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História When We Collide - Capítulo Quatro


Escrita por: ignitemylove

Notas do Autor


Após a revisão, decidi reposta-la. Os quatro primeiros capítulos foram editados e o resto foi repostado.
A parte positiva é que vocês terão uma história melhor e a parte negativa é que as visualizações foram perdidas :(
Boa leitura

Capítulo 5 - Capítulo Quatro


Sem aviso prévio, uma mulher loira, alta e magra veio andando do fundo do ônibus e se sentou no conjunto de bancos ao nosso lado, onde Nicholas estava antes. Ela usava um longo vestido azul e tinha o cabelo comprido trançado com fitas da mesma cor. Ela me lembrava absurdamente alguém, apesar de eu não ser capaz de dizer com exatidão, quem.

― Por Crown, por que eu sempre sou designada a Maryland? ― Reclamou jogando os braços em direção aos céus ou no mínimo ao teto do ônibus. ― Esse lugar é sempre tão cheio de insetos! Por que não me mandam para um lugar glorioso na Nordic? Como a Adosia? Até o nome é glamoroso! Mas não ― estalou a língua com desgosto. ― Estou presa a Maryland até o fim dos meus dias. Já posso até ver a bela idosa que eu serei, sendo picada pelos descendentes dos mosquitos que estão me picando neste exato momento. Aposto até que eles vão rir de mim! Entrarei neste mesmo ônibus velho, rezando para ele não quebrar e me deixar presa no meio do nada ― exclamou.

― O meu ônibus não é velho ― gritou o motorista da parte da frente do veículo. ― E não vai quebrar. Pare de falar mal dele ou eu te jogo para fora, Spencer!

Ela revirou os olhos para ele.

― Não você não joga, Danny ― ela respirou fundo e continuou como se nunca tivesse sido interrompida. ― Por que minha irmã ficou com os Anúncios? Por que diabos me acorrentaram com correntes inexoráveis a Maryland? ― Questionou ao universo; sua voz se tornando aguda no final de cada frase.

― Sempre existem lugares piores ― arrisquei. ― Como a Zone 3 ― conclui temerosa de sua reação.

 Zone 3 era aonde costumavam ficar as instalações de energia nuclear. Pouco menos que um século atrás, uma das usinas explodiu. Eram mais de três mil pessoas por lá e foi uma grande sorte que a explosão não causou o mesmo destino as outras. Em compensação, a área afetada se tornou perigosa demais, foi evacuada e interditada. Aquela extensão foi desativada, milhares de pessoas realocadas, aquilo gerou pânico em massa e a subseção inteira foi desativada, já que as pessoas, mesmo que do outro lado do oceano, tinham medo de viver ali.

A Verhallow ― que havia assumido o governo há apenas vinte anos ― ‘’limpou’’ a área o máximo fisiologicamente possível. E continuou repetindo esse processo durante trinta anos, até que o lugar voltou a ser habitável. O verdadeiro êxodo de pessoas, no entanto, só ocorreu uma década depois. E mesmo hoje quarenta e cinco anos após o ocorrido nem mesmo um terço da população original vivia lá.

Os olhos da loira se fixaram em mim e em Nicholas como se nos estivesse notando pela primeira vez. Suas sobrancelhas se arquearam fazendo com que seus olhos azuis que eram ressaltados pelo vestido se arregalassem e sua boca fina se abriu em um belo sorriso.

― Finalmente ― murmurou ― Parece que esse ano Maryland fisgou um peixe bom ― ela deitou levemente a cabeça para o lado direito. E apontou para mim. ― Você me lembra vagamente alguém ― declarou. ― Deixe-me ver ― falou batendo o dedo indicador no lábio inferior de forma pensativa. ― Tem que ser alguém da Seita, já que eu não saio de lá nunca ― completou puxando o “a” de forma irônica e revirando os olhos. ― Os cabelos castanhos são comuns demais, mas os olhos...

Coloquei uma mecha de cabelo atrás da orelha e ignorei a vontade de fechar os olhos. Eu detestava qualquer comentário sobre eles.

Seus olhos se fixaram em minha orelha e ela pareceu perplexa.

― Aonde arrumou essa cicatriz? ― Indagou.

Eu escondi a cicatriz instintivamente.

― Eu a tenho desde que posso me lembrar ― respondi.

Sua boca se curvou em uma careta de desgosto.

― Seu sobrenome seria Draacon por acaso?

― Não ― retorqui irritada.

― E qual seria?

― Canberight ― declarei.

Seus olhos se estreitaram, mas isso foi tudo. O nome não significava nada para ela.

