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História We can live like Jack and Sally - Capítulo Único.


Escrita por: bunnykook

Notas do Autor


Vocês não sabem o quanto eu to feliz de poder trazer essa OS de natal pra vocês. Já faz um tempo que começo dezenas de plots e não consigo terminar um sequer, e juro que pensei que seria o mesmo com esse aqui, mas me esforcei bastante e consegui terminar, então eu espero, de coração, que gostem, porque eu coloquei muito carinho e estava com muita saudade de postar alguma coisa pra vocês.

PS: Obrigada pela capa bebea, você é sempre incrível e sabe exatamente o que eu quero!
PSS: é mpreg jk viu galera? acho que eu nem precisava falar, mas né...

Capítulo 1 - Capítulo Único.


Fanfic / Fanfiction We can live like Jack and Sally - Capítulo Único.

 

Minhyuk se sentia extremamente pensativo nos últimos dias. Pra sua cabecinha de 5 anos, que que geralmente estava ocupada com os desenhos da manhã, seu horário fixo de fazer cocô e suas preocupações de manter o irmão gêmeo vivo – visto que Jeongsan era completamente maluco, finalmente percebeu algo que há tempos vinha acontecendo, o que o deixou até um pouco surpreso, já que devia ser o gêmeo mais inteligente, decidindo isso por si mesmo.

— San.

O pequeno chamou, da onde estava sentado no sofá, vendo o irmão empilhando seus bonecos legos, sem entender nada, mas honestamente nem tentava também – Maluco, lembram?

Enfim, não esperou o outro responder.

— Sabe o que eu tava pensando aqui?

Jeongsan parou por alguns segundos, a mãozinha em seu próprio queixo, achando que aquilo era algum tipo de jogo de adivinhação.

— Sei! — Gritou. — Dinossauro!

Min balançou a cabeça rápido.

— Não é isso, San.

O gêmeo mais novo deu de ombros então, soltando um ‘’Ah’’, antes de voltar a empilhar seus bonequinhos, já não mais tão interessado naquele jogo do irmão.

Já Minhyuk bufou, pulando do sofá e ajoelhando em frente ao mais novo, segurando seu rostinho nas mãos.

— San, sabe o que eu tava pensando aqui?!

Falou novamente, dessa vez mais firme, e o irmão encostou a testa na sua, gritando de volta:

— O que é, min?!

Antes de rir baixinho, sendo acompanhado por Minhyuk, que não conseguia ficar sério com o irmão por muito tempo.

— A gente sempre passa o natal com a vovó e o vovô, por que será?

Jeongsan deu de ombros, ainda encarando o gêmeo.

— Acho que eles gostam muito da gente.

— Acho que sim, — O Min assentiu. — Mas os papais nunca passam com a gente.

— Se você tá tão curioso, pergunta pro papai então.

San levantou as mãozinhas, como se fosse algo óbvio.

— Hmm, é, vem, vamos falar com ele.

Disse, já segurando o irmão pelo pulso e se levantando com eles, mas logo ouviram um barulho de coisas caindo, e quando Min olhou para trás, percebeu que havia derrubado todos os bonequinhos de Lego de Jeongsan.

— Olha o que seu bundão fez, Min!

— Oh oh...

O mais velho murmurou, roendo a unha do indicador enquanto encarava a bagunça. Porém, Jeongsan apenas riu, se jogando no irmão e tentando bater em sua bunda, enquanto Minhyuk ria e tentava o empurrar.

— Para, seu bobo, vamos logo!

 

Encontraram Jeongguk na cozinha e Jeongsan arrastou a cadeira até onde o mais velho estava, subindo na mesma e o encarando por baixo, com uma careta.

— Que cara é essa? Não é possível que foi eu que fiz.

Jeongguk falou, ouvindo uma risada do pequeno.

— Você tá fazendo cookie? Ixi...

— Papai tá fazendo cookie?

Min repetiu, num tom quase de choque, antes de subir na escada junto ao irmão.

— Tô, eu tô fazendo cookie, qual o problema, hein?

Os gêmeos se entreolharam por um tempo, antes de virarem o rosto para Jeongguk ao mesmo tempo.

— Da última vez você quase quebrou o dente do appa.

Jeongsan disse, enfiando o dedo na mistura que Jeongguk havia feito.

— Ei, ei, ei, é cookie de chocolate, não cookie de Jeongsan, vai saber onde tava essa mão. Aliás, você não toma banho desde ontem à noite.

San arregalou os olhos como um cervo em frente a luzes de farol, o dedinho já na boca enquanto saboreava a massa.

— O Min queria perguntar uma coisa!

Disse logo, dando um tapinha no ombro do irmão, que quase perdeu o equilíbrio, se não fosse por Jeongguk que o amparou com o próprio corpo.

— Vocês estão ficando grandinhos demais pra subirem na mesma cadeira. — Suspirou, voltando a mexer a massa. — O que foi, Min?

O gêmeo mais velho foi logo ao ponto.

— Por que a gente fica com a vovó no Natal e vocês não?

Jeongguk sabia que um dia aquela pergunta viria, só não esperava que fosse logo. Mordeu o lábio, misturando mais um pouco de farinha de trigo na bacia.

— É um assunto meio delicado pro appa.

— O que é delicado?

San perguntou, de cenho franzido, se inclinando na bancada.

— É tipo quando falam que o Homem de ferro morreu, você e o papai ficam tristes, sabe?

Minhyuk explicou, fazendo um carinha no cabelo do irmão quando este fez um beicinho.

— Ah...

— É. — Jeongguk murmurou. — Mas a gente não queria deixar vocês de fora da festa, então por isso vocês ficam com a vovó e o vovô.

— E vocês ficam aonde? — Minhyuk questionou.

— Em casa.

O Jeon deu de ombros, pegando com a colher um pouco da massa e passando para a mão, antes de colocar na boca de Jeongsan, que sorriu todo com aquilo, se deliciando com a massa crua. Minhyuk apenas fez uma careta quando Jeongguk ofereceu um pouco para si também.

— Aposto que é culpa do Papai Noel. — San disse com propriedade. — Nunca gostei dele mesmo, a roupa dele não é nada fashion!

— Vermelho é sua cor favorita, San. — Minhyuk o lembrou.

— Porque eu sei usar.

San deu de ombros, o narizinho em pé. Jeongguk soltou uma risadinha, balançando a cabeça.

— O Papai Noel não tem nada a ver com isso, San.

O gêmeo mais velho estava pronto para fazer mais perguntas, mas ouviram a voz de Jimin ecoar pela cozinha.

— Entre todas as coisas do mundo, hoje descobri que sou horrível em desenhar gatos.

Jimin era professor de desenho, além de trabalhar desenhando retratos, gostava de sua profissão, além de se dar super bem com seus alunos, já que era o tipo de cara bem tranquilo e fácil de conversar.

