História When the sun goes down - Convite

-Hinata... - penso, esse nome me remetia algo, mas o que?

-Sou o garoto para o qual você nunca ligou. - ele diz me deixando mais pensativo ainda e um tanto quanto sem graça- Nos conhecemos num banheiro numa festa, te dei meu número, mas você nunca me procurou.

-Hinata Shoyo, ah meu Deus- exclamo supresso o encarando- Você...

-É o meu andar- ele me interrompe- Foi bom te ver Tobio-chan! Até qualquer dia.

Hinata

Meu deus, Kageyama Tobio, o garoto no qual eu pensei durante meses, inacreditável. Eu me sinto estranho, mas... Não, afasto esses pensamentos, Hinata, esse garoto foi quem te fez esperar por uma ligação que nunca chegou. Foi quem te fez correr em direção ao celular cada vez que ele tocava na esperança de ver um número desconhecido atender e ouvir a voz dele. Afasta esses pensamentos. Afasta. Olho e vejo que o elevador já vai parar no meu andar. Kageyama começa a falar algo, mas o interrompo.

-É o meu andar. Foi bom te ver, Tobio-chan. Até qualquer dia. - vou saindo, mas percebo que ele anda atrás de mim, será possível que ele está me seguindo? Logo vejo uma sala e reconheço a mesma como a sala que o Daichi havia me indicado entro e percebo que Tobio ainda está atrás de mim, o que é isso? Logo vejo a assistente mais velha de Daichi, uma senhora que ele já havia dito ser um amor e que lhe ajudava muito. Infelizmente estava prestes a se aposentar, Daichi resolveu então sair em busca de estagiários que o ajudassem com o trabalho.

-Oi, bom dia- falo sorrindo, olho de canto e Tobio ainda se encontra ali, atrás de mim, parado, o que esse cara queria?- Estou procurando o Daichi.

-Com licença- Tobio me interrompe- Você conhece o senhor Sawamura?- de onde esse cara conhecia Daichi?

Kageyama

Fico atônito pelo reencontro com Hinata e nem me dou conta de que o andar no qual ele desceu também é o meu. Desço e ando logo atrás de Hinata. Ele parecia estar brabo e magoado com o fato de eu nunca ter ligado, queria dar explicações para ele, não sei por que sentia a necessidade de me explicar, mas sentia, ainda estava chocado. Vejo-o entrando na mesma sala na qual eu deveria ir, o que posso fazer? Entro logo atrás, seu estranhamento com o fato de eu ainda estar ali é perceptível. Quem não estranharia? Isso, seja lá o que estiver acontecendo, é muita coincidência ou destino? Ele se aproxima da assistente.

-Oi, bom dia- ele sorri e logo em seguida me encara de canto- Estou procurando o Daichi. - o que?

-Com licença- falo um tanto quanto confuso e surpreso- Você conhece o senhor Sawamura?- o que estava acontecendo aqui?

-Eu... - Hinata começa, mas somos interrompidos pelo senhor Sawamura .

-Senhor Sawamura- faço reverência.

-Daichi- Hinata esboça confusão- O que?

-Olá, Kageyama- ele sorri e aperta minha mão- Hinata, está tudo bem?

-E-eu... O que?- Hinata ainda estava confuso- Você, ele, você... Ah, eu não sei

-Kageyama é o meu novo assistente, o contratei como um estagiário em meio período. Ele está no segundo ano de direito. Vocês se conhecem?

-Sim- Hinata murmura- Ele é o cara... O da festa sabe... - ele cora na hora.

-Oh, então você é... -Daichi se dirige a mim- Vamos entrar nós três. - seguimos Sawamura para dentro de sua sala- Então- Daichi começa sentado na sua cadeira- O Hinata é alguém muito importante pra mim, Kageyama. Mora comigo e com o meu parceiro há dois anos. Somos responsáveis por ele. É bom finalmente conhecer o garoto que mexeu tanto com a cabeça dele.

-DAICHI... - Hinata exclama

-Calma, Hinata. Então, Kageyama, tenho certeza que tem uma explicação para nunca ter ligado para ele. - nessa hora Hinata esconde o rosto entre as mãos

-Eu... Ele anotou na minha mão, acabou se apagando antes mesmo de eu ligar pra ele...

-Não me interessa- sou interrompido pelo ruivo- Meu Deus, eu não sou obrigado a passar por isso, certo? Daichi eu... - ele disse já abrindo a porta, visivelmente desconcertado e nervoso- Conversamos em casa, certo? E tchau, Kageyama. - Hinata sai fechando a porta em um baque. Fico encarando a porta surpreso e pensando no que havia acabado de acontecer.

-Ele fica nervoso nessas situações. - Daichi me tirou dos meus devaneios- Algo em você realmente fez com que ele se interessasse, sabe? Ele esperou muito tempo, de qualquer forma é passado agora, certo, Kageyama?

-Eu também... - murmurei- Havia gostado dele. -Daichi me encarou surpreso e logo depois sua expressão se suavizou.

