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História What If - Desejos Incertos


Escrita por: Knaew

Capítulo 2 - Desejos Incertos


Fanfic / Fanfiction What If - Desejos Incertos

 

— Park ChanYeol. — ele disse e então me puxou para perto pressionando minha cabeça no seu peito para me envolver nos seus braços largos em um forte abraço.

Eu nunca imaginaria um dia estar numa situação como aquela. Preso em meio àquela confusão em um mundo completamente estranho do meu e ameaçado por homens que mais pareciam ursos de cavernas, pensei que encontraria meu fim ali. Entretanto, a inesperada aparição daquele rapaz, salvou não apenas minha vida, como também meu destino. Ele era alto, devia ter aproximadamente um metro e oitenta e cinco, e vestindo-se de uma indumentária negra com detalhes cor de ouro nas bordas, era um tipo de roupa usada por artistas marciais devido à leveza e conforto que proporcionava aos movimentos. Seus cabelos eram de um tom escuro, puxado para a cor cinza em mechas, bem espalhadas na sua cabeleira e seus olhos em um tom igualmente negro. Apesar das roupas, seu sorriso era largo e em meio àquele campo devastado, trazia luz e conforto — pelo menos para mim.

— O-Obrigado. — Falei um tanto acuado. Minhas pernas, apesar de não estarem mais tremendo haviam perdido a força. O maior levantou-se lentamente e segurou em minhas mãos, me servindo como apoio para me erguer. Já de pé, mirei seu corpo de baixo para cima, reparando que ele era realmente um rapaz alto para os padrões do meu país.

— Não se preocupe. — Disse o maior estendendo a palma das duas mãos abertas para mim. — Tenho certeza que pode pagar por isso, não é mesmo?

— Pagar? — Indaguei confuso.

— Sim. — Ele afirmou. — Pelas suas roupas deve ser um estrangeiro bem rico.

EHHHHHHHHHH?! Ele realmente estava pensando nisso?

Assustado ao escutar as palavras do ChanYeol, minhas pernas estremeceram perdendo a força e logo cai sentado no chão. Jamais poderia imaginar que até mesmo naquelas condições alguém pensaria em receber por ajudar alguém, pior, seria eu ter imaginado que ele teria me salvado por simples vontade. Ainda no chão, busquei encarar os olhos do maior, ainda surpreso com suas palavras, até o momento que ele se agachou novamente ficando praticamente na mesma altura que eu.

— Vai me dizer que você não tem um tostão? — Resmungou ChanYeol contraindo os lábios formando um ligeiro bico.

Por mais que aquela atitude fosse absurda, instintivamente levei minhas mãos nos bolsos buscando por algum trocado. Retirei minha carteira e rezado para que tivesse alguma quantia lá dentro, acabei não sendo surpreendido por milagre nenhum, pois tudo que havia além dos meus documentos pessoais era o cartão do metrô público. Mostrei o espaço vazio na carteira para o maior, que imediatamente abaixou a cabeça em desaprovação.

— Desculpe, eu não tenho nada. — Suspirei baixinho e então o maior se levantou rapidamente.

— Aish! Não acredito. — Pensou alto o maior ainda reclamando. — E pensar que aquelas coxas grossas eram de um menino, eu só perdi meu tempo. — Continuou a resmungar para si mesmo não dando atenção a mim, ou simplesmente fingindo que eu não estava escutando cada uma das suas palavras. — Adeus.

— E-Ei, como assim? — Gritei apesar de sentir meu rosto enrubescer devido ao comentário relacionado às minhas coxas. — Que Adeus o que. Volta aqui ó. — Insisti tentando me levantar ao perceber a intenção do maior em se afastar. Visto que seria inútil, peguei impulso com minhas mãos e joguei meu próprio corpo contra o dele, agarrando suas pernas com meus braços e usando meu peso para prendê-lo. ChanYeol que estava se movimentando, sentiu o peso do meu corpo na sua perna, desequilibrou-se e caiu com a cara colada ao chão. — Você não pode deixar um estrangeiro perdido por ai! — Gritei apertando suas pernas e impedindo que ele de escapar. Por um momento o mais alto retrucou tentando escapar, mas em posição desfavorável, rendeu ao meu pedido de ajuda.

— Tudo bem. Tudo bem. — Afirmou resmungando entre os dentes. Soltei suas pernas e ele se apoiou no chão com as mãos e nós dois ficamos sentados frente a frente.

— Então você vai me ajudar? — Perguntei esboçando um grande sorriso no rosto na tentativa de cativá-lo. ChanYeol sorriu, se levantou e logo em seguida me ajudou a fazer o mesmo.

— Nem pensar. — Concluiu com ironia e tão logo começou a correr. Meu sangue ferveu e meu coração palpitou rapidamente. Naquele momento eu queria lhe acertar uma pedra na cabeça, primeiro por me salvar e pedir dinheiro e depois por fugir.

— Você… Volte aqui! — Gritei sem perder tempo e correr atrás dele.