— Um aluno teve que me ensinar uma forma fácil de desenhar um gato, tem noção disso? Um aluno me ensinando a desenhar.

Falou, pegando a colher da mão de Jeongguk e pegando um pouco de massa, enfiando na boca logo em seguida e jogando a colher na pia. Abriu a gaveta e tirou outra lá de dentro, a entregando para o Jeon.

— Qual o problema de vocês e comer massa crua?

Minhyuk falou indignado.

— Achei que você era bom com auto retrato, gatinho.

Jeongguk falou com o Park, piscando o olho e deixando um tapinha na bunda do mais velho, que sorriu e inclinou-se pra dar um beijo rápido no mais novo.

Minhyuk arregalou os olhos, tampando rapidamente os olhos do irmão.

— Eca, eca, eca!

— Tá escurinho!

Jeongsan riu, segurando as mãos do gêmeo mais velho.

Jimin sorriu, se aproximando dos filhos e pegando um em cada braço.

— Vamos lavar essas carinhas e descer pra comer os cookies do papai, rezar pra não quebrar os dentes, ninguém aqui é fã de dentista.

— Odeio dentista!

San falou, a mãozinha fechada em punho.

— Ei! — Jeongguk repreendeu, apontando a colher pro pequeno. — Você é novo demais pra odiar as coisas, não diga isso. A não ser-

— Sobre pessoas ignorantes!

— Sobre pessoas ingnorantes!

Os gêmeos falaram ao mesmo tempo.

— É ignorante, San. — Min riu.

— Desodorante. — Jeongsan gritou.

— Corante. — Minhyuk entrou na brincadeira.

— Elefante.

Jeongguk ouvia os pequenos gritando enquanto Jimin se afastava com os mesmos, até que Jeongsan não encontrasse outra palavra, ao invés disso soltando um ‘’Pato’’ qualquer, e Jimin prontamente respondeu com ‘’Rato’’, enquanto Minhyuk soltou um:

— Gato!

O que fez Jimin grunhir em frustração, tirando uma risada dos filhos.

 

Os cookies de Jeongguk estavam incrivelmente macios e crocantes quando finalmente saíram do forno.

‘’— Um milagre de natal’’

Foi o que Jeongsan constatou. Mas o olhar de Jimin não passou despercebido por Minhyuk.

 

Naquela noite Jeongguk que colocaria as crianças na cama, e o gêmeo mais velho resolveu usar aquele tempo pra continuar o assunto de antes.

Jeongsan já estava enrolado feito um burrito no edredom quando o Jeon entrou com Minhyuk no colo, sentando na cama do pequeno.

— Papai, e se a gente passasse o Natal juntos esse ano?

Min insistiu no assunto.

Jeongguk soltou um suspiro.

— Eu posso tentar falar com o appa, mas não quero que criem esperanças.

— A gente pode criar um hamster?

Jeongsan perguntou, se sentando na própria cama com os olhinhos arregalados e cabelos bagunçados pelo edredom.

Minhyuk e Jeongguk se encararam por alguns segundos, antes de soltarem uma risadinha.

— Você nem cuida das suas cuecas, San. — O Jeon brincou.

O gêmeo mais novo bufou, se enrolando no edredom novamente e andando até a cama do irmão, escalando a mesma com facilidade e deitando no travesseiro do irmão.

— Eu também queria passar o Natal juntos. — Murmurou.

Jeongguk mordeu o lábio, não fazia ideia de que os garotos sentiriam tanto aquela época do ano, principalmente porque sempre pareciam se divertir na casa de seus pais, já que geralmente seu irmão e sobrinhos também iam pra lá, e sempre voltavam com dezenas de histórias.

Mas também não podia os culpar, sentia falta de comemorar aquele feriado, e principalmente, queria estar com os filhos. Mas, por outro lado, sabia dos sentimentos de Jimin e faria de tudo para distraí-lo pelo menos um pouco naquela época, porque não tinha nada melhor do que ver o sorriso de seu marido.

Ainda assim, Jimin nunca o forçava a nada. Já havia dito várias e várias vezes que não tinha problema algum se o Jeon quisesse passar o Natal com os pais, e Jeongguk sabia que era verdade, Jimin era bom demais para querer lhe proibir de qualquer coisa ou ficar bravo por algo tão trivial.

— Eu sei. — Jeongguk suspirou.

— E se a gente fizesse algo legal?

Minhyuk sugeriu animado.

— Tipo o que? — Jeongguk perguntou, encostando o queixo na cabeça do filho.

— E se a gente fizesse nossa própria festa? Halloween é a época preferida do appa, a gente podia usar, né? Halloween no natal, igual o filme!

Aquilo fez com que Jeongsan se sentasse novamente, assentindo rapidamente.

— Vamos pegar doces!

— San, não vai ser exatamente Halloween. — Jeongguk riu. — Só vamos fingir, só nossa família.

O pequeno fez beicinho.

— Pode ser Halloween se você comprar doces.

— E cadê o dinheiro que sua vó te deu de aniversário? — O Jeon ergueu a sobrancelha. — Ah, é mesmo, você deu pro seu irmão pra ele limpar sua bagunça do quarto.

Min sorriu largo, dando de ombros.

— E eu gastei muito bem!

— Com livros. — Jeongsan revirou os olhos. — Sem fotos!

— Mas eu leio pra você fazendo vozinha. — Min murmurou.

Jeongsan pareceu pensar por uns segundos, dando de ombros.

— Tá bem. Então, vamos fazer um Halloween pro appa?

 Os gêmeos se viraram para Jeongguk, os olhinhos brilhando pidões, lembrando o mais velho de quando eram apenas nenéns. Jeongguk gostava de chamar aquele olhar de ‘’Acabamos de te destruir mas somos fofos’’, fazendo referência ao dia em que nasceram e o Jeon se sentia completamente dolorido, mas tinha aquelas coisinhas lindas em seus braços.

‘’— Uau, foi eu que fiz.’’

Foi o que pensou naquele dia, nem se importando com o fato de que estava mais suado do que quando malhava. E claro, sem nem entrar no fato de que usava aquela roupa horrível de hospital.

Mas também se lembrava de Jimin. Se lembrava das reações do marido quando finalmente viu os filhos, se lembrava de que só havia visto aquele brilho nos olhos do mais velho duas vezes antes, a primeira quando se conheceram e o Jeon teve certeza que nunca alguém o olharia daquela forma, e Jeongguk prometeu a si mesmo que continuaria colocando todas as estrelas no céu do mais velho.

E, segundo, quando via as interações de Jimin com o pai.

Suspirou então, assentindo.

— Tudo bem, vamos fazer um Halloween pro appa.

Os garotos sorriram largo, soltando um grito animado. O Jeon riu, tampando as boquinhas dos filhos.

