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História We'll Be Okay - Capítulo Único


Escrita por: nightxskie

Notas do Autor


Boa leitura ^^

Capítulo 1 - Capítulo Único


                  We’ll Be Okay

               Por BlackyByun


Foi a luz do sol que o acordou naquele dia. Era mais uma típica manhã de quarta-feira, onde o céu estava limpo e azul, o que o fazia ter uma vontade repentina de ir até a janela do quarto e se jogar de lá.


Sempre detestou quartas-feiras, era perto demais da segunda e longe demais da sexta. Na verdade, sempre detestou qualquer dia da semana que não fossem sábado e domingo, e o fato de ter acordado antes mesmo de seu despertador tocar já dizia que o dia tinha começado errado.   


E apesar de ter acordado antes de seu despertador, continuou na cama até ouvi-lo. Dizem por aí que quando você começa a gostar de alguém da escola sua vontade de ir até ela aumenta em uma grande proporção, mas diferente do que diziam, tudo o que ele queria era continuar na sua cama e hibernar para sempre.  


Porque sim, ele foi idiota a ponto de começar a gostar de alguém da escola. E se tinha uma coisa da qual ele tinha certeza é de que Park Chanyeol nasceu para ser trouxa, e ele executava essa façanha com maestria. Porque não bastava ter se apaixonado por alguém da escola, ele tinha se apaixonada justamente pelo seu melhor amigo. Clichê, eu sei, mas ser clichê faz parte de ser trouxa.


Baekhyun e ele se conheciam desde de pirralhos, o que era suficiente para que cada um deles conhecessem exatamente as manias um do outro, para que ele soubesse o quanto Baekhyun podia ser chato quando queria, mas não suficiente para que soubesse quando e como começou a se sentir estranho em relação ao amigo.


Talvez quando ele começou a ter dúvidas sobre garotos, ou quando Baekhyun se revelou bissexual, ou quando ele reparou que, puta merda, seu melhor amigo era bonito para um caralho. E ele não poderia negar aquilo mesmo que fosse hétero, o que já estava bem claro que não era, mesmo que ele não soubesse exatamente o que era ainda. Nunca gostou de rótulos de qualquer forma.


Poderia dizer que a puberdade fez um bom trabalho no Byun, mas a verdade era que o menor sempre fora bonito, sempre chamara atenção. E tal fase apenas intensificou esses traços, trazendo consigo a descoberta de um Baekhyun totalmente extrovertido e desinibido – isso porque antes ele não conseguia falar com ninguém sem enrubescer. Tinha o costume de dizer que a única coisa que o tempo não trouxe ao Byun foi a altura, já que o moreno continuava baixinho, diferente de Chanyeol que cresceu até demais.


Os dois sempre foram muito amigos, apesar de terem suas desavenças – que consistiam em discussões sobre qual era a melhor casa de Hogwarts ou qual era o melhor herói da Marvel. Sempre tiveram muito em comum e, mesmo que agora a menor tivesse muito mais amigos do que antes, ele nunca o abandonou, e muito menos o deixou de lado. Mas ultimamente era ele quem estava evitando o Byun e isso era perceptível para qualquer um.


Era difícil conversar com Baekhyun sem se sentir nervoso, difícil sentir o estômago revirar toda vez que pensava que iria vê-lo, difícil não encará-lo durante as aulas quando menor, na verdade, parecia um imã para si. Ele estava prestes a cometer uma loucura, não sabia quanto tempo mais  aguentaria, sempre foi direto em todos os assuntos e sua vontade era apenas de gritar aos quatro ventos o que estava acontecendo, tirar todo aquele peso de seus ombros. Mas o medo e a insegurança o impediam de sequer pensar naquela opção sem tremer as mãos e gaguejar.


Tinha medo de acabar estragando a amizade deles, medo de que Baekhyun o rejeitasse e se afastasse. Tinha medo das consequências, e do que seus pais pensariam, afinal, só porque os pais do Byun foram compreensíveis não significava que os seus também seriam. Chanyeol pensava demais, talvez esse fosse o problema.


Respirou fundo enquanto usava todas as suas forças para levantar da cama, ainda podia ouvir a voz dentro de si gritar para que ele apenas fingisse que não havia ouvido o despertador e voltasse para cama. E ele teria feito isso, teria mesmo, mas o som de seu celular tocando o chamou a atenção e o nome que piscava na tela fez com que seu sono passasse rapidamente.


E é claro que ele poderia ter simplesmente ignorado a ligação, mas como já foi dito, Chanyeol era muito trouxa.


— Eu realmente espero que essa bunda seca já esteja fora da cama, Chanyeol. — A voz de Baekhyun soou pelo telefone.


— Bom dia pra você também, Baek — disse num tom quase entediado. — E eu realmente espero que você tenha um bom motivo para ter me acordado.


Mentira número um: ele já estava acordado. 


— Você tem aula, e já faltou duas vezes essa semana, esse é um motivo excelente — respondeu, os sons no fundo entregando que ele provavelmente deveria estar jogando as coisas dentro da mochila. — Aliás, por que você anda faltando mesmo? 


— Eu estava indisposto e eu não acho esse motivo tão bom assim. 


Mentira número dois: ele só estava o evitando. 


— Claro que é — disse, quase soando ofendido, mas então a linha ficou silenciosa e, por alguns segundos, tudo o que pode ouvir fora a respiração de Baekhyun, antes que ele mesmo quebrasse aquele silêncio. —  Chan, aconteceu alguma coisa? Você anda mais estranho que o normal, sabe.


— Hm? Não sei do que está falando, Baek. Agora, eu preciso ir me arrumar, te vejo na escola. — E desligou, sem esperar sua resposta. 


Era a mentira número três. Era claro que havia acontecido algo, tinha se apaixonado pelo seu melhor amigo e agora tinha que controlar a droga dos próprios hormônios todas as vezes que ele se aproximava. 


Suspirou alto mais uma vez e se jogou na cama novamente, poderia ficar vegetando nela para sempre, se não tivesse ouvido a voz da sua mãe o chamando do andar de baixo. Levantou da cama de imediato, pegando tudo que era necessário para sua higiene matinal e foi direto ao banheiro.


Preferia encontrar dez Baekhyun's que uma Senhora Park irritada.


•||•


No final, quase chegou atrasado por ficar enrolando no meio do caminho. Sua intenção era ir direto para sala, quem sabe tirar uma soneca antes da aula começar e de quebra, evitar Baekhyun o máximo que pudesse, mas, antes que sequer pudesse chegar à sala ouviu uma voz o chamá-lo e logo uma mão estava sendo depositada em seu ombro.


Virou para encarar a figura que conseguia ser ainda maior que si, Yifan usava o uniforme do time de basquete e tinha a mochila pendurada em um de seus ombros despojadamente. Ele costumava pedir muito para que Chanyeol fizesse teste para entrar no time, dizendo que sua altura seria de grande ajuda, mas depois de testemunhar seu sedentarismo de perto e a sua proeza de conseguir acertar a própria cabeça com a bola, ele desistiu.


— Ei, Park — disse sorridente. — Ficou sabendo da festa no sábado?


— Na verdade, eu não tô sabendo de nada não — respondeu franzindo o cenho. — Você vai dar uma festa?  


— Claro que não, afinal, você é quase um turista aqui, não é mesmo? — disse, fazendo que Chanyeol revirasse os olhos  com seu comentário. — E sim, vou dar um festa, quero você lá, entendeu?


— Por acaso é seu aniversário e eu esqueci? E por que caralhos eu iria à uma de suas festas, Yifan?


— Não, não é meu aniversário, você não ousaria esquecer meu aniversário. E como assim “por que”? Pra deixar de ser um bundão antissocial, fazer amigos, perder o bv, sei lá!


— Bv? Vai se fuder, Yifan — disse já virando para ir embora, mas parou antes de perguntar. — Espera, então qual o motivo da festa?


— Yoda, cara, desde quando eu preciso de um motivo pra dar festas? Apenas esteja lá às oito, okay? — Ele respondeu e seu olhar era preenchido por expectativas.