― Você tem que ter algum parentesco com os Draacon ― adicionou tombando a cabeça para me analisar melhor.

― Por quê? ― Perguntou Nicholas se manifestando pela primeira vez desde a chegada da loira.

― Dizem que há muito tempo existiam... ― ela fez uma pausa dramática e me deu um olhar afiado de quem sabe das coisas. ― Dragões. Eles destruíam vilarejos e plantações com o seu poder de fogo. Ninguém conseguia os matar. O rei, desesperado, então propôs uma recompensa para quem conseguisse derrotá-los. Segue a lenda que um Draacon conseguiu deter o rei dos monstros, mas, misericordioso, não o matou. O animal, condescendente, o marcou com um corte de fora a fora em sua orelha esquerda para que os outros de sua espécie soubessem que ele havia subjugado a sua raça e em sinal de agradecimento e respeito ao rei Dragão, mesmo triste, ofereceu a mão de sua única filha, um dragão que quando em sua forma humana era muito bonita, para o homem que teve compaixão de sua espécie.

― Ele aceitou certo? ― Indagou Nicholas. ― Geralmente, é isso que acontece nas antigas histórias.

A mulher ― que eu percebi um pouco atrasada ainda não saber o nome ― riu.

― Os Draacon nunca tiveram tradição em seguir regras ou costumes ― balançou a cabeça. ― De qualquer forma, ele recusou e o dragão admirado pela sua coragem deu-lhe a honra de se tornar seu amigo. Alguns anos depois, quando o grande réptil quis abandonar a vida terrena, pediu-lhe então ao primeiro Draacon que o matasse. Ele a princípio recusou, mas a única coisa realmente boa que eu posso dizer sobre os Draacon é que eles são leais. No final, ele fez o que o amigo pediu, usando uma pequena faca no único lugar aonde um dragão pode ser ferido, uma única abertura em sua armadura natural. Dizem que assim que o dragão morreu, o espírito dele foi de encontro ao corpo do Draacon. Desde então, todos os seus descendentes têm a cicatriz e alguns dizem que carregam o espírito de dragão dentro de si e que este se manifesta em momentos difíceis, mas ninguém nunca soube como ― ela terminou com um sorriso que se apagou pelo solavanco forte do ônibus.

Fui impulsionada para frente e a única coisa que me impediu de cair do banco foi o braço que Nicholas esticou na minha frente.

― Obrigada ― sussurrei.

― A seu dispor ― respondeu sorridente.

― Céus! ― Exclamou a loira. ― Achei que iríamos morrer.

― Chegamos? ― Perguntei esperançosa.

― Não ― ela estalou a língua com desgosto. ― Polícia de fronteira.

― Estamos saindo de Maryland? ― Questionou Nicholas.

Ela deu um sorriso frio.

― Estamos indo para Tax? ― Adicionei curiosa.

― É um pouco mais complexo que sair apenas de uma miséria subseção.

― O que diabos isso quer dizer? ― Questionou Nicholas que estava frustrado passando a mão no cabelo de forma impaciente. Na época eu não sabia, mas veria aquele mesmo gesto muitas e muitas vezes.

― As subseções não têm polícia de fronteira. Muitas pessoas moram em uma subseção e trabalham em outra. Pensem em quanta burocracia haveria entre ir e voltar do trabalho todos os dias! Todos aqueles pobres indo e vindo todos os dias ― ela fez uma expressão de puro nojo. ― Isso não seria correto. Deve haver certa ordem no caos.

O ônibus voltou a andar, atingindo rapidamente o limite máximo de velocidade permitida.

― Nós estamos saindo da Surviver. Indo para a Nordic na verdade. Não posso revelar a localização exata, mas já adianto que pegaremos um avião. Aliás, se já passamos pela polícia de fronteira, não deve faltar muito para chegarmos ao aeroporto ― se abanou com os dedos finos. ― Céus! Como sou esquecida ― sorriu ― meu nome é Josephine Spencer, vocês devem conhecer a minha irmã gêmea Johanna. Ela é a responsável pelos Anúncios.

No momento em que as palavras saíram de sua boca, se tornou obvio para mim, não as semelhanças que eram inegáveis, mas a única diferença visível. Os olhos. Enquanto os de Josephine eram azuis os de sua irmã eram verdes.

― Não importa ― ela se levantou e foi para o fundo do ônibus de onde voltou com duas caixas grandes. Ela deu uma para Nicholas e a outra para mim. ― Vistam isso.

― Vai na frente ― me falou ele.

― Pode ir.