— Shh, ele não pode saber. — O mais velho sussurrou.

Os meninos assentiram, rindo baixinho quando Jeongguk afastou as mãos.

— Agora vão dormir, temos muito o que fazer amanhã.

Jeongguk levantou Minhyuk de seu colo, o colocando na cama ao lado do irmão. Puxou o edredom por cima dos filhos e deu um beijo na testa de ambos. Antes de sair do quarto, Jeongsan o chamou.

— O que foi, encrenquinha?

— Você... Pode não dizer pro Papai Noel que eu disse aquilo? Na verdade eu acho ele um cara legal...

O Jeon assentiu.

— Pode deixar, não vou dizer nada.

— Não vai mesmo, você tem medo dele. — Minhyuk murmurou.

O Jeon apertou os olhos, desligando a luz antes de sair do quarto e ir em direção ao próprio.

 

— Você contou pro Min que eu tenho medo de Papai Noel?

Jeongguk colocou as mãos na cintura ao entrar no quarto, vendo Jimin virar para si com um olhar extremamente culpado no rosto, enquanto escovava os dentes.

— Que dixe ixo?

Falou, ainda com espuma na boca.

O Jeon revirou os olhos, tirando a camisa e pegando a toalha.

— Eu não tenho medo, ok? Só um leve desconforto.

Jimin riu, indo até a pia e cuspindo.

— É claro, como quando sumiu com o Papai Noel de pelúcia do lado de fora da casa dos seus pais e colocou a culpa no Lasanha.

Jeongguk deu de ombros, terminando de tirar a roupa enquanto caminhava até o banheiro.

— Não tenho culpa se aquele cachorro come tudo.

— Ainda não superei ele ter acabado com minhas pantufas do Batman. — Jimin suspirou.

— Mas ele não fez is—

Porém o Jeon cortou a si mesmo, arregalando os olhos quando percebeu o que estava fazendo.

— Enfim, vou tomar banho.

Falou rapidamente, correndo até o banheiro e fechando a porta.

O Park apenas suspirou, sorrindo de canto. Estava sempre mais próximo de arrancar de Jeongguk que havia sido ele a sumir com suas pantufas por pura implicância.

— A gente nunca mais vai transar.

Foi o que o Jeon disse quando Jimin chegou com as pantufas em casa.

— Não sei porque, eu tô me sentindo muito fashion com essas pantufas.

Jimin deu de ombros.

— É horrível, me dá vontade de vomitar. Você espera que eu vomite em você quando estivermos transando?

— Eu não transo de pantufa, Gu.

Jeongguk o encarou por alguns segundos.

— Você tem um ponto.

 

-x-

 

No dia seguinte lá estava Jeongguk e os filhos no supermercado. Os gêmeos, em pé dentro do carrinho, apontavam para qualquer coisa que parecesse bonita ou gostosa, Jeongguk tinha certeza que se deixasse a festa na mão dos filhos, estariam falidos, até mesmo uma rena de quase dois metros queriam levar.

— Não é uma festa de natal, lembram?

Jeongguk argumentou.

— Podemos transformar ela em zumbi! — Jeongsan sugeriu.

— É, ou arrancar a cabeça dela fora! — Minhyuk falou, soltando um grunhido e tentando morder o rosto do irmão, que o empurrou enquanto ria.

— É uma boa. — Jeongguk considerou. — Vai pra lista do talvez.

Jeongguk quase deslizava pelos corredores do supermercado, corria com o carrinho e então subia no mesmo, ouvindo a risada dos pequenos.

— Papai, ainda podemos ter a comida de natal, né?

Jeongsan perguntou de repente, como se só agora lembrasse daquele detalhe. Minhyuk olhou preocupado para o irmão, sabia que Jeongsan era o maior devorador, e mais do que isso, sabia que San era apaixonado na comida natalina, normalmente sua vó precisava colocar limites, porque como o próprio San dizia:

‘’— Eu posso comer até explodir!’’

— Bem, acho que não tem problema. — O Jeon deu de ombros. — Só precisamos fazer alguns ajustes.

— E se a gente destroçasse o peru como se um monte de monstros tivesse comido ele?

Minhyuk sugeriu.

— E esses monstros por acaso são vocês dois?

— Pode ser! — Jeongsan sorriu largo.

Jeongguk riu.

— Tudo bem, a gente dá um jeito.

 

Depois de fazerem algumas compras, Jeongguk guardou as sacolas no carro e colocou os filhos nas cadeirinhas. Ajeitou o cabelo no retrovisor, encarando o próprio reflexo enquanto mexia nos fios. Não demorou até ouvir umas risadinhas.

— Você precisa cortar o cabelo. — Jeongsan comentou.

O Jeon ergueu a sobrancelha, encarando os filhos pelo espelho.

— Você que precisa.

— Não toca no meu cabelo. — San falou rapidamente, colocando as mãos na cabeça.

Minhyuk riu baixinho.

— Eu gosto do seu cabelo, papai, é bonito ele assim.

— E é por isso que ele precisa cortar, Min!

Jeongsan disse entredentes, murmurando baixinho para o irmão, como se não quisesse que Jeongguk escutasse.

— Por que? — Minhyuk murmurou de volta.

— Porque eu já queria ter o cabelo diferente da família! — Jeongsan disse como se fosse óbvio. — E o do papai é mais bonito do que o meu, então ele precisa cortar.

Minhyuk considerou aquilo por alguns segundos, enquanto Jeongguk ouvia a conversa dos filhos e ligava o carro, fingindo que não estava escutando nada.

— Eu acho que o de vocês dois são bonitos. — O gêmeo mais velho protestou. — O do papai faz umas curvinhas, o seu é lisinho, é diferente, os dois são lindos.

Jeongsan considerou daquela vez, o rostinho se inclinando para o lado, tentando observar mais do cabelo do mais velho enquanto o mesmo dirigia.

— Você tem razão. — Disse baixinho, antes de aumentar a voz. — Papai, você não precisa cortar o cabelo.

— Sério? Puxa, San, eu agradeço.

Jeongguk sorriu, vendo o filho sorrir de volta todo orgulhoso de si mesmo, e Minhyuk fazia um joinha com o dedão.

 

Quando estacionaram em casa, Jeongguk apenas abriu a porta do carro pros filhos, já que os mesmos eram prós em sair da cadeirinha. Assim que fecharam a porta, Minhyuk questionou.

— Papai, e se o appa ver as comidas? Ele vai ficar desconfiado!

— Eu vou colocar as comidas de geladeira naquela perto da piscina, o appa não vai olhar lá. O resto fica no carro, ele sabe que perde o dedo se encostar no meu possante.

Os gêmeos assentiram, correndo pra dentro de casa.

— Appa!

Jeongsan gritou e Jeongguk franziu o cenho.

— E aí, pequenininhos.

Ouviu a voz de Jimin vindo da sala.

