses cachorros-quentes que ninguém sabe como é feito.

- Eu tenho certeza que da mesma forma que todos os outros cachorros-quentes. – ia pegar um cachorro-quente, mas levou um tapa na mão. – Ai, porra!

- Isso é para as crianças. Você se quiser pode comer do cachorro-quente que vão vender aqui já que são todos iguais.

- Você é mesmo a mãe do ano. – disse ironicamente. – Tudo certo, garotos?

Finn, Ben e Liam fizeram um positivo com a cabeça. Estavam muito ocupados comendo o cachorro-quente que Carol, Marka e Michelle trouxeram para responder alguma coisa.

- O que você induziu meus filhos a fazer agora? – Polly perguntou. – Se eu for expulsa de novo de um jogo...

- Ninguém vai ser expulsa de jogo ninguém, certo Nicky?

- Você sabe que eu não posso prometer isso, Chapman.

- Trouxemos mais refrigerante. – anunciou Michelle chegando com mais uma bolsa térmica. – E também trouxemos refrigerante de adulto.

A mãe de Jess mandou uma piscadinha para todas e Carol sacudiu uma bolsa térmica que estava em sua mão.

- Vocês estão parecendo aqueles farofeiros das praias brasileiras que levam até frango com farofa na bolsa térmica. – comentou Annie. – Liam a mamãe trouxe uns sanduíches de atum se você quiser. Isso se sua irmã e a Lizzie não comerem tudo.

- Esse é o nosso segundo. – com a boca cheia as duas garotas se defenderam. – Eu quero outro refrigerante. – disse Iris mostrando sua garrafinha vazia.

- Você que vai levá-la para o banheiro caso a mijadeira comece.

- Sou sempre eu que levo mesmo. – Andrew deu um beijo na bochecha da noiva. – Carol, se não for pedir demais eu quero um desses refrigerantes de adulto.

- Por que vocês não falam logo “cerveja”? – Liam revirou os olhos. – Nós sabemos o que é.

- Finn, Luc, Di e Amy tomaram muita cerveja sexta-feira. – comentou Ben. – Estamos esperando nossa vez.

- Vocês só têm 14 anos. – interveio Polly - Ninguém vai tomar cerveja tão cedo.

- Pelo menos não até vocês terem 16 anos. – cochichou Finn, arrancado risos dos garotos.

- Ainda bem que você volta para a faculdade amanhã, Finn Harper. Você é um péssimo exemplo para essas crianças.

- Mas não era você que estava reclamando que não queria que ele fosse embora? – questionou Ben. – Disse que ele podia largar até a faculdade se quisesse sendo que eu não posso largar a escola.

- Escola e faculdade são coisas totalmente diferentes. Você ainda vai aprender isso com o tempo.

- Será que um dia ela não vai ficar gostosa com esse uniforme e boné? – Piper mandou uma piscadela e um sorrisinho sacana para a esposa. Alex respondeu da mesma forma. – A pergunta foi retórica, Hayley.

- Eu estou muito ocupada comendo para responder as suas perguntas, C. – respondeu a garota com a boca realmente cheia. – Por que nós gostamos de beisebol mesmo?

- Por que o seu namorado está jogando? – Diane respondeu com uma pergunta. – Eu não sei.

Hayley fez um negativo com a cabeça. Aquilo ainda não era o suficiente para justificar todo mundo passar um domingo inteiro em um estádio gritando sempre que alguém acertava ou errava uma bola.

- Por causa das comidas. – respondeu Amelia tomando um gole de seu refrigerante. – Esse cachorro-quente está bom pra po... – Jess olhou para a filha. – Arrasou no cachorro-quente, vó. – a garota levantou seu pedaço de cachorro-quente, disfarçando por causa do palavrão que quase soltou. – Você precisa provar, mãe.

- Eu não posso, sua avó não deixa. – respondeu Nicky.

- Eu estou falando com a mãe, não com você.

- Salsicha, vai... – revirou os olhos, não podia mandá-la realmente ir para onde ela queria mandar por causa do monte de crianças presente. - Só vai.

