História What's Your Problem? - Fillie - Sétimo esbarrão

EUA ~ Washington

22:30 ~ Noite

P.O.V Finn

Noah foi atender sua amada no telefone e eu fiquei moscando no quarto esperando ele voltar falando "Millie disse que podíamos sair, ai como eu amo ela"

Assim que pensei isso Noah volta ao meu quarto colocando o telefone no bolso

— São só uns esbarrões né Finn? — Ele diz com um sorrisinho de lado

— Hum? Que?

— Millie disse pra eu passar na casa dela pra pegar seu casaco... se são só uns esbarrões por que ela estaria com seu casaco?

— Bom, você provavelmente não deixou ela explicar e ficou aí com essa cara de bunda... eu fui com Íris na ponte e sim, esbarrei com a miss simpatia, sem querer deixei meu casaco lá, e como ela é a própria miss simpatia vai devolver, simples assim

— Acredito — Ele retruca desconfiado

— Tá, enfim passe lá depois e pega pra mim, eu te disse que ela não gosta de mim tanto que quer que você busque o casaco sendo que somos da mesma turma

— Ninguém em plena consciência gosta de você, por isso me chamam de louco — Ele ri e da um murrinho de leve no meu braço arrancando um riso nasal meu

— Já está tarde

— Melhor eu ir... enfim, a gente se vê amanhã, e tenta uma coisa com a Íris pra não magoar ela profundamente

— Nem vem com suas idéias — Digo levantando pra acompanhar Noah até a porta

[...]

Depois que  Noah saiu, meu pai nem esperou bater 5 minutos no relógio pra reclamar do meu comportamento no jantar e ele falou tanta merda pra mim que eu juro que meus sentimentos se despertaram, eu normalmente não ligava pra nada que ele falava, mas ele me xingou de tudo que é nome possível, me chamou de perdido, viciado sem futuro... disse que eu era um peso morto e que eu não servia pra nada dentre coisas piores

Eu acho que por mais fria que a pessoa seja, como eu... palavras como essa vindas do próprio pai tocaria o coração de qualquer pessoa por mais nem aí pra tudo que ela seja, minha única reação foi segurar as lágrimas e sair daquela merda de casa, minha mãe tentou me defender mas meu pai se encontrava alterado de mais pra escutar alguma coisa que minha mãe dissesse

Então pra variar saí de casa, saí de casa 22:40 pretendendo voltar só de madrugada que nem fiz daquela outra vez mas acho que dessa vez eu não iria querer voltar, eu prefiro ficar andando por aí do que ter que voltar pra essa casa conturbada

10° graus, um frio que chega dói a pele, uma noite sem chuva porém com vento, um vento frio, silêncio nas ruas somente o barulho do vento dos corvos e das corujas daquela região fria, não havia ninguém andando lá a não ser eu

Eu preferia assim, embora as vezes eu apenas queria estar com alguém que realmente se preocupasse com tudo que está acontecendo aqui dentro, minha mãe não entende por mais que ela queira, meu pai nem se fala... meus amigos são só meus amigos mesmo

P.O.V Millie

Noah sequer deixou eu explicar sobre o casaco e já foi com o "hummm granola" dele, que ódio o que ele tava pensando? Credo... Deus me livre, ele tava mesmo pensando que por um acaso o Finn e eu saímos e o casaco dele ficou comigo naturalmente? Que horror, cada coisa que ele inventa, DEUS ME LIVRE

E la estava eu perdida nos meus pensamentos com o celular do lado da minha cama com o casaco do Finn ao meu lado que ainda soltava um aroma de perfume masculino, resolvi levantar e guardar no meu armário pra que depois Noah pudesse buscar e não houvesse nenhum problema 

[...]

Já são onze horas, pretendo dormir só meia noite já que é a essa hora que sinto sono, tô começando a achar que sou vampira... mas acho que vampiros não trocam o lixo da cozinha as onze horas da noite não é?

Retirei o saco plástico do lixo e fui levar lá fora, estava muito frio, extremamente frio provavelmente todo mundo tá enfiado debaixo das cobertas agora vendo um filme com o namorado, namorada, vendo seriado com a família e amigos... bom eu estou sozinha mas isso não muda nada meus pais sempre vivem ocupados de qualquer forma

Fui colocar o lixo lá fora e naturalmente olhei a rua... ninguém caminhando era o que eu esperava além do mais... não, espera, tem uma alma viva ali adiante, caramba sempre tem que ter um sem noção andando sem um casaco em plena noite nesse frio de Washington e pra minha surpresa, ou não era Finn Wolfhard NOVAMENTE, parece que ele me persegue ou eu persigo ele sem nem notar... ou é só coincidência

O que ele tá fazendo sem um casaco nesse frio? A essa hora? De novo... no dia da chuva ele tava sem guarda chuva e nesse frio ele está sem casaco acho que ele não se importa muito com a própria saúde... 