— Ei, você chegou cedo hoje.

Jeongguk comentou, aceitando o balde de pipoca que Jimin havia levantado em sua direção.

— Pois é, finalmente estou de férias.

Os gêmeos e Jeongguk se entreolharam de olhinhos arregalados por uns segundos, antes do Jeon forçar um sorrisinho.

— Oh, mesmo? Não tem nenhum retrato pra entregar? Nada?

Jimin negou, enchendo a mão com pipoca e enfiando na boca.

— Nadinha mesmo, sou todo de vocês. — Disse de boca cheia.

— Uau, isso é incrível.

Jeongguk murmurou, jogando a chave do carro na mesinha e suspirando alto enquanto subia as escadas. Jimin franziu o cenho, virando para os filhos.

— Acho que ele não queria me dividir com vocês. — Deu de ombros, rindo, antes de voltar a assistir um filme qualquer.

Os irmãos fizeram um beicinho, descendo do sofá e correndo escada acima também.

— Bom, parece que eu sou só meu mesmo.

O Park disse, comendo mais um punhado de pipoca.

 

— O appa melou o rolê!

Jeongsan grunhiu, pegando uma pelúcia em cima da cama e jogando no chão pra mostrar a frustração.

Jeongguk apertou os olhos.

— Você precisa parar de ter tantas conversas com o tio Hobi.

Minhyuk suspirou.

— A gente pode distrair ele.

O Jeon assentiu.

— Só precisamos de mais uma parte do plano. Ainda faltam três dias pro Natal, podemos conseguir alguma distração até lá.

— E se a gente falar que a vovó precisa de ajuda com o celular novo? — San sugeriu.

— A vovó sabe mexer mais do que a gente, San. — Minhyuk o lembrou.

— Não se preocupem, tá? Eu vou dar um jeito. O super papai tá aqui pra resolver esse tipo de problema que o appa insiste em criar.

Min assentiu rápido.

— O appa é encrenquinha.

— Ele puxou você. — Jeongsan riu.

— Ele nasceu primeiro, San, então eu puxei el— Mas o garoto cortou a si mesmo. — Ei, você que é o encrenquinha!

 

-x-

 

Na manhã seguinte Jimin já estava de pé e fazendo o café da manhã quando Jeongguk entrou na cozinha usando uma camisa do mais velho. Esfregou os olhos, franzindo o cenho.

— O que está fazendo?

O Park deu de ombros.

— Bom, já que daqui uns dias os meninos vão passar o final de semana com seus pais, pensei da gente passar esses dias mais próximos, e pra começar, tcharam, eu fiz o café da manhã. Eu sei que você ama quando eu cozinho.

O Jeon mordeu o lábio, vendo a pilha de panquecas que o marido havia feito.

— Oh — Respirou. — Tudo bem, parece ótimo.

Jimin sorriu, se aproximando do marido e o puxando pela cintura, deixou um cheiro em seu pescoço e uma mordida em seu maxilar.

— Você fica tão lindo com minhas roupas.

O Jeon riu, apoiando as mãos nos ombros do mais velho.

— Eu sei que você compra tamanhos maiores só pra me ver usando. — Murmurou.

— E às vezes tamanhos bem menores pra te ver usando também.

Jimin sorriu, descendo as mãos até a parte de trás das coxas de Jeongguk, subindo lentamente até a bunda do mesmo.

— Você é o pior, Ji.

Jeongguk riu, puxando o marido pra um beijo. O Jeon nunca saberia explicar, mas eram momentos tão simples como aquele que o faziam lembrar do porque havia se apaixonado tão perdidamente pelo mais velho. Gostava da respiração quente de Jimin em sua nuca de manhã. Gostava de como o Park agarrava sua camisa enquanto dormia, e gostava até mesmo de seus pés gelados.

Amava Jimin o bastante pra abrir mão de comemorar seu feriado favorito.

Desde pequeno ficava completamente extasiado com tudo que o Natal trazia. Gostava de ser levantado bem alto por seu pai e colocar a estrela na árvore. Gostava de ajudar sua mãe com todas as comidas e enfeitar as casas de gengibre. Gostava até mesmo de deixar biscoitos e leites pro Papai Noel, pensando que, talvez, se fizesse aquilo, o velho não se rebelaria e tentaria o sequestrar, já que seus pais sempre diziam que Jeongguk havia sido o melhor presente do mundo e, pelo o que o Jeon entendia, o Papai Noel dava presentes, não recebia nenhum, então quem podia garantir que ele não enlouqueceria num desses dias, vendo todo mundo tão feliz com seus presentes, e então roubaria o melhor de todos pra ele?

O melhor de todos sendo ele, claro, Jeongguk!

Quando o Jeon se afastou do marido, alisou seu rosto, deixando um beijinho em seu nariz.

— Eu te amo. — Murmurou.

— Eu sei. — Jimin sorriu.

Jeongguk revirou os olhos, dando um tapinha no peito do outro.

— Para de achar que é o Han Solo.

O Park riu, puxando os braços do mais novo e dando beijos por todo seu rosto.

 

A noite Jeongguk já havia pensado no plano perfeito. Precisava que Jimin ficasse fora de casa por todo o dia 24, o que estava sendo difícil, já que o Park havia mesmo levado a sério aquela história de grudar na família. Jeongguk o amava, essa era uma verdade, mas às vezes Jimin conseguia ser grudento o suficiente pra não dar um descanso nem mesmo quando o Jeon precisava usar o banheiro.

— Se você entrar no banheiro atrás de mim, eu juro que mijo em você.

Foi o que finalmente fez o Park dar meia volta e caminhar até a sala novamente. Sabia que Jeongguk não estava blefando.

 

— Relaxa, eu consigo fazer isso.

Jimin disse, uma confiança extrema em seu tom de voz, enquanto calçava os patins novos de Jeongguk. O garoto havia os customizado há alguns dias, com vários dinossauros, e desde então, aparentemente a antiga paixão do Park por patins havia voltado. Era normal que andassem juntos antigamente, mas depois de um tempo Jimin deixou aquilo de lado, principalmente porque as pernas longas de Jeongguk sempre o deixavam para trás.

— Ji, já faz muito tempo, você vai se machucar.

Jeongguk revirou os olhos, Minhyuk deitado contra seu peito enquanto encaravam a cena a frente. Jeongsan insistia em amarrar o cadarço do patins para o pai, dizendo que aquilo seria muito divertido. O problema é que San parecia achar qualquer coisa perigosa divertida, então Jeongguk não gostava de levar em consideração esse lado do filho.

— Isso é igual bicicleta, Gu, a gente não perde o jeito.

— Você não sabe andar de bicicleta, Jimin.

O Jeon suspirou, vendo o marido dar de ombros e agradecer ao filho quando este terminou de dar pelo menos uns três nós em cada cadarço.