Na verdade, não conseguia se lembrar de alguma festa do Wu que tivesse algum motivo aparente. O moreno quebrava qualquer estereótipo de jogador de basquete popular, suas notas eram sempre altas, falava com todos, até mesmo com nerds como Chanyeol, estava sempre dando festas e chamando todo mundo, sem exceção, porque ele era Wu Yifan, e ele podia fazer tudo isso sem que ninguém o questionasse.


— Tudo bem, eu vou. — Deu-se por vencido, mas o tom de tédio em sua voz estava ali para provar que não estava contente.


— Ótimo! Ah, e leve aquele seu amigo, o Byun, contigo. Em todo o caso você não vai ficar sozinho, agora tenho que ir, Yoda, até mais tarde.


Chanyeol revirou os olhos ao ouvir o apelido e apenas o deu as costas, voltando a seguir em direção à sala. Os corredores, àquela altura, já estavam quase vazios, mas ele andava calmamente sem se preocupar caso estivesse atrasado ou não e quando avistou a própria sala fez questão de diminuir a velocidade mais ainda.


Se sentia muito estúpido fazendo aquele tipo de coisa, mas chegara a um ponto onde até mesmo olhar para o menor era torturante.


Quando chegou à sala Baekhyun já estava lá, sentado no mesmo lugar de sempre com um lugar vago à sua frente que era de Chanyeol. Não havia nenhum professor na sala e o Byun parecia aproveitar esse tempo para dormir, ou pelo menos foi essa a impressão que o maior teve ao ver que ele estava com a cabeça deitada na mesa, deixando que os fios negros e já um pouco longos demais, cobrissem seus olhos. Mas assim que se sentou em sua carteira, o Byun levantou a cabeça e sorriu ao encarar Chanyeol.


Por um segundo, os pulmões de Chanyeol pararam de funcionar, sentiu o estômago revirar com a aquilo que as pessoas chamavam de “borboletas no estômago”, mas para ele era quase como um tiro. Viu o menor se ajeitar na carteira, ainda com um sorriso estampado nos lábios, e passar as mãos no cabelo numa tentativa falha de arrumá-lo, mas totalmente eficaz em deixá-lo mais bonito.


— Resolveu dar o ar da graça, margarida? — perguntou arqueando uma das sobrancelhas.


— Pois é, hoje eu acordei excepcionalmente caridoso e resolvi lhe dar o prazer da minha companhia — respondeu, sorrindo também ao vê-lo revirar os olhos.


— Vai se ferrar, Chanyeol — disse, empurrando-o pelo ombro. — E por que caralhos você faltou esses últimos dias? E nem vem com esse papo de “estava indisposto” que eu te conheço.


— Eu só não tava a fim de vir mesmo, me desculpe ter feito você passar esses dias horríveis sem a minha presença — disse simplório, enquanto retirava o material da mochila, não era uma total mentira. Foi então que se tocou de que não tinha nenhum professor na sala e se voltou para Baekhyun com o cenho franzido. — Ei, a gente tem esse tempo vago ou tem um professor realmente atrasado?


— Fala sério, Chanyeol. Você sequer olhou seu horário hoje?


— Não, mas eu… — tentou dizer, mas  acabou perdendo a fala ao ver a figura baixa entrando na sala. — Ah, merda.


Chanyeol sentiu o resto do ânimo que tinha se esvair ao ver a Sra.Eung entrando na sala, suas aulas de história eram apenas mais um motivo para Chanyeol odiar quarta-feiras. Sra.Eung tinha sempre uma carranca na cara, sempre chegava atrasada nas aulas e andava como se estivesse sendo arrastada, quase nunca falava durante as aulas a não ser que fosse para dar um sermão em alguém, mas sempre lotava o quadro de textos gigantes. Chanyeol não se surpreenderia se ela dissesse que odiava todos dentro daquela sala – não que ele a julgasse, na verdade achava bem compreensível – e que só estava ali por obrigação.


Bufou, os próximos dois tempos eram dela e ele já podia se imaginar sendo consumido pelo tédio.


Argh. Eu deveria ter ficado em casa — reclamou.


— Ah não, não mesm. — disse Baekhyun colocando mão sobre o ombro de Chanyeol e apertando de leve. — Que tipo de amigo você seria se me deixasse passar por esse sofrimento sozinho?


— O tipo esperto — disse como se a resposta fosse óbvia. — Cara, olha só pra ela, eu consigo imaginar ela virando uma fúria* e vindo matar a gente.



— Bem, a cara feia ela já tem — respondeu, e logo em seguida usou a mão que ainda estava sobre o ombro de Chanyeol para empurrá-lo levemente, passando-a para o lado em direção ao pescoço do maior e segurando ali por alguns segundos. — E você é péssimo amigo, se eu tivesse a Contracorrente** agora, eu a usaria para acertar sua cabeça, seu traidor.


O moreno tinha razão, Chanyeol era um péssimo amigo. Porque provavelmente nem era sua intenção, mas o arrepio que percorreu pelo seu corpo quando a mão do menor tocou seu pescoço foi inevitável. Muitas coisas sobre Baekhyun estavam se tornando inevitáveis ultimamente.


— Mas aí não ia acontecer nada porque você não passa de um mero mortal. — Continuou Baekhyun, logo em seguida retirando a mão de Chanyeol.


— Como ousa? — disse Chanyeol, virando para trás para poder encarar Baekhyun, com a mão no peito do jeito mais dramático que podia.


Viu Baekhyun abrir a boca para responder, mas logo foram interrompidos pela professora que pedia – gritava – por silêncio. Então Chanyeol se ajeitou na carteira e se pôs a copiar o texto que estava sendo passado.


Mas Chanyeol era impaciente, os minutos eram como horas para si e ele mal podia esperar para ouvir o sinal tocar para poder dar adeus à fúria que ele costumava chamar de professora. Bem, pelo menos até a próxima semana. A sala estava em silêncio e todos pareciam compartilhar um sentimento mútuo de desespero, olhava o relógio de cinco em cinco minutos, mas os ponteiros pareciam se recusar a se mexer.


Já era vigésima vez que olhava para o visor do celular num tempo de dez minutos quando viu algo cair sobre sua mesa. Um pedaço de papel meio dobrado, meio amassado, vindo da carteira atrás da sua e ele não pensou duas vezes antes de pegá-lo.


“ Na sua casa depois da aula.”


Era simples e objetivo. Escrito numa caligrafia em tanto desleixada que ele tanto conhecia.


Era uma coisa que eles faziam desde de criança, passar bilhetes durante a aula quando não podiam conversar propriamente, não precisava de assinatura nem nada, não era sequer uma pergunta, por isso não se deu ao trabalho de responder.


Ele só estava avisando, iria passar a tarde em sua casa como costumavam fazer, provavelmente passaria a noite lá, o que também não era novidade. Mas Chanyeol estava preocupado.


Dormir no mesmo quarto e talvez até na mesma cama que Baekhyun não era mais como antes, tê-lo tão próximo a si não era mais como antes. o menor provavelmente só havia notado o distanciamento dos dois e estava tentando agir normalmente, fazer o que sempre faziam. E Chanyeol, ah, ele já estava suando frio só de imaginar o que poderia acontecer, de imaginar a proximidade dos dois, em tocar a pele tão macia do menor…


Ah, aquele seria um longo dia.


•||•


O refeitório estava lotado e barulhento, mas ele estava tão feliz por ter uma pausa dos professores chatos que pouco se importava. Estava sentado sozinho em uma mesa qualquer enquanto esperava Baekhyun voltar com seu almoço, estava sem fome, preferiu ficar apenas com a lata de refrigerante que havia comprado.


Os dedos batiam na mesa numa melodia qualquer quando viu o Byun se aproximando enquanto carregava uma bandeja e junto a ele vinha Kyungsoo, o garoto baixinho e fofo da sala ao lado. Recentemente havia raspado o cabelo e Chanyeol não pôde evitar achar a coisa mais fofa do mundo.


— Soo! — falou quando o menor se sentou ao seu lado, levando de imediato as duas mãos à careca dele, passando-as numa espécie de carinho desajeitado, mas logo fora repelido por um Kyungsoo irritado.


