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História We Remain - From China, To Cleveland


Escrita por: StarkRules

Notas do Autor


Se tiver alguma alma aqui, por favor, se manifeste dflgjdflgjkdfljkg
Boa leitura.

Capítulo 2 - From China, To Cleveland


Just a small town girl...

Skyler acordou assustada, caindo do sofá e batendo a cabeça no chão. Levantou-se levemente desnorteada. O celular ainda tocava. Foi andando aos tropeços até a estante, pegando o aparelho.

– Alô? – resmungou com uma voz sonolenta.

– Filha! Até que enfim! Fale direito, acorde e jogue uma água no rosto. Parece que voltou de um coma! Você está indo dormir muito tarde e daqui à uma hora tem que ir pra escola...

A garota sorriu, revirando os olhos e sentando-se no chão.

– Oi, mãe. Chegaram bem aí?

– Chegamos de madrugada. Seu pai está roncando no colchão e Sarah foi ajudar seu avô com a horta. – suspirou do outro lado da linha – Ah, querida, queria que você estivesse aqui. Teríamos esperado suas aulas acabarem, mas eu finalmente consegui pegar férias e...

– Eu precisava mesmo ficar para as provas finais. Não se preocupe, mãe. Eu vou ficar bem.

– Espero que sim. Mas isso me deixa preocupada, principalmente com as últimas notícias do jornal. Esse tal vírus...

– Foi há um mês.

– Mas...

– Na China.

– Não é tão longe...

– Somos de Cleveland – revirou os olhos.

– Tenho que desligar, querida, preciso ajudar a sua avó com o café da manhã. Me ligue a cada passo, a cada espirro, está ouvindo? Você já sabe...

– Ok, já entendi. – riu, levantando-se – Vou me arrumar. Tchau.

– Te amo.

– Eu também.

Olhou para a televisão, que estivera ligada a noite toda. Desligou-a antes que a música tema do Bob Esponja começasse, arrumou as almofadas e subiu as escadas.

Foi até o final do corredor e abriu a porta de seu quarto. Era bonito e simples. As paredes eram azuis, com cortinas brancas na janela. A cama de casal estava arrumada, cheia de bichinhos de pelúcia. A escrivaninha no canto do quarto estava cheia de cadernos e livros abertos, papéis cheios de anotações e fórmulas. A noite de estudos tinha sido pesada.

Abriu o guarda-roupa. Vestiu uma camiseta de manga longa branca com listras, prendeu os suspensórios pretos ao jeans cinza e calçou os tênis. Fechos os livros, cadernos e guardou-os juntamente com as anotações dentro da mochila.

Desceu as escadas, foi até a cozinha, tomou uma xícara de chá de hortelã e duas torradas com manteiga de amendoim. Escovou os dentes e saiu de casa.

Dez segundos depois ou menos, viu o ônibus virando a esquina e indo até a frente de sua casa. Skyler olhou o relógio.

– Oi, Fred. Bem na hora. – sorriu com aprovação para o motorista, subindo as escadas.

Ele sorriu. Frederick Williamson era um senhor idoso, usava uma boina xadrez e óculos esquisitos que deixavam seus dois olhos azuis enormes. Apesar de já poder se aposentar, amava o seu trabalho e não queria deixa-lo.

Skyler passou os olhos pelo corredor, parando em uma garota que acenou do fundo. Caminhou até os últimos assentos, sentando-se ao seu lado. Ela lia uma folha amassada de caderno com uma expressão confusa, franzindo a testa.

– Deixe-me adivinhar... Não estudou.

– Não, e bom dia para você também.

April Smythe era uma garota de pele morena, olhos castanhos e longos cabelos negros. Alta e magra, diferente de Skyler que mal conseguia pular um muro. Usava uma regata branca com os dizeres “Dreamer” em preto, short creme de cintura alta com dois pequenos detalhes pretos, cinto fino também preto e uma jaqueta de couro. Na cabeça usava uma touca vermelha, e nos pés os seus preciosos bebês: os coturnos.

