História When Worlds Collide - Armin Arlert - Regresso.

Você apertou as suas pálpebras, afim de poupar as orbes sensíveis da claridade repentina. Sua mente estava uma completa bagunça, as memórias da cerimônia vindo à tona em pequenos fragmentos. 

─ Armin...? ─ o nome do garoto foi a primeira coisa que escapou por entre os seus lábios, e lentamente, você abriu os olhos, se erguendo na superfície gelada onde se encontrava. ─ O que... ─ prendendo a respiração, olhou em redor, o cômodo onde se encontrava se tornando extremamente familiar. Você analisou cautelosamente os posters na parede, as roupas jogadas pelos cantos, a escrivaninha desarrumada, e por fim, o mangá que se encontrava em frente a você no chão. Engolindo em seco, você acolheu o objeto em mãos, sentindo algumas lágrimas brotando nas suas orbes assim que as memórias do que tinha acontecido se tornaram mais claras. ─ É verdade... ─ num murmúrio, você contornou a capa do livro com o polegar. ─ Eu... Estou de volta...

Você estava de volta ao seu mundo, no entanto, sentia que parte de você tinha ficado para trás. Se sentia incompleta, vazia até. 

Era peculiar, você desejou tanto voltar, mas agora que tinha conseguido, era quase como se não pertencesse mais ali. 

Se erguendo lentamente do chão, você caminhou até à sua escrivaninha, pousando o mangá sobre a mesma. Por que você tinha voltado? E por que justamente naquele momento? 

Ao recordar as visões que teve naquele momento, você prendeu a respiração. Você não teve tempo de assimilá-las antes, no entanto, se tudo aquilo que viu se tornasse realidade, então o mundo fora do livro estava prestes a enfrentar uma enorme ameaça. 

─ Eren... O que você tem na cabeça...? ─ você cerrou o maxilar. Tinha a certeza que o garoto, de alguma forma, havia sido o responsável pelo seu regresso. Ele não a queria por perto para evitar o que quer que fosse que ele estava planejando. 

Os seus pensamentos foram interrompidos pelo barulho de passos caminhando no exterior do seu quarto, e no mesmo momento, seu coração disparou. 

─ Mãe... ─ em apenas uma questão de segundos, você correu para fora do cômodo, seu corpo ficando estático assim que viu a figura da mulher na sua frente. Suas orbes se encheram de lágrimas uma vez mais, e ao se aperceber da sua presença, a mulher prontamente a encarou, um sorriso radiante surgindo no seu rosto. 

─ Bom dia, meu am-! ─ antes mesmo que ela pudesse terminar de falar, você se jogou nos seus braços, descansando a cabeça no seu peito. As lágrimas agora desciam livremente pelo seu rosto, e você se permitiu descontar as saudades naquele momento. Tinha sentido tanta falta dela que o seu coração doía. ─ Você está chorando? O que houve?? ─ sua mãe se desvencilhou do carinho, segurando o seu rosto entre os palmos para que a pudesse enxergar, uma expressão carregada de preocupação desenhada no seu rosto. 

─ E-Eu senti tanto a sua falta!! ─ você admitiu entre soluços, e pôde ver a mulher erguendo as sobrancelhas em surpresa. 

─ Mas a gente se viu ontem mesmo, meu anjo! O que deu em você?! 

As palavras da sua mãe fizeram você enrijecer no lugar, um arrepio percorrendo todo o seu corpo perante a revelação. Com a respiração entalada na sua garganta, você engoliu em seco, se sentindo ligeiramente tonta. 

─ O-O quê...? 

─ Que bagunça é essa? ─ o timbre sonolento de seu pai penetrou a sua audição, e você prontamente o encarou, vendo que ele carregava a mesma expressão preocupada da sua mãe. ─ O que aconteceu?? 

─ Nossa filha está agindo estranho. ─ a mulher respondeu, e você se afastou dos dois ligeiramente, balançando a cabeça. Estaria você perdendo toda a sua sanidade aos poucos? 

─ Como assim... Ontem... ─ você murmurou, levando a destra até à cabeça. ─ Eu passei meses fora... Eu... 

─ O que você está dizendo?? ─ a confusão dos seus pais era notável, e você se desesperou perante isso. Eles não podiam os dois estar mentindo. Por que o fariam?! ─ Acho que você sonhou, minha querida. ─ Seu pai se agachou na sua frente, limpando cuidadosamente as suas lágrimas. 

─ Você deve ter passado tempo demais lendo aquele livro estranho. Nem trocou de roupa, filha! ─ sua mãe repreendeu, e por momentos, você sentiu todo o mundo ao seu redor girando. Você imaginou todo o tipo de reações que eles poderiam ter com o seu regresso, mas essa você definitivamente não esperava. 

Não podia ter sido um sonho. Você se recusava a acreditar nisso. 