— Sai, Chanyeol, para de ser grudento — disse, empurrando a mão do outro. — Byun, tira ele daqui.


Baekhyun observava a cena meio de lado, sentado à esquerda de Chanyeol sem dizer nada. Sua expressão estava impassível e ele ainda não havia tocado na comida. O maior se perguntava sobre o que ele estava pensando. Mas ao ouvir seu nome sendo mencionado pelo Do, ele reagiu e piscou antes de sorrir – um sorriso meio estranho – e puxar Chanyeol pela touca do moletom para longe de Kyungsoo.


— Para de ser chato, Chanyeol — disse após largar seu moletom. — Só eu posso fazer isso na careca do Kyung.


— Nos seus sonhos, Byun. — Quem respondeu foi Kyungsoo e Baekhyun, já com a boca cheia, o olhou  com cara feia.


Kyungsoo nunca foi uma pessoa muito adepta a demonstrações de afeto público ou qualquer tipo de interação que envolvesse contato físico. E Chanyeol e Baekhyun como bons amigos que eram, tinha como hobby deixá-lo o mais irritado possível. Claro que muitas vezes isso acabava lhes custando alguns – talvez muitos – tapas, mas eles sobreviviam e logo a programação voltava ao normal.


Chanyeol estava entretido em mais uma de suas discussões bobas com Kyungsoo quando percebeu Baekhyun se movendo ao seu lado. Virou para encarar o amigo que estava com umas das mãos levantada acenando para alguém, seguiu na direção com o olhar e deu de cara com ninguém menos do que Oh Sehun.


Ele era um dos jogadores do time junto com Yifan, um daqueles caras que todo mundo conhecia e sabia o nome mesmo que nunca tivesse sequer conversado com ele. Não sabia exatamente quando a amizade do Baekhyun e do Oh tinha começado, mas quando se deu conta os dois já estavam íntimos o suficiente para terem piadas internas e se chamarem por apelidos. Viu-o sorrir para o menor ao seu lado e logo vir em sua direção.


De repente Chanyeol sentiu o estômago revirar de um jeito estranho e uma sensação esquisita percorrer seu corpo, a palavra ciúmes piscava em letras neon em sua mente, mas ele se negava a admitir esse sentimento. Afinal, não tinha com o que se preocupar, quer dizer, Baekhyun não era do tipo que saía com  jogadores de basquete que tingiam o cabelo de loiro.


Ou era?


— Oi, Baek — disse Sehun ao se aproximar e sentar na mesa em frente aos três garotos. — E aí, caras?


Dessa vez sua fala fora direcionada aos outros dois garotos, que como resposta apenas acenaram com a cabeça. Kyungsoo porque não era uma pessoa muito social e Chanyeol… Bem, esse nem sabia explicar porque não queria falar com ele.


— Oi, Sehun! — disse Baekhyun, mas apesar de seu tom animado ele encarava os dois amigos de uma forma que preocupava Chanyeol. — E aí, como vão os treinos? O treinador continua no seu pé?


— Não seria ele se não pegasse … — respondeu, rindo baixo em seguida. — Mas e então, vou te ver no sábado?


— Não sei, o que tem no sábado?


— A festa na casa do Yifan, pensei que soubesse já que seu amigo vai — disse indicando Chanyeol com a cabeça.


De repente Chanyeol sentiu o olhar de todos na mesa focarem em si e quis matar Oh Sehun por fazer aquela situação parecer tão errada.


— Ah, na verdade, eu não sabia não. — Semicerrou os olhos enquanto encarava Chanyeol, mas logo voltou a focar em Sehun. — Mas não se preocupe, a gente vai se ver por lá sim.


Sehun sorriu e se despediu rapidamente deixando para trás os três rapazes num silêncio desconfortável. Baekhyun parecia incomodado com alguma coisa e  terminava seu almoço sem sequer olhar para os dois ao seu lado, enquanto Kyungsoo perguntava com o olhar para o maior o que estava acontecendo. Chanyeol não fazia ideia.


— Então, quer dizer que você vai numa festa sábado? — perguntou Baekhyun, quebrando o silêncio de repente. — Achei que não gostasse dessas coisas.


— Não gosto. Yifan me chamou hoje, eu esqueci de te contar.  — respondeu enquanto colocava sua latinha vazia em cima da mesa. — Eu nem sei se realmente vou.


— Hm, mas eu vou. Certeza. E quanto a você Kyungsoo?


— Quem, eu? — respondeu o menor um pouco surpreso, não era como se Baekhyun não soubesse a resposta para essa pergunta. — Claro que não, ficou louco? Até parece que eu perderia minha noite de sábado na companhia de um monte de mundanos.


A conversa dos três foi interrompida pelo sinal que soou, indicando o fim do intervalo. Chanyeol suspirou desanimado, e viu Baekhyun dar de ombros se levantando e dizendo que levaria sua bandeja de volta. Viu-o passar pela mesa de Sehun, sorrir para ele e seguir seu caminho. Aquela sensação estranha ainda percorria seu corpo e parecia que não o deixaria tão cedo.


— Será que o Sehun está interessado no Baek? — Pensou alto sem perceber e sentiu a vergonha o percorrer ao ver Kyungsoo o encarando com uma das sobrancelhas arqueadas.


— Bem, isso meio óbvio, não é? — disse simplório. — Mas não é como se isso fosse fazer alguma diferença pra ele, o Baek, quero dizer.


— Não? Por que não?


Sua indagação apenas fez Kyungsoo o olhar de forma indignada, Chanyeol estava confuso. Ele queria dizer que Baekhyun não se interessaria pelo Sehun? Ou que ele já estava interessado em outro alguém?


— Não acredito que você é burro a esse ponto, Chanyeol — disse revirando os olhos.


— O quê? Mas do que você tá falando?


— É, do que vocês estão falando? — perguntou a voz atrás de Chanyeol, que se virou assustado com a fala repentina. Apenas para dar de cara com um Baekhyun rindo de seu susto. Perguntou-se como alguém poderia mudar de humor tão rápido.


— Nada importante — respondeu Kyungsoo e Chanyeol se sentiu aliviado pela resposta. — Vamos logo para sala. disse se levantando e logo sendo seguido por Baekhyun e por Chanyeol, que não deixaria de pensar naquilo que o amigo disse tão cedo.

 

•||•


— Chanyeol, caralho! — gritou Baekhyun, já estava levemente exaltado.


— Cala boca, Baekhyun, você ficar gritando desse jeito não ajuda em nada! — respondeu no mesmo tom em que o amigo.


— Então presta atenção no jogo, seu boçal.


Estavam sentados um do lado do outro na cama de Chanyeol, cada um com o próprio notebook no colo enquanto jogavam LOL, passaram a partida inteira discutindo e mesmo assim tiveram a vitória no final, não que ele estivesse surpreso, se considerava muito bom no jogo e tinha uma ótima equipe. Além do mais, tinha Baekhyun no time, não era como se o baixinho aceitasse perder.


Já passava das onze da noite quando Chanyeol sentiu seu estômago roncar, ele e Baekhyun passaram a tarde trancados no quarto,  ocupados demais com os jogos online e video games para se importarem em parar pra comer. Eram em momentos como esse que Chanyeol percebia a importância da amizade de Baekhyun para si, não havia se dado conta do quanto sentira falta do menor, de ouvir sua risada gostosa e até mesmo das pequenas discussões.


Já havia desligado o notebook e estava estirado na cama enquanto tentava criar coragem para descer e preparar algo para comer, quando sentiu Baekhyun se aproximar e se jogar  em cima do seu corpo. Arfou por conta do peso do corpo do amigo, mas o outro não pareceu se importar com isso.


— Baekhyun … Quer me matar? — disse em meio à tentativa falha de empurrà-lo para longe.


— Chanyeol, eu estou com fome — disse a última palavra de forma arrastada e dramática.


— Também estou, estava pensando em descer e preparar algo, o que acha? — Baekhyun estava deitado de bruços em cima de si e pôde sentir o ar de sua risada soprada próxima a sua orelha.