― Eu insisto ― retrucou sorrindo.

Revirei os olhos para o seu cavalheirismo.

― Tudo bem ― falei me levantando, vencida ― eu aceito.

Fui até o pequeno banheiro e me vesti.

O vestido era preto e possuía mangas levemente caídas nos ombros, às rosas estampadas deixavam uma impressão sombria, ainda mais por ser exatamente algo que eu compraria. Coloquei também os saltos que acompanhavam o vestido, mas mantive o colar de Julian. Eu me assustei em perceber que tanto a roupa quando os sapatos me cabiam perfeitamente. Como diabos eles sabiam meu número?

Nicholas sorriu ao me ver chegando e acenou com a cabeça.

― Está linda ― declarou ao passar por mim.

Guardei minhas roupas na mala e me sentei esperando por Nicholas. Quando voltou estava com um smoking e sapatos pretos lustrados.

Eu sorri para sua cara de bobo. Assim que ele se sentou na poltrona o ônibus parou.

― Timing perfeito ― disse sorridente.

Almoçamos em um pequeno restaurante temático, assim que chegamos ao aeroporto. O lugar estava lotado, mas ninguém nos olhou duas vezes.

A viagem foi em um bimotor e durou quatro horas, nas quais não houve nenhum período de turbulência. Éramos os únicos a bordo com exceção do piloto e seu copiloto. Daniel, o motorista do ônibus, passou a viagem toda tentando nos fazer rir. Ao chegarmos no aeroporto de destino, pegamos um carro.

Aquela viagem ― a minha primeira ― estava sendo longa e cansativa.

Quanto mais nos aproximávamos de nosso destino, mais eufórica a loira ficava e quando chegamos lá ela bateu palmas.

― Finalmente, mal posso esperar para esticar as pernas ― exclamou Josephine. ― Vamos crianças.

Ela ao sair, segurou a porta para Nicholas e Daniel deu a volta e abriu a minha.

O que eu vi assim que sai, arrancou completamente o ar de meus pulmões.

O jardim que se estendia a minha frente era angelical de um modo doentio. Ao longe, eu podia ver uma cerca viva altíssima, que se assemelhava a um labirinto. Eu não era capaz de imaginar o que viria do outro lado.

― Não se preocupem ― disse Daniel. ― Vocês vão se acostumar com o tempo.

Josephine lhe deu uma cotovelada nas costelas. Fiz uma nota mental sobre isso. Se nós nos acostumaríamos com o tempo, então nós tínhamos um futuro.

Ela nos conduziu com maestria pelo labirinto, suas mãos nunca deixando as paredes. Eu as toquei diversas vezes em diferentes pontos, mas não notei nada de especial.

― Estamos chegando ― murmurou à loira. ― Estamos chegando.

O outro lado era ainda mais fantástico. A planície continha uma fonte com anjos de pedra perfeitamente esculpidos, mas não fora isso que chamou a minha atenção e sim, um castelo medieval ante a um desfiladeiro imperial.

― Que porra é essa? ― Gritei em silêncio. Nicholas pegou a minha mão como forma de conforto. ― Isso é um abatedouro? ― Questionei baixinho. Naquele lugar silencioso minha pergunta feita sob a respiração pareceu com um grito.

Se fosse, seria um belo lugar para morrer.

― Eles não vão nos matar ― declarou. Ele parecia completamente diferente do garoto com quem eu havia conversado essa manhã. Mais centrado, calmo. Como a brisa que resfria a manhã quente. ― O loiro disse que nos acostumaremos com isso.

O raciocínio dele foi o mesmo que o meu e eu senti meus ombros relaxarem. Conforme nos aproximávamos da porta enorme de madeira maciça os passos de Josephine ficavam mais rápidos, como se não pudesse suportar ficar longe daquele lugar por mais tempo.

Eu não conseguia dar passos maiores que aqueles, por causa do vestido e dos saltos que estavam me causando uma morte lenta e dolorosa.

― Dê o braço a ela, docinho ― demandou.

Nicholas serpenteou a mão pelo meu braço, apoiando-o em seu próprio. Eu precisava do conforto que seu aperto firme me passava, mas me mantive calada.

― Eu tenho algumas dicas ― disse ela radiante. ― Silêncio, educação e decoro, são os preceitos básicos da Seita. Nunca se esqueçam das reverencias, os Highters as adoram.

Mordi a minha língua para não perguntar o que “Highter” significava.

