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História Welcome to the family - Take me with you


Escrita por: Polimnia

Notas do Autor


Eu simplesmente não consegui aguentar e resolvi postar mais um capítulo. Quero muito pular a introdução e chegar nas parte mais "divertidas", se é que vocês me entendem. hahahahahahaha

Capítulo 2 - Take me with you


Acordei com os raios de sol em minha pele, me espreguicei e logo me levantei da cama, fiz toda a minha higiene matinal, depois cuidadosamente desci até a cozinha, por sorte não encontrei meu pai em casa, não me interessava onde ele estava eu só queria um pouco de paz. Ele geralmente passava o dia todo em um bar escuro que ficava a umas quatro quadras daqui. Tomei meu café devagar, não tinha pressa; mil pensamentos passavam por minha mente, essa noite sonhei com Matt, na verdade não sei se foi bem um sonho, eram lembranças de quando eu era mais nova.

Lembro a primeira vez que eu vi ele, era mais alto que eu e bem mais velho também, usava roupas escuras e velhas, ele tinha um olhar sério, ele era estranho e no início lembro que fiquei com medo dele, mas em uma tarde que passamos juntos todo esse medo foi embora, e vi que ele era realmente legal. Logo que ficamos sozinhos ninguém disse nada, ficamos nos encarando e analisando por um tempo, uma meia hora talvez, mas depois começamos a conversar, nos soltamos mais e tudo foi tão depressa, logo éramos super amigos. Eu tive uma sensação estranha quando conheci ele, sua aparência me causava um pouco de medo, mas eu queria estar perto dele, eu me sentia segura e alegre quando estava perto de Matt. Pensei que quando ele descobrisse que tinha uma irmã de outra mãe não me aceitaria, me odiaria, mas não foi isso que aconteceu.

Como morávamos em cidades diferentes passávamos as férias juntos, era legal, ele era mais velho que eu, sempre me protegia das coisas, gostávamos de brincar junto, lembro como se fosse ontem, nós brincando no balanço que havia no jardim da casa dele, ficávamos horas assim, eu no balanço e ele me balançando, conversávamos sobre tudo enquanto estávamos assim, compartilhávamos segredos... Lembro de conhecer a Valery, era a namorada do Matt, ela também se vestia de um jeito estranho, mas era super simpática. Também conheci Jimmy e Zacky, eles eram muito loucos, as vezes me sentia intimidada, mas Matt estava lá comigo, então todo o medo ia embora.  Ele era um ótimo irmão, não me deixava fazer as coisas erradas que ele fazia, não me deixava beber, nem fumava perto de mim. Quando as coisas foram ficando ruins pedi ajuda pra ele, pedi que ele não me deixasse ali com meu pai, quer dizer, com nosso pai, mas ele ignorou meu pedido, eu sabia que ele dava mais importância para a sua carreira do que para uma meia irmã. Chorei durante dias depois disso, ele jurara que me cuidaria, que não deixaria nada me acontecer, mas ele havia me abandonado ali com um homem que ele sabia que me faria mal. Jurei que esqueceria que eu tinha um irmão, que nunca mais choraria nutri uma raiva enorme dentro de mim em relação ao meu irmão, queria que ele morresse.

Meus devaneios foram interrompidos pelo som do telefone, estendi o braço para trás sem me levantar da bancada onde eu estava, tirei o fone do gancho.

- Alô? – Disse assim que coloquei o aparelho ao ouvido.

- Lisa, precisamos conversar. – A voz era triste e baixa, mas eu pude reconhecer que era a voz de Matt.

- Sobre o que? Sobre você ter achado que sua carreira era mais importante que sua irmã que você jurou cuidar?

Ouve uma pausa, pude escutar um suspiro pesado. O silencio era ensurdecedor. 

- Se quer conversar me encontre nesse bar... – Passei o endereço do bar e desliguei. Vesti um moletom e deixei a casa. Uma brisa balançava meus cabelos, caminhei devagar pelas ruas, acho que não queria encontrar meu irmão. Só que vinha em minha mente eram as lembranças de nossas férias juntos. Tudo era tão bom, naquele tempo eu acreditava que a vida podia ser um conto de fadas. Como o mundo da voltas, olhe para mim agora: Uma garota de apenas dezoito anos, que já sofreu muito, que não pôde viver sua adolescência, que dança em um bar desde os quinze anos para pagar as contas... Com certeza eu não acreditava mais que algo pudesse dar certo na minha vida.