— Vai, vai!

Jeongsan gritou, levantando as mãozinhas para cima, correndo até o sofá e se jogando ao lado do pai e do irmão enquanto observavam Jimin juntos.

— Ok, então acho que lá vou eu.

— Você devia filmar isso. — Minhyuk sugeriu ao Jeon.

— Por que?

— Pra mostrar pra ele toda vez que ele tiver uma ideia ruim.

O Jeon deu de ombros.

— É um boa ideia. — Falou, tirando o celular do bolso.

— Nada disso. — Jimin negou, se levantando. — Vai dar tudo certo.

O Park respirou fundo, escorregando de forma experimental uma única vez, e suspirando aliviado quando não foi direto ao chão. Os outros membros da família observavam tudo de forma apreensiva, até que o Park começou a pegar mais confiança, deslizando ao redor do sofá com um sorriso no rosto.

— Viu? Eu disse que conseguia.

— Vai, appinha!

Jeongsan gritou, segurando os braços de Minhyuk e os levantando também.

O Jeon riu, vendo o marido todo alegre enquanto rodava pela sala, embora às vezes perdesse o equilíbrio. Porém, Jeongguk devia mesmo ter gravado o momento, já que não demorou muito até que o Park finalmente caísse, e o universo parecia estar totalmente contra o mesmo, já que caiu justo aos pés do Jeon. Os gêmeos tinham expressões chocadas em seu rosto e ninguém ousava dizer nada. Bem, até que o Jeon riu baixinho.

— Uau, depois de anos e você ainda é caidinho por mim. — Disse.

E foi o bastante pra Jimin cair na gargalhada também, se levantando enquanto alisava os joelhos.

— Você é um merdinha. — Disse, ouvindo os gêmeos rirem dessa vez.

Aquele episódio foi o que o Jeon precisava pra ter sua ideia, sabia que na casa da mãe de Jimin havia uma quadra enorme, a mulher havia feito de questão de encontrar uma casa com aquele requisito quando se mudou, disse que seria para os netos, e que com certeza ganharia de vovó do ano se conseguisse uma casa com algo tão legal. O que não foi bem mentira, já que os gêmeos e os priminhos amavam a casa da vovó Park.

— Ei, seria legal mesmo se voltássemos a andar de patins juntos, podíamos até ensinar os garotos.

O Jeon sugeriu enquanto faziam um lanche de madrugada. Os gêmeos já dormiam há algumas horas, então o casal aproveitou o tempo para comerem algumas besteiras e conversar um pouco.

Jimin assentiu, mergulhando o morango no chocolate derretido.

— Acho que sim, mas hoje foi mais difícil do que eu me lembrava, só não queria mostrar pros meninos.

Jeongguk riu, se inclinando e comendo o morango na mão de Jimin antes que o mesmo pudesse colocá-lo na boca.

— Você precisa praticar, por que não faz isso na quadra da sua mãe? Você precisa de espaço e lá é grande o bastante.

— Pode ser. — O Park considerou. — Quando os garotos voltarem da casa dos seus pais eu faço isso.

— Uh, e que tal fazer isso hoje mesmo? Você pode ir pra lá de manhã e voltar de tarde.

— Mas a gente sempre leva os meninos juntos pra casa dos seus pais.

— A gente ainda pode levar. — Deu de ombros. — Vai ser uma boa distração pra você, amor.

Jimin pareceu considerar aquilo por alguns segundos, assentindo em seguida.

— Tudo bem.

 

Na manhã seguinte Jeongguk acordou cedo, não por escolha própria, mas porque os gêmeos invadiram seu quarto, pulando na cama animados para toda a preparação que tinham que fazer naquele dia.

— É hoje, é hoje!

Minhyuk sussurrava gritando enquanto sacudia o Jeon.

— Shh, o appa pode ouvir! — Jeongsan sussurrou de volta, embora tentasse segurar a própria ansiedade.

Jeongguk franziu o cenho com aquilo, se sentando na cama e olhando em volta. De novo Jimin havia acordado cedo, aparentemente. Suspirou, coçando a cabeça com um olhar cansado no rosto. Haviam ido dormir tão tarde, depois de conversarem na cozinha subiram para o quarto, o Park parecia mais manhoso do que de costume, e Jeongguk constatou aquilo quando Jimin o segurou pela cintura assim que deitaram na cama e então passou um bom tempo o beijando.

Sabia que aquela época do ano era bem complicada para o Park, e ter Jimin compartilhando aquele lado tão frágil consigo sempre fazia o Jeon se apaixonar ainda mais pelo marido, pois sabia que o mais velho não era muito fã de se abrir para as pessoas, sabia que nem mesmo pra mãe Jimin gostava de demonstrar suas fraquezas e seus medos.

— Ei, Terra pra Guggukko.

Jeongsan chamou, estalando os dedos na frente do rosto do mais velho – ou ao menos tentando, já que só esfregava o dedão nos outros dedos.

— Ei, meu nome é papai!

Jeongguk avisou, já se levantando.

— Cadê o appa? — Perguntou, enquanto vestia seu robe.

— Acho que tá lá embaixo. — Minhyuk falou, pulando da cama e puxando Jeongsan consigo. — Você conseguiu tirar ele de casa?

O Jeon assentiu.

— Acho que sim, se não, eu apelo pra vovó e ela dá um jeito.

Os meninos assentiram, andando com o mais velho até o andar debaixo.

Porém, assim que chegaram na cozinha, Jeongguk já podia sentir um clima estranho vindo do marido, embora o mesmo tivesse dado um beijinho na cabeça dos filhos, geralmente Jimin era bem falante, mesmo nas manhãs, mas parecia estranhamente quieto, como se tivesse se segurando pra não dizer algo.

Os gêmeos conversavam entre si, discutindo algo sobre algum episódio de Gravity Falls, quando Jimin colocou o café da manhã na frente do mesmo. Colocou o de Jeongguk também, antes de sentar e começar a comer.

— Tá tudo bem? — Perguntou, depois de dar um gole em seu café.

O mais velho ficou quieto por alguns segundos, antes de dar uma mordida na torrada e assentir.

— Mesmo? Você tá estranho.

— Eu tô legal, Jeongguk. — Jimin quase grunhiu.

Os gêmeos ficaram em silêncio. Aquele tipo de comportamento não era comum vindo do Park, mesmo quando estava irritado costumava ser mais paciente. Talvez o Jeon devesse o dar algum espaço, deixar que Jimin conversasse quando se sentisse pronto, mas uma parte sua se sentia egoísta, não queria que algo desse errado aquele dia, então insistiu.

— Mas não parece. Por que está sendo seco assim?!

O Park suspirou, passando a mão pelo rosto e apertando a ponta de seu nariz.

— Por que não me disse que decidiu passar o Natal com seus pais esse ano?

O Jeon franziu o cenho.