 

Percorremos boa parte do caminho a pé. Era uma planície extensa de grama verde, bem diferente do terreno arenoso da viela onde estávamos. As pernas compridas de ChanYeol sempre o deixavam um pouco mais a minha frente o que me obrigava vez ou outra dar alguns pulos para o alcançar e ficar ao seu lado. Lentamente, a região deserta ganhava vida. Primeiro alguns animais de pequenos portes como esquilos e coelhos, logo regiões extensas voltadas para a plantação e cultivo de arroz e verdura e finalmente pessoas que sempre mantinham um olhar desconfiado voltado a mim.

— Deixa eu ver se entendi direito! — Murmurei batendo a parte debaixo da minha mão direita na forma de punho fechado sobre a palma da esquerda. — Está me dizendo que estamos no ano de mil trezentos e novena?

— Isso mesmo. — Afirmou o maior entre os dentes que estava ocupado prendendo um palito de dango.

— Aish. Isso só pode ser muita loucura. — Resmunguei para mim mesmo pressionando a cabeça com a palma das minhas mãos.

— Ó, tem de loucura nada não. — Concluiu o maior retirando o palito da boca jogando num canto qualquer. — Vai me dizer que você não é coreano? — Perguntou analisando meu corpo pelo canto dos olhos.

— É claro que eu sou! — Gritei. — Mesmo não parecendo…

— Com essa vestimenta aí, parece mais de outro mundo.

De certa maneira ChanYeol estava quase certo. Meu jeans surrado e camisas largas não eram compatíveis com o estilo de roupa orientalizado que ele e os demais estavam usando e pela data que ele havia me confirmado, eu de alguma forma havia voltado no tempo. Mais especificamente na época em que a Coreia conseguiu unificar os três reinos.

Lembro-me que na época do meu ginasial eu estudei um pouco da história da formação do Estado da Coreia. Entre os anos novecentos trinta e cinco, surgiram três reinos na península e um grupo de camponeses rebelde se organizaram para vencer o reino da Silla a reunificando ao reino de Koryo, de onde precedeu o nome Coreia. Tempo depois os limites do reino alcançaram o Rio Amnok, na fronteira da China, onde a nobreza civil é retirada do poder militar possibilitando a entrada de estrangeiros no país. Nessa época, o florescimento de Koryo teve lugar e sua religião budista inspirou muitos ganhos no campo da literatura, das artes e ciências. Entretanto, a médio prazo, a dinastia Koryo foi debilitada no seu poder político pela ascensão do clero budista e, mais tarde, pelas incursões dos mongóis, que utilizaram a península como base militar para preparar ataques à China e ao Japão. Nessa época, o reino Koryo viveu um período de guerra civil terminou com sua supremacia.

As lutas viriam no ano seguindo, onde a Coréia foi invadida pelos mongóis, dando um período de lutar durante trinta anos. Os mongóis foram muitas vezes distraídos pelas suas batalhas na China e em outros lugares, mas devido essas experiências, finalmente levaram à península um poderio militar tal que os Koryo se aliaram aos invasores os chineses. Sob o domínio dos mongóis, Koryo manteve sua cultura única e tentou demonstrar sua superioridade em relação aos conquistadores através de um surto de realizações artísticas. Percebendo da fraqueza que tinham, os coreanos se aliaram aos chineses para obter força suficiente para prevalecer sobre o povo mongol. Entretanto, esse seria apenas mais um dos grandes problemas que os coreanos enfrentariam mais tarde. Com a expulsão dos mongóis, a Coréia, ou mais precisamente o reino de Koryo, enfrentaria o surto de crescimento do povo chinês em suas terras.

— Ei, ChanYeol. Aqueles saqueadores então…

— Não eram saqueadores, mas comerciantes de escravos. — Afirmou o maior. ChanYeol então segurou meu pulso com firmeza e me puxou em sua direção rapidamente me colocando no seu colo. Fui tomado pelo susto, mas antes que tivesse meu direito de reclamar, ele havia saltado até a carga de uma pequena carroça em movimento. — Desde que os chineses nos ajudaram a expulsar o exército mongol, nossa nação vive em conflito. — Murmurou fazendo sinal com o dedo para conversamos em tom de voz mais baixo.

Mesmo que achasse errado, eu não tinha direito de retrucar, primeiro porque não tinha dinheiro e segundo, estava totalmente dependente de ChanYeol naquela “época”. Me encostei na carga de palha que havia na carroça. Naquela época, a palha, a lã e o algodão eram essenciais para a riqueza da região, então caravanas e carroceiros carregando esse tipo de material de uma cidade a outra era bastante comum.

ChanYeol deitou sobre a palha fofa, como se já estivesse acostumado com o trajeto e certamente, pelo pouco tempo que o conhecia, poderia suspeitar que fazer aquela traquinagem era algo comum no dia a dia dele. Eu, por outro lado, ainda estava um pouco acuado ao que havia descoberto.

— Mas, se o povo de Koryo aceitou a ajuda dos chineses, não seria errado o que estão fazendo? — Perguntei me certificando com todo cuidado para que o carroceiro não nos escutasse.

— Pode até parecer, mas os chineses já haviam invadido antes, quando nossa nação ainda era dividida em três reinos. — Afirmou.

— Entendi. — Suspirei. — Assim como escrito nos livros, a nação chinesa forçou uma invasão anterior e tentou implantar sua própria política aqui dentro.