– Por isso está simpática desse jeito, Miss Mau Humor? – disse, fazendo a morena revirar os olhos.

– Me empresta as suas anotações? Não estou entendendo nada.

Skyler puxou a folha, passando os olhos pelo seu conteúdo e mexendo a cabeça em sinal de reprovação.

– Por Deus... Quem escreveu isso?

– O Michael. – April deu de ombros, apontando para o garoto de cabelos loiros oleosos e um moletom manchado de ketchup. Ele sorriu mostrando os dentes tortos juntamente com algo verde não identificado grudado no aparelho.

As duas fizeram uma careta, virando o rosto para a janela.

– Nesses momentos eu gostaria de ter um carro. – resmungou April, abrindo a mochila de Skyler, puxando um caderno e o abrindo.

O trajeto demorou por volta de vinte minutos. O ônibus parou no estacionamento, e as portas se abriram.

– Valeu, Fred. – April fez um sinal positivo com a mão.

O motorista riu, mas engasgou-se e teve uma crise de tosse. Um dia monótono como qualquer outro.

[...] O sinal do almoço tocou. Os atletas e as líderes de torcida ocuparam as duas melhores mesas, conversando e rindo em voz alta. As duas garotas levaram suas bandejas - com tacos, suco de laranja e uma barra de cereal – até a mesa no canto do refeitório, sentando-se.

– Achei meio difícil...

– Sempre fala isso e depois tira dez.

– Mentirosa! Eu não... – April ergueu a sobrancelha – Tá. Às vezes.

– Pior que foi difícil mesmo. Acho até que foi por isso que a Louise saiu da sala e sumiu depois do teste. Deve ter tido um ataque de nervos, ou algo do tipo.

– Não acho que tenha sido em relação à prova... – Skyler desfez a expressão pensativa – Mas não vamos falar sobre isso. Amanhã é final de semana. Podíamos dar um pulo na cidade vizinha. Não é tão longe...

– Vamos ter que pegar uns dois ônibus... – resmungou April - Mas é melhor do que ficar em casa, precisamos sair um pouco. Parecemos pássaros presos dentro de uma gaiola!

– Ok, filósofa, combinado então.

#POV Louise

Sua mãe girou a chave e ligou o carro, com uma expressão séria.

Ela chamava-se Anna. Trabalhava na corretora de seguros da cidade. Ainda estava com o uniforme, pois saíra do trabalho às pressas para socorrer a filha.

Louise era uma garota bonita. Alta e magra, diferente daqueles americanos sedentários e obesos que muitas vezes participavam de reality shows para emagrecer. Um deles emagrecia mais que os outros e ganhava o prêmio, depois gastava de novo com comida. Pelo menos era o que Louise pensava. Ela era feliz por não precisar disso. Possuía cabelos castanhos com algumas mechas loiras, e uma pele levemente bronzeada. Mas no momento estava pálida e com uma expressão cansada.

– Eu te avisei. Por favor, não saia sem tomar café.

– Eu acordei atrasada. – suspirou a garota - Não podia perder aula.

– Falando nisso... Por que foi dormir tão tarde?

Louise ficou em silêncio. O carro parou no semáforo ao ver o sinal vermelho. A mulher esticou o braço, abrindo o porta-luvas. Tirou de lá uma pasta rosa. Puxou o elástico e a abriu, colocando sobre o colo da filha.

– Achei isso no seu quarto ontem. – a menina se manteve calada – Lou, eu não acredito que ainda não desistiu. Faça um favor a si mesma...

– Eu só quero conhecer o meu pai! Qual o problema?

O sinal ficou verde e o carro voltou a andar. O silêncio se instalava pelo local, trazendo com ele um grande ar de tensão.

