História When children grow - Isso é o que acontece depois

Quando somos crianças não pensamos no amanhã, queremos aproveitar o hoje e agora. Brincamos independente da atmosfera ao nosso redor. Temos amigos imaginários, acho que eles são o primeiro amigo que uma criança pode ter.  E somos felizes com eles.

Ser criança é bom, é muito bom, pena que não sabemos disso na hora apesar dos adultos nos avisarem constantemente que era a melhor fase.  
Me atrevo a dizer que até mesmo os sonhos de crianças são melhores. Quem nunca sonhou com um mundo de doces? Eu sonhava, queria uma rua de sorvete, arvores de chocolates, rios de refrigerante e assim por diante.  
Sonhava também quando finalmente seria adolescente. Queria ser aquela menina que sai com a turma legal, se maquiar para ir ao cinema com um carinha bonito - apesar de não ter ideia do que eles faziam -. E ganhar beijinhos quando se machucava, era ótimo ou então ficar planejando aquela vingança por ter ficado de castigo. 

E quando finalmente se chega na adolescência você vê que era tudo aquilo que você queria - isso no alto do momento bom - Por que quando chega aquela fase do "nada dá certo para mim," "meus pais não me compreendem", você vê que não era nada daquilo que você imaginava. 
E de repente você se dá conta que fazer amigos não é tão fácil como era quando você era criança que só bastava você fazer uma pergunta boba ou então está fazendo apenas uma coisa e quando via, lá estava correndo com outra criança como se fossem melhores amigos. 

Encarar o novo torna-se mais assustador, como quando você está na escola e tem que mudar de classe, ou escola e precisa começar tudo do zero. Novos amigos, professores e tal.  
A pessoa do sexo oposto que era alguém que você não gostava e tinha aquela velha briga de meninas são melhores que meninos e vice-versa. Agora você começa a ver ele com outros olhos, seu coração bate num compasso totalmente diferente, e os sentimentos ficam confusos. 

BAM!!!

Vem seu primeiro beijo, se tiver sorte será uma experiência linda, ou então infelizmente estará entre aqueles que preferem esquecer o desastre que foi não saber oque fazer com a língua. 
Agora você se sente pronto para conquistar o mundo, você acha que entende tudo, e agora você se sente um zé ninguém. Quando foi que tudo ficou ruim assim? 
E quando você começa achar que tudo estava perdido, o(a) namorado(a) aparece e você percebe que o (a) ama tanto e que agora vem aquela experiência da primeira vez que você faz sexo. Tudo muito bom, tudo muito confuso. "O que tenho que fazer? Eu li algo sobre isso, mas não tenho certeza quando devo fazer. Era para isso acontecer? Tenho vergonha do meu corpo".
E depois vem a primeira decepção, o mundo acabou, não sei o que farei sem você, volta para mim. 
É normal sentir atração por alguém do mesmo sexo?   

Isso é o que geralmente acontece com as pessoas, não todas e sim uma parte delas. Mas o que acontece quando aqueles que eram para te proteger são os que atacam? Quando sua inocência é roubada de maneira brutal? Quando seu passado é manchado? Quando você descobre que sua utopia não era aquilo que esperava? Quando você se depara com seu sonho e percebe que não era tão fácil quanto você imaginava? Quando seus amigos resolvem seguir caminhos diferentes? Quando aquele seu amor te feriu impetuosamente? Quando você foi abandonado sem saber o porquê? Quando se ainda é preso por uma história mal acabada? Quando seu amigo lhe trai?  
 
O que acontece depois disso, quando finalmente as crianças crescem e não são mais adolescentes?

*** 

—  Acorda o bonita, pretende ficar na cama até que horas heim? 
 
Sei que ouço uma voz falar comigo, mas não consigo abrir meus olhos por isso puxo a coberta e cubro meu rosto, fechando meu casulo, me abrigando do mundo externo. 

— Nada disso — sinto meu casulo de cobertas sendo arrancado de mim a força. — Hoje é nosso ultimo dia no Brasil, levanta que temos que aproveitar! 
 
Abro apenas um dos meus olhos e sigo aquele ser que invadiu meu pequeno ninho confortável de maneira tão brusca, agora em frente a janela escancarando as cortinas fazendo com que a luz do amanhã ilumine o quarto do hotel todo.  
Penso comigo... "o que será que eu fiz para merecer tamanho castigo? "

— Anda levante-se. Acorda e se anima, pois estou muito animada com esse dia — ela diz animada se virando para mim com um sorriso que mostrava seus dentes brancos. 

— Como você pode estar tão animada já de manhã? — resmungo com a voz quase abafada pelo travesseiro — Com que demônio você fez pacto para acordar animada assim? — ela me olha com um desdém, me levanto e sento a beira da cama. — É sério, ontem ficamos juntas a noite toda e não lembro de ver você matando uma oferenda ou tirando sangue para isso. 
 
Ela me olha cerrando os olhos como se estivesse com raiva e pega um dos travesseiros no chão me acertando em cheio ele, eu quase me desequilibro, coloco a mão na cabeça  ao sentir ela latejando de dor. 

— Merda! — exclamo jogando o travesseiro de volta para ela. 

— É isso que dá ficar bebendo até tarde. Agora aguenta as consequências. 
 
Eu até pensei em responder, mas senti a força da gravidade me puxar para cama e cai deitada, ouço ela sair reclamando e entre as suas reclamações ouço ela me gritar. 
"Céus isso não pode ser possível." 

— Acho que o ar do Brasil mexeu com a cabeça dela e as bebidas parecem que mexeram com a sua. 
 
Levantei o olhar para ver de quem pertencia essa voz, apesar de já saber bem. Lian estava parado na patente da porta me olhando, já sorrindo.  

— Acho que o ar do Brasil só não mudou meu humor – ameacei sorrir, mas estava com preguiça demais para concluir essa — Não sabia que viajaria para cá, poderia ter me avisado. 
 
Lian se aproximou e sentou do meu lado na cama, se inclinando para mim. 

— Terminei as gravações antes do esperado e resolvi fazer essa surpresa, liguei para o Lorenzo e ele me passou  onde você estava, agora que tal você levantar  para tomar café ? — Lian já estava me olhando com aqueles incríveis olhos castanhos gigantes. 

— Tenho escolha? — já sabia a resposta.

— Não — ele sorriu e puxou minha mão me obrigando a levantar. – receio que sua única opção seja levantar e sair comigo aproveitando o Rio de Janeiro antes de voltar para o agito que é New York Thara.