— Isso, mas nós somos fortes e resistimos até hoje. — ChanYeol sorriu e puxou a manga do seu keikogi exibindo os braços. — E você, para um rapaz pequeno e delicado é muito esperto. — Disse piscando o olho esquerdo e colocando o braço que havia levantado anteriormente ao redor dos meus ombros e me puxando um pouco para perto. — Não se preocupe, eu te acompanho até um lugar seguro.

Estava sozinho naquele mundo de guerra e perdido, até ele aparecer com seu sorriso idiota e jeito metido, mas por um momento senti meu coração vibrar quando escutei aquelas palavras. Meu rosto rapidamente se aqueceu tomando a cor vermelha e então eu me afastei, empurrando um pouco seu corpo para trás e desviando os olhos no sentido oposto. ChanYeol, não percebeu minha intenção em fugir da proximidade dele e novamente sem me consultar, puxou meus pulsos para me tomar em seu colo e novamente saltar da carroça em movimento.

ChanYeol aterrissou no chão, logo me largando com certo cuidado. Sem noção de horas, eu não havia percebido o momento que deixamos o campo e entramos na cidade.

— Veja, pequeno. — apontou o maior para a cidade. — Esta é a capital.

O maior, percebendo a minha exaltação, apoiou as mãos grandes nos meus ombros me segurando com pouco de força para me impedir de andar em qualquer direção a não ser aquela guiada por ele. Cercada por enormes muros de rocha, a cidade era grande. Haviam ruas pavimentadas onde pessoas transitavam de um lado ao outro com pressa. Outras, montavam suas barracas e gritavam exibindo seus produtos ou até mesmo a procura de fregueses. O estilo oriental antigo dava à capital um charme que eu havia acompanhado apenas em filmes de ficção e nunca imaginaria poder viver naquela época, ou pelo menos, viver daquela forma.

Eu estava fascinado com tamanha diversidade. Percebi, que além do mercado de pessoas, outras ainda estavam rente a suas moradas e algumas ainda se misturavam ao teatro de rua ou até mesmo festivais de danças como forma de entretenimento. O cenário de fantasia que eu havia criado em minha mente, mediante a estudo em livros, era completamente real.

— Q-Que lindo. — Sussurrei.

— Agora que está seguro, nos separamos aqui. — Afirmou o maior se despedindo, entretanto, antes que pudesse de fato se afastar, agarrei na sua indumentária com força puxando para mim. — E-Ei! — Ele resmungou. — Qual é a sua?

— Eu preciso agradecer.

ChanYeol suspirou fundo puxando a manga da sua roupa de volta para o lugar.

— Como, se não tem dinheiro?

— Eu preciso agradecer com alguma coisa. Afinal, você me salvou duas vezes. — Choraminguei baixinho. Eu realmente não queria que ele fosse embora, não pelo menos até eu conseguir achar uma forma de voltar para a minha época.

— Não precisa. Está ficando tarde, então é melhor você voltar para casa.

— Quero voltar, mas não sei como. — Suspirei ao escutar aquelas palavras. — Estou totalmente sozinho. Minha vida não era das melhores em Seoul, mas se eu não voltasse logo, tanto TaeYeon, quanto meu irmão poderiam ficar preocupados comigo. — Bem, não tem nada que eu possa fazer por você? Talvez ajudar no trabalho? Você deixa?

ChanYeol me olhou nos olhos e se aproximou tão perto, que me fez sentir menor do que eu realmente era perto dele. Colocou sua enorme mão na minha cabeça bagunçando os meus fios, já atrapalhados e sujos de terra e então observou a praça central. Uma vez que estávamos em uma região mais elevada, a vista para a cidade era privilegiada.

— Se quer tanto assim… — Ele meneou a cabeça ao lado e apontou para um aglomerado de pessoas. — Está vendo aquela procissão? É a família imperial. — Apontou para o lugar onde seus olhos estavam fixados. — E aquele andador todo enfeitado no centro é do imperador do país. Se você conseguisse pegar uma ou duas pedrinhas da coroa do imperador, eu poderia ganhar um bom dinheiro. — ChanYeol deu um tapa nas minhas costas e caminhou para frente. — Mas não sei se vai conseguir, portanto, para não perdemos tempo, vou me despedindo por aqui.

Olhei atento para a direção apontada e percebi que dentro do aglomerado de pessoas a procissão cercada por soldados do palácio imperial carregando um grande andor feito de madeira, enfeitado com joias e panos, provavelmente seda, de cor vermelha estampado com um pássaro dourado. Dois guardas a cavalo montavam a guarda da frente, enquanto outros dois a guarda de trás. O próprio andador era carregado por quatro soldados um em cada extremidade.

— Vou pegar para você. — Sorri sem dar atenção à sua última frase e então corri na direção da procissão.

ChanYeol se assustou. Quando se deu conta que eu já estava correndo, ele engoliu em seco surpreso com minha atitude e mesmo de longe forçou a voz para gritar.

— Não acredito! Levou isso a sério?

Mesmo de longe eu pude escutar o eco da sua voz rouca. Até agora, era ele que me surpreendia sempre com suas atitudes, hora como uma criança imatura gananciosa, hora como um irmão mais velho protetor. Aquela, seria a minha chance para mostrar que eu também poderia o surpreender se eu me esforçasse.

