História What A Feeling - Aquele em que Zayn usa a camiseta de botões de um gigante

WHAT A FEELING

Capítulo Um – Aquele em que Zayn usa a camiseta de botões de um gigante.

Ouvir os gemidos arrastados em seu ouvido era uma sensação que nunca saberia descrever. Isso só o incentivava a raspar os dentes pelo pescoço da ruiva, judiando da pele clara e a enfiar seu pênis cada vez mais fundo dentro dela. A garota revirava os olhos cor de caramelo, não que ele tinha reparado nisso. Era só uma foda - não vamos colocar sentimentos nessa relação. Mesmo que estivesse fazendo aquilo pelo próprio prazer e não pelo dela, não se deixaria gozar antes que ela chegasse ao orgasmo. Não estragaria sua reputação e muito menos se livraria da parte de ouví-la gritar seu nome ao deixá-la totalmente aberta.

Seu pau já entrava e saía com extrema facilidade quando sentiu o interior da garota se flexionar ao seu redor e ela chamar seu nome repetidas vezes. Finalmente poderia acabar com aquilo. Apoiou uma mão ao lado de sua cabeça, agarrando firmemente o colchão para que pudesse meter mais rápido, já sentindo o repuxar familiar no baixo-ventre.

- Zayn!

- Isso! – Gemeu, ouvindo seu nome escapar pela boca alheia.

- Zayn! Zayn, acorde! – O barulho na sua porta o fez levantar a cabeça, atordoado.

Uma palavra sobre Trisha Malik, antes que você a conheça.

Ela é a melhor pessoa do mundo, assim simplesmente. Os pais morreram quando ela era nova e então foi criada por um parente próximo que não ligava muito para ela. Tinha o sonho de ser escritora e passou o ensino médio guardando dinheiro para pagar uma boa faculdade. E então ela conheceu Yasser, dono de um bar. Cega pelo amor, aceitou fugir com ele para Bradford, onde mora com sua família atualmente. Os dois foram casados por algum tempo e tiveram quatro filhos. Tudo parecia perfeito, muito bem, obrigado, até o dia em que Yasser apareceu com uma loira alta de um metro e setenta e três de altura, abandonando esposa e crianças. Depois disso, Trisha ficou sem dinheiro nenhum e sem diploma. A única coisa boa que a tinha restado eram seus filhos.

A mulher já se encontrava com o uniforme de seu primeiro emprego do dia: uma loja de discos antigos. Zayn esfregou os olhos ao perceber a claridade em seu quarto agora que a luz tinha sido acessa e conseguiu ouvir o barulho de água e um grito.

- Mãe!

- Já mandei acordar, Waliyha! – Não demorou para que ela aparecesse de novo, na porta do único filho homem, com um balde amarelo nas mãos. – Vai levantar e ir se arrumar ou vai preferir tomar banho igual sua irmã?

- Já vou indo. – O moreno jogou o cobertor para longe, ao que percebia a cama do outro lado de seu quarto vazia, como sempre estivera. Sabia que se não se levantasse, sua mãe iria mesmo jogar um balde de água em sua cabeça.

Ao separar algumas peças de roupa para vestir, olhou para o relógio ao lado de sua cama, na mesinha. Nem sabia para que tinha um daqueles se seu despertador era Trisha.

“Desce desse corrimão, Safaa! ”, a voz da matriarca da família ecoou pela pequena casa. E assim eram as manhãs na propriedade dos Malik, movimentadas e barulhentas. Todos tinham de estar de pé as cinco e quinze, de banho tomado até as cinco e quarenta e alimentados até as seis. Antes que Zayn pudesse começar a cumprir a rotina, uma Waliyha completamente molhada cruzou o minúsculo quadrado do corredor na sua frente, se trancando no banheiro. O mais velho bufou ao jogar as roupas de volta na cama e descer as escadas.

- Zaynie acordou! – A irmã caçula comemorou ao vê-lo, desviando a atenção do episódio de Looney Tunes que assistia para subir no braço do sofá e se jogar na direção dele. Ainda bem que o reflexo de Malik era bom, evitando a queda dos dois. Jogou a garotinha em seus braços de volta no estofado e caçou o controle da televisão antiga, abaixando o volume.

- Senta aí, Safaa.

- Vem comer, Safaa! - A voz veio da cozinha.

- Vem comer, Safaa. – O maior imitou a mãe, fazendo a irmã mais nova rir.

Waliyha permaneceu o que pareciam décadas no banheiro e Zayn teve que ir esmurrar a porta para ela sair enrolada numa toalha amarela, junto de uma fumaça branca. Despiu-se, jogando a roupa do dia anterior no cesto de roupas sujas e passou uma perna pelo murinho da banheira, ligando o chuveiro. A água quente escorrendo em sua nuca o fez relaxar um pouco e até mesmo fechou os olhos com a boa sensação. Mas as orbes âmbar se arregalaram ao dar um mini salto com a água gelada repentina. Que ótimo! A quente havia acabado. Daria uns socos em Waly depois.

