História What would you live for? - O (re)encontro

 (Leia ouvindo : Book Of Relevation - The Drums)

Na sexta-feira elas acordaram tarde. O destino da noite seria o mesmo, o M1-5. Novamente, a noite de sexta foi bem divertida.

Os três irmãos estavam bem perto do M1-5, no antigo local onde funcionava sua gravadora, a 3CG Records. E eles queriam reativá-la. Foi para isso que tinham voltado a New York. E lá, eles ficaram conversando e decidindo o que seria melhor fazer naquela primeira fase (a experimental, como Zac costumava dizer).

Como Aimée tinha um gosto musical um tanto quanto diferente, no sábado Claire e Beatrice decidiram ir a um lugar diferente, para agradar a amiga.
- Então hoje é por sua conta, hein Amy!
– Não vai decepcionar a gente hein!
– E quando foi que eu decepcionei vocês?
– É pra responder? – ela olhou para Aimée, que olhou séria para ela.
– EU é que não vou te responder.
– Eu tava brincando, Amyzoca! A gente ama você, tá ligada, né?
– Sim, e só por isso vou deixar passar. Mas já escolhi um lugar bem bacana pra gente ir. Só que é meio underground...
– Ai... O que não fazemos por você, hein? Isso significa que não precisamos de salto, certo?
- Queee não precisamos de salto o quê! Gente, eu sou uma DIVA! E divas nunca saem de seus saltos! – disse Claire, revirando os olhos.
– Sosseguem os corações, meninas! Vocês podem ir do jeito que quiserem, menos com pintura corporal ou glitter nos braços!
– UFA!
– Só não vá muito colorida, Claire!
– Okay. Contentarei-me com um pretinho básico.
E ela ficou numa coisa básica mesmo. Colocou uma blusinha preta tomara-que-caia normal, sem nada de brilho (um milagre para alguém como ela, que adorava um brilhozinho), uma calça cigarrete jeans com uma lavagem diferenciada, e um pump de cetim verde altíssimo, super básico (não se podia exigir muito dela, né?) e sua marca registrada: delineado de gatinho e bocão vermelho. Beatrice optou por uma saia godê cintura alta vermelha com cinto largo preto, uma blusa branca com um discreto decote “V” e uma sapatilha caramelo super retrô, com seus olhos neutros e a boca rosa. Já Aimée vestiu um tubinho preto curto e uma camisa xadrez azul amarrada por cima e calçou seus oxfords de estimação, e claro, olhos muito bem esfumados.
– Todo mundo pronta, podemos ir? – falou enfim, apressando a mulherada.
– Podemos. – disse Beatrice com cara de entediada no sofá.
– Vamos, já tou indo, amigas, deixa só eu terminar de passar meu batom.

Em outro canto da cidade...
– E aí Taylor, será que dá pra sair hoje dessa casa? Preciso ver gente, tentar dançar, uhuuul ! – falou Zac, fazendo uma tentativa de moonwalk.
– Calma, já tou pronto! – ele respondeu em frente ao espelho, terminando de arrumar o cabelo.
– Você tá falando isso há meia hora! Nunca vi pessoa pra ter tanto amor pelo cabelo, viu...
– Por isso que eu resolvi fazer moicano de novo. – disse Isaac displicente, ajeitando o casaco.
– Pois é, porque aquele seu topete de Elvis já tava bem passadinho, né?
– Ah tá, você tinha era inveja do meu topete sexy...
– Sexy... sexagenário só se for, né?? – e TODOS SHORA de rir.
– Melhor estar na terceira idade do que ficar com esse cabelinho de Jonas Brothers aí.
– Antes que as duas moçoilas partam pra ofensas maiores, será que nós podemos ir? Vocês podem terminar de brigar mais tarde. – ele já tinha aberto a porta do apartamento e esperava pelos irmãos do lado de fora.
– Mas MINHA NOSSA, alguém parece estar realmente empolgado hoje... pra quê tanta pressa Zac, parece que vai tirar o pai da forca, viu... vamo.

