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História We Can Be Heroes - Cara legal


Escrita por: K2Phoenix

Notas do Autor


Oieee! Tão empolgada com a história nova que sim, tô postando já o segundo capítulo. Se vc lê Rebel Rebel e Never let me Go, dá uma força aqui nessa!

Capítulo 2 - Cara legal


Eleven passou dois dias bem gripada. Doente mesmo.

Após tossir a noite inteira, sentir febre e a sua garganta estar pegando fogo, Sadie simplesmente a obrigou quase usando a força física a ficar em casa e descansar.

Se sentindo bastante debilitada, ela dormiu por horas, até sua campainha tocar insistentemente e ela, enfim, conseguir sair da cama para abrir a porta.

- Will?

- Oi, irmã. – ele disse de forma suave, com um sorriso doce, típico dele. – Soube que você está doente.

Ele foi entrando no dormitório dela, indo direto para a pequena cozinha carregando algumas sacolas:

- Trouxe suco, chá, sopa de frango com legumes, remédio. – ele colocou as coisas sobre a mesa. – Quando você ia me dizer que tava doente?

Ela sentiu o tom acusatório do irmão e encolheu os ombros:

- Eu não via a necessidade de ligar, e depois, foi só hoje que realmente fiquei em casa, porque se ousasse sair a Max poderia me atirar um dardo tranquilizante ou algo assim.

- Ela tá certa, El! Você tem essa mania de ser durona, mas olha, tem um monte de gente que se importa com você!

- Um monte de gente, Will? – ela revidou, sarcástica.

- Bem, pode não ser o campus inteiro de Harvard, mas você tem a mim, à Max, à Suzie... ao Mike. – ele parou de falar e remexeu em uma sacola. – Aliás, ele te mandou isso, salada de frutas, mel com limão e esse remédio que ele falou que é tiro e queda para gripe.

- O que? – ela indagou, incrédula. – Eu não posso aceitar.

- Ué, por que não? – Will olhou atentamente para ela. -  o Mike me disse que também ficou preocupado. Que vocês iriam se encontrar para fazerem um trabalho, mas você não o atendeu. Quando a Max veio me dizer que a srta. Perfeição aqui estava doente, ele por acaso ouviu e só quis ajudar.

El mordeu o lábio inferior:

- Eu esqueci de salvar o número dele. – murmurou. E depois, estava sempre tão atarefada que tinha simplesmente apagado da memória que ela mesma havia criado aquela situação. – Mas ele não precisava fazer isso.

- Ele é amigo da gente, El. Aliás, ele é irmão da Nancy, mulher do nosso irmão mais velho, lembra? Não sei por quê você sempre parece querer manter distância dele.

El balançou a cabeça num gesto impaciente, mexendo nas sacolas:

- Depois falo com o Mike. Bem, já que você tá aqui, aceita comer algo comigo? – ela olhou para o relógio na parede da cozinha e já eram quase quatro da tarde. – Não comi nada ainda.

- Tá, ainda tenho uma hora até o curso que tô fazendo perto do centro.

- Hum, de quê?

- Ah, de escultura, tá sendo bem legal... conheci um cara lindo lá. – sorriu.

- Ahh, adoro. – El falou, cúmplice, feliz pelo irmão. – Como ele é?

- Loiro, mais alto que eu, olhos verdes. Bem gato, pra ser sincero. O nome dele é Henry. Tô pensando em chamá-lo pro meu aniversário amanhã.

- Meu Deus, seu aniversário já é amanhã! – ela colocou a mão na boca, espantada. – Meu Deus, Will, eu tinha esquecido completamente.

- Não duvido, você vive correndo pra lá e pra cá. Mas amanhã eu vou fazer uma reunião lá em casa e você vai.

- Ah, mas...

- EL! – Will a interrompeu. – Não invente desculpas. Sabe o que é vida social? Vida pessoal?

Ela revirou os olhos; ele insistiu:

- Pois é, é isso que você não tem. Amanhã cada um vai levar um prato, uma bebida, e vai ser bem legal. Vai ser a mesma galera de sempre mais uns amigos do meu curso de Artes. Não aceito “não” como resposta.

[...]

No outro dia, El precisava admitir que estava bem melhor graças aos cuidados de Will e ao remédio que Mike tinha lhe mandado. Apesar de a temperatura em Cambridge, na área metropolitana de Boston (onde ficava a faculdade) já estar caindo, a jovem se sentia mais disposta a sair de casa. Estava voltando da sua aula de Introdução à Economia quando viu Mike sozinho folheando um livro, sentado em uma cafeteria. A sua figura meio curvada quando estava sentado, lendo de forma concentrada, com aquele cabelo negro e ondulado se destacava na paisagem.

- Olá. – ela cumprimentou-o se aproximando da mesa.

- El? – a forma como ele se surpreendeu em vê-la ali deu uma certa vontade nela de sorrir daquele jeito um pouco aparvalhado. – Quer sentar?

Ela aceitou e acomodou seu material sobre a mesa:

- Obrigada por ontem, pelo remédio. E desculpa por não ter te atendido, eu estava bem doente e simplesmente esqueci de salvar seu número.