— Depois disso, posso ficar com você? — Gritei de longe exibindo meu sorriso quadrado enquanto sorria. Por um momento, a expressão do maior, que até então era sempre tranquila, de um jovem metido, havia mudado por completo quando suas bochechas foram preenchidas por um leve tom de vermelho.

Me esgueirei pelas pessoas que estavam paradas à margem do andador que a cavalaria do imperador carregava tentando me aproximar mais da borda. A proteção era rígida mesmo dentro do país, ainda mais levando em conta as constantes ameaças dos estrangeiros. Suspirei baixo, levando em conta a hipótese de falhar, mas logo me reanimei acreditando que tudo se resolveria em uma conversa amigável. Tomei coragem e me aproximei do andador cuidadosamente, misturando algumas pessoas que estavam mais próximas.

— E-Ei, senhor imperador! — Gritei erguendo meus braços na esperança que me visse. — O senhor é o imperador, não é mesmo? — Falei um pouco mais alto novamente.

— Quem é você? — Respondeu uma voz misteriosa dentro do andador. Para minha surpresa ele havia notado minha presença escandalosa no lugar, acompanhado de algumas pessoas que estavam mais próximas

— Não sou ninguém em especial, mas tenho um pedido a lhe fazer. — Tentei desviar a atenção sobre mim, que ainda estava vestido em trajes estranhos para aquela época. — P-Poderia me dar duas pedrinhas da sua coroa? — Perguntei para a surpresa de todos. — É que eu tenho uma dívida com uma pessoa e não tenho dinheiro para pagar.

Assustados com minha ousadia, um grande tumulto gerou-se na praça da procissão. Não que meu jeito de abordar o imperador tenha sido dos melhores, mas eu não havia pensando em outra coisa na hora com simples medo de que ChanYeol desistisse de mim, tentei mais uma vez me aproximar e os guardas alheio à cavalaria vieram me impedir. Me apressei para não perder o andador de madeira e segurei na borda de tecido que enfeitava a janela, entretanto, tomado pela aflição não percebi quando meu pé havia ficado preso em um sobressalto me fazendo cair de bruços no chão junto a metade do tecido de seda que havia se rasgado da janela. Os soldados que estavam atrás de mim, formaram um círculo para me impedir de fugir e um deles, o que parecia ser o líder da escolta, homem robusto com barba e bigode bem trabalhado, portava o sabre na destra brandindo furioso contra meu rosto.

— Maldito! — Gritou. — Por ser extremamente rude com Vossa Alteza, você será punido!

A agonia de ter aquela lâmina apontada para mim deixava todo meu corpo paralisado. Assustado, tentei fugir dando um passo para trás quando tropecei no meu próprio pé, caindo sentado no chão. Dois dos soldados, em posse de suas lâminas, se aproximaram pelos lados e o mais robusto que havia gritado comigo saltou para me punir. No desespero, fechei meus olhos com medo de ser alvejado por aquela espada, mas quando me dei conta do rápido momento que havia se passado, pude escutar o barulho de um pavio sendo aceso seguido do cheiro de fumaça. Um segundo antes, duas bombinhas de fumaça haviam sido arremessadas na direção dos soldados que ameaçavam minha segurança e em agilidade, ChanYeol havia saltado para o meio da confusão.

— Você é doido ou o que?! — O maior gritou se colocando entre os soldados e eu. — Está querendo morrer?

— N-Não! — Resmunguei. ChanYeol me ofereceu a mão para me levantar e eu aceitei, aproveitando da sua força para me erguer. — Você me salvou de novo. Agora preciso de três pedrinhas.

— Esquece as pedras. Agora você não me deve mais nada.

— J-Jura? — Perguntei.

— Juro. — ChanYeol afirmou estendendo sua mão na minha direção. — Agora, vamos sair daqui!

A situação exigia rapidez, pois nós dois precisávamos sair dali antes que a fumaça se esvaísse por completo. Segurei na mão do ChanYeol, e rapidamente ele me puxou pelo corredor de soldados usando a manga comprida da sua vestimenta para abafar a fumaça que estava na frente, porém, antes mesmo de conseguir chegar na multidão para nos misturarmos, um soldado que estava mais afastado da tropa de escolta, tinha conseguido escapar da fumaça e podia claramente nos ver. Sua voz grossa revelando minha localização, guiou os demais que sem hesitar erguiam suas lâminas a cego para nos alvejar. ChanYeol rapidamente voltou seu corpo para o meu, me envolvendo nos seus braços com a intenção de me proteger dos ataques, porém antes que as lâminas pudessem atravessar sua pele, meu corpo emitiu uma poderosa rajada de luz que iluminou toda a capital.

— Levem Vossa Alteza daqui! — Ordenou o soldado para os carregadores do andador. — Rápido!

— Espere. — Murmurou a voz de dentro. — O que é esse tumulto?

— É aquele garoto de antes. — Afirmou. — De repente, ele começou a emitir uma luz dourada!