Já no carro, – que Trisha tinha conseguido com muito esforço - a situação de bagunça não era diferente. Waly lutava para convencer Safaa a colocar o cinto de segurança, ao que Zayn preferiu observar quieto pelo retrovisor lateral as duas irmãs no banco traseiro. Mas bastou a mãe dos três entrar no veículo e mandar a menor colocar o cinto que tudo ficou em completo silêncio.

Fizeram uma parada na escola primária Burley Oaks para deixar Safaa antes de seguirem para onde Zayn e Waliyha terminariam o ano letivo. A menina de apenas quinze anos estava um pouco nervosa com o primeiro dia de aula numa escola nova. Iria ingressar no primeiro ano do ensino médio, e estava apavorada com a ideia de estar sozinha ali. Apesar de que era o primeiro dia de Zayn também, mas ele estava no terceiro e era legal, então com certeza conseguiria amigos fácil. Trisha parou o carro em frente ao campus e se virou de lado no banco.

- Vocês dois estão com o horário de vocês? – Os dois assentiram. – Ótimo. Se precisar do Zayn, chame ele e insista, mesmo que ele seja um babaca e não queira ajudar, certo? – Ela deu ênfase ao ver o filho revirar os olhos. – Tome, aqui tem dinheiro para voltarem de ônibus. Amo vocês.

Ao adentrar pela Hanson Academy com a irmã tentando acompanhar seus passos largos e agarrada ao material escolar, os dois novatos atraíram olhares em sua direção ao procurarem pela secretaria. Foi necessário pigarrear para a senhorinha de cabelos grisalhos presos num coque extremamente alto e com unhas vermelhas vivas os notarem. 

- Sim?

- Zayn e Waliyha Malik. – O moreno apresentou os dois.

- Oh, sim. Só um instante. – A senhora baixinha e gorda retornou com dois papéis. – Transferidos da West High, certo? Assinem aqui. - Apontou para uma linha tracejada na admissão. 

- Não é nossa mãe que tem que assinar isso? – Waliyha estava nas pontas dos pés para alcançar o balcão ao que ousou perguntar, sendo ignorada.

- Você está sem o uniforme, criança.

Zayn olhou para Waly. Ela usava a camisa três quartos branca de botões junto da gravata branca e a saia azul ao que os meiões altos e também brancos subiam até seus joelhos. Franziu o cenho, confuso. 

- Mas ela está de uniforme.

A senhora lançou um olhar reprovador para o maior, e só então o moreno percebeu que ela estava falando dele. Apenas agora parou para ver as roupas que usava. Suéter e calça skinny pretos, junto das botas escuras. Nem a pau que ele usaria uma sainha.

- Sem uniforme, sem disciplina. Sem disciplina... – A senhora tirou os óculos meia-lua, exibindo os olhos cinzentos. - .... Sem estudos.

- Okay. Então, acho que vou matar tempo em algum lugar por aí. – Tirou o dinheiro do bolso e entregou para a irmã. – Volta direto para casa quando o período acabar e...

- Vai me deixar aqui? – Ela perguntou, com cara de quem tinha visto um fantasma. Zayn colocou a mão em seu ombro e a guiou para o lado.

- Você ouviu a bruxa. Sem uniforme, sem disciplina. Sem disciplina, sem....

- Eu posso emprestar algo! – Uma voz surpreendentemente alta o fez se virar. Um baixinho surgiu no corredor, usando calça escura sustentada por suspensórios vermelhos e camisa de botões. – Hey, brô. Eu sou o Louis, mas pode me chamar de Tommo. Quero dizer, eu não emprestarei alguma coisa, porque você é maior que eu, mas eu tenho certeza que meu namorado pode.

- Waly, por que não vai procurar a sua primeira sala, hein? – Zayn pediu, vendo-a sair correndo antes de se virar para o carinha na sua frente. – Vocês trazem roupas para a escola? Sério? - Alteou uma sobrancelha. 

- Não exatamente. Elas ficam do outro lado do campus, nos dormitórios para os alunos de câmbio.

- Câmbio? – Seguiu o baixinho, enfiando uma mão no bolso ao que a outra agarrava uma alça da bolsa.

- Sim. É tipo intercâmbio, só que dentro do país. Gostamos de chamar assim. Eu sou de Doncaster, por isso moro aqui. Harry é de Holmes Chapel, fica por aqui também. Você tem sorte de não precisar passar a noite num dormitório escolar...