- Tudo bem. – ele sorriu de lado. – O que importa é que você tá melhor.

- Você é sempre gentil assim? – ela o perscrutou com o olhar. – Ou é só comigo?

- Ahn... acho que geralmente sou educado com todo mundo. – ele baixou os olhos, claramente sem jeito.

- Ok. – El olhou para outra direção. – Você pode fazer o trabalho no sábado à tarde?- ela desviou a conversa e voltou ao seu jeito prático e determinado. – Pela manhã eu tenho grupo de estudo, à tarde estou livre, mas à noite preciso ler um artigo que o professor Carlson me indicou.

Mike se espantou:

- Sábado à noite e você vai ler um artigo?

- É o único tempo que eu vou ter pra isso. - ela deu de ombros. – Então, combinado?

- Sim, por mim tá ok. Onde? Pode ser lá em casa.

- Hum, não, os garotos vão estar lá, vai ter barulho...

- Não, Will vai pra uma exposição de arte ou algo assim, Dustin e Suzie sempre saem também, e se você quiser, eu falo com o Lucas.

- Certo, lá é mais espaçoso que o meu apartamento, logo... – ela olhou para as horas no celular. – Sábado às duas estarei na sua casa. Ah, e obrigada de novo pelo remédio. Literalmente, salvou a minha vida.

Dizendo isso, ela se levantou e deu um tchau rápido, indo embora. Mike suspirou, se dando conta de que esquecera de perguntar se ela iria para o aniversário de Will mais tarde.

“Ter uma paixão pela El é roubada”, Lucas lhe dissera certa vez depois que reparou numa sessão de filmes que eles tinham promovido em casa que seu amigo não parava de olhar para ela.

-Não sei do que você tá falando. – Mike rebateu. Na verdade, ele sabia bem, mas ser tão óbvio não estava nos seus planos.

- Ah, tá, pra cima de mim? Eu que te dei conselhos nas duas vezes em que você namorou na vida, cara. – Lucas falava do alto da sua “sabedoria em relacionamentos”. – A Max me disse que a El só ficou com um cara, parece, depois nunca mais se interessou por ninguém.

- Não que isso seja da nossa conta, mas talvez ela só não se interesse fácil por alguém. – apesar de tentar ser racional, aquele pensamento deixou Mike um pouco triste.

- Bom, talvez ela seja lésbica e a gente não saiba. De qualquer forma, analisando qualquer panorama... isso é uma cilada, Mike.

- Meu Deus, eu não tô a fim dela! – Wheeler se exasperou. Claro que estava. Estava muito a fim sim.  

Desde então, tudo o que ele fazia perto dela era disfarçar para não ficar tão na cara e eles passarem por um constrangimento. Ele sabia que ele e sua vida meio que eram desprezados por ela; que, enquanto El viajava em um intercâmbio para ser voluntária em um país africano, ele estava ouvindo Jennifer Hayes comentar sobre como suas roupas combinariam para o baile. Enquanto ela era toda militante de causas sociais, ela o achava o babaca rico, privilegiado por ser filho de pai político e conservador.  

Mike não era assim, isso não o definia, mas não se sentia suficientemente próximo da garota para lhe explicar melhor quem ele realmente era, o que queria, quais ideias tinha. Simplesmente, ela o tratava como alguém com quem tinha certas ligações por causa dos outros, não como um amigo ou algo do tipo. Mesmo tentando pensar nas coisas de forma clara, era só vê-la que seu coração disparava, numa inevitável reação que, no entanto, ele iria guardar para sempre dentro de si se nunca tivessem chances.

Foi para sua próxima aula quando, prestes a entrar na sala, seu telefone tocou:

- Alô?

- Oi, Michael Wheeler? Aqui é da editora Tyler Books. Sou secretária de Eddie MacKenzie...

- Sim, sim! – ele sentiu uma onda de energia crescendo dentro de si.

- Ele quer marcar um momento com você, para conversarem mais sobre seu livro. Pode ser sábado à tarde? Ele pediu desculpas, mas é o único horário que ele ainda tem vago na semana.

AH, DEUS.

[...]

A casa em que Mike, Will, Dustin e Lucas moravam era um verdadeiro “achado”: ficava no campus de Harvard, tinha as paredes externas de tijolos vermelhos e quatro quartos no andar superior; além de ser mais cômodo que morar nos dormitórios, eles ainda podiam reunir os amigos, se bem que nenhum era chegado àquele tipo de festa universitária com muita gente, som alto e bebedeiras.

Naquele momento, os rapazes estavam terminando de arrumar a casa e a decoração para receberem algumas pessoas para o aniversário de Will; Dustin tirava uma torta de frango do forno, Lucas colocava o seu  esqueleto com que ele, que queria fazer Medicina, estudava todos os ossos humanos na sala; já Mike, e ajustava a TV e o Playstation.

- Tira esse esqueleto daí, cara. – Will disse, posicionando melhor a mesa com alguns comes e bebes em cima. – Meu aniversário não é no Halloween.