Você vai cozinhar? Certeza  de que isso é uma boa ideia? — O maior reagiu dando um empurrão de leve no Byun, mas isso apenas serviu para que ele risse e se remexesse  em cima de si. Tudo de forma inocente, claro, porém não era dessa forma que o corpo de Chanyeol reagia, então achou melhor deixar o menor mais quieto possível.


— Ah, cala boca. Ainda deve ter algo da janta que minha mãe fez, mas eu tava pensando em fazer sanduíches, seu idiota. Além do mais, você não pode falar de mim quando você é pior do que eu na cozinha.


— O que disse? — disse o menor falsamente ofendido, se afastou para que pudesse encarar Chanyeol, com os braços apoiados um de cada lado da cabeça do maior. — Você está duvidando dos meus dotes culinários?


— Eu estaria, se você tivesse algum dote culinário — respondeu encarando de volta o menor. Observou os fios que caiam em seus olhos, a pintinha linda que ele tinha no canto acima dos lábios e sua boca entreaberta como se ainda tivesse algo a dizer.


Sentiu uma vontade repentina de puxá-lo mais para perto, de acabar com qualquer  espaço que houvesse entre eles, para que pudesse ver mais daqueles detalhes do menor, para que pudesse tocá-los. Nunca havia sentido uma vontade tão grande de beijar Baekhyun como sentia naquele momento.


— Chanyeol… — Sua voz estava baixa, quase um sussurro. Mas foi o suficiente para fazê-lo perceber que já estava o encarando por mais tempo que o normal, aproveitou que ele já não estava mais totalmente deitado em cima de si e se sentou na cama, forçando-o a fazer o mesmo.


— Então, vamos? — perguntou, levantando-se rapidamente. — Tenho que te provar que eu tenho dotes culinários.


Foram juntos em direção ao andar de baixo, e Chanyeol tentou fingir ao máximo que não viu o olhar confuso do menor. Fingiu que nada havia acontecido e puxou um assunto qualquer com o amigo, não queria que caíssem num silêncio constrangedor, não queria nenhum clima estranho entre eles, então a melhor escolha que ele poderia fazer no momento, era agir normalmente.


Sentia-se estúpido, e isso já estava se tornando mais frequente do que gostaria. Não era como se realmente tivesse acontecido algo, era apenas ele dois, muito mais próximos do que estiveram nos últimos dias, Baekhyun em cima de si, seus lábios entreabertos, tão perto…


Suspirou disfarçadamente enquanto ouvia Baekhyun falar sobre um filme maluco ao qual havia assistido, sem realmente prestar atenção no que o menor dizia. Sua mente estava longe, se perguntava o que aconteceria se realmente o beijasse, qual seria a sensação de ter aqueles lábios tão bonitos colados aos seus, se ele o retribuiria ou se o afastaria. Não gostaria nem de pensar no modo como isso poderia afetar a amizade dos dois, então apenas balançou a cabeça e tentou manter sua mente distraída de qualquer coisa que tivesse a ver com seus sentimentos e os lábios de seu amigo.


Quando voltou a prestar atenção no Byun ele já havia mudado de assunto, o que o fez ficar confuso por um tempo, até entender que Baekhyun falava sobre algo relacionado à Harry Potter.


— Quer dizer, não que eu tenha ficado surpreso com o resultado, eu sempre soube, mas acho que eu devia ter feito esse teste no Pottermore muito tempo atrás — dizia enquanto terminava de lavar a louça que tinham utilizado.


— Espera, deixa eu ver se entendi, você só fez o teste agora? — perguntou Chanyeol, que estava com o pano de prato nas mãos para secar o que Baekhyun estava lavando. — Por que demorou tanto?


— Ah, sei lá, preguiça talvez. O importante é que agora eu tenho provas de que faço parte da melhor casa de Hogwarts, vulgo Sonserina.


— Nos seus sonhos que é essa a melhor casa — respondeu desdenhoso. Se tinha uma coisa da qual Chanyeol se orgulhava era de fazer parte da casa dos leões.


— Pode continuar dizendo isso pra si mesmo, se o faz se sentir melhor — respondeu virando para Chanyeol. — Mas nós todos sabemos a verdade, tudo mundo sabe.


— Todo mundo, Baekhyun? Fala sério, todo mundo quem?


— Todo mundo que tem bom senso, Kyungsoo concorda comigo, o Sehun e …


— Ah, claro, ele — interrompeu, sem sequer se importar em tentar disfarçar o desgosto na voz.


— É, ele. Por que eu tenho a impressão de que você não gosta muito dele? — Baekhyun apoiou as mãos na pia e desviou o olhar enquanto fazia a pergunta. Chanyeol não sabia o porquê, mas o menor parecia receoso.


— É porque eu não gosto — respondeu simplório. — Ainda não entendo como vocês dois ficaram amigos, quer dizer, logo você que é amigo de alguém como eu, como pode ser amigo de alguém como ele?


— Que? Não acha que está se achando muito não, senhor Park Chanyeol? — O tom de riso em sua voz era bem perceptível.


— Eu só estou sendo realista, meu caro Byun — disse e o sorriso que estampava na boca fora tirado quando Baekhyun abriu a torneira apenas para jogar água no amigo.


— Abaixa a bola, Park. Seu ego é maior que você, daqui a pouco não passa pela porta. —  Baekhyun ria da cara surpresa do amigo, mas logo ficou tão surpreso quanto o amigo quando sentiu o pano de prato atingir a parte de trás de suas coxas.


E foi o suficiente para que uma guerra se iniciasse.


Baekhyun revidou jogando mais água no maior que continuava acertando-o com o pano em suas mãos. Naquele momento, não havia espaço para preocupações entre os dois, era apenas eles sendo eles mesmos  em meio à risadas e brincadeiras. Por alguns segundos, Chanyeol se viu isento de suas preocupações, era bom poder agir normalmente com o amigo, sem precisar se preocupar com o que ele pensaria dos seus atos e sem se sentir terrivelmente confuso como acontecia quando parava para pensar no que sentia por ele.


Tudo que Chanyeol mais prezava era sua amizade com Baekhyun e não a colocaria em risco por conta de seus sentimentos confusos. Afinal, as chances do Byun o rejeitar caso confessasse seus sentimentos eram enormes, além disso, mesmo que houvesse a mínima chance de engatarem em um relacionamento, o que aconteceria se caso eles terminarem? Não podia sequer considerar a hipótese de parar de falar com o amigo, então, não via escolha melhor do que engolir os próprios sentimentos e esperar que uma hora ou outra, eles deixem de existir.


Se via tão imerso naquela bolha com Baekhyun que mal percebeu quando suas vozes e risadas subiram para um tom mais alto, alto demais. Foi involuntário quando se aproximou do menor, prensando-o contra pia, rapidamente fechou a torneira e depois com as duas mãos segurou os pulsos do Byun ao lado do corpo dele.


Baekhyun foi pego de surpresa pela aproximação do maior e não teve outra reação além de arregalar os olhos. A cozinha caiu no silêncio tão rápido quanto fora preenchida pelas risadas dos dois garotos, estes que agora se encaravam de perto.


Shh, meus pais estão dormindo — alertou Chanyeol em um sussurro, após aproximar o rosto do menor para que ele pudesse ouvir. — Não queremos que eles acordem, não é?


Baekhyun não respondeu, apenas acenou negativamente com a cabeça. Chanyeol soltou os pulsos do menor, porém não saiu do lugar, esperava que o outro o fizesse, mas nenhum dos dois se mexeu. Não havia se dado conta do quão próximos estavam até então, podia sentir a respiração de Baekhyun bater em seu pescoço fazendo com que se arrepiasse.


Chanyeol se perguntava se todas as situações de agora em diante acabariam assim, não importava o que fazia ou como decidia agir no final sempre acabava dessa forma, frente a frente com Baekhyun e a vontade incessante que tinha de beijá-lo.


A vontade de estar sempre mais perto, de tocar todos aqueles detalhes perfeitos, com as mãos, com os lábios, de dizer tudo o que estava sentindo sem medo do que aconteceria depois. Mas não, não arriscaria tudo dessa forma, não quanto tinha coisas tão importantes para si em jogo. Chanyeol tinha medo e não estava disposto a pagar para ver.


