História What are we waiting for - Now United (Concluída) - Sixteenth - Lunch

### NARRADORA

O sinal tinha acabado de bater, mas mesmo assim o refeitório já estava lotado. Em uma das mesas no meio, Any almoçava junto com seus amigos enquanto conversavam sobre alguns trabalhos que deveriam terminar de fazer essa semana. Porém, nenhum deles estava completamente interessado no assunto em questão. Todos só pensavam em uma coisa: Now United. Em suas cabeças, era quase inacreditável que, em menos de duas semanas de aula, tantas coisas já tinham acontecido.

O primeiro ensaio como um grande grupo de 14 integrantes tinha sido incrível. Eles todos tinham uma conexão que parecia quase de outro mundo que os faziam esquecer todas as diferenças que tinham. Diferenças de todos os tipos; culturais, sociais, pessoais… tudo isso parecia apenas detalhes quando todos se juntavam e dançavam até seus pés não aguentarem mais.

Foi quando algo despertou a atenção dos sete adolescentes sentados na mesa: Sabina e Diarra simplesmente sentaram-se na mesa com eles como se fizessem isso todos os dias, deixando-os de boca aberta.

“Vocês souberam da nova?” Sabina perguntou para o grupo que já estava na mesa. Como ninguém respondeu nada, ela considerou como um não. “Parece que Leslie Blurman vai dar uma festa nesse fim de semana.”

“Quem é Leslie Blurman?” Any perguntou, afinal, eram poucas as pessoas nessa escola que ela conhecia.

“Ex-namorada do Tuck, do time.” Diarra falou naturalmente enquanto comia sua salada.

“Ex?” Krystian pergunta. O rapaz não era o tipo de garoto popular, mas conhecia todos, e principalmente, sabia as fofocas de todos.

“Parece que eles terminaram ontem.” Sabina disse.

“Não a julgaria. Se eu terminasse com aquela anta do Tuck também daria uma festa.” Falou Shivani, que recebeu um sorriso confidente de Diarra. Aparentemente ninguém gosta muito de Tuck, Any anotou mentalmente.

“Do que estamos falando?” Perguntou Lamar sentando entre Joalin e Sofya, já começando a devorar um hambúrguer.

“Festa na casa da Leslie no fim de semana.” Sabina avisou o amigo. “Eai, Bay!”

Bailey se aproximou e sentou-se ao lado de Hina, dando um sorriso simpático para cada um da mesa, incluindo Joalin, que desviou o olhar, deixando o garoto sem entender nada.

“Bay, tua garota te liberou pra festa da Leslie?” Lamar perguntou.

“Ainda não falei com ela.” Ele disse remexendo em seu frango.

“Você namora?” Heyoon perguntou para Bailey por curiosidade, mas recebeu um chute de leve de sua amiga Joalin, que estava sentada bem ao lado.

“Acho que sim…” Ele deu um sorriso sem graça, sem tirar o olhar do prato.

“Acha?” Heyoon perguntou com uma sobrancelha arqueada.

“Eu to com uma garota, mas a gente não tem nada sério.”

“Tradução:” Lamar falou apontando para o amigo. “Ela prendeu ele numa coleira, mas ele não fez o mesmo.”

“Cala a boca.” Bailey deu um sorriso fraco e jogou uma bolinha feita com o papel da embalagem do canudo em direção ao melhor amigo. “É mais complicado que isso…”

Enquanto isso, Sina e Noah caminhavam calmamente em direção a mesa onde todos os seus amigos estavam sentados. Ele admirava enquanto a loira contava o que havia acontecido na sua última aula de Educação Física, fazendo piadas e rindo da maneira fofa e desajeitada que ela sempre ria. Depois do passeio na galeria e do breve encontro com a vovó Deinert, tudo tinha continuado exatamente igual, e isso atormentava o garoto. Ele deveria dar algum passo ou deveria deixar as coisas como estão? Ele deveria dar alguma indireta ou esperar que ela fizesse isso?

Eram tanto receio de estragar tudo com Sina que ele tinha medo de apenas deixar a oportunidade escorrer por entre seus dedos.

Nesse meio tempo, a garota se sentia incrivelmente à vontade com o amigo. Por mais que a noite passada tivesse ido dormir chorando, pois hoje seria o aniversário de 46 de seu pai, Noah era o único que conseguia fazer com que se sentisse bem. Leve. Em paz. E era esse o motivo que a fazia repensar milhões de vezes antes de tentar dar um passo além em sua relação.

O encontro na galeria tinha sido um experimento que Sabina desafiou a loira a fazer. “Saia com ele em um ambiente neutro e veja como vai ser. Se for bacana, você investe. Senão, ignora e segue a vida.” Ela pensou várias vezes e então decidiu fazer isso. O que eu tenho a perder? Ela pensou. Mas o que havia a deixado sem saber o que fazer foi o fato de o encontro ter sido incrível. Noah tinha provado ser o cara mais fofo e respeitoso do mundo e ela nunca voltou para casa sorrindo tanto depois de um encontro como naquele dia. Porém agora seu coração parecia dividido em dois: aposto em algo incerto ou permaneço na amizade?

Quando sentaram-se à mesa, se juntaram ao assunto em questão: festa no fim de semana.

Basicamente todos na mesa estavam de acordo que iriam juntos. Mesmo aqueles que pareciam pouco habituados com isso, já tinham dito que marcariam presença e compartilhavam comentários empolgados sobre vários assuntos.

Foi então que o único que faltava para completar o grupo entrou no refeitório com um sorriso de orelha a orelha.

