História What You Gonna Do? - Cuidados

No dia seguinte, acordei com a cabeça latejando e meu nariz escorrendo. Era a segunda ou terceira vez nesses últimos tempos, e eu estava começando a ficar realmente preocupada com minha imunidade. Acho que era isso que eu recebia por ficar na chuva forte, e depois ficar mais tempo do que devia com o cabelo molhado e a roupa encharcada. Mas, dessa vez, nem forças para levantar da cama direito eu tinha, então escolhi desistir de tentar e deitei de vez. Só depois de quase meia hora foi que conferi o celular, onde tinha uma mensagem da minha mãe.

(Mãe): Filha, estou no trabalho, mas qualquer coisa pode me mandar mensagem, certo?

(Eu): Certo... Mas duvido que vá conseguir te dar trabalho. Não consigo me aguentar sentada. Gripe ;-;

(Mãe): Aah, filha! Coitada. Fique em casa hoje. É melhor, por vários motivos.

Primeiro ia simplesmente aceitar a oferta, até lembrar de Hong. Ele sempre confiara em minha com as questões de horários e tudo o mais, eu não podia simplesmente o decepcionar assim. Me lembrei de que não tinha o telefone dele, mas isso não era um problema.

(Eu): Lin? Está ai?

(Lin): Linda e firme, claro.

(Eu): Me faz um favor? Me passa o telefone do Hong?

(Lin): Aah, espera um pouco, vou procurar.

(Lin): Porque?

(Eu): Doente ;-; Não consigo me levantar da cama D:

(Lin): Poxa, melhoras, amiga!

(Lin): Vou ir até ai mais tarde.

(Eu): Não precisa, sério, haha. Até porque, do jeito que estou, é capaz de dormir o tempo todo em que você estiver aqui. Pelo menos uma de nós merece se divertir, sem ficar doente.

(Lin): Então vou torcer para você melhorar, mas daqui XD

(Eu): Isso ai! XD

Lin passou mais alguns minutos procurando em seu celular até encontrar o número do seu próprio tio, o que me surpreendeu e me fez pensar em quantos contatos ela provavelmente tinha no seu celular. Minha mãe sempre dizia que eu conversava com bastante gente, mas Lin sempre conseguia provar que ela conversava bem mais.

(Eu): Bom dia, Hong.

(Hong): Oi, garota. Aconteceu algo?

(Eu): Eu não estou conseguindo levantar da cama, Hong. Me desculpe, mas eu não tenho condições de ir trabalhar hoje.

(Hong): Não se preocupe. Descanse, então. O dia está fraco hoje, de qualquer forma.

(Eu): Obrigada por entender.

(Hong): Não esquenta. Melhoras!

(Eu): Obrigada. Bom serviço, Hong.

Feitas as negociações, estava prestes a apagar a tela do celular quando recebi outra mensagem, coisa que não podia simplesmente ignorar. A mensagem vinha com uma selfie de brinde.

(Jackson): Bom diaaaa <3

(Eu): Bom dia <3

(Jackson): Você mandou só “dia” e não “diaaaa” ;-;

(Jackson): Você não me ama mais? :c

(Eu): Dramático XD

(Eu): Desculpe, não estou me sentindo bem hoje :c

(Jackson): Minha namorada tá doentinha? :c

(Eu): Sim :c

Depois disso, surpreendentemente ele parou de enviar mensagens, coisa que eu estranhei. Afinal, já estava até mesmo preparada para levar uma bronca leve, dizendo que eu tinha que me cuidar e tudo o mais, mas nada. Não puxei mais assunto, cansada demais para pensar em escrever qualquer coisa. Coloquei o celular de lado e acabei pegando no sono antes que pudesse perceber. Acordei uma hora e meia depois, com a boca totalmente ressecada. Olhei para a cômoda, procurando uma garrafa de água que costumava deixar próxima de mim caso sentisse sede durante a noite, mas ela estava totalmente vazia.

Me forcei a levantar, ainda que um pouco cambaleante, e fui até a cozinha beber um pouco de água, e aproveitei para encher a garrafinha. Quando havia acabado de encher a garrafa toda e estava tomando coragem para subir a escada e ir pro meu quarto novamente, ouvi a campainha tocar. Aproveitei que já estava de pé e fui me arrastando até a porta, sem me importar se eu ainda estava de pijama e com pantufas que imitavam a pata de um urso. Abri a porta e automaticamente me arrependi de não verificar se estava no mínimo com o cabelo penteado.