Juntou todas suas forças naquele momento para se afastar, seu movimento acabou sendo mais abrupto do que gostaria. Olhou para Baekhyun e poder ver o olhar confuso que o menor direcionava para si, de novo, em outro momento poderia até dizer que ele parecia fofo dessa forma, mas tudo o que queria agora era evitar esse olhar.


— Então, vamos subir? — Perguntou, surpreendendo-se com o quão impassível sua voz soou.


Virou-se para as escadas antes mesmo de receber uma resposta do menor, sabia que ele o seguiria. Subiu os degraus de dois em dois, queria sua cama, queria dormir para sempre e fingir que nada disso estava acontecendo, mais tempo inconsciente significava menos tempo lidando com seu problemas.


Baekhyun e ele foram dormir bem mais cedo do que estavam acostumados, mesmo que não tenha sido tenha fácil, já que sua mente estava agitada com a quantidade de pensamentos confusos. Se fechasse os olhos ainda podia fingir que nada disso estava acontecendo, que as coisas ainda eram como antes, então apenas continuaria assim e deixaria suas preocupações para amanhã.


•||•


Os últimos dos dias da semana se passaram arrastados e Chanyeol sequer conseguia ficar animado com a chegada do fim de semana sem se lembrar de que prometera ir à festa de Wu Yifan.


Não estava acostumado a ir à festas, muito menos as de Yifan. Eles eram amigos, mas Chanyeol sempre recusava seus convites, pois não costumava se divertir nesse tipo de ambiente. Suspirou pela milésima vez enquanto se olhava no espelho, se perguntando se estava mesmo fazendo a escolha certa.


Sabia que estava correndo o risco de voltar para casa totalmente arrependido, mas sabia também que se não fosse passaria a noite pensando no que poderia ter acontecido se tivesse ido, principalmente entre Baekhyun e Sehun.


Não tinha o menor direito de interferir na vida do melhor amigo e tinha consciência disso, não o faria, mas seria melhor se soubesse do acontecimento por si mesmo do que descobrir por terceiros depois, ou pior, ser obrigado a perguntar para o próprio Byun. Porque sabia que se ficasse em casa ficaria remoendo as possibilidades durante toda a noite.


Às vezes, chegava a se sentir culpado por ter sentimentos desse tipo, afinal, que direito ele tinha de sentir ciúmes do amigo? De se sentir magoado por ele estar gostando de outra pessoa? Deveria estar feliz por ele, deveria torcer pela felicidade dele e não é como se não torcesse, mas é que doía tanto. Sequer sabia que sentimentos podiam causar esse tipo de dor, era quase física, Chanyeol só queria que tudo isso passasse o mais rápido possível.


Olhou mais uma última vez no espelho, não sabia se seu moletom e jeans rasgados eram apropriados para a situação, mas não se importava realmente. Pegou seu celular em cima da escrivaninha e saiu após se despedir dos pais.


Chegou à casa de Yifan e faltavam poucos minutos para nove horas, observou a construção por alguns segundos, não era exatamente uma mansão, mas eram bem maior que sua casa, os dois andares e as janelas grandes de vidro a faziam parecer maior do que já era. Assim que adentrou a casa, as primeiras coisas que pôde perceber foi a música eletrônica alta e as luzes produzidas pelo projetor holográfico.


Andou em meio ao mar de pessoas aglomeradas na sala do Wu, procurando algum rosto familiar. Viu várias pessoas que conhecia da escola, mas como não falava realmente com nenhuma delas, continuou andando pela casa até encontrar o chinês na cozinha.


Ele segurava um copo na mão e estava acompanhado de um outro chinês, Chanyeol presumiu que eles estivessem conversando em mandarim pelo fato de não conseguir entender uma palavra do que eles diziam. Assim que sua presença foi notada o amigo, deu dois tapinhas nas costas do outro e veio na sua direção.


— Yoda!, sabia que você viria, cara, eu estava com um bom pressentimento — disse enquanto passava os braços pelos ombros de Chanyeol e colocava o copo em uma de suas mãos. — Toma, cara, isso aqui é pra você.


— O que é isso? — perguntou levando o copo próximo ao nariz para que pudesse sentir o cheiro, não estava acostumado a beber e não reconhecia o líquido escuro.


— Isso, meu amigo, é a chave para sua diversão hoje. — disse fazendo sinal para que Chanyeol tomasse um pouco da bebida e quando ele o fez sentiu a garganta queimar por onde líquido passava.


Fez inevitavelmente uma careta em direção ao Wu, que apenas o ignorou e começou a guiá-lo pela casa.


— Bom saber que só vou me divertir se ficar bêbado, Yifan, bom saber. — Foi levado de volta até a sala, enquanto dava pequenos goles ocasionais na bebida que ficava cada mais agradável ao paladar.


Chegaram numa pequena roda de cinco pessoas que estavam em volta de um garoto, pareciam incentivar que ele tomasse uma garrafa de bebida toda de uma vez e Chanyeol chegara a se assustar ao ver a algazarra quando o garoto o fez.


— Meu Deus, a noite nem começou direito e vocês já estão assim — disse Yifan, chamando a atenção não só de Chanyeol como também da menina que estava próxima aos dois.


A garota de estatura média tinha uma parte do cabelo preso para cima e duas argolas grandes penduradas nas orelhas, era irônico o fato de ela estar usando uma jaqueta jeans que era duas vezes o seu tamanho e ao mesmo tempo um vestido colado ao corpo que não chegava até a metade de suas coxas. Ela era linda e Chanyeol não poderia negar.


— Não existe hora para beber, Yifan — respondeu ela em um tom divertido e se aproximou mais alguns passos para que pudesse conversar melhor. — Então, quem é o seu amigo?


— Park Chanyeol — respondeu por si próprio enquanto retribuía o sorriso que lhe era direcionado. Tomou o último gole de sua bebida enquanto a garota se apresentava como Choi Minhee.


— Ah, aqui, eu posso dividir com você — disse ela usando a garrafa que estava em sua mão para encher novamente o copo de Chanyeol.


— Não… Eu… — Olhou para o copo em sua mão que já estava cheio de novo e, para o sorriso da menina em sua frente e desistiu de falar algo. — Ah, vocês realmente querem me embebedar.


Eles riram e logo Yifan puxou um assunto envolvendo os três numa conversa divertida sobre banalidades. Chanyeol sequer percebeu o tempo passar e seu estado de espírito foi ficando cada vez mais alegre conforme tomava o terceiro copo da bebida a qual ele ainda não sabia o nome, mas aquela altura do campeonato sequer se importava com o fato.


E foi em meio às conversas e piadas inocentes que notou com o canto do olho a presença dele ali. Teve que segurar um suspiro, ele estava excepcionalmente bonito naquela noite, a calça justa, mas não totalmente colada ao corpo, a camisa branca e simples coberta pela jaqueta jeans, até o traço fino do delineador que o menor estava usando naquela noite. Estava tudo perfeito.


Exceto por uma coisa, ou melhor, por alguém. Baekhyun e Sehun estavam parados próximo às escadas e pareciam imersos em seu próprio mundo. Baekhyun ria de algo que Sehun havia dito e Chanyeol não pôde deixar de pensar no quanto ele parecia bonito daquela forma, rindo descontraído.


Era em momentos assim que tinha certeza de que o que sentia pelo Byun não era apenas atração física, quando sentia seu coração pular no peito por algo tão simples e que definitivamente era o que mais importava para si. Continuou conversando com Yifan e Minhee até notar que Sehun havia se afastado, então pediu licença para os dois para se aproximar de Baekhyun.


Andou entre as pessoas pedindo licença a cada passo que dava, mas quando chegou perto do Byun acabou tropeçando num garoto que passava em sua frente e quase acabou derrubando sua bebida no menor. Recuperou o equilíbrio se segurando nos ombros dele, naquele momento, ria escandalosamente de si.


— Meu Deus Chanyeol, não acredito que você bebeu! O que é isso? — perguntou apontando para o copo que ele segurava.


— Eu… hm… Eu não sei. — Deu de ombros. — E eu nem bebi tanto assim, só tropecei, okay?