Malik ignorou o baixinho falante, agora pensando em como sua mãe tinha conseguido matricular dois de três filhos numa escola como aquela. O local era gigantesco e o programa parecia ser muito bom. A renda de sua família não era muito alta, - Trisha os sustentava com o salário de dois empregos, um turno na loja de discos e dois num McDonald’s – mas nunca sentira a falta de nada. Nunca tinham passado fome e vez ou outra atrasavam uma conta, mas nada extremo. Mas aquilo, uou, aquela escola, ou melhor, Academia, tinha custado uma grana preta. 

- Oh, Hazz! Aí está você! – Louis ergueu um braço, sinalizando para um outro garoto, alto e de aparência um tanto jovial. Talvez fosse apenas um ano mais velho que Waly.  – Esse é o Harry, meu namorado. Hazz, esse é o.... O..... Essa é a parte em que você diz seu nome, talvez?

- Zayn Malik.

- Zayn Malik. – Repetiu Tomlinson. Harry apenas levantou a mão para o outro. – Babe, você não teria algo para o parceiro aqui usar, teria? Ele foi burro e veio sem uniforme.

- Eu não fui burro. Não sabia que teria que usar essas merdinhas.

- Oops! Ele sabe morder! Vamos lá, Hazza. Empresta algo para ele!

{ * }

Zayn ainda se olhava no espelho, um tanto incomodado com as roupas que estava sendo obrigado a usar. Obviamente, já tinha perdido a primeira aula. Que exemplo, primeiro dia na escola nova e não tinha assistido a aula de Economia. Bem, ela só seria uma perda de tempo mesmo. Ele se sentia um bobo da corte vestindo aquilo. Eram peças parecidas com as que Louis usava, mas maiores. Não vestiu aquela calça ridícula, permanecendo com sua skinny preta, porém, decidiu colocar a camisa de botões, que era gigante demais para si, tendo que a dobrar até os cotovelos para ficar um pouco mais apresentável. Não sabia o que fazer com a gravata vermelha que estava separada na cama para ele, então a colocou no pescoço e saiu do quarto de Harry.

- Isso é uma gravata e você usa ela assim. – Louis se aproximou, dando o nó para ele. Malik a afrouxou em seguida. Não queria ficar engomadinho. – Harry foi para a aula de Álgebra. Eu fiquei de guia turístico. Qual é a sua segunda aula?

Nem precisou procurar pelos papéis, Trisha o tinha feito decorar aqueles horários. Sabia que sua próxima aula era Simbologia e Mitologia. O nome lhe atraiu na hora de escolher as matérias e podia ser algo legal. Louis o abandonou ali, explicando o caminho para a sala do moreno antes de ir para a própria aula. Tentando seguir as instruções corretamente, Zayn não demorou a encontrar sua classe. Pegou uma carteira do fundo, atrás de um loirinho estranho que usava óculos de sol. Arqueou uma sobrancelha, mas o ignorou, balançando a cabeça. “Só pode ser louco”, pensou.

Depois de ser praticamente obrigado a se apresentar para a turma, o professor Langdon apontou para a lousa digital, falando sobre a matéria. Por que ele tinha que ter entrado na Academia logo na metade do ano letivo? Não era do interesse de ninguém. Contudo, sabia que escolher aquela matéria tinha sido uma boa coisa. Começando pelo símbolo na lousa que lhe chamava a atenção. “Illuminati”, ele dizia.

- O que sabem sobre esse assunto? – O professor Langdon se direcionou aos alunos.

- A palavra significa “os esclarecidos”. Todo mundo sabe disso. – Uma garota sentada na frente, com um rabo de cavalo alto respondeu.

- Bem, sejam bem-vindos ao nosso novo tema, classe. E nada melhor do que começar com esses caras. Não iremos nos aprofundar muito, apenas uma passagem. 

- Esse cara é louco ou o quê?! Ensinar um bando de adolescentes sobre isso?! Perdeu a cabeça, deixa a minha mãe saber disso. – Zayn ouviu uma morena atraente falar com a garota sentada atrás dela. – Parece que estamos na faculdade!

- Srta. Jenner? Pode falar mais alto, por favor?

A garota se colocou de pé, ajustando a saia.

- Sim, professor. Acho que é uma loucura o senhor nos ensinar sobre isso. Minha mãe não vai gostar nada disso.

- Sinto lhe informar, mas foi a senhorita quem se inscreveu nessa matéria. E ela é totalmente opcional e eu não pretendo mudar seus conceitos religiosos. Se a senhorita não quiser assistir a essas aulas, sugiro que saia. – O professor,  que ajeitando seu pulôver e seus óculos redondos indicou a porta fechada. - Vá fazer uma visita ao seu pai. 

- É, sai daqui, Kendall! – Um garoto musculoso falou alto, ao lado esquerdo de Zayn, com a gravata solta.