Amelia mandou um sorrisinho cínico para a mãe loira. Amava irritá-la com toda essa confusão que ela causava chamando as duas mães de mãe.

Não demorou muito para que o jogo começasse. Cada jogador foi anunciando individualmente, portanto, quando Lucas entrou em campo, Polly descobriu o que Nicky induziu seus filhos a fazerem.  Finn, Ben, Liam, Larry e Nicky levantaram as blusas que usavam revelando na barriga de cada um uma letra do nome de Luc escrita de branco.

O garoto não conseguiu esconder o sorriso ao ver o que sua família tinha feito. Até ficou surpreso por ver Hayley também sorrindo com o gesto deles.

Alex quase teve um ataque de riso quando viu o que aqueles cinco tinham feito, causando um pequeno alvoroço na arquibancada que teve que ser contido por Piper e Jess, antes que Nicky fosse expulsa do jogo que mal tinha começado tendo em vista que muitas mães não ficarem felizes com Nicky mostrando sua barriga junto com os garotos.

Falar que o jogo correu sem maiores confusões seria mentira. Por estar com o placar muito apertado, as pessoas se tornavam torcedores mais competitivos e barulhentos, portanto uma hora ou outra os pais dos adolescentes do time adversário olhavam torto para os torcedores de Lucas Vause Chapman. Algumas vezes rolava algum bate boca, mas nada que fizesse com que alguém fosse expulso do jogo.

Para quem não estava participando da rixa de pais e parentes era bonito de ver toda aquela torcida. Toda a família unida. Todos os gritos, sorrisos, comentários e provocações. Era uma energia boa que fazia com que as pessoas também quisessem fazer parte daquela família.

Depois de muitas paradas cardíacas, o time de Alex foi o campeão. Alguns pais ficaram irritados com o placar, mas o que podiam fazer? Foi justo e foi por uma boa causa.

Os garotos estavam extasiados. Treinaram muito para fazer um bom jogo só não imaginaram que sairiam campeões e com todo mundo gritando por seus nomes.

No final das contas, o fim de semana tinha saído melhor do que o planejado para todos.

- Eu sei que você comemorou muito hoje... – Piper jogou o boné de Alex longe. Antes que pudesse completar a frase, Alex abafou suas palavras com um beijo e fechou a porta do quarto com o pé. – Mas eu espero que tenha pique para uma última comemoração.

- Eu sempre tenho tempo para mais uma comemoração. – disse Alex em tom mais rouco que o normal. – Ainda mais com você. – deu um rápido beijo em Piper, terminando com uma mordida em seu lábio inferior e a jogou na cama.

Infelizmente, o celular de Alex começou a tocar.

- Não atende. – Piper puxou a esposa para mais perto de si e lhe deu um beijo. – Não atende. – disse pausadamente entre os lábios da morena. – Não atende. – encerrou com uma leve mordida no lábio inferior dela.

Alex tentou resistir ao toque tirando o celular do bolso para desligá-lo, mas ao ver o nome no visor, ela se jogou ao lado da Piper na cama, deixando a loira um pouco frustrada.

- Desculpa, mas... – apontou para o celular. – Um minuto.

A conversa durou bem mais do que um minuto, mas Piper não se importou. Poucas eram as vezes que Alex trocava a sua família por causa de trabalho. Para isso acontecer precisava ser algo realmente importante, algo que ela estivesse esperando por muito tempo e que finalmente tinha acabado de acontecer.

Esse era o caso daquela ligação. Todos os sorrisos e a animação na voz da morena indicavam que ela tinha conseguido o contrato de um livro que ela lutou por muito tempo. Isso as levaria para duas comemorações naquela noite.

- “Como você se vê daqui dez anos” é nosso.

Alex encheu a esposa de beijos como o ápice de sua felicidade por causa daquele contrato. Sem segundas intenções, eram beijos de alguém que estava realmente feliz por causa da notícia que respondeu.

Piper correspondeu os beijos na mesma altura. Amava ver Alex feliz daquela forma.