— Do que tá falando?

— Eu tava procurando o suco de uva e lembrei que da última vez os meninos estavam bebendo na piscina, então achei que ele pudesse estar na geladeira lá de fora, mas o que achei foram várias comidas de Natal.

Os gêmeos arregalaram os olhos ao ouvir aquilo, encarando Jeongguk como se esperassem que o mais velho inventasse uma desculpa tão convincente que até mesmo ambos acreditassem. Aquele era o problema de ser sempre o herói de seus filhos, eles esperavam mesmo que você tivesse algum tipo de super poder.

— Não é o que você tá pensando.

Foi tudo o que Jeongguk conseguiu dizer.

Jimin suspirou, juntando as mãos na frente da boca enquanto encarava o marido.

— E o que é? Por que escondeu de mim?

— Não estava escondendo de voc—

— Você guardou as comidas lá fora, Jeongguk, como não estava escondendo de mim?

O Jeon bufou, balançando a cabeça.

— Já disse que não é nada disso, eu só pensei que talvez- Sei lá, talvez esse ano a gente pudesse passar juntos, sabe? Fazer alguma coisa e—

— Você sabe que não.

Jimin falou rapidamente.

— Olha, se ao menos você considerar o que a gente pensou—

— Jeongguk. — O Park suspirou. — Você sabe que não. Se quiser ir com os meninos, tudo bem, sério, mas eu não quero.

E com isso se levantou, deixando os outros três membros da família num silêncio constrangedor. Depois do que pareciam horas, o Jeon levantou o olhar, vendo as expressões tristes e culpadas dos filhos.

— Desculpa, papai...

Minhyuk murmurou, e Jeongsan assentiu.

— Ei, tá tudo bem.

Jeongguk sorriu, se levantando e indo até os pequenos, se abaixou perto deles e deixou um beijo nas mãozinhas pequenas.

— Vão pro quarto brincar um pouquinho, tá? O papai já vai lá conversar com vocês.

Os garotos assentiram, descendo da cadeira e subindo as escadas calmamente.

O Jeon respirou fundo alguns segundos, dando um tempo ali na cozinha enquanto esperava Jimin esfriar a cabeça e tentava achar as palavras certas para falar com o marido sobre toda a situação.

Quando achou que era tempo o suficiente, encontrou Jimin no jardim de trás da casa. O mais velho estava sentado no banco de balanço no meio de todo o verde e tinha a cabeça baixa. Não era daquela forma que queria que as coisas acontecessem, e ainda que o Natal não fosse uma época que Jimin gostava de comemorar, não deixaria que passassem aquele dia daquela forma.

Se aproximou aos poucos, se sentando ao lado do Park e permanecendo em silêncio por um tempo.

— Escuta — Começou. — Eu não quero me desculpar sobre isso.

Falou honesto, e Jimin virou o rosto em sua direção com uma expressão confusa. O Jeon suspirou então, se virando também para encarar o marido.

— Eu sei o quanto é difícil pra você, Ji. Eu sei que a falta do seu pai ainda é algo que dói e, acredite, me dói também te ver machucando. — Suspirou. — Sabe, quando você decidiu que essa era uma época que não queria mais comemorar, eu achei que sentiria falta. Sempre foi meu feriado favorito, e quando começamos a namorar eu adorava escolher presentes pra você e tentar achar algo que fosse especial, ou ao menos pudesse simbolizar metade do que eu sinto por você. Mas eu não senti diferença. É como se estar com você já me fizesse comemorar todos os dias.

Disse, se virando novamente para o marido e mostrando um sorriso pequeno.

— Mas os meninos vieram com essa ideia no outro dia. Eles estavam bastante curioso sobre o porquê de terem que ir pra casa dos meus pais, e quando sugeriram que fizéssemos uma comemoração só nossa, eu só... Eu não pude dizer não. Eles queriam fazer algo especial pra você, e você sabe o quanto eles te amam, eu só não consegui dizer não, Ji, e é por isso que eu não posso me desculpar. Eu não quero me desculpar, porque é pra você. Se você só... Só desse uma chance e tentasse entender. Eu sei que talvez esteja pedindo muito, e por isso eu peço desculpa. Mas se você só pudesse dar uma chance, eu juro que você iria adorar.

O casal ficou em silêncio por mais algum tempo, e Jeongguk já estava perdendo as esperanças. Sabia que não podia culpar o Park, de qualquer forma.

— Tudo bem. — Disse. — Eu vou conversar com os meninos, tenho certeza de que vão entender.

E se levantou, pronto para voltar pra dentro de casa, quando sentiu uma mão em seu pulso, o puxando de volta, então se sentou novamente.

— Tá bem.

Jimin murmurou, subindo os olhos até os de Jeongguk.

— Tá bem, vamos tentar. — Concluiu, abrindo um meio sorrido pro mais novo.

— Mesmo?

Jeongguk arregalou os olhos, genuinamente surpreso.

— É, eu não quero chatear os garotos. — Deu de ombros. — E nem você. Também não quero desperdiçar aquela comida toda, né?

O Jeon riu baixinho, assentindo.

— Olha, eu não quero te forçar a nada, tá? Se não se sentir confortável tá tudo bem, eles vão entender.

O Park assentiu, puxando a cabeça do Jeon para que este a deitasse em seu ombro, então deu um beijo nos cabelos do mesmo.

— Tá tudo bem, Gu, de verdade. Eu também sinto vontade de comemorar todos os dias por ter você.

Jeongguk sorriu com aquilo, entrelaçando os dedos nos do mais velho.

— If you don't mind (Se você não se importar)

I'd like to join you by your side (Eu gostaria de me juntar ao seu lado)

O Jeon cantarolou suave. O Estranho mundo de Jack sempre foi o filme favorito de Jimin, e quando o mais velho o pediu em namoro estavam sentado no alto de um mirante, era madrugada e ambos haviam saído de casa sem que ninguém visse. Os pais do Park ultimamente vinham brigando sem parar, a ponto de falarem sobre divórcio. Já o irmão de Jeongguk havia decidido ir pro exército antes da hora, o que fez com que os dois tivessem uma discussão e o mais novo, por pura birra, não se despediu do mais velho quando chegou o dia.

E ainda que aqueles assuntos machucassem, não precisavam falar sobre pra desabafar. Se entendiam de outra forma, de forma que ninguém mais podia.

Então, no alto daquele mirante, e então as vozes de Jack e Sally soavam no fone de ouvido que compartilhavam, Jimin segurou sua mão.

 

— Você quer namorar comigo pra sempre?

O Jeon sorriu, apertando a mão do Park de volta.

— Pra sempre?

— É. Mesmo se a gente casar um dia, ainda vamos ser namorados, sabe?

E Jeongguk não precisou que Jimin explicasse pra entender. Sabia que o Park não queria viver como os pais.