― Vocês são uma gracinha. Vão se dar bem por aqui ― por um segundo passou pela minha mente a ideia louca de escravidão sexual, mas a fiz ir embora. Eu preferia a morte. ― Isso não é algo ruim, Luna. ― Me perguntei se ela era capaz de ler meus pensamentos, mas fui pega pela percepção de que a careta de horror em meu rosto foi interpretada por ela como aversão ao que ela disse. ― Você parece com a minha irmã ― declarou, mas não pareceu com algo bom. ― Ah, antes que eu me esqueça tenho uma última dica, não falem com ninguém a menos que com vocês seja falado. Daniel! Me dê o braço, seu grande mal-educado! ― Exclamou.

O dito cujo se afastou dela e a encarou com os olhos semicerrados e a boca escancarada por alguns segundos.

― Mulher louca. Você é uma mulher louca ― declarou chacoalhando os braços veementemente.

― Daniel Eduard Valentine! Você é meu noivo, aja como tal.

As minhas sobrancelhas subiram até a linha do cabelo. A palavra rodando em minha cabeça. Noivo. Eu não havia visto nenhuma demonstração de carinho entre eles. Inclusive, eles haviam se mantido o mais longe um do outro que puderam durante toda a viagem.

― Você não me trata com carinho ― reclamou com um muxoxo.

― Por Crowned em carne e sangue, por que você é tão complicado?

Ela segurou os seus braços e delicadamente o beijou. Levou apenas alguns segundos, antes que ele entremeasse as mãos nos cabelos dela e aprofundasse o beijo. Ela envolveu o pescoço dele com os braços e eu notei pela primeira vez o anel de noivado em sua mão direita.

― Caramba, eles são noivos mesmo ― disse incrédula.

Nicholas riu ao meu lado.

― Não faz sentido algum.

― Nada aqui faz ― respondi.

O casal se separou e ele deu o braço a ela.

― Em formação atrás de mim ― demandou ela.

Antes que eu pudesse perguntar o que aquilo significava Nicholas parou atrás do casal.

O epitome de boa educação e perfeitos modos.

Josephine riu de felicidade de uma forma estridente que se encaixava bem a ela.

As portas de madeira avermelhada e maciça de repente se abriram sem que ninguém o tivesse feito.

Josephine sorriu, acenou com a cabeça e entramos.

O salão no qual adentramos era adornado com pilastras de mármore que possuíam trepadeiras feitas de gesso, o centro do teto era feito de placas de vidro que dava vazão quase completa a luz do Entardecer. A nossa esquerda havia uma enorme escadaria que dava aos andares superiores e a nossa frente uma enorme porta de vidro. Apesar de o salão ser gigantesco, consegui ver que do lado de fora havia muitas pessoas.

No centro do lugar, sentada em um divã cor de vinho, estava uma garota de vinte e poucos anos que tranquilamente conversava com uma senhora de cabelos completamente grisalhos. Ao vê-la, Josephine levantou a saia do vestido com a mão livre e acelerou o passo arrastando um Daniel, nada feliz, consigo.

― Acalme-se, Jose ― ele pediu. ― Ela não vai fugir.

― Abigail ― gritou para a mulher de cabelos castanhos e traços fortes.

― Olá, Josephine ― sorriu e inclinou a cabeça. ― Daniel.

Daniel acenou com a cabeça em reconhecimento.

― Srta. Bayliss.

― Eles são os de Maryland? ― Perguntou a morena nos olhando de lado.

― Trazidos por mim de onde você esperava que fosse? ― Indagou a loira. Surpreendi-me pela sua falta de educação, mas o tom em sua voz era brincalhão e despertou um sorriso em Abigail Bayliss.

― Ouvi dizer que existem lugares piores ― devolveu.

― Por que todos me dizem isso? ― Questionou jogando as mãos para o alto. ― Aquele lugar é infestado de mosquitos.

Abigail riu.

― Leve os para o pátio central, Phine.

― Céus! Finalmente ficarei livre ― ela deu uma piscadela para Abigail. ― Vamos, crianças, vamos conhecer vossos futuros ― disse enquanto se afastava. Olhei Nicholas que me olhou de volta e com um dar de ombros a seguimos.

― Eu vou falar com Robert, Jose ― avisou Daniel.

― Pode ir, meu amor ― respondeu ela.

Ela abriu a porta de vidro, esperou que saíssemos e com um sorriso a fechou.

Demos um passo para frente e ela deu um tchauzinho com a mão antes de se virar e nos deixar por conta própria.


Notas Finais


Postando hj em comemoração ao aniversário de um ano do final de WWC, semana que vem volto a postar nas quintas e Lite na sexta <3


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