— Claro, claro, afinal, esse é um dos seus maiores charmes, não é mesmo? — Seu tom era risonho e Baekhyun o encarava com a sobrancelha arqueada.


Chanyeol não soube o que responder, abaixou a cabeça e olhou para os próprios pés meio sem graça, sabia que nada de bom sairia se abrisse a boca para respondê-lo.


— Eu estou surpreso, achei que você fosse inventar alguma desculpa para não vir. — Baekhyun não olhava para si enquanto falava e quando seguiu seu olhar pode perceber que ele encarava Yifan e Minhee. — Mas parece que você está se divertindo bastante.


— Sendo sincero, eu realmente ia, mas aí pensei, por que não? — Riu fraco, não era uma total mentira. — E, sim, eu estou, Yifan e Minhee são pessoas divertidas, ou talvez seja só o álcool mesmo, eu não sei.


— Sei, Minhee, ela parece estar bem, como eu digo, hm, interessada — falou começando a andar em direção à escada, e Chanyeol o acompanhou sentando junto a ele em um dos primeiros degraus.


— Interessada? No que? Pera… Ah!


Chanyeol levou a mão até a nuca e riu sem graça, não havia notado nada disso. Parou para pensar e mesmo assim continuou achando que Minhee só estava sendo simpática, mas, mesmo que não fosse só isso, ele não iria reparar de qualquer forma, Baekhyun já havia o dominado, tanto a mente quanto o coração.


— Não, eu acho que não. Na verdade, não percebi nada disso.


— Afinal, você nunca percebe quando tem alguém interessado mesmo — disse em um tom baixo.


— Como assim? — perguntou, a confusão estampada em seu rosto. — Baek o que…


Sua frase fora interrompida pela chegada abrupta de Minhee, a garota parecia muito mais alegre do que meia hora atrás e segurava uma garrafa diferente e um pouco maior do que a anterior.


— Ei, vocês dois! O que você estão fazendo escondido aí, ein? — Ela dizia em meio a risos. — Venham, vamos jogar!


A garota segurou Chanyeol por umas das mãos e o puxou para que ele levantasse, porém ele continuou parado, rindo dos esforços da garota que não faziam efeito em si.


— Calma, calma, jogar o que? Do que você tá falando?


— Yifan disse que seria uma boa nós jogarmos verdade ou desafio e eu adorei a ideia! Principalmente se você, digo, vocês pudessem jogar também — disse ela sem tirar o sorriso do rosto. — Vamos, está todo mundo lá, Yifan, Sehun, aquele chinês amigo do Yifan…


Antes mesmo que Chanyeol pudesse virar para o amigo e perguntar sua opinião, o Byun já havia levantado, dando de ombros em direção ao olhar indagador de Chanyeol, como se dissesse “por que não?” E bem, se até mesmo Baekhyun iria jogar, por que Chanyeol negaria?


— Tudo bem, vamos lá então. — Deu-se por vencido, seguindo para o centro da sala junto com os outros dois.


Havia pelo umas onze pessoas sentadas em círculo no centro do cômodo, além de outras que pareciam estar ali apenas para assistir. Logo os três se acomodaram junto aos outros esperando que o jogo começasse.


Chanyeol se sentou entre Baekhyun e Minhee, e tentou não pensar muito no fato de que o Byun estava sentado bem de frente para um certo jogador de basquete oxigenado. Foi Minhee quem iniciou o jogo, terminando de beber o conteúdo da garrafa rapidamente para poder usá-la. Logo pegando outras e oferecendo aos dois rapazes, que aceitaram de prontidão.


Chanyeol passou a maior parte do tempo apenas observando, até porque o tempo era mais gasto comprindo e pensando em desafios legais do que realmente girando a garrafa. Conforme o tempo ia passando, Chanyeol ia virando mais e mais copos sem nem se dar conta disso, suas risadas que já eram escandalosas iam ficando cada vez mais altas e tudo parecia ser mais engraçado do que o normal.


Mal reparou quando a garrafa parou apontando para si e foi só quando notou que todos na roda estavam o olhando que notou. O outro lado da garrafa apontava para uma garota loira sentada ao lado de Yifan, ela sorria como se aquilo fosse algo que ela estava esperando a noite inteira. Em uma outra ocasião, aquele sorriso teria deixado Chanyeol nervoso, mas naquele momento, com todo aquele álcool correndo em suas veias, tudo o que ele pode fazer foi sorrir de volta pra ela.


— Então, bonitinho, desafio ou desafio? — perguntou e Chanyeol pode perceber que ela mascava um chiclete enquanto falava.


— O que? Olha, eu acho que tá errado isso aí, ein — Riu apontando para menina.


— É mais divertido assim, não acha?


— Acho que é, não sei. Desafio então. — Deu de ombros, não estava preocupado com o que quer que fosse fazer.


O sorriso dela pareceu crescer com a frase de Chanyeol, ajeitou o cabelo atrás da orelha antes de se inclinar para frente e dizer :


— Eu te desafio a beijar a pessoa mais bonita dessa sala.


Chanyeol riu. Como ela poderia dizer aquilo como se fosse o maior desafio de todos quando Baekhyun estava sentado bem ao seu lado? Não era tão claro para os outros como pra ele que o Byun era, sem dúvidas, a pessoa mais bonita daquela sala?


— Não tinha nada mais fácil, não? — Deixou o copo que segurava no chão ao seu lado e se virou para moreno ao seu lado.


O Byun o olhava com curiosidade, como se tentasse adivinhar o que faria em seguida, mas sua expressão mudou para uma de surpresa quando Chanyeol, num ato de insanidade – talvez causado por todo álcool em seu corpo –, segurou seu rosto com as duas mãos e o trouxe para mais perto do que jamais estiveram.


E até mesmo o Park se surpreendeu quando Baekhyun, ao invés de qualquer tipo de represália, correspondeu ao beijo. O que apenas o instigou a aprofundar mais o ósculo, explorando toda a cavidade bucal do menor assim que a passagem com a língua lhe foi permitida.


Por alguns instantes os dois puderam esquecer que estavam cercados de pessoas ali e Chanyeol pôde apenas se perder na sensação gostosa dos lábios de Baekhyun contra o seus. Suas mãos desceram do rosto do menor até a sua cintura, foi então que em um movimento abrupto, Baekhyun empurrou o peito de Chanyeol e se afastou.


Se olharam por alguns segundos sem dizer nada, Chanyeol sentiu toda aquela coragem e euforia momentânea causadas pela bebida se dissiparem. Não conseguia entender o que Baekhyun dizia com aquela olhar, não parecia estar com raiva, mas estava longe de parecer estar feliz, sentiu algo dentro do peito se quebrar quando viu a pontada de mágoa no olhar do amigo, mas não teve tempo para fazer alguma coisa, antes que pudesse dizer algo, Baekhyun se levantou e correu até a porta.


Deixando Chanyeol para trás, sentindo um mar de culpa cair sobre seus ombros.


•||•


Aquela segunda-feira havia amanhecido chuvosa, talvez para combinar com o seu humor e, pela primeira vez, o barulho da chuva não lhe era reconfortante. Nada era reconfortante naquele momento, nada tirava de seu peito aquela sensação, a sensação de que havia perdido algo que nunca sequer fora seu de verdade.


Passou o domingo inteiro trancado no quarto, tentou dormir para amenizar a dor de cabeça com que tinha acordado, mas sua cabeça estava agitada demais para que conseguisse pregar os olhos. Não conseguia parar de pensar, sua mente acabava lhe pregando peças e acabava sempre voltando para noite infeliz em que acabou se empolgando demais na bebida e estragando uma amizade de anos.


Depois de Baekhyun ir embora Chanyeol tentou ir até ele, mas já era tarde demais e já havia o perdido de vista. Ficou desolado, todos aqueles sentimentos confusos que lhe invadiam eram intensificados pelo álcool e o Park nunca havia se sentido tão merda quanto naquela noite. Yifan acabou lhe dando uma carona pra casa e o Park terminou dormindo no meio do caminho, não se lembrava de mais nada antes de acordar com a uma merda de dor de cabeça que durou o resto do dia.