- Silêncio, Payne! – Pediu Langdon, observando Kendall se sentar.

{ * }

- Hey, Malik! – Uma voz desconhecida o chamou quando estava acabando de sair de sua aula de Geografia. – É Malik, certo? – Reconheceu Payne, da sua aula de Simbologia e Mitologia. Assentiu, ajustando a alça da mochila num ombro só. – Eu sou o Liam. Harry me falou de você na aula de Álgebra. Vamos lá, vem sentar com a gente.

Por ele, ficaria sozinho, mas se lembrou do que sua mãe tinha lhe dito sobre essa escola. “Não estrague tudo outra vez, Zayn”. Seguiu Liam pela Academia, se surpreendendo ao chegar onde estavam. Aquele corredor era aberto, com janelas sem vidros feitas de pedra. O pátio central era grande, com o chão também em pedras, com uma fonte de água no meio. A estátua ali em cima do chafariz era uma águia de asas abertas, símbolo da escola. Aquilo parecia Hogwarts, aquela escola de magia que tinha visto nos filmes com sua irmã. Cara, aquilo era muito Hogwarts mesmo. 

Payne abriu caminho entre os estudantes, parando num banco já ocupado por algumas pessoas, jogando sua mochila no chão.

- Malik, essas são a Kendall e a Cara.  – Liam apresentou as garotas. – Não brinca com a Delevigne, ela vai socar seu estômago se fizer isso. E nem com a Kendall, ela é a filhinha do diretor e pode causar sua expulsão em um segundo se quiser, mas é a trouxa que interrompe as aulas de Simbologia.

Kendall mostrou a língua, junto do dedo do meio para o castanho.

- Quem mostra a língua pede beijo. – Cara chamou a atenção da garota, a puxando para um beijo um tanto quanto explícito.

- Ah, qual é, vão se comer em outro lugar! – Louis acabava de chegar ali, de mãos dadas com Harry, que parecia mais alto ainda agora do seu lado. Zayn acabara de reparar que Kendall estava sentada no colo da garota loira.

- Você fala como se você e o Styles fossem santos, Tommo. – Uma outra garota chegou ali, abraçando Liam de lado, com a blusa dobrada na barriga. – Hey, babe. – Ergueu o olhar para o que estava ao seu lado, ficando na ponta dos pés para alcança-lo.

- Vai usar essa roupinha lá na esquina, Soph. Sabe que se te pegarem assim, a cobra vai fumar para o seu lado.  – Reclamou Louis. – Desse jeito vocês vão assustar o novato.

Cara e Kendall saíram por uns poucos minutos, provavelmente indo comprar algo na cantina. Voltaram com alguns assados nas mãos, que com certeza dividiram para o grupo e duas latinhas de refrigerante.

- Kendall, nossa forma de conseguir lanches grátis. – Sophia sorriu, pegando um pedaço do que tinha na mão da amiga.

- Olha quem está ali na frente. – Apontou a loira, fazendo todo o grupo se virar, inclusive Zayn. Ele reconheceu o loirinho de sua aula de Simbologia.

- Por que será que ele sempre usa óculos de sol? Nem está tão sol assim. – Louis se perguntou em voz alta, tirando a lata de Coca-Cola das mãos de Cara e a abrindo.

- Vai ver ele é um vampiro.

- Vai ver ele é cego. – Apostaram Liam e Kendall.  – Dez dólares? – Os dois deram as mãos. – Fechado.

Ainda olhando para o loiro, agora com a cabeça tombada, Malik o observou, andando com um outro garoto magrelo ao seu lado, carregando uma pasta preta nas mãos. Do jeito que ele estava andando, podia jurar que era uma garota, se não soubesse que ele tinha um pinto por debaixo das calças. O garoto de óculos escuro acabou por tropeçar nos próprios pés e bater a parte de trás dos joelhos no chafariz, caindo ali. As pernas para fora, corpo para dentro. Obviamente que aquilo causou risadas no pátio inteiro. Seu amigo foi o ajudar, e ele escutou Sophia reclamar.

- Vai ver vocês dois são patéticos. – Ela correu até o garoto na fonte, ajudando-o a se levantar. Ele estava molhado para caramba e ajustava o óculos no rosto. Aquilo o lembrou da cena do início do dia, da sua irmã encharcada pelo banho na cama dado pela mãe. Falando em irmã, Zayn desviou o olhar pelo pátio, procurando pela garota.

Waliyha estava saindo, acompanhada de outras três garotas, de cabeça baixa. Seu rosto virava para todos os lados, caçando o irmão mais velho. Quando seus olhos entraram em contato com os de Zayn, ele conseguiu enxergar sua boca se movimentando e ler seus lábios.

“Ajuda”.