- Como você se vê daqui dez anos? – Piper perguntou simplesmente do nada. Foi obrigada a rir quando Alex saiu de cima de si e deitou-se ao seu lado na cama, visivelmente incomodada com a pergunta. – Desculpa. – deu um beijo no rosto da morena, ainda rindo. – Eu esqueci que daqui dez anos você vai...

- Pipes, não começa. – a interrompeu. – E, antes que você diga alguma coisa, eu não tive crise nenhuma dos 50 anos. – Piper abriu um sorrisinho debochado como se dissesse “claro”. – Pelo menos eu não tenho problema em ouvir a palavra “netos”.

- Meus filhos são umas crianças! – exclamou, incomodada com o rumo da conversa. – Não tem nada a ver com a minha idade.

Foi a vez de Alex devolver o sorrisinho debochado de “claro”. Piper lhe deu uma travesseirada, arrancando risos.

- 10 anos atrás eu me via exatamente onde eu estou agora. – disse Alex ganhando olhares confusos de Piper. – Ao seu lado, sendo boas mães. Na verdade, não tão boas, eu ainda não sei quem educou essas crianças. – as duas riram. – Eu me imaginava ao seu lado. – envolveu os braços na cintura de Piper. – E aqui eu estou. – selou seus lábios aos de Piper.

- Eu nos imagino da mesma forma daqui dez anos. – disse Piper. – Com nossos filhos felizes, com nossas amigas quase sendo expulsas de jogos de beisebol. – as duas riram. – Com nós duas juntas. Não só daqui dez anos, mas como em vinte, trinta, quarenta anos também.

- Eu não vou nem parar para fazer as contas.

Piper riu da forma série que Alex disse aquilo e lhe deu um beijo. Uma vez ridícula...

- Eu te amo, Al.

- Eu te amo, Pipes.

Dez anos depois a jovem – que agora era uma mulher – encontrou com a pessoa que lhe perguntou como ela se via em dez anos.

Ela não havia aberto um restaurante, mas ela estava prestes a ter a primeira série que escreveu sendo produzida. Ela ainda estava solteira. Não tinha filhos. O problema no coração que ela achava que iria ter por causa de suas dores no peito era somente por causa de suas crises de ansiedade e não foi sua amiga que cursou medicina que descobriu. Na verdade, ela nem sabia se sua amiga tinha cursado medicina, pois elas não eram mais amigas.

A pessoa quis entender o motivo da mudança drástica em sua vida. Como alguém que disse que queria ser dona de um restaurante tinha se tornado uma criadora de uma série de TV? Dez anos atrás ela parecia tão certa e confiante do que queria.

Com um sorriso ela respondeu que na época era somente uma adolescente que criava um mundo perfeito na cabeça. Com o tempo e as rasteiras que a vida lhe deu, ela entendeu que o caminho que estava querendo seguir era totalmente errado.

Como alguém que passava o dia inteiro criando histórias e que nem cozinhava muito bem assim poderia pensar em passar o resto da vida dentro de uma cozinha de um restaurante sem sentar na frente de um computador sempre que viesse uma história na cabeça?

No final, ela só precisava de um “em dez anos” provisório para descobrir como ela realmente estava se vendo em dez anos. E, esse novo “em dez anos” que ela tinha na cabeça, era muito melhor e a deixava muito mais feliz do que o “em dez anos” que imaginou em sua adolescência.

I only know what I know

(Eu só sei o que eu sei)
The passing years will show

(Os anos que ainda virão irão mostrar)
You've kept my love so young, so new

(Que você manteve meu amor sempre jovem, renovado)

And time after time

(E repetidas vezes)
You'll hear me say that I'm

(Você vai me ouvir dizer)
So lucky to be loving you

(Como eu sou sortuda por amar você)

- Time After Time (She & Him)


Notas Finais


Eu espero que esse capítulo tenha compensado só um pouquinho por toda a demora e se não compensou, desculpa!

Prometo tentar não demorar muito para postar o capítulo final, mesmo querendo demorar mais um mês para postar o capítulo final só para adiar mais ainda o final da fic, mas não vou fazer isso não, sério.

Até o último capítulo <3


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