Lembrei que o casaco dele estava guardado no meu armário então largo a saco de lixo no chão e corro pro meu quarto pra buscar, abro as portas do meu guarda roupa e retiro a roupa de frio preta que estava dobrada e desço as escadas apressada 

Saí de casa novamente olhando para os lados da rua afim de encontra-lo,  vejo que ele estava passando em frente a minha casa então fui correndo pelas gramas pontudas do jardim sentindo uma leve dor nos meus pés descalços, enfio a chave do portão rapidamente na fechadura destrancando o portão do jardim 

Minha pele arrepiou sentindo o contato dos meus pés com o chão frio da rua, minhas pernas estavam a mostra pois como de costume eu só usava um moletom e um short de pijama que não aparecia por conta da roupa de frio grande que eu vestia

Atravessei a rua, e isso me lembrou o dia da chuva pois lá estava eu me preocupando com uma pessoa que não vale muito a pena...

— FINN, EI! — Digo meio alto terminando de atravessar a rua e o mesmo me fita incrédulo, acho que ele não esperava me ver

— De novo? 

— Você passou em frente a minha casa, sem casaco e então... bem eu lembrei que vi seu casaco lá na cerca da ponte e tá bem frio né? — Digo estendendo minhas mãos com o casaco dobrado

P.O.V Finn

E lá estava a miss simpatia, usando um moletom cinza sem calçado nos pés com os curtos cabelos castanhos soltos voando pelo vento frio, pele arrepiada e rosto avermelhado pelo frio com as mãos estendidas e meu casaco dobrado, e a primeira coisa que vem é "por que?" ela realmente estava sendo gentil e eu tentaria evitar ser babaca mesmo que tais atitudes fosse da minha índole, minha única reação foi pegar o casaco e vesti-lo pra aliviar o frio

uma expressão triste se faz presente no rosto da mesma assim que ela me olha nos olhos percebendo que eu a uns minutos atrás eu estava chorando

— Estava chorando?

— O que? Não

— Você tá mentindo

— É o frio

— O frio não tá mentindo... você que tá, por que estava chorando?

— Olha Brown, obrigada por se lembrar do meu casaco e por me devolver mas se eu estou chorando ou não... acho que isso não é da sua conta

— Mas eu... eu só queria ajudar — Ela diz ainda me olhando

Nesse momento, lembrei do que eu pensei comigo mesmo enquanto eu andava nas ruas:

“Eu preferia assim, embora as vezes eu apenas queria estar com alguém que realmente se preocupasse com tudo que está acontecendo aqui dentro, minha mãe não entende por mais que ela queira, meu pai nem se fala... meus amigos são só meus amigos mesmo”

— Eu não preciso de ajuda eu tô bem — Menti

— Por que se recusa a agir normalmente comigo?

— Eu estou agindo normalmente, esse é meu jeito

— Você brigou com alguém da sua família né? As pessoas normalmente saem de casa a essa hora por brigar com a família, você podia desabafar sabe, é bom colocar tudo pra fora

— Não, tchau — Evitei falar qualquer coisa, eu odeio me abrir com os outros... já que nunca fiz isso, porque ninguém nunca se ofereceu pra me escutar... ela é a primeira a querer que eu desabafe, minha mãe as vezes me ajuda mas só diz "seu pai é assim mesmo"

E eu recusei, porque eu nunca me abri nem com minha mãe quem dirás com a miss simpatia

— Ei... pode começar a chover, você não devia sair sem guarda chuva de novo 

— Por que você se preocupa? Você nem me conhece

— Eu não te conheço mesmo... eu deveria ficar bem longe de você como eu disse no jardim... eu não devia pedir de desculpa já que não falei nada além de a mais pura verdade

Ela tinha o dom de conseguir jogar as verdades na minha cara e de conseguir ser a miss simpatia, ela sabia que eu não prestava mesmo sem saber muito sobre mim e apesar de tudo saiu descalça da sua casa só pra evitar que eu ficasse com frio, meu Deus... ela é muito confusa

— Eu não quero desabafar Millie, eu gosto de ficar sozinho quando estou me sentindo ruim 

— Você tá sempre sozinho, hoje na ponte você estava sozinho... emocionalmente psicologicamente você está sozinho e sabe disso, e se acostumou a estar sem ninguém pra te escutar se preocupar... enfim se quer tanto que eu fique longe tudo bem, eu também devia, vai pra casa ok? Tá muito frio

— Me explica... por que disse aquelas coisa pra mim no jardim e age gentilmente? — Pergunto

— Ei vamos com calma... sem hipocrisia Wolfhard, eu devia te perguntar a mesma coisa não é?