Logo cheguei ao bar, procurei por Matt, mas não o encontrei me sentei então em uma mesa em um canto, não se passou muito e um garçom veio perguntar o que eu iria querer, disse que só estava esperando uma pessoa e ele me deixou em paz. Acho que nem teria dinheiro suficiente para um café. Pensando em minha vida financeira, vi Matt entrar no bar e se aproximar de minha mesa, logo ele se sentou em minha frente. 

- Eu nem sei o que dizer Lisa. – Disse ele com a voz triste, eu via o arrependimento em seu olhar por ter me deixado ali. Ele tinha grandes olheiras.  – Quando eu te vi naquele lugar eu simplesmente pirei. Nunca pensei que chegaria a esse ponto... – Ele suspirou e passou a mão nos cabelos, escorregou seus dedos até a nuca pesadamente. – Quando você pediu para que eu te levasse embora não tinha como. Nós passamos por várias coisas não muito agradáveis que eu não queria que você passasse com nós, não comíamos direito, dormíamos todos em uma van, mal tomávamos banho. E eu não queria que você ficasse perto das bebidas, cigarros e tudo mais. – Ele parou e me olhou, eu estava em total silencio. – Mas acho que te deixar aqui foi pior. Eu só quero que me desculpe.

- Pedir desculpas não muda nada na minha vida.

- Eu sei. Por isso quero que venha comigo para casa, onde podemos recomeçar, e você pode esquecer de tudo que passou.

- Esquecer de tudo? Como? – Ri sarcasticamente, eu sentia muita raiva.  

Houve uma pausa, um silêncio extremamente incomodo.

- Hoje pela manhã me lembrei de todas as vezes que você me disse que cuidaria de mim, você me abraçava quando eu tinha medo, dormia junto comigo quando eu tinha um pesadelo, me fazia rir de tudo, me fazia feliz. Você me fez acreditar que você sempre estaria ao meu lado quando eu precisasse, mas quando eu precisei você me deu as costas. Você sabia o que estava acontecendo em casa, você viu meus machucados... – Parei e suspirei, eu estava cansada de tudo isso.

- Eu sei, e só eu sei o quanto eu estou arrependido, Lisa, por favor me desculpe.

- Você foi um idiota, um egoísta, talvez você quisesse mesmo me proteger de tudo e de todos, mas me deixar aqui nesse lugar foi a pior coisa que você poderia ter me feito. Eu não me importaria de dormir em uma van, de não tomar banho, de comer mal, porque aqui eu passei por várias coisas parecidas e outras muito piores, e tudo é culpa sua, se você tivesse me levado junto metade de tudo isso não teria acontecido. Eu sobrevivi anos assim, quem sabe eu consiga sobreviver mais algum tempo, assim consigo sair de casa e estou livre de nosso pai. – Me levantei. – Quero que você vá pro inferno. – Dei as costas e sai do lugar, deixei Matt sozinho, sei que não deveria ter sido tão dura e que meu ser inteiro não queria sair daquele lugar, mas eu não poderia dar o gosto da vitoria para ele. Tudo o que eu queria era dar o fora desse lugar.

Voltei para casa totalmente perdida em meus pensamentos, havia um conflito de sentimentos dentro de mim que estava me deixando simplesmente exausta. Eu queria tanto que tudo voltasse a ser como era, eu e meu irmão juntos nos divertindo, rindo e nos abraçando, queria voltar a pensar que a vida talvez pudesse ser um conto de fadas.

Não vi meu pai em casa, então aproveitei para fazer uma faxina, era realmente muito ruim estar no mesmo cômodo que aquele homem, ele não falava nada sem ser maldoso. Liguei o som e arrumei tudo, fazia tempo que eu não fazia isto, eu gostava de ver tudo limpo, mas com meu pai sempre estava em casa não tinha como eu limpar, ele não me deixava, ficava se passando, me xingando ou me batendo.