— Eu quero namorar com você pra sempre.

 

— Where we could gaze into the stars (Onde poderíamos olhar as estrelas)

And sit together, now and forever (E sentar-se juntos, agora e para sempre)

Jimin se juntou ao cantarolar, acariciando a mão do Jeon com seu dedão.

— For it is plain, as anyone can see (Pois é claro, como qualquer um pode ver)

We're simply meant to be (Fomos feitos um para o outro)

 

-x-

 

Ficaram ali por pelo menos mais meia hora, antes de Jimin entrar no carro e dirigir até a casa da mãe. Ainda queria mesmo praticar com os patins, e deixaria que os filhos tivessem a felicidade de prepararem toda a surpresa para si e, se fosse honesto, diria que até mesmo sentia um frio na barriga ao pensar em seus meninos se empenhando tanto apenas para o fazer feliz.

Quando Jeongguk subiu ao quarto dos filhos, encontrou os meninos deitado na caminha de Minhyuk, um livro sobre animais nas mãos do gêmeo mais velho enquanto Jeongsan tinha a cabeça deitada em seu ombro e observavam as imagens.

— Então... — Jeongguk sorriu de canto. — Ainda querem surpreender o appa?

Os garotos rapidamente se sentaram na cama, assentindo.

— Temos muito o que fazer, então é melhor trocarem os pijamas e me encontrarem lá embaixo.

Os gêmeos assentiram novamente, pulando da cama animados. Porém, antes de Jeongguk sair do quarto, uma vozinha o chamou de volta.

— Huh?

O Jeon ergueu as sobrancelhas.

— Por que é delicado pro appa?

Minhyuk perguntou num tom baixo, quase como se soubesse que não devia falar sobre aquilo.

Jeongguk suspirou, dando meia volta e se sentando no chão, de pernas cruzadas. Bateu nas próprias coxas, dizendo aos garotos que se sentassem em seu colo e foi prontamente atendido. Os garotos os encaravam curiosos, os olhinhos arregalados, e Jeongguk riu, deixando um beijinho no nariz de cada, antes de começar a contar.

— Sabe como a gente sempre diz que o vovô Park foi morar lá em cima?

Jeongsan assentiu rápido.

— Sim! Com as estrelas e todos os planetas maneiros!

— É. — Jeongguk sorriu de lado. — Bem, quando o vovô foi morar lá em cima, o appa não aceitou muito bem. Foi difícil pra ele acreditar que não o veria por um bom tempo. E, sabe, quando ele foi embora era muito perto do Natal, então essa época sempre traz alguns sentimentos que machucam o peito do appa, e é por isso que vocês sempre passam na casa da vovó e do vovô, e eu fico aqui com o appa, porque a gente não deve deixar alguém que está triste sozinho, né?

Os gêmeos assentiram.

— Mas o appa tá fazendo um esforço enorme pra gente esse ano, então a gente vai fazer uma coisa bem bacana pra ele, né?

Os garotos assentiram novamente, um meio sorriso aparecendo no rosto de ambos.

— Se o appa tava triste, a gente podia ter ficado triste com ele, papai.

Jeongsan falou de repente.

Jeongguk riu baixinho com aquilo, balançando a cabeça.

— O appa não quer ver vocês tristes, pequenininho.

— Mas a gente podia ter ficado aqui igual. — Minhyuk argumentou. — Quanto mais amor, melhor pra afastar a tristeza! E a gente tem um montão de amor pro appa, né San?

Jeongsan assentiu, sorrindo largo.

— E pra você também, papai!

— Eu sei. — Jeongguk sorriu, ajeitando os filhos em seu colo. — Quando vocês nasceram, eram bem pequenininhos, mais pequenininhos do que o bebê do tio Jung.

Contou, vendo os garotos ficarem surpresos, já que haviam ficado extremamente chocados com o tamanho do priminho novo quando o conheceram.

— Então tiveram que passar uns dias no hospital pra ficarem fortinhos. — Continuou contando. — E eu e o appa ficamos muito tristes porque a gente queria vocês em casa logo. O appa ainda costumava chorar muito por causa do vovô naquela época, mas quando vocês nasceram, ele fez uma promessa de que se pudéssemos levar vocês pra casa com saúde e logo, ele nunca mais iria chorar. Eu disse que ele não precisava fazer aquilo, que estava tudo bem chorar, todo mundo chora quando tá triste, ou quando tá muito feliz. Mas ele disse que não queria mais, e que a partir daquele dia só iria sorrir com a gente. E ele cumpriu a palavra. Eu nunca mais vi o appa chorar escondido nem nada disso. E a primeira vez que o vi chorar depois daquilo, foi quando vocês andaram pela primeira vez.

Os gêmeos riram bobo com aquilo, abraçando o Jeon com força.

 

Por sorte já tinham tudo o que queriam fazer em mente. Jeongguk só torcia para que não fizessem muita bagunça, já que estavam com o tempo apertado e não teria como arrumar tudo de novo antes de Jimin voltar pra casa.

— Mas é como Halloween, papai, não tem problema ser bagunçado!

Jeongsan argumentou.

— San, você não vai usar isso pra espalhar sua bagunça e deixar pra trás. — Jeongguk logo avisou.

No final conseguiram administrar bem o tempo, compraram alguns cupcakes pra decorar e o Jeon fez mais cookies, aparentemente ficavam melhores a cada vez que tentava novamente. Também compraram alguns doces, os favoritos de Jimin. Mas, é claro, adaptaram as comidas de Natal também, e como esperado, lá estava o peru no meio da mesa, como se fosse um cérebro humano e dezenas de zumbis tivessem o atacado cheios de fome. É claro que Jeongguk guardou grande parte da carne numa vasilha para que comessem mais tarde.

— Uau, ficou incrível!

Minhyuk falou animado.

— É, agora vão tomar banho antes do appa chegar. Não é porque o tema é Halloween que vocês precisam feder a monstrinhos.

Jeongguk disse, empurrando os filhos até a escada, que grunhiram baixinho.

— Você não dá um descanso sobre essa coisa de banho, né?

Jeongsan reclamou.

 

Algum tempo depois já estavam prontos, agora só faltava Jimin chegar, e enquanto esperavam os meninos se preocupavam com os mínimos detalhes, e chegava a ser cômico como andavam de um lado para o outro analisando cada pedacinho do que haviam feito.

Assim que ouviram a porta da frente se abrir, correram para a sala.

— Hm, oi?

Ouviram a voz de Jimin no corredor.

— Aqui na sala de estar. — Jeongguk falou alto para que o marido pudesse ouvir.

O Park respirou fundo, esperando encontrar uma grande árvore de natal, luzes piscando por toda a sala e decorações natalinas. Não que fosse ficar incomodado com a cena, só fazia tanto tempo que não levava em consideração aquele tipo de coisa que tinha medo de não reagir de forma correta e decepcionar a família.