-O que importa é que ele seguiu em frente- ele sorriu- E se não se importa vejo que seguiu também. - ele apontou ao anel de compromisso na minha mão

-É... - meu primeiro dia no estagio e estou falando com meu chefe sobre relacionamento.

-Vamos, vou lhe mostrar suas atividades, seu local de trabalho e lhe apresentar ao resto do pessoal.

-Ok- respondi, estava animado, mas agora tudo no que eu conseguia pensar era no que ele quis dizer com seguiu em frente? Por que eu ligava pra isso? Eu não deveria ligar certo? Eu tenho namorada e ele deve ter uma também, acho que isso é ótimo, não é? Nada muda certo? Então por que sinto como se tudo estivesse prestes a virar de ponta cabeça? Aquele dia passou rápido. Sai com Ami à noite, as coisas de fato não pareciam ter tido uma mudança drástica.

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19/07/2019- uma semana depois

Estou há uma semana no novo trabalho, no momento eu e Daichi estávamos organizando uma papelada para o caso que o escritório estava assumindo.

-Certo- Daichi fala procurando um papel em cima da mesa- Droga- ele passa as mãos nos cabelos, visivelmente preocupado com algo- Kageyama... Você se importaria de ir na minha casa pegar um documento? Eu esqueci e ele realmente é importante e não posso ir até lá agora, a qualquer momento devem dar início a reunião.

-Claro, senhor Sawamura. O senhor... Hum, o...

-Endereço- ele ri já o anotando em um papel- Está aqui, pegue as chaves também, é bom não arriscarmos, não é? Vai que não tenha ninguém em casa. Os papéis devem estar em cima da mesa no canto direito da sala, há um vaso de margaridas em cima dela, pegue todos os contratos que estiverem lá, certo? - me despedi dizendo que voltaria o mais rápido possível, desci até a frente do prédio onde já havia um táxi parado, entrei no mesmo entregando o papel ao motorista. Não demorou muito e estava parado em frente a uma casa de dois andares muito bonita, logo abro o portão e me dirijo à porta.

-Qual dessas chaves poderia ser? Deveria ter perguntado... - murmuro pra mim mesmo segurando as chaves, havia umas cinco ali. Tento uma a uma até que uma delas abre a porta, entro lentamente observando e procurando por uma mesa na sala.

-Posso ajudar?- ouço uma voz atrás de mim, me viro rapidamente, assustado.

-S-sou Kageyama Tobio, assistente do senhor Sawamura. - começo a falar. O homem em minha frente está sem camisa, usando apenas uma cueca box preta, seus cabelos são um tanto quanto compridos num tom  meio loiro e seus olhos são castanho claro. Ele sorri.

-Meu nome é Hattori Aoyagi. Prazer. - ele sorri apertando minha mão.

-AOYAGI... - Ouço um grito vindo do topo das escadas- Quem está aí embaixo?- ouço os passos de alguém se dirigindo ao andar mais baixo lentamente- Kageyama?

-Hinata?- o mesmo mostrava um misto de confusão e surpresa em seu rosto.

-Vocês se conhecem?- Aoyagi interrompeu nossa troca de olhares.

-Ele é só o assistente do Daichi- Hinata responde prontamente.

-Bom, eu sou o namorado do Hinata- Aoyagi sorri- Te espero lá em cima, Hina-chan. - ele dá um beijo em Hinata e logo em seguida sobe as escadas. Encaramos-nos por alguns segundos. Senti algo estranho quando vi eles se beijarem. Algo ruim. Não poderia ser. Poderia? Seria o que eu estava sentindo ciúmes?

-Você vai ficar parado aí?- Hinata cortou o silêncio entre nós.

-Eu...

-Deve estar procurando por isso- ele passou por mim fazendo com que seu braço roçasse no meu, sinto um arrepio. Sinto meu coração bater mais forte. Sinto o cheiro de verão e flores que emanava de seu cabelo. Fico em transe alguns segundos até que ele volta carregando consigo os papéis que Daichi havia me mandado buscar.

-É isso não é?- Hinata diz os entregando pra mim.

-É- falo enquanto passo meus olhos nos contratos com a construtora- Obrigada.

-De nada- ele responde e ficamos nos encarando por mais alguns pares de segundos.

-Então, tchau- falo já me dirigindo a porta.

-Kageyama- ouço a voz de Hinata e me viro- V-vamos sair pra conversar. - ele diz um tanto quanto tímido, fico desconcertado e passo a mão atrás da nuca.

-Eu adoraria. – sorrio.

-Vamos marcar - ele diz sorrindo já se virando e subindo as escadas.

-Você não deveria me passar seu número? Para você sabe... Marcarmos?

-O que? Não!- ele ri- Agora você sabe onde eu moro, além do mais, não confio em você quando se trata de ligações. - ele pisca e some pelas escadas antes que eu possa dizer qualquer coisa. Droga, por que estou sorrindo tanto? Recomponha-se Kageyama, penso comigo mesmo, não é nada demais. Estou mais feliz do que deveria estar.