– Ah, verdade, qual o problema? – Anna indagou com cinismo – Qual o problema em conhecer o homem que me embebedou e me deixou grávida? Qual o problema em conhecer o cretino que me deixou sozinha no mundo, carregando uma outra vida comigo? Não sei, qual é?

– Eu sei que ele fez muitas coisas erradas, mas a senhora não pode me culpar por ter curiosidade. Ele é o meu pai. E eu quero saber. Mas como a senhora não facilita as coisas, eu tenho que descobrir por conta própria! – uma lágrima escorreu lentamente pelo seu rosto - Eu encontrei iniciais, sabia? M.D. Que raios é M.D.?

O rosto da mulher ficou pálido. Ela cerrou os dentes.

– Sabe, é realmente frustrante! Não poder conhecê-lo e nem ao menos saber a droga do seu nome...

Anna freou o carro bruscamente, fazendo com que o veículo quase se chocasse com o caminhão atrás. Ouviu várias buzinas sendo apertadas, juntamente com ofensas nada agradáveis dos outros motoristas.

– MERLE DIXON! Satisfeita?

# POV Skyler

Skyler sempre teve um pensamento e agora isso só se confirmava: Só passa desgraça nessa merda de rádio.

–... e o vírus se espalhou em uma velocidade incomum, infectando agora quase toda a América do Norte e um bom pedaço da América do Sul. Essa filmagem foi gravada na semana retrasada, por um residente de New York. – Skyler arregalou os olhos ao ver aquelas criaturas. Era tiro para todo o lado. Gritos e pessoas caídas no meio da rua – e essa de semana retrasada, vem de Cave Spring, Geórgia...

Desligou a televisão em choque. Quando era na china parecia um pesadelo distante. Agora já estava em Geórgia. Estavam se aproximando.

She took the midnight train going anywhere...

O celular tocou pela quarta vez, tirando-a de seus devaneios.

– Alô?

– VOCÊ ESTÁ BEM? POR DEUS, ACHEI QUE TIVESSE CHEGADO AÍ! VOCÊ VIU...

Skyler afastou o celular da orelha.

– O noticiário? Sim...

– Nós vamos aí te buscar. Estão tomando muitas medidas de segurança por aqui, podemos passar um tempo...

– Não!

A situação já era ruim, o que a garota menos queria era que as pessoas de sua família acabassem sendo pegas por aquelas coisas estranhas no caminho.

– O QUÊ? FICOU LOUCA?

Respirou fundo, fazendo uma pausa para se acalmar.

– Mãe, a Irlanda ainda não foi invadida. Vocês ficarão seguros. Eu posso ir até aí sozinha. Comprarei passagens.

– Mas filha, e se...

– Eu ficarei bem, prometo. Por favor, eu não te peço, eu te imploro. Não saia daí. Cuide da família.

Skyler ficou com o coração partido ao ouvir os soluços da mãe do outro lado da linha.

– Por favor, mãe... Eu posso fazer isso. Eu sei que posso.

–Tudo bem. Ah, não acredito que estou deixando você fazer isso, atravessar o país... É uma viagem de muitos dias, principalmente se os aviões, ônibus e outros meios de condução pararem de funcionar logo. Você terá que se cuidar. Leve pessoas com você. Pelo menos vou saber que não estará sozinha. Eu nunca diria isso a você se não fosse realmente necessário, mas ande armada. Monte uma mochila com roupas e suprimentos para a viagem.

– Farei tudo isso.

– Por favor, tome cuidado. Logo os telefones irão parar de funcionar assim como aconteceu com a televisão. Vá até o meu quarto, debaixo da cama tem um rádio. Talvez possa funcionar. Skyler, me prometa que vai se cuidar.

– Eu irei. Vou chegar sã e salva. Irei até aí, te darei um abraço e tudo vai ficar bem.

– Boa sorte, querida.

– Obrigada. Vou desligar, preciso me apressar. Eu te amo, mãe.

– Eu também te amo muito.

E aquela foi a última vez que se falaram por telefone.



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