Josh se aproximou da mesa e, sem bandeja de almoço mesmo, e sentou-se ao lado de Any. Todos na mesa interromperam seus assuntos paralelos, esperando que o garoto falasse logo o que queria. “Quem aqui sabe cantar?” Ele perguntou. “Além dos que eu já sei que sabem: Any, Noah, Lamar, Bailey e Diarra.”

“Eu também sei cantar, niño.”  Sabina falou ofendida pelo amigo ter esquecido das vezes que a escutou cantando CNCO pelos corredores do colégio.

“Verdade.” Ele pontuou. “Mais alguém?”

“Eu canto como um anjo.” Disse Krys calmamente. “Mas não é qualquer coisa, não.”

“Canta ai.” Josh pediu num tom divertido.

Krys revirou os olhos e limpou a garganta, levantando do banco para que todos na mesa pudessem o assistir enquanto cantava perfeitamente o refrão da música Gasoline da Helsey. Não só Josh, mas todos da mesa ficaram atônitos ao assistirem o garoto cantar incrivelmente.

“Ok, isso foi muito bom.” Josh falou quando Krys sentou de volta no seu lugar, seguido por uma salva de palmas dos colegas de mesa. “Mais alguém?”

“A Heyoon canta.” Hina falou depois de alguns segundos.

“Não canto, não.” A coreana falou rapidamente se ajeitando na cadeira nervosamente.

“Canta pra gente.” Joalin pediu para a amiga.

“Ai gente, eu nem canto bem.” Heyoon falou fazendo uma careta engraçada. “Foi um videozinho idiota que eu mandei pra Hina, mas cantar não é minha praia.”

“Mentira, ela canta muito bem.” Hina falou puxando o celular do bolso. “Querem que eu mostre?”

“NÃO.” Heyoon gritou se colocando na frente da amiga, tentando puxar o celular de suas mãos, mas a mesma já tinha entregado para Krystian que entregou para Sabina que deu play no video e mostrou para toda a mesa Heyoon cantando Can't help falling in love do Elvis Presley.

A coreana estava apoiada na mesa, com as mãos no rosto, com vergonha. Ela nunca teve um pingo de vergonha para dançar, pois sabia que nisso ela era incrivelmente boa, mas quando o assunto era cantar, a garota sempre teve uma certa insegurança.

“Você canta muito bem.” Disse Diarra, apoiando a garota.

“Muito bem mesmo.” Josh afirmou.

“Mas porque você quer saber quem canta?” Lamar perguntou para o loiro.

“Acontece que Kyle conversou com o cara que produz vários dos vídeos desses canais de dança mais famosos, o Tim.”

“Tim Milgran. Sei quem é.” Comentou Noah.

“Esse mesmo. Acontece que o irmão do Tim trabalha com um estúdio de música, e o Kyle acha que seria uma boa ideia, além de gravarmos o vídeo dançando, também cantarmos.” Josh pausou para analisar as reações dos amigos que, até o momento, pareciam gostar da ideia. “E seria melhor ainda se fosse uma música autoral nossa.”

“Nós teriamos que escrever uma música?” Perguntou Sina com as sobrancelhas franzidas.

“Sim.” Josh respondeu com incerteza na voz. Dançar e cantar era uma coisa, mas compôr música já entrava em um outro rumo que ninguém ali já tinha experimentado. Ele olhou um por um do grande grupo naquela mesa, pensando em como poderia fazer para isso funcionar.

“Eu já escrevi algumas músicas.” Lamar falou envergonhado. Para Josh, era uma surpresa ver seu amigo envergonhado, mas, aparentemente, revelar isso o deixou parcialmente desconfortável. “E também sou bom com beats.”

“Eu também já escrevi algumas coisas, mas nada muito bom.” Falou Noah dando os ombros.

“Certo.” Josh tentou pensar em uma solução rápida para isso. Não queria que apenas um ou dois se envolvesse em alguma coisa enquanto outros ficavam de fora. O grande espírito do grupo era a união e ele queria que isso fosse a marca registrada deles. “Vamos fazer isso todos juntos.”  Ele olhou para o lado e encontrou dois lindos olhos castanhos o encarando fixamente. Até ele, que não era bom com as palavras, escreveria uma canção para a dona daquele belo par de olhos. “Sei que vai ser meio difícil, mas vamos nos juntar depois da aula e escrever uma música juntos.”

“Vai ser difícil fazer 14 pessoas escreverem uma única música.” Joalin pontuou.

“Provavelmente.” Falou Any antes que Josh abrisse a boca. “Mas acho que seria bacana se tentássemos.”

“Eu to dentro.” Disse Sabina. “Geralmente escrevo textos bem românticos para o Pepe.”

Sina fez uma careta de nojo para a amiga e todos riram. Poucos segundos depois o sinal tocou e todos se levantaram, tomando o rumo de suas aulas enquanto conversavam entre si.

Josh foi o último a levantar da mesa, pois observava enquanto Heyoon e Sina conversavam empolgadas sobre algo que viam no telefone e Diarra acompanhava Shivani e Hina para a aula de ortografia que as três teriam. Lamar, Noah e Krys discutiam sobre quem era o melhor compositor atual: Lamar defendia o britânico Jonh Lennon, enquanto Krys batia o pé que era David Bowie e Noah apostava no clássico Michael Jackson.

“Eu acho que isso vai dar certo.” Any falou tocando o ombro do canadense.

Ele virou o rosto na direção da morena e observou enquanto o olhar dela também caia sobre os amigos se relacionando uns com os outros.

“Eu espero.” Ele disse por fim se levantando e acompanhando a garota para sua aula. Afinal, se nada desse certo, pelo menos ele tinha um grande grupo de amigos.