Eu não conseguia sentir nada diferente vindo do meu corpo além da luz própria que esse estava emitindo deliberadamente. Lentamente, as mãos de ChanYeol que estava me segurando com firmeza se afrouxaram e quando me dei conta havia sido projetado para fora do meu corpo novamente, como na vez que vim parar nesta época. Aquele fenômeno bizarro assustava todos presentes na procissão e o olhar acusador parava sobre ChanYeol, que estava arriscando sua vida para me proteger. Senti meu corpo pesar e novamente a sensação de ser tragado por algo invadiu meu ser. Eu sabia o que era aquela sensação. A sensação de voltar para a minha época, mas naquele momento eu não queria. Não desejava. Não desejei. Eu queria ficar com ChanYeol, e assim desejei.

A luz imediatamente parou e abrindo meus olhos vi que ainda estava envolvido no abraço do maior. Mirei seus olhos e percebi que sua face estava tão espantada quanto aos dos demais presentes. Os guardas, absortos com o fenômeno ficaram paralisados, até escutarem a voz do imperador emitir sua ordem suprema.

— Guardas! Prendam o garoto e o rapaz imediatamente.

Os guardas, mesmos assustados obedeceram às ordens de sua alteza e nos cercaram com suas lâminas e sabres. ChanYeol me encarou surpreso, enquanto os demais se afastaram com medo. Segurei no pano da roupa do maior com firmeza e este fazia o mesmo com meu ombro. Sem resistir, nós dois tivemos os pés e as mãos presos em lajotas de ferro e fomos escoltados até uma carroça com grades de aço com o único destino de ser levado ao calabouço imperial.

Por ordem do imperador, eu e ChanYeol fomos capturados e jogados na prisão em um prédio na parte leste dentro do castelo imperial. As lajotas da parede, pareciam feitas de concreto e as grades que delimitava cada cela, eram grandes grilhões de madeira. Diferente, da cultura ocidental, cujos calabouços eram lugares terríveis e frios, a cultura oriental, sempre valorizava o bem-estar do próximo independente dos seus atos, tendo outros métodos para punir os foras da lei, por tal motivo, mesmo as celas das masmorras mais profundas eram bem cuidadas, para garantir o mínimo necessário para que o cativo sobrevivesse até o dia do seu julgamento.

Mesmo atrás das grades de madeira espessa, nossos pés e mãos ainda estavam amarrados em algemas, delimitando qualquer movimento longo. ChanYeol, parecia preocupado, e estava largado num canto mais fundo após ser jogado de forma agressiva por um dos guardas. Eu, por outro lado, não estava com medo ou aflito, pois estranhamente estar perto dele me deixava mais tranquilo e relaxado.

— Ei. — Ele resmungou sem virar a cabeça para me olhar. — Você está bem calmo, nem parece que está em um calabouço. — Ele não estava de um todo errado, entretanto, ficar dentro de um calabouço me deixava preocupado, principalmente depois do ocorrido. — Aliás, quem é você realmente e o que foi aquela luz?

Mesmo impedido de se movimentar por longas distâncias, ChanYeol arrastou seu corpo para próximo a mim, e me analisou com um olhar discreto. Ele parecia começar a compreender que eu não era um estrangeiro ou muito menos um nativo daquela época, porém eu ainda não tinha coragem para contar realmente quem eu era ou de onde eu vinha. Se eu estava realmente na Coreia Antiga, a minha presença ali poderia influenciar na história.

— Bem, você não precisa me contar se não quiser. — ChanYeol resmungou e rapidamente desistiu de perguntar mais sobre mim, entendendo que meu silêncio e recusa em responder era resposta suficiente de que eu não queria dizer nada naquele momento.

— Eu me perdi da minha amiga. — Choraminguei. Fazia algumas horas que eu estava nesse mundo e não tinha a noção do que havia acontecido no presente. Nem o que se passava com TaeYeon, meu irmão, minha mãe. — E não consigo mais voltar.

— Não chore. — Disse o maior. Sua expressão havia mudado. Antes, parecia confuso e inquieto, agora seu rosto estava mais sereno e tranquilo, como no momento em que nos conhecemos. — Vou achar uma maneira de você voltar. Não se preocupe.

— Verdade? — Perguntei.

— Bem, eu já fui pago para isso. — ChanYeol sorriu colocando o dedo indicador na minha testa e empurrou minha cabeça levemente para trás. — Ninguém tem coragem de ir até o Imperador daquela maneira.

— Idiota. — Murmurei e meu rosto enrubesceu.

Se eu pudesse definir aquele homem em uma palavra, diria que ele seria o meu salvador. Abaixei minha cabeça timidamente e suspirei profundo, buscando força para voltar ao normal e pensar em uma maneira de sair dali, entretanto, tudo que pude ver dentro da minha cabeça, era o sorriso grande e convencido de ChanYeol. Levei as mãos no bolso, tentando esconder meu nervosismo e percebi que tinha algumas gomas de mascar do parque de diversões. Instintivamente peguei uma e a coloquei na boca, enquanto ChanYeol virava para o outro lado tentando destrancar os grilhões das algemas. Um dos guardas, percebendo que eu estava mastigando algo, se aproximou.

— Ei, garoto! — Gritou. — O que você colocou na boca?

Olhei para ele sem entender o motivo da sua pergunta e então me dei conta de que naquela época, não havia diversos tipos de alimentos ou guloseimas como o chiclete. O guarda, furioso pelo descaso que eu fiz da sua pergunta, se aproximou da grade de madeira expressa aos berros.