    A caminho da "balada"...
- Mas Amy, esse lugar que a gente tá indo é sussa, né? Num tem tipo a galera da pesada, que curte umas dorgas e umas paradas assim...
- Se eles curtem dorgas eu não sei, mas é o tipo de ambiente que você NÃO frequentaria.
- Ai... eu tou começando a ficar com medo! - riu Beatrice, fingindo uma cara de amedrontada. Claire riu e fez o mesmo.
- Ê, já vão começar? Se forem ficar com medinho (voz de Fred Mercury prateado), podem fazer a volta no carro que a gente volta pra casa e pede uma pizza.
- Ain cabeção, sem tolice, era só brincadeiraaaa...
- Ih mano, já vai começar de mimimi? Relaxa que a gente tá só brincando com você.
Aimée nem respondeu. Afinal, já tinham chegado ao local anyways.
- É aqui?
- Sim.
- Ei, pera... o Hanson já num veio aqui?
- Já! E eu tava morta de ansiedade pra saber qual é a dessa CBGB! Ai ai ai!
- Bom, então vamos entrar e descobrir, né...

Claire estacionou o carro e as três saíram dele, dirigindo-se à porta da CBGB.

- Ow, bora pedir mais uma rodada de Heineken.
- Outra, Taylor? Só você já bebeu umas 3 garrafas sozinho. Vai ficar bêbado desse jeito.
- Hello, Natalie speaking.
- Mas cala essa boca grande, Ike! A gente num tinha combinado de não tocar no nome das 3?
- É verdade, Ike. Só por isso essa rodada tá na sua mão.
- Foi mal, a gente combinou. Mas é que o Zac falou igualzinho a ela, aí escapou. Mas não vai mais acontecer, palavra de escoteiro. – jurou solenemente.
- Beleza Ike, tá perdoado dessa vez.
- Mas é verdade Zac, pára de falar que nem ela senão vou te confundir e você vai ter que me dar a bunda... HIC!
Zac e Isaac se olharam, e a única coisa que puderam dizer naquele momento foi: EEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEW!!!
- Porra Taylor, precisava ser tão nojento?
- Era só brincadeira, Zac, relaxa o pinto aê! HIC!
Nisso, Zac olha para a porta e vê 3 amigas entrando.

- Uau! Tá cheinho isso, hein?
Hostess - Posso ajudá-las?
- A gente queria uma mesa, mas se não tiver pode ser no bar mesmo.
Hostess - Ah, vocês deram sorte, acabamos de liberar uma mesa. Me acompanhem, por favor.

- Nossa, olha essas garotas vindo na nossa direção.
- Onde? - virando a cabeça. Isaac faz o mesmo.
- Essas... - Zac continua olhando-as, mas seu olhar fixa-se em Aimée. - Nossa, eu acho que eu conheço essa de blusa azul de algum lugar. – disse, olhando em seus olhos.
- É, o rosto dela não é estranho. - Mas ele nem estava prestando atenção, estava focado em Beatrice, a menina da saia vermelha.
Isaac era o único que não falava nada. Olhava para Claire surpreso, mas não deixava seu rosto esboçar nenhuma reação. “Não acredito! É ela mesmo? Sim, é ela... mas o que ela tá fazendo aqui? " - disse sozinho.
- Falou alguma coisa, Ike?
- Não! Não falei nada não. - e virou-se para o palco novamente, com o coração aos pulos.

Foi aí que as meninas avistaram a mesa, e também quem estava na mesa ao lado delas.
- MENTIRA, NÉ?! É mentira que eu tou vendo o que eu tou vendo!
– Puta que pariu, gente!! Segura o coração ae!! Mentira não é porque eu também tou vendo o que você tá vendo!
- Aiiiiiiin meu Deeeeeus.. Jesuuuuuuuuis... posso ter um treco já?
- Não se atreva, Beatrice Bauvais!
– Só no carão!!! – e fingiu naturalidade livre do nervosismo que sentia ao perceber o olhar sem vergonha e fixo de Zac na sua direção.
- Tá bom, vamos agir com naturalidade.
- Isso, como se a gente não conhecesse eles.
- AH VÁ! Mas aí você já tá querendo demais! Eu mal tou conseguindo segurar o carão, e você vem me dizer pra fingir que não os conheço? Piadinha a essa hora, Amy? Por favor, né!
- Okay Claire, só dá uma segurada nessa emoção aí e, por favor, não vai ter um piti por causa do caolho! – nenhuma das três se conteve e isso ajudou um pouco a relaxar.
– Relaxa... Ele não merece.
Elas sentaram-se à mesa e fingiram prestar atenção na banda que tocava.