Enquanto limpava tudo fiquei pensando em tudo o que me aconteceu, nas escolhas que eu podia fazer, e que eu queria muito perdoar Matt e que este me levasse para bem longe dali. Perdi as contas de quantas vezes sozinha eu chorei, em silencio, pedi, rezei e implorei para Deus me ajudar, mas isso nunca aconteceu, eu me sentia completamente sozinha, sem amigos, sem família, sem Deus, sem ninguém. Eu sabia que eu podia contar com Jimmy, mas não queria incomodar, acho que por todos esses anos eu tive medo de pedir ajuda, de contar tudo o que me aconteceu, de tentar fugir e algo de ruim acontecer. Eu sei que eu tinha um emprego, que estava ganhando dinheiro, que poderia sair de casa, que disse a Matt que logo eu me livraria de meu pai, mas eu também sabia que tudo isso era mentira, que meu pai nunca me deixaria em paz, que ele me caçaria, quem o sustentava era eu, era eu quem trabalhava e colocava dinheiro naquela casa, que pagava suas bebidas e que sem mim ele não era mais nada, seria apenas um mendigo. Não sei como, mas ele me obrigaria de alguma maneira a voltar para a casa dele sempre que eu pensasse em sair.

Quando terminei a limpeza subi para meu quarto e tomei um banho demorado, quando terminei liguei meu radio e para esquecer de tudo um pouco comecei a dançar, já me exercitando para o bar. Não sei quando tempo se passou, só sabia que já era de tarde, eu havia acabado a faxina por cerca de quatro da tarde, apesar de minha casa não ser muito grande ela estava muito suja e bagunçada.

Enquanto dançava eu me entregava totalmente a musica, as suas batidas, deixava ela me guiar, e pouco a pouco eu fui relaxando.

Ainda dançando me virei para a porta de meu quarto, vi que meu pai estava ali me observando encostado na soleira da porta, pela sua cara eu podia ver que ele estava bêbado, parei de dançar de imediato.

- Você deve ser muito boa no seu trabalho. – A sua voz estava estranha, ele estava bêbado, e muito. – E agora que acendeu o fogo do velho vai ter que apagar. – Disse ele se aproximando.

Ele quis mesmo dizer o que eu ouvi ele dizer? Ele não estava pensando em... Ele se aproximou e eu corri mas ele conseguiu me agarrar, tentou me beijar, ele estava com um bafo horrível de álcool, tentei me desvencilhar dele, ele passava às mãos em mim, o empurrei e ele deu uns passos para trás.

- Vadia. – Disse ele, o homem estava com muita raiva por eu ter o empurrado, me acertou um tapa no rosto, nunca fui muito forte e acabei caindo no chão.

Senti minha blusa ser rasgada e ele subir em cima de mim. Comecei a chorar e a gritar por socorro, me debatia desesperadamente, não podia acreditar que meu próprio pai estava fazendo isso, eu já havia passado por isso uma vez e agora eu passaria de novo, eu não podia acreditar, todo o nojo começou a voltar, o desespero, e só o que eu podia fazer era gritar implorando por socorro.

Antes que meu pai pudesse fazer algo ouvi a porta ser aberta e alguém tirar o homem de cima de mim com brutalidade, vi uma briga corporal começar, Matt havia entrado no quarto e agora brigava com meu pai, eu estava ainda em choque, não pude prestar muita atenção no que estava acontecendo, vi quando Matt veio em minha direção me ajudou a levantar e me abraçou forte, ele me deixou chorar desesperadamente em seu ombro, ele viu que eu estava bem, pois ainda estava com as roupas intimas. Por cima de seu ombro pude ver meu pai no chão desmaiado, queria que ele morresse.

- Me tira daqui... Me leva com você! – Disse em meio aos soluços.

Peguei um sobretudo que havia jogado em um canto no quarto e o vesti com sua ajuda, eu estava desesperada e assustada que eu mal conseguia caminhar. Ele me colocou dentro de seu carro enquanto eu ainda chorava me encolhendo, eu não queria pensar no que teria acontecido se Matt não tivesse chegado.

Ele me levou para o hotel onde estava hospedado, me fez tomar calmantes, me ajudou a deitar em sua cama, se deitou ao meu lado e ficou falando coisas bonitas em meu ouvido até que me acalmei e adormeci abraçada em meu irmão, como nos velhos tempos. 



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