"Quanto mais tempo passar ao meu lado, mais tempo levará para você se curar."
A garota corria pelos corredores, mais rápido do que seu cérebro a permitia processar e que suas pernas a permitiam mover-se, seus cabelos grandes cor-de-mel com as pontas tingidas de seu verde preferido (embora já desbotado pelo tempo) moviam-se com o vento. Ela mal conseguia enxergar as pessoas a sua volta, via apenas vultos. Os óculos pendiam na ponta do nariz, a ponto de cair por conta da pele oleosa. A respiração estava pesada e ela estava ofegante. Tropeçava em seus próprios passos, frequentemente tendo de parar para pedir desculpas a alguém por ter tombado nele/nela. A pilha de papéis em sua mão estava totalmente bagunçada, até que sentiu seu corpo bater contra alguém com muita força. A cena dos papéis voando a sua volta e caindo em todas as direções possíveis enquanto as pessoas pisavam nos mesmos sem se importar fizeram ela entrar em desespero, sem nem sequer se importar em quem havia esbarrado, começou a juntar os mesmos desesperadamente, gritando para que não pisassem nas folhas, mas já era tarde. Até que sentiu algo agarrando seu uniforme e jogando-a contra a parede, seus óculos caíram no chão, ela não conseguia enxergar o que havia a sua frente, via apenas um vulto loiro acompanhado de outros vultos.
- O que pensa que está fazendo? - O vulto loiro perguntou.
- Ah não, por favor... Estava tentando levar esses relatórios que levei a noite toda fazendo à presidente do conselho. - Resmungou. Seu tom era triste, mas firme. O trabalho de uma noite inteira agora estava sendo, literalmente, pisoteado. - Não pode me deixar só dessa vez?
- Ah, o bebezinho vai chorar? - o garoto estava tão perto que ela conseguia sentir seu hálito; café misturado com... pirulito? Não era exatamente agradável, mas também não é como se fosse algo ruim.
- Eu... Eu só queria poder entregar isso... - Ouviu-se o sinal tocando, ela suspirou, aliviada.
- Ah, não pense que vai se livrar de mim tão facilmente. Você esbarrou em mim, quatro-olhos, agora vai querer sair de fininho?? - Ele soltou-a no chão, chutando a lateral de seu corpo, o que a fez urrar de dor.
- Jackson... Já falei que eu tenho um nome, pare de me chamar assim... - ela sentou-se com dificuldade, segurando a parte que havia sido chutada e resmungando o nome de seu agressor.
- Ei, o que é isso?! - uma voz grossa veio do outro lado do corredor, ao olharem, viram um professor vindo em sua direção. - Nos veremos novamente, quatro-olhos. - Os garotos correram, deixando-a sentada no chão segurando suas costelas.
- O que aconteceu?? - O professor abaixou-se ao lado da garota.
- Nada demais... - ela sorriu. - Só... Já me acostumei com isso, ano passado foi a mesma coisa... e ano retrasado também... E todos os anos - Ela foi falando mais baixo conforme ia continuando a frase. Ele a ajudou a levantar-se, entregando-a seus óculos. - Obrigada Sr. Rech. - Ela limpou-os na barra da saia e os pôs novamente em seu rosto.
O homem tinha uma aparência peculiar, olhos de um verde tão claro que chegava a brilhar, cabelos totalmente negros e ondulados bem maiores do que deveriam, pelo menos para um professor, e feições fortes e marcantes. Não era apenas pelo fato de ele ensinar bem que suas alunas amavam as aulas de literatura.
- Claro, mas temos que saber o nome desses garotos. Deus, o que são estes papéis no chão?!
-... Uma noite inteira de trabalho, é isso o que eles são. - Ela suspirou.
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