— Mostre-me o que você tem na boca agora mesmo!

Olhei para ele ainda absorto por dar tanta atenção aquela goma de mascar e então inclinei levemente a cabeça para frente, com os lábios contraídos e comecei a formar um balão com o chiclete mascado. Quando percebeu aquela bola crescendo rapidamente, o guarda tentou recuar e no susto acabou tropeçando no próprio pé caindo sentado no chão. ChanYeol, percebeu a exaltação e olhou para o guarda tão próximo. Eu, me divertindo com o medo que estava causando no guarda, preenchi o balão de chiclete com mais ar fazendo sua forma esverdeada por causa da menta ficar mais pálida, como um fantasma.

O guarda gritou ao ver o balão do tamanho da minha cabeça estourar deixando todo meu rosto grudado com os restos da goma. Assustado, o guarda não aguentou quando a goma grudada havia deformado meu rosto e então desmaiou. ChanYeol riu da situação e se aproveitou da falta de atenção do homem medroso e rapidamente arrastou os dois braços cumpridos para fora da grade, cujo espaço era grande para uma cabeça passar e pegou as chaves.

— Isto deve resolver o problema! — Disse o maior animado. — Ei, você pensou rápido!

— Sério? — Perguntei com um grande sorriso no rosto sem perceber que os restos de chiclete ainda estavam grudados. — Obrigado!

ChanYeol gritou quando se deu conta da minha aparência e soltou para trás.

— Ah! U-Um m-monstro! — Choramingou.

— Ah, para. — Resmunguei ao perceber que ele não estava brincando, retirei os pedaços aderidos na minha pele. — Isso é só chiclete.

— Chiclete? — Perguntou confuso.

— Sim. Você coloca na boca e mastiga, mas não pode engolir. — Disse retirando do bolso outro pacotinho com gomas e o ofereci. — Toma, pode ficar.

— Você tem coisas estranhas aí. — ChanYeol pegou o pacote e o fitou por alguns instantes. — Posso mesmo ficar com isto? — Perguntou. Eu afirmei de forma positiva balançando a cabeça enquanto pegava as chaves que segundos antes havíamos roubado.

Enquanto ChanYeol ficava admirando o pacote de gomas, usei as chaves para abrir os grilhões de ferro que prendiam nossos membros e a cela, para depois usar as correntes para amarrar o soldado desmaiado. Agora livres, o maior se adiantou indo na frente, enquanto eu o seguia pela retaguarda tomando o máximo de cuidado para não sermos vistos por mais ninguém.

Seguimos todo o corredor da masmorra, seguido de dois lances de escadas até finalmente alcançarmos o corredor principal do palácio imperial. Mesmo sem entender como funcionava a organização da área imperial, pela forma como as estruturas estavam distribuídas, o palácio principal seria o prédio do meio, enquanto seus anexos, ligados por corredores, seriam as demais regiões incluindo a masmorra.

— Tem certeza que posso ficar com esta coisa maravilhosa? — Perguntou o maior exibindo um sorriso ganancioso de posse com o chiclete, logo depois de nos escondermos atrás de uma pilastra, para depois recuar, de forma egoísta impedindo que eu pegasse de volta a guloseima. — Sem devolução certo?

— Do que você está falando? — Perguntei bravo em um tom mais alto. — Você está tão mesquinho por causa de chiclete?

Encarei ChanYeol nos olhos e pela primeira vez seu olhar recuou. Não que eu me importasse, era só chiclete, mas estávamos no meio de uma fuga para ele poder se importar com aquilo. Antes que ele pudesse responder ou eu formular meus pensamentos direito, ouvimos passos se aproximando do corredor leste onde estávamos escondidos. ChanYeol, se apressou colocando a mão no meu ombro e me guiou para o caminho a frente, entretanto, mais passos puderam ser ouvidos, agora vindo a oeste.

— Perigo! Alguém está vindo! — Murmurei aflito procurando um caminho seguro.

Pelo barulho, os passos estavam se intensificando e nós dois seriamos emboscados ali e toda nossa trama de fuga estaria arruinada. ChanYeol olhou para a esquerda e percebeu a presença de uma janela semiaberta. Eu olhei para a direita e percebi a existência de uma outra janela. Corri rapidamente para a direita e o maior, fez o mesmo para a esquerda, porém quando estávamos próximos a ventana, percebemos que nós dois havíamos nos separados. ChanYeol resmungou e veio correndo na minha direção, quando percebeu o som dos passos chegarem. Eu, fechei meus olhos irritado e segui na direção dele e sem perceber, nós dois havíamos trocado de posições e continuávamos separados. Fuzilei o maior com os olhos e esse sorriu para mim, mas antes que ele pudesse voltar, os guardas apontaram nas extremidades do corredor e naquele momento não tivemos outra escolha a não ser seguir pelo caminho que havíamos escolhidos.

 

Atravessando a janela, cheguei em um grande pátio com piso de pedra. Percebi, que pela arquitetura, a forma do palácio imperial era realmente da maneira como havia pensado, pois ao longo das suas limitações cresciam diversas casas que funcionavam como ramificações do prédio principal, onde provavelmente estaria o imperador. Corri até uma árvore tomando o máximo de precaução possível e sentei de costas para o tronco até minha respiração voltar ao normal.