Zac não conseguia parar de olhar para a menina da blusa azul. “De onde será que eu conheço essa menina?” Aquele sorriso, o jeito de andar, gesticular... Ele sabia, só não estava associando o lugar de onde a conhecia... Fechou os olhos, respirou fundo, engoliu a Heineken a goladas absurdas pra tentar puxar algo útil na memória, mas nada. A curiosidade já estava o matando. “Dane-se”.
Ele levantou da sua cadeira, jogou o cabelo pra trás e andou até ela ignorando os olhares atentos dos irmãos.
– Ééééé... Primeiramente, boa noite – saudou todo mundo na mesa antes de se focar na menina de azul - Desculpe chegar assim do nada, mas... Você não me é estranha... Eu te conheço de algum lugar?
O coração de Aimée disparou, quando ela enfim se deu conta de que ele estava falando com ela. Ela sabia que estava com o rosto e o pescoço vermelhos, reação típica de quando estava nervosa. Ainda bem que estava meio escuro. Seria possível que ele se lembrasse dela?
– Se você veio até aqui perguntar é porque a gente se conhece.
- É? De onde?
Aimée, Claire e Beatrice começaram a rir, e Claire disse baixinho: Ataaaaaaaque de Taylooooor... (explicando, galere: Taylor Hanson, como todos sabem, é uma pessoa loira, e não só por fora, mas por dentro também. Então, por vezes, ele pode ser (e é)  meio leso. Logo, quando uma pessoa demonstra uma certa leseira, dizemos que ela teve um ataque de Taylor.)
- Então, uma vez vocês foram tocar no Brasil, já faz um tempo, e eu ganhei M&G.
- AAAAAH! Entendi! Então deve ser por isso que eu achei o seu rosto famil... espera, eu autografei alguma camiseta sua?
– Puta merda, gente! Ele lembra! - em alto e bom português pras meninas assustadas na mesa.
- Desculpa, não te entendi. – Zac soltou aquele sorriso torto apertando os olhinhos já pequenos.
- Ah, desculpa, eu estava pensando alto... Mas sim, você autografou minha camisa, desenhou umas paradinhas e tudo mais. – e logo Aimée visualizou o quadro que tinha como cabeceira de cama com a camisa do Street Team autografada pelos meninos cheia de desenhos do Zac.
– É... lembro que desenhei um rádio e... – ele achou prudente não continuar falando que tinha escrito uma parte de Lonely Again – Por isso! Por isso que eu te reconheci! – e então eles se olharam em silêncio por um bom momento – Foram esses olhos! 
C e B - UUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUH! - deixando Aimée e Zac vermelhos. Foi tanta palpitação que eles nem perceberam a nova companhia que se juntava à mesa.
- E aí Zac, não vai apresentar as suas amigas? – e logo se insinuou sensualmente para Beatrice, que não sabia se pedia ajuda pra Claire ou se aderia ao charme nada latino de Taylor.
Zac riu, pediu desculpas e perguntou o nome das meninas. Elas se apresentaram, e Taylor, sem cerimônia nenhuma logo chamou-as para se sentarem na mesa deles, ao que se seguiu uma longa discussão de “eu pego a cadeira”, “a gente junta as mesas”, “é melhor chamar a hostess e pedir uma mesa maior” até tudo se resolver. Todos se ajeitaram em seus lugares e deram início a um papo super animado, depois de tremeliques, gagueiras e olhadas mútuas de desespero contido das meninas umas pras outras.
Somente Isaac não dizia nada. Ele apenas tinha as cumprimentado, demorado longamente seu aperto de mão em Claire e voltado sua atenção para o palco, mas era visível a força que fazia para se manter distante. Ela observou essa atitude, mas não falou nada, tentava se concentrar nos papos furados de Taylor e nas histórias de pescador de Zac sem sucesso. O fato é que ele estava com medo. Com muito medo. E ela... talvez estivesse com um pouco de cautela, afinal ninguém queria machucar ninguém nessa história.