Ignorou todas as ligações e notificações que recebeu aquele dia, não queria falar com ninguém. Sabia que tudo aquilo parecia muito dramático de sua parte, mas a verdade é que tudo aconteceu rápido demais para que Chanyeol pudesse digerir tão fácil, não conseguia acreditar que podia ter sido tão idiota.


Não pensou na hora, sequer se sentiu apreensivo ou algo assim, só fez o que queria fazer a tanto tempo. E por alguns segundos foi como se tivesse alcançado o céu, só para depois ter uma queda livre em direção ao chão. Se perguntou o que Baekhyun estaria pensando, se ele ainda o considerava um amigo ou se aquilo era demais para ele. Se perguntava como o encararia quando fosse para escola no outro dia, não poderia faltar para sempre, afinal. Estava tão ferrado.


A tela do celular ao seu lado na cama acendeu novamente, o pegou mesmo que não tivesse a intenção de atender e se surpreendeu quando viu o nome de Kyungsoo piscando na tela. Kyungsoo nunca ligava, ele mal respondia às mensagens de Chanyeol, algo deveria ter acontecido. Teria Baekhyun contado algo para ele?


Levou a mão esquerda a têmpora já pensando no sermão que provavelmente ouviria enquanto a mãozinha direita levava o celular até o ouvido, foi inevitável fechar os olhos ao ouvir a voz do menor do outro lado da linha.


— Park Chanyeol, por que caralhos você não responde as minha mensagens, seu merda?! — Foi a primeira coisa que disse.


— Oi, Soo — respondeu, não estava com ânimo para discutir. O Do demorou alguns segundos para responder e foi audível o suspiro que ele do outro lado da linha.


— Vai me dizer o que está acontecendo?


— Não tem nada acontecendo.


— Chanyeol, eu sei, okay? Eu sei o que aconteceu na festa do Kris, sei também que você gosta do Baek. Sei disso há muito tempo, na verdade.


Já esperava por isso. Já esperava que todos estivessem sabendo sobre o que aconteceu, era a festa de Wu Yifan, afinal, todos estavam lá. E mesmo os que não estavam iria saber uma hora ou outra, as notícias correm, principalmente quando se tratavam de um zé mané passando vergonha na frente de todos. Mas era novidade para si que Kyungsoo soubesse de seus sentimentos por Baekhyun, sempre passavam os intervalos juntos, mas não imaginou que isso fosse o suficiente para que o menor notasse, estava tão na cara assim? Se perguntava agora quem mais além dele teria notado e se Baekhyun também já havia o feito.


— Há quanto tempo sabe? — perguntou.


— O que? Eu fiquei sabendo sobre a festa… — Tentou dizer, mas foi interrompido.


— Não, quero dizer, a quanto tempo sabe sobre meus sentimentos?


— Muito tempo. — riu soprado antes de continuar. — Talvez a mais tempo do que você, na verdade, sempre esteve muito na cara.


Fechou os olhos com força ao ouvir aquilo, gemendo de frustração enquanto se virava de bruços na cama. Sua voz acabou saindo abafada por conta da cara grudada no travesseiro.


— Eu estraguei tudo, não é?


— Por que pensa assim?


— Porque não era pra ser assim! Eu já tinha decidido esquecer isso, já tinha aceitado a ideia de que não ia rolar nada entre a gente e que ele nunca olharia pra mim de outro jeito… — Sentou na cama enquanto falava, trazendo o joelhos para perto do peito. Estava inquieto e isso era bem nítido, não conseguia acreditar que tudo havia acabado daquele jeito, que havia sido tão estúpido. Suspirou antes de continuar: — Eu não queria ter feito aquilo dessa forma, queria ter contado pra ele antes, ter dito como eu me sentia… Não tê-lo beijado do nada enquanto estava bêbado por causa de um jogo! Fala sério, isso é patético. E o pior de tudo é que eu nem sei se nossa amizade vai ser a mesma depois disso.


Sua maior preocupação era essa na verdade, não se importava se tinha passado vergonha na frente de todos, se já estavam falando de si pela escola ou se as coisas tinham saído de seu controle. Tudo com que se importava era Baekhyun, não imaginar o que ele estava pensando depois do como ele reagiu ao beijo, havia ido embora, sem dizer nada, mas antes disso tinha ao correspondido  ao beijo, não tinha? Não podia ter imaginado essa parte.


Queria saber o que ele estava pensando, mas não queria ter que encará-lo, queria adiar esse momento o máximo possível porque ainda havia grandes chances disso ter arruinado sua amizade de anos.


— Eu posso aceitar que o Baek nunca vai corresponder meu sentimentos, Soo, mas não estou pronto pra aceitar que não seremos mais amigos.


De repente começou a ouvir barulhos vindo do outro lado da linha, como se o telefone tivesse caído ou algo assim. Ouvia vozes desconexas sem realmente entender o que diziam, até que houve um baque e depois tudo que Chanyeol pode ouvir foi o som de uma respiração acelerada.


— Soo? Tá tudo bem aí?


— Eu estou indo pra aí, Chanyeol. — Ele disse, entretanto, não fora Kyungsoo.


Chanyeol havia reconhecido a voz de imediato, não havia como não reconhecer a voz de Baekhyun, afinal. Não teve nem tempo de dizer algo, pois a ligação foi desligada em seguida, deixando Chanyeol ainda estático ainda com o telefone grudado ao ouvido.


Baekhyun havia ouvido tudo.


Chanyeol não sabia o que fazer, não sabia o que sentir. Ele havia ouvido tudo então, havia entendido, não? Era por isso que ele estava vindo, para esclarecer tudo?


Estava confuso e ansioso, não saber o que Baekhyun estava pensando o deixava aflito, não sabia nem o que diria quando ele chegasse, dizer todas aquelas coisas pra Kyungsoo era uma coisa, dizê-las diretamente ao Byun era outra totalmente diferente.


Baekhyun chegou trinta minutos depois quando Chanyeol estava enchendo o celular de Kyungsoo de mensagens – que por acaso, que não foram respondidas – perguntando por que não havia contado que o Byun estava lá. Quando ouviu a porta se abrir simplesmente paralisou, não teve forças para levantar e abrir a porta por si mesmo, de qualquer forma não precisou, porque logo a porta foi empurrada devagar, lhe mostrando um Byun que parecia tão envergonhado quanto ele.


O silêncio que pairou entre eles nos primeiros minutos incomodou Chanyeol, Baekhyun olhava para os próprios pés como se fossem algum tipo de obra contemporânea e parecia não saber o que falar. E era isso que estava tentando evitar a porra do tempo todo, aquele silêncio constrangedor sem nenhum dos dois saber como agir, eram melhores amigos, caralho! E agora não conseguiam sequer se encarar, tudo por causa da estupidez de Chanyeol.


Até que quando tomou coragem, Baekhyun resolveu falar também.


— Chanyeol, eu…


— Olha, eu queria pedir desculpas — Interrompeu. — Primeiro pelo o que aconteceu no sábado e, segundo, por não ter te contado antes.


Respirou fundo, resgatando todos os resquícios de coragem que ainda tinha em si, agora que tinha começado iria terminar.


— Mas eu não planejei nada disso, okay? Eu juro, juro que havia decidido esquecer tudo isso, que havia decidido engolir todos esses sentimentos porque não queria que as coisas acabassem estranhas entre nós. Não queria que você ficasse com raiva, porque sua amizade, sempre foi, de longe, a coisa mais importante pra mim. — Passou a mão por entre os fios de cabelo em frustração, era difícil dizer todas aquelas coisas pra ele. — Você não sabe o quanto era difícil pra mim te ver todos os dias e não poder dizer que você é a pessoa mais linda que eu já vi, o quanto é difícil ter que lidar com essa vontade insana que eu tenho te de tocar o tempo inteiro, de dizer pra você todas as coisas que eu nunca pensei que iria querer dizer pra alguém.


Se colocou de pé em frente ao amigo, Baekhyun o olhava de forma um pouco surpresa, como se não esperasse que Chanyeol jogasse aquele enxurrada de sentimentos em si.