Ainda um pouco ofegante, decidi me levantar e tentar achar um meio de encontrar ChanYeol. Ele era esperto o bastante para não voltar ao palácio, então certamente se eu procurasse ele pelas redondezas, toparia com ele. Quando decidi sair do esconderijo julgando que era seguro, meu corpo foi ao encontro de outro, me fazendo recuar um passo para trás. No susto, fechei meus olhos com medo que fosse outro guarda, mas quando me dei conta, na minha frente estava um jovem belo de pele mais morena e com vestes imperiais como aos dos cortesões que viviam no palácio que li em livros antigos.

— O que foi? Você está perdido? — Disse o moreno surpreso ao me ver. Olhei assustado e rezando para que não me delatasse, mas me surpreendi quando retirou a mão das vestes e aponto na direção leste. — O portão é logo ali, você pode sair.

— Obrigado. — Respondi sem graça com a gentileza do desconhecido e então, rapidamente me pus a caminhar na direção apontada antes que mudasse de ideia.

— Você é o garoto que foi capturado antes, não é? — Perguntou o moreno enquanto eu me distanciava. Um calafrio tomou conta do meu corpo me deixando paralisado. — Parece que sim. — Concluiu ao perceber que eu havia parado. Quando me dei conta, ele estava na minha frente como se em um passe de mágica tivesse desaparecido de um lugar e reaparecido misteriosamente em outro. — É verdade que foi rude com Vossa Alteza? — Indagou o moreno segurando meu queixo com as mãos e mirando nos meus olhos. De perto, percebi que seus lábios eram grossos e também maliciosos fazendo com que cada palavra dita se tornasse uma ordem.

— O que você está pensando? — Tentei desconversar virando meus olhos para um lado e para o outro. — Sou apenas um garoto estudando para o exame de seleção nacional passeando. — Eu estava nervoso. — Então, tchauzinho!

— Não se preocupe. Estou do seu lado. — Ele afirmou soltando o meu queixo. — Não vou chamar os guardas para irem atrás de você. — O moreno sorriu. Suas palavras eram sempre em um tom baixo e tranquilo, não representando ameaça alguma. — Por favor, acalme-se.

— M-Mesmo? — Perguntei, dessa vez olhando em seus olhos escuro e profundo. Ele balançou a cabeça em forma positiva e então sorriu para mim. — Então, você poderia me ajudar a achar meu amigo?

— Ele está neste palácio?

— Ele… Foi jogado na prisão por minha causa. — Murmurei cabisbaixo. — E, se eu não tirá-lo de lá, nunca serei capaz de retornar ao meu mundo.

— Outro “mundo”? — Indagou.

Minha preocupação com ChanYeol era tal, que eu havia esquecido de me conter sobre minha origem e acabei revelando tudo ao desconhecido. Certamente, ele não acreditaria em mim e chamaria os guardas me colocando na prisão novamente — pelo menos era o que eu acreditava. Entretanto, suas ações se demonstraram outra, pois o moreno se aproximou de mim sem medo e depositou a mão direita no meu ombro.

— Isso é fantástico. — Ele afirmou. — Meu nome é Kim JongIn, embora as pessoas me chamem de outro jeito.

— Eu sou Byun BaekHyun, mas pode me chamar de BaekHyun.

JongIn então, lentamente se aproximou do meu rosto. Senti sua respiração se misturar a minha e um leve tom de rubor tomou conta do meu rosto. Antes que pudesse me afastar, ou reagir a sua aproximação, ele me tomou pelos braços, puxando meu pulso tão forte que me fez andar à sua frente, escondendo nós dois atrás de um gazebo. Quando me dei conta da sua atitude, vi que um pequeno grupo de cinco guardas escoltavam ChanYeol na direção que a masmorra ficava. Eles pareciam furiosos, empurrando e açoitando seu corpo com força que apenas caminhava.

Ele estava naquela situação por minha causa e se eu não fizesse algo, me sentiria mal por não ajudar, mesmo depois de tudo que ele havia feito por mim. Tomei coragem e corri na sua direção, para o espanto de JongIn que não fez nada para evitar minha decisão.

— Esperem! — Gritei a uma distância que eles pudessem me ver. — Por favor, não machuquem ele!

BaekHyun? — ChanYeol indagou ao perceber minha aproximação. Estava descontente em me ver e não hesitou em demonstrar. — Idiota, o que você está fazendo aqui?!

— Idiota é você! — Falei ainda mais alto expondo minha frustração de ter escutado ele falando aquilo. — Como eu poderia deixar você para trás depois do que fez por mim?

Dois dos guardas se aproximou, enquanto os outros três mantinham ChanYeol preso no chão para que não pudesse escapar. Tentei correr, mas antes que pudesse fazer algo, o soldado que me perseguia arremessou a lança na minha direção. No susto eu desviei para o lado e nesse momento o outro guarda responsável por me perseguir, segurou nos meus ombros me levantando. ChanYeol, bufou. Seus olhos imediatamente adquiriram um aspecto vermelho e com grande força arrebentou as correntes com um único movimento. Desorientado, aos guardas não sabiam o que fazer e o maior então se aproveitou da situação, para passar a rasteira derrubando dois e agarrando o pulso do terceiro, o arremessou com força na direção do soldado que havia me levantado. O corpo dos soldados se chocaram e eu caí no chão próximo aos dois. ChanYeol saltou na minha direção e puxou meu ombro com força colando nossos corpos.