- O que está fazendo aqui? – Eu ri, enquanto Jackson estava parado em minha porta, com uma sacola na mão.

- Você disse que está doente, então eu vim cuidar de você, é claro.

- Você vai ficar doente também – alertei – Além disso, você não tem treino hoje?

- Acredite ou não, hoje eu tinha folga do treino. E não se preocupe, eu não vou ficar doente. Mas você precisa melhorar.

- Você é muito fofo. Eu não tenho nem forças pra discutir com você.

- Ótimo – ele sorriu, e eu abri passagem para que ele entrasse – Você já comeu?

- Não sinto fome nenhuma – admiti, sabendo o que viria a seguir.

- Eu imaginei que você fosse dizer isso. Por isso eu trouxe isso.

Ele colocou a sacola em cima da mesa, e eu sentei na cadeira da cozinha, olhando o conteúdo da sacola. Várias coisas aleatórias estavam ali, e eu apenas olhei para Jackson, curiosa.

- Precisa preparar, tudo isso.

- Eu sei – ele disse, abrindo um largo sorriso e tentando erguer as mangas do casaco que usava, mas a boca da manga não era larga suficiente para isso, então ele tirou o casaco, ficando com uma blusa preta de manga curta – Eu vou preparar algo pra você comer. Não pode ficar sem comer nada, ou não vai melhorar.

- Acho que você está esquecendo de alguma coisa...

- O que?

- O simples fato de que você não sabe cozinhar, talvez – eu ri – Você mesmo que me falou que não confia em si mesmo nem para fazer um sanduíche.

- A minha namorada precisa comer, então eu tenho que aprender a cozinhar, não é?

- É assim que funciona, então?

- Exatamente assim – ele sorriu – Eu peguei uma receita com minha mãe, então vamos ver no que vai dar – assim que acabou de dizer isso, ele riu, jogando a cabeça como de costume.

Jackson preparou uma receita que sua mãe havia passado à ele. Eu não tinha certeza do que era, parecia ser uma receita de família, mas ele havia anotado tudo no celular e verificava os ingredientes a cada cinco segundos, para ter certeza de que estava fazendo tudo certo. Tudo o que ele havia trazido na sacola era parte da receita, exceto uma caixa de lenços que ele havia trazido para mim, e um energético.

- Quer experimentar um pouco? – Ele me perguntou, e eu acenei com a cabeça – Então, abra a boca, aaaah.

Não estava com força e nem vontade de sair da cozinha, vendo ele cozinhar com tanta dedicação para mim. Era simplesmente fofo demais para não apreciar. Além disso, o resultado de tanta dedicação estava sendo satisfatório. Eu só havia experimentado um pouco, mas já aprovava a receita e o chefe Wang.

Assim que ele acabou de preparar tudo, nós dois comemos, já que eu insisti para que ele me fizesse companhia. Logo depois que comemos, sentamos no sofá. Jackson na ponta, enquanto eu sentei no meio, com a cabeça encostada em seu ombro, e toda coberta, já que estava morrendo de frio. Nós ficamos assistindo um filme qualquer que passava ali, enquanto eu me aconchegava nele. Aos poucos, meus olhos começaram a fechar e só percebi que havia dormido quando acordei de repente, me perguntando em que momento eu havia dormido. Olhei então para Jackson, que também estava dormindo. Sorri, observando ele dormir um pouco, até pegar no sono novamente.

Jackson ficou comigo praticamente o dia todo, extremamente preocupado se eu precisava de alguma coisa ou não, cuidando de mim toda hora.

- Eu vou acabar me acostumando mal, desse jeito – caçoei, e ele apenas deu de ombros, sorrindo.

- Não tem problema. Eu vou te mimar, sempre.

- Promete?

- Prometo, com certeza.

Quando já estava quase no final do dia, Jackson suspirou, mas ele mesmo levantou e disse que iria embora.

- Eu quero conhecer sua mãe, mas acho que seria melhor em outro momento. Não acho que ela ficaria muito feliz em me ver aqui dentro, sem a permissão dela.

- Mas você veio, mesmo assim.

- Eu não podia deixar você sozinha, então é claro que eu vim – ele sorriu – Mas estou indo agora.

- Tome cuidado no caminho pra casa.

- Sem problemas – ele piscou e saiu, à caminho de sua casa.

No fim das contas, subi as escadas, já sentindo meu corpo um pouco mais disposto. Depois de um dia desses, eu só tinha cada vez mais certeza de que eu tinha o melhor namorado do mundo.