— E me desculpa por esse discurso todo atrapalhado, mas eu sempre fui péssimo com palavras, você sabe. — Riu fraco. — Eu só peço que me entenda, sei que posso passar por isso, mas não quero que nossa amizade seja afetada por isso, não por minha causa. Então, se pudéssemos esquecer isso…


— Isso não vai ser possível. — Baekhyun respondeu de prontidão.


Chanyeol sentiu o coração afundar no peito, ao mesmo tempo em que sentiu o desespero lhe atingir em cheio.


— Espera, m-mas eu… — Mas o Byun não deixou que terminasse a frase, colocando o dedo indicador em frente aos seus lábios enquanto o empurrava de volta para a cama.


— Não, Chanyeol. Você já falou, agora é minha vez — disse e Chanyeol não teve coragem de questioná-lo. — Durante todo esse tempo, eu estive tentando fazer você notar, tentando fazer ciúmes e deixar tudo nas entrelinhas para que você percebesse porque eu também não queria ser a causa do fim da nossa amizade! E eu fui tão burro, tão burro, se eu soubesse de tudo isso antes, as coisas teriam sido diferentes. Mas eu não sabia, Chan, então quando você me beijou naquela noite eu me senti horrível de uma forma que nunca pensei que me sentiria.


Baekhyun, que antes falava andando de um lado para o outro no quarto, se sentou ao lado de Chanyeol, suspirou antes de continuar a falar, era como se o menor estivesse se libertando de um peso que segurou nos ombros por muito tempo.


— Eu saí correndo, Chan, por cheguei a conclusão de que nunca teria você por completo. Que o único jeito de você me olhar de outra maneira seria bêbado daquela forma. E eu já havia me imaginado te beijando tantas vezes, de tantas maneiras e em nenhuma eu acabava me sentindo insuficiente no final. — A boca de Chanyeol estava seca, ele não sabia como lidar com o tanto de informações que estavam sendo jogadas em si. Aquilo, com certeza, era um sonho e ele não queria acordar. — Hoje eu cheguei na escola ensaiando centenas de desculpas esfarrapadas que eu daria pra explicar porque saí correndo no sábado. E eu esperei, mas você não veio Chan, você não veio e tudo o que eu conseguia pensar era que você havia se arrependido e não queria mais olhar na minha cara por isso. E foi Kyungsoo que deu a ideia de ligar para você, não sei se é porque ele estava com dó do meu estado deplorável ou só queria se livrar de mim. É engraçado que de alguma forma, ele sempre soube, né?


Chanyeol estava sorrindo enquanto assentia com a cabeça antes mesmo que percebesse, é claro que também se sentia mal por ter feito o amigo se sentir daquela maneira, mas havia um sentimento ainda maior dominando seu coração naquele momento. Um sentimento de felicidade genuína que parecia aquecer tudo dentro de si, como poderia o menor sequer considerar a ideia de Chanyeol não querer mais olhar na sua cara ou a ideia de que nunca o teria, quando na verdade, Chanyeol já estava completamente entregue e nas mãos de Baekhyun.


O Byun pareceu se contagiar pelo sorriso do maior e soltou um riso fraco, ficando de joelhos na cama em frente ao maior.


— Tudo isso seria muito mais fácil se você tivesse me dito isso, seu idiota — acusou.


— O que? Você poderia ter me dito também, a culpa não é só minha!


Baekhyun só fez rir do maior, colocando as mãos no ombro do outro para o empurrar na cama, fazendo com que acabasse deitando. E para a surpresa de Chanyeol o menor aproveitou para passar uma das pernas para o outro lado de Chanyeol, fazendo com que se encontrassem numa situação parecida a qual estiveram dias atrás, porém, dessa vez, não tinha o medo e a apreensão para atrapalhá-los.


— E agora que sabe, hm? O que pretende fazer? — provocou, enquanto se aproximava cada vez mais do rosto do maior.


Se tudo funcionasse como na mente de Chanyeol, o maior reagiria trazendo o Byun para mais perto ainda, beijando-o do modo que sempre quis. Mas a realidade não funcionava assim e tudo o que ele fez foi sentir a bochechas queimarem enquanto desviava o olhar. Baekhyun repreendeu uma risada enquanto segurava o queixo de Chanyeol com uma das mãos, fazendo-o virar o rosto para si.


— Olha pra mim, Chan.


Ele dizia num tom divertido e quando Chanyeol realmente o fez, pensou que não poderia haver visão melhor. Baekhyun olhava para si enquanto sorria, um sorriso tão sincero que o maior deixou a vergonha de lado para deixar-se contagiar por ele.


Do modo como estavam próximos, podia enxergar todos os detalhes do menor, podia enxergar todas as pontinhas e as ruguinhas que se formavam ao redor de seus olhos quando ele sorria. Chanyeol pensou que nunca deixaria de achar Baekhyun a pessoa mais linda do mundo e não só por sua beleza invejável, mas por todos os detalhes que o faziam ser quem ele era, por todos os defeitos que se tornavam cada vez mais perfeitos ao seus olhos. Passou tanto tempo se martirizando por estar gostando do amigo, tanto tempo pensando que havia estragado a amizade dos dois, que não parou para reparar no quão bom era aquele sentimento e, agora que sabia que era recíproco, era dez vezes melhor.


Seu olhar desceu para a boca desenhada do menor no momento em que ele passava a língua pelo lábio inferior, não soube dizer exatamente quando começaram a se aproximar ou quem fora o primeiro, mas em questão de segundos os dois já estavam com os lábios grudados.


Nos primeiros momentos os lábios apenas se encostaram, num selar de certa forma até inocente, mas logo o contato não se fez suficiente e a urgência se tornou maior. Quando as línguas se encostaram, Chanyeol se sentiu em êxtase, sua mão direita foi em direção à nuca do menor, puxando os cabelos de leve, trazendo-o mais para perto, tentando acabar com qualquer ínfimo espaço que pudesse haver entre eles.


Estar ali com Baekhyun era incrível, saber que menor também o queria na mesma medida deixava as coisas ainda melhores. A temperatura do quarto aumentava gradativamente enquanto Baekhyun beijava seu pescoço e depois voltava para maltratar seus lábios até que os dois estivessem sem ar. O beijo foi findado com pequenos selares até que não estivessem mais com os lábios grudados.


O menor se deitou ao seu lado na cama, com a respiração tão pesada quanto a sua, e num ato repentino, mas totalmente bem-vindo, o Byun levou sua mão até os cabelos castanhos de Chanyeol. Num carinho que fora totalmente apreciado e, mesmo que estivessem num clima muito bom, Chanyeol ainda tinha dúvidas.


— Baek, e agora? Quero dizer, o que somos? — Fez uma pausa, não queria acabar com o clima bom, mas não também não queria manter suas preocupações apenas para si, não mais. — O que vamos fazer agora?


— Nós vamos ficar bem, Chan. Tudo vai ficar bem agora.


Chanyeol quase podia ouvir o sorriso em sua voz e a mão do Byun, que antes acariciava os cabelos de Chanyeol, desceram devagar, quase timidamente, e alcançaram a mão do maior entrelaçando os dedos delicadamente para, então, segurar firme.


E pela primeira vez em muito tempo, Chanyeol sentiu que não precisaria mais se preocupar e que as coisas, realmente, ficariam bem.



Notas Finais


*Fúrias: Eram as personificações da vingança, e viviam nas profundezas do Tártaro, onde torturavam as almas pecadoras julgadas por Hades e Perséfone, seus pais.

**Contracorrente : A espada mágica de Percy Jackson que de caneta se transforma em uma espada de bronze celestial apenas tirando a tampa da caneta. As armas advindas desta substância são prejudiciais apenas para deuses, semideuses, titãs (isto é, indivíduos imortais) e monstros, não apresentando quaisquer efeitos em mortais, uma vez que "não são tão importantes para serem machucados por elas".

E ai? Flores? Pedras? Comentem o que você acharam!
Eu queria agradecer ao Jean que fez a betagem da os e a @dosik que fez essa capa linda!! Vcs são uns anjinhos 💕
Então é isso pessoal
Até a próxima!
Love u
Xoxo


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