— Desgraçados, se encostarem um dedo nele, farei vocês se arrependerem! — Gritou o maior. Era a primeira vez que o vi alterado e naquele tom, sua voz rouca soava como de uma fera furiosa.

— Silêncio! — Outra voz imponente preencheu o lugar. — Silêncio, todos vocês! — Era JongIn, que inesperadamente surgiu entre eu e ChanYeol e os soldados. — Ninguém irá machucá-los sem as minhas ordens!

Os soldados arregalaram os olhos e engoliram um seco.

— Quem é você? — Gritou ChanYeol novamente.

— É o Imperador! — Afirmou um soldado. ChanYeol subitamente se assustou e eu, percebi que diante das palavras daquele homem, todos os soldados se inclinaram, abaixando o corpo em respeito a presença de JongIn.

— Sério? — Indagou ChanYeol confuso, olhando todos os homens que minutos antes estavam o atacando se inclinarem inofensivos. JongIn apenas sorriu e afirmou de forma positiva com a cabeça, deixando o maior sem palavras e o fazendo inclinar também em sinal de respeito.

— Peço desculpas, BaekHyun. Não quis enganar você. — Afirmou JongIn se aproximando. — Quando soube do rumo de que um garoto com vestes estranhas estava perambulando pelo reino, eu decidi verificar com meus próprios olhos, por isso escondi minha identidade pois queria saber as suas intenções, entretanto, você não parece ser um inimigo ou um demônio.

Me assustei com a revelação de JongIn, mas estava certo de que cedo ou tarde a notícia da minha vinda chegaria aos ouvidos dos mais importantes, mas nunca pude imaginar que o próprio imperador decidiria ele vir ao meu encontro. Apesar de surpreso, eu realmente estava mais aliviado, pois se JongIn realmente estivesse do meu lado, eu poderia pedir ajudar dele para voltar para casa e ainda que soltasse ChanYeol que só estava preso por minha causa.

— Então… Você não vai

— Não. Não vamos machucar vocês. — Afirmou o imperador me interrompendo. ChanYeol e eu sorrimos aliviados uma para o outro e igualmente aos demais, eu me ajoelhei o reverenciando. — Porém, eu tenho um pedido. BaekHyun, você poderia proteger Koryo?

— Proteger? — Perguntei confuso me levantando logo em seguida. — Eu mal sei me defender sozinho, como quer que eu proteja um país inteiro?

JongIn esboçou um sorriso ladino e ChanYeol, tão confuso quanto eu, não conseguia entender o sentido do pedido que havia sido feito a mim. O maior, então olhou para o imperador e se pôs de joelho ao meu lado atento em cada palavra.

— Em nosso país existe uma lenda antiga que diz, que quando o império estiver à beira de uma crise surgirá um garoto de outro mundo trazendo o desejo de salvar nosso império.

Suspirei fundo. Certamente isso estava fugindo de toda lógica e realidade que eu conhecia. Aliás, não existia lógica nenhuma em nada do que estava acontecendo!

— Com certeza estão enganados! Eu sou apenas um estudante e estou aqui por engano. — Relutei. Aquela história toda parecia um absurdo, aliás, a minha existência naquele mundo era um absurdo.

— Então, você não gostaria de ter seus desejos atendidos? — Perguntou JongIn. — Você não tem desejos?

Pausei. Desejos? Certamente todo mundo tem um desejo, mas que tipos de desejos eu teria? A faculdade, a família. Certamente o respeito da minha mãe por mim, uma vida boa, comer sem engordar e talvez um grande amor, quem sabe. Eram tantas coisas que eu poderia querer, mas sempre tive em mente que se eu quisesse alguma coisa, eu deveria lutar com todas as minhas forças para conseguir. Jamais acreditei em desejos e talvez nunca acreditaria, exceto por aquele momento, que eu desejava mais do que nunca, apenas duas coisas.

— Desejos… — Sussurrei. — Talvez seja cedo para dar uma resposta tão difícil, mas peço por gentileza Imperador, que me conceda um dia para pensar.

— Imagino que seja uma decisão difícil, mas sim, terá o dia para pensar com calma nesse assunto. — O Imperador sorriu.

— Obrigado Vossa Alteza. — Afirmei me inclinando em forma de agradecimento. Certamente ele não era o tipo de pessoa tirana que normalmente mostravam nos livros, muito pelo contrário, ele parecia extremamente generoso com todo seu reino. JongIn se aproximou.

— Peço que pense com bastante calma. — Ele sussurrou nos meus ouvidos. ChanYeol grunhiu em desaprovação vendo o imperador tão próximo. — Até lá, providenciarei as comodidades necessárias para que fiquem no palácio.

JongIn e seus soldados se retiraram e não muito tempo depois, os vassalos responsáveis pelas cortes da realeza chegaram e, ChanYeol e eu fomos conduzidos para nossos aposentos.

 



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