Porém, assim que pisou no cômodo, não conseguiu reprimir a surpresa em seu rosto.

Ainda tinham luzes coloridas, mas ao invés dos enfeites de natal, teias e aranhas estavam penduradas na parede. Havia até um Papai Noel, ou pelo menos uma imitação, o boneco de Jack Esqueleto que Jeongguk havia dado para Jimin estava no meio da decoração, com um gorro de Papai Noel e uma barba falsa pendurada de qualquer jeito.

A mesa de jantar estava uma bagunça. Mas uma bagunça... Bonita. Não saberia explicar, mas era como um banquete de algum desenho de terror, porém mais apetitoso. Os cupcakes decorados como monstrinhos e zumbis, e até mesmo os cookies haviam virados mini aranhas, com perninhas de açúcar e tudo. E, claro, havia o peru totalmente destroçado, o que fez Jimin soltar uma risada.

Mas, ainda assim, o que fez seu sorriso aumentar foram as três pessoinhas paradas a sua frente, os olhos brilhando como se esperassem por sua reação, que dissesse qualquer coisa. Jeongguk usava uma roupa toda remendada e tinha uma maquiagem simples no rosto, apenas uma linha puxada em cada canto da boca, como se estivesse remendado. Já os garotos usavam uma roupinha branca e tinham o nariz pintado de laranja e uma carinha preta, como Zero, o cachorrinho de Jack Esqueleto no filme.

— Eu sou o Jack?

Foi a primeira coisa que Jimin conseguiu dizer, ganhando uma risada da família.

— Uau, isso... Uau.

O Park murmurou, se aproximando dos três ainda totalmente em choque com tudo.

— É nosso Halloween no Natal. — Jeongguk disse. — É só nosso.

— Você gostou appa?

Minhyuk perguntou baixinho, segurando na perna do mais velho.

O Park suspirou, se abaixando na altura dos filhos e abrindo os braços para que os pequenos o abraçassem.

— Eu amei. — Disse sincero. — Acho que é meu feriado favorito do ano a partir de hoje.

Os gêmeos ficaram extasiados com aquilo, sorrindo largo e apertando ainda mais os bracinhos em volta de Jimin.

— Podemos ficar juntos todo ano agora né? — Jeongsan constatou.

— É claro que sim. — O Park sorriu, se levantando com os filhos nos braços.

O Jeon suspirou aliviado, vendo que a felicidade do marido era mesmo genuína e não algo forçado apenas para que não o magoassem.

— Então, acho que só falta conferir se a comida está mesmo boa. — Jimin ergueu a sobrancelha.

— Espera, tem mais uma coisa!

Jeongsan falou rápido.

— O que é?

Os garotos rapidamente escorregaram para o chão, correndo até o cantinho da sala e entregando uma abóbora de plástico pro mais velho.

— Vamos pegar doces!

— Doces? — Jimin franziu o cenho. — Não acho que tenham doces pra nos dar, pequenos.

Jeongguk balançou a cabeça.

— Não, mas tem doces escondidos pela casa. — Disse. — E só eu sei onde estão, então é melhor correrem para pegar todos os doces bons.

Os gêmeos soltaram um gritinho, rapidamente pegando suas próprias abóboras e correndo pela casa em busca dos doces. Enquanto isso Jimin suspirou, virando-se para o marido e o abraçando pela cintura enquanto distribuía beijinhos por todo seu rosto.

— Obrigado por isso. — Murmurou. — Eu não sabia que precisava tanto disso até... Bem, até ter isso.

O Jeon balançou a cabeça, segurando o rosto do marido.

— Foi tudo ideia dos meninos.

— É, mas foi você quem me convenceu a dar uma chance a isso e agora eu estou muito, muito grato. Podemos ter esse Natalloween todo o ano?

Jeongguk fez uma careta com o nome, antes de rir.

— Certo, mas precisamos discutir sobre o nome depois. — Disse, beijando o nariz do mais velho. — Agora vai lá procurar os doces, antes que eu mesmo pegue todos pra mim.

Jimin revirou os olhos, embora usasse um sorrisinho no rosto.

— Eu sei que deve ter pego pelo menos metade pra si enquanto escondia. — Disse, enquanto começava a procurar.

— Não vou dizer que sim, mas também não digo que não. — Jeongguk deu de ombros.

 

Quando o relógio bateu meia noite, já estavam de barriga cheia, era óbvio que não conseguiriam esperar todo o tempo pra se empanturrarem, então agora estavam todos sentados no balanço do lado de fora, as abóboras cheias com doces entre eles, enquanto se deliciavam com os chocolates e conversavam sobre seus filmes favoritos de Halloween!

— Aliás, eu tenho uma pergunta.

Jimin falou, terminando outro bombom de licor.

Os gêmeos e Jeongguk o encararam curiosos.

— Por que temos uma rena enorme e sem cabeça no nosso jardim?

Os outros três membros da família se entreolharam, antes de dar de ombros.

— Acho que foi um toque especial. — Jeongguk respondeu simplista.

Jimin considerou aquilo por alguns segundos, antes de dar de ombros também.

— É, acho que foi.

Não demoraram a voltar a tagarelar de novo, e por um momento o Park apenas parou, observando os gêmeos e Jeongguk conversarem animado sobre o novo filme de terror que iria lançar na semana que vem, e Jimin pensou que sua família não era exatamente o que havia esperado. Seus pais sempre tiveram gostos diferentes, sua mãe amava filmes de ação, e seu pai era um romântico nato. Seu pai amava o natal, já sua mãe gostava mesmo era da páscoa. A única coisa que seus pais tinham mesmo em comum era o amor que sentiam por Jimin, e o Park mais novo era extremamente grato por todo o carinho que haviam o dado durante sua vida, mas aquilo ali, a família que Jimin havia feito...

Com certeza não era o que Jimin esperava. Nunca poderia imaginar algo tão perfeito em toda sua vida. Nunca poderia imaginar um lugar e pessoas que o fizessem sentir tão parte de algo, tão incluído, tão... Normal. Gostava tanto dos gostos estranhos que tinham em comum, e gostava de como se entendiam sem que precisassem explicar muita coisa.

Jimin estava bem ali e amava aquelas três pessoas o bastante para que todo dia fosse dia de comemorar.

We can live like Jack and Sally if we want (Nós podemos viver como Jack e Sally, se quisermos)

Where you can always find me (Onde você pode sempre me encontrar)

And we'll have Halloween on Christmas (E teremos Halloween no Natal)

And in the night we'll wish this never ends (E de noite desejaremos que isso nunca acabe)


Notas Finais


Então é isso, espero que tenham gostado, me deixem saber o que acharam nos comentários por favor!

Feliz Natal, lindezas <3

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meu user no wtt é bxnnykook pra quem quiser!


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