- É só pra dar um clima de descontração. – Lucas rebateu, fazendo com que o esqueleto de plástico se mexesse como se estivesse se arrumando.

O aniversariante conectou com a uma caixa de som seu iPad e a playlist que tinha criado no Spotify para a ocasião tomou conta do ambiente; cerca de vinte minutos depois, os convidados começaram a chegar, e o jovem Will Byers sentiu que ganhara a noite quando Henry apareceu com um vinho em sua porta.

Mais cinco colegas do seu curso vieram, e aí El, Max e Suzie chegaram também:

- Nem vou perguntar de quem foi a ideia ridícula de colocar o esqueleto aqui na sala. – comentou a ruiva, entregando um presente para Will.

A noite estava animada, todos conversando, comendo, bebendo. Aos poucos, os casais foram se aproximando e cada um foi procurando um lugar mais reservado; na sala, alguns convidados jogavam e outros ficaram lá, dando palpites e torcendo. El entrou na cozinha segurando uma taça de vinho; não era de beber, mas achava que andava tão estressada ultimamente, que um pouco não faria mal. Distraída, não percebeu que Mike entrara e, no susto, acabou jogando a bebida pra frente, salpicando bastante nele:

- Você me assustou!- ela exclamou, pondo a mão no coração.

- Eu também me assustei com você aqui. – ele disse, olhando pra mancha vermelha na camisa.

- Ai, deixa eu ajudar com isso. – ela procurou um pano de prato, molhou a ponta e avançou para ele.

- Não, não precisa, El. Eu me viro.

- Espera, deixa eu ajudar. – ela chegou perto dele e começou a esfregar o pano onde havia vinho. – Desculpe por ter detonado uma Abercrombie.

- Não é dessa marca. – Mike riu. A proximidade da garota, seu perfume misturado ao cheiro do vinho podiam ser perigosos.

- Bem, seja de qual for, eu não vou poder pagar. Você aceita minhas desculpas? – ela perguntou, ainda próxima demais. Em seus olhos, um brilho intenso, talvez causado pela bebida, que o fizera engolir a saliva:

- Aceito. – ele segurou delicadamente o punho dela, para que parasse de limpá-lo. “Ela é tão bonita”, era tudo o que podia pensar.

- Ok. – ela se afastou, de repente consciente da proximidade com Mike. – Eu ia só pegar mais um pedaço de torta que o Dustin fez. – riu sem graça. – Fiquei melhor da gripe e a fome realmente atacou.

- Você quer que eu coloque?

Rapidamente, ele serviu a si mesmo e a ela:

- Quer tomar alguma coisa?

- Não, tá bom, já tomei vinho demais por hoje. – ela deu uma garfada generosa na torta. – Nossa, não é à toa que a Suzie é apaixonada pelo Dustin.

- Sim, ele manda muito bem na cozinha. – Mike concordou.

Comeram num silêncio agradável até ela suspirar:

- Vou ter que ir embora agora, as meninas provavelmente vão dormir aqui...

- Não é perigoso? Você poderia dormir aqui também.

El riu:

- Elas vão dormir com os namorados delas, Mike. Se bem que eu não sei o que rola propriamente entre a Max e o Lucas...

- Sexo, com certeza. – Mike riu dessa vez. – Mas também não entendo como eles terminam e no final de semana seguinte já estão se esgueirando juntos pelos cantos.

- Não é? – El gargalhou com vontade. Ele sabia que o álcool estava contribuindo para ela estar um pouco mais solta, mas, mesmo assim, achou bom que ela estivesse menos cheia de defesas perto dele.

- Você pode dormir no meu quarto. Eu durmo no sofá da sala. – Mike sugeriu.

El estava se sentindo meio tonta, o torpor do vinho deixando-a com preguiça, mas balançou a cabeça, reticente:

- Não, eu vou embora mesmo.

- Então, eu te acompanho.

A caminhada para o dormitório onde El e Max viviam era cerca de meia hora; Mike sabia que mesmo havendo seguranças fazendo ronda no campus, não era bom andar sozinha quase à meia-noite ali.

Quando chegaram em frente ao prédio, ele lembrou:

- El, eu acho que vamos ter que remarcar o nosso trabalho. Eu recebi uma ligação assim que você foi embora sobre uma coisa muito importante...

- Mais importante que um trabalho da faculdade? – ela mostrou um certo julgamento.

- Mais, bem mais. – ele retorquiu. – Pode ser no domingo?

- É que no domingo eu sou voluntária num orfanato... nós já estamos muito atrasados nesse trabalho. Eu sei que também tenho culpa nisso, Mike, mas eu não posso tirar nota baixa.

- E no sábado à noite? Eu sei que você tem o artigo... mas...

- Tá bom. Você venceu. –ela admitiu.

- Nós teremos o pior programa de sábado ever, porém todos nós nos livraremos disso.

Ela caminhou rumo à porta do dormitório para abri-la, mas se virou e disse:

- Obrigada, Mike, de novo. Você é um cara legal. 


Notas Finais


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