─ Acho que têm razão. ─ você disparou, se forçando a sorrir. ─ Desculpem tê-los preocupado. 

─ Está tudo bem. Mas vá trocar essa roupa, logo chega a hora de ir para a escola. 

─ Certo... ─ com um nó na garganta, você voltou a adentrar o seu quarto, fechando a porta atrás de si abruptamente. Sua respiração estava ofegante, e o coração inquieto dentro do seu peito. ─ Eu não sonhei. Foi tudo real. Eu tenho certeza. ─ você tentou reafirmar a si mesma, ainda que, aos poucos, começasse a ter dúvidas também.

Num movimento rápido, você procurou o celular no seu traje, tentando inutilmente ligá-lo. Estava sem bateria.

Você correu para pegar no seu carregador, a ansiedade dentro de você se tornando cada vez maior. Aquele celular guardava uma prova da sua estadia no universo de Attack On Titan. Uma prova de que tudo tinha sido real.

A foto que havia tirado de Armin.

─ Por favor, por favor... ─ você murmurou com a voz trêmula, indo direta à sua galeria de fotos. ─ Onde está?? ─ você se desesperou ao perceber que não encontrava o que procurava em lugar nenhum. A foto não estava lá. 

Suas pernas ficaram bambas, e você se viu obrigada a procurar equilíbrio na escrivaninha, se apoiando na mesma afim de não colapsar no chão. 

─ Não é possível... Foi tudo um sonho...?

Você encarou o mangá à sua frente. Memórias dos momentos que havia passado com Armin rondando todos os seus pensamentos. Você se lembrava perfeitamente do aroma dele, da sensação que o seu toque causava na sua pele, da doce melodia da sua voz penetrando os seus ouvidos. Tudo tinha sido real demais para ter sido apenas um sonho.

Ainda com a sua mente nublada pelas informações, você se arrastou em direção ao seu armário, afim de trocar as suas roupas. Se perguntava como iria prosseguir com o seu dia normalmente depois de tudo. Com certeza não iria conseguir manter o foco em nada.

Com o coração pesado dentro do peito, você se livrou das suas vestimentas, suas orbes se arregalando assim que viu seu reflexo no espelho.

Observando atentamente o seu braço, você prontamente pôde enxergar uma coisa que não estava ali antes. A consequência de uma batalha.

A cicatriz que tinha feito quando a Tropa de Exploração lutou contra Kenny.

As pontas dos seus dedos acariciaram gentilmente a marca na sua pele, e todas as suas dúvidas se dissiparam ali mesmo, sua respiração ofegante retornando no mesmo instante. 

"Não foi um sonho..."

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─ S/N, acho que você perdeu completamente o juízo. ─ Hanna a encarava de sobrancelhas erguidas, e você soltou um suspiro arrastado.

Tinha acabado de contar tudo o que havia acontecido para as suas amigas. Tudo sobre o mundo de Attack On Titan. Tudo sobre a sua estadia lá. Tudo sobre os poderes peculiares. Tudo sobre Armin.

Como era de esperar, no entanto, elas não acreditaram.

Você não julgava. Se fosse qualquer uma delas te contando tudo aquilo, você com certeza também não acreditaria.

─ Tudo bem. ─ você murmurou, se sentindo derrotada. ─ Sinceramente, não esperava que acreditassem.

─ Você provavelmente passou tanto tempo lendo que acabou sonhando com isso. ─ Karla tentava procurar qualquer tipo de lógica na sua história, porém, você permanecia confiante do que estava dizendo.

─ Não. Foi real. ─ você balançou a cabeça, caminhando em passos lentos para o exterior da escola.

O dia tinha sido torturosamente lento para você. Como esperava, foi incapaz de prestar atenção no que quer que fosse.

Você só conseguia pensar nele.

Como é que Armin estaria? O que estaria fazendo?

Você mal tinha se separado dele e já sentia o seu peito arder de saudade. No fundo, mantinha a esperança de conseguir voltar a vê-lo novamente.

─ Falando em Attack On Titan, vocês viram a notícia sobre Isayama ter adiado o final da última temporada? ─ Hanna se pronunciou, e você parou de caminhar no mesmo momento, ficando estática no lugar.

─ Eu vi. Me pergunto o motivo. Afinal, o final já está concluído, não? Tem que haver um motivo bastante plausível para isso. ─ você engoliu em seco perante as palavras de Karla, e abaixando a cabeça, rapidamente percebeu algo estranho. 

─ O final não está concluído... ─ você murmurou, e as suas amigas prontamente a encararam.

─ O que você disse?

─ O final não está concluído... ─ você repetiu, um tanto hesitante, algumas peças se juntando conforme pensava mais sobre o assunto. ─ O final não está concluído porque...

─ ...Porque eu estou aqui...