História We Could Have Had It All - Capítulo 27

Passei ainda quase uma semana em Madrid até finalmente receber alta e poder voltar pra Milão.
De volta, eu fiquei quase duas semanas “morando” em um quarto de hotel: por mais que Rebeca insistisse que aquele apartamento era meu e mesmo com o Taylor morando com um dos rapazes da banda que ele empresariava, voltar pra lá era um turbilhão de lembranças e no momento, não era isso que eu queria.
Rebeca e John estão juntos e morando em Milão, e como ela se saiu muito bem nos negócios, achei seguro deixar a grife nas mãos dela enquanto eu tirava minhas férias. E quanto à loja filial de Paris, esta eu deixei na mão de Babi, que disse ter se encantado com os franceses, mas que conversar todo dia por telefone com Josh, o guitarrista de apoio, não estava fazendo bem ao coração dela.
E agora cá estou eu de volta à Los Angeles!
Já fazia exatamente um mês que eu havia voltado e até já tinha ganhado um leve bronzeado, dando adeus ao branco cor de escritório ... e também fazia exatamente um mês que Anthony me evitava: só alguns beijos, nada de carícias, nada de sexo ... 
Anthony Kiedis, sem interesse em sexo? O problema era comigo, só era essa a resposta pra isso.
Somado a esse distanciamento dele, estava a minha cabeça cheia de dúvidas do que fazer da minha vida. Droga, essa crise do que fazer não é coisa de adolescente que acabou de sair da escola e não sabe que curso fazer na faculdade? 
- Filha, quando você vai sair desse quarto? Você parecia tão animada quando chegou e agora, tá abraçando o travesseiro! – meu pai disse quando, numa tentativa inútil, entrou no meu quarto me convidando pra tomar um chá da tarde com ele numa confeitaria recém-inaugurada.
Minha vontade era de responder pro meu pai que meu namorado não quer transar comigo e esse era o motivo da minha depressão, mas achei melhor responder que eu estava tentando colocar as idéias em ordem e que eu precisava ficar um tempo sozinha.
- Tudo bem, querida, como quiser! – ele deu de um beijo na minha bochecha e foi se encontrar com a minha tia na tal confeitaria.
Abracei mais forte o travesseiro. Precisava de uma amiga pra me aconselhar e não tive dúvidas: peguei o celular e disquei o número da Babi.
- Alôôô ...
- Babi? É a Alice!
- Alice, você sabe que horas são aqui em Paris? – sua voz era sonolenta.
- Ah, de noite?
- Madrugada! Você tem o dom de me acordar, Alice! – Babi tentou parecer brava, mas a voz de sono ainda era nítida. – O que aconteceu?
- Desculpa, amiga! Mas é que as coisas entre eu e o Tony não andam bem ... 
- Devem estar melhores que eu e o Josh! – ela suspirou. – O que foi? Brigaram?
- Não, Babi, ele só ... ele não me procura.
- Liga pra ele, oras! O que tem de mais em ligar? 
- Não, você não está entendendo ... ele ... ele não me quer!
- O Anthony é louco por você, Alice! Posso voltar a dormir agora?
- Babi, o Anthony não quer transar comigo! – quase gritei ao telefone e por alguns segundos a ligação ficou muda. – Babi?
- Calma, eu ainda estou tentando entender o que você acabou de dizer. Anthony Kiedis não quer sexo? Você tem certeza disso?
- Tenho, Babi! Ele me evita, sabe? Quando a coisa começa a esquentar, ele sempre se esquiva: se é na casa dele, fica preocupado com o Everly; se é aqui em casa, ele tem medo do meu pai; se eu o convido pra ir pra algum lugar, só nós dois, ele diz que tem coisas da banda pra resolver por causa da saída do John. Eu não sei mais o que fazer, amiga!
- Hum ... parte pro ataque, Alice.
- Partir pro ataque?
- Sim, provoca ele com uma lingerie bem sexy, uma música, um vinho. Se ele ainda resistir, só sobra discutir a relação.
Discutir a relação! Como eu odeio isso!
Acabei aceitando o conselho da Babi e comecei a revirar meu armário, encontrando o que eu queria e torcendo pra que desse certo.
Liguei pro Anthony e sua voz parecia sonolenta. Acordei mais um?
- Tony? Você tava dormindo?
- Um cochilo pós almoço. Saí pra almoçar com o Everly e a Heather, cheguei e acabei pegando no sono. – ele deu um bocejo alto. – Um momento de sossego, já que a Heather ficou com o Eve esse final de semana.
Isso era um bom sinal. Significava a casa só pra nós dois.
- Você está muito cansado? Pensei em ir aí, assistir um filme, comer pipoca ... – dar uns amassos no sofá.
- Claro, amor! Pode vir!
A voz dele estava animada, talvez tenha sido uma fase, ou eu que entendi tudo errado, mas só teria a prova se colocasse o conselho da Babi em prática.