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História When you Break - Behind blue eyes parte 2


Escrita por: Brailights

Notas do Autor


ATENÇÃO: Música do capítulo
BEHIND BLUE EYES - LIMP BIZKIT

Capítulo 5 - Behind blue eyes parte 2


Os dias foram passando e a boa amizade que eu e Jamie tínhamos foi ficando cada vez mais intensa. Ele dormia a maioria das noites na minha casa. Quando não podia dormir, me ligava para ficar conversando besteiras até eu adormecer. Fazia questão de ir me pegar e deixar no trabalho quando podia. Mas apesar de mais unidos e dependentes que a gente se tornava um do outro, eu ainda conhecia muito do pouco sobre ele, então passei a observá-lo mais. Se eu não fosse atrás de respostas, Jamie nunca deixaria eu se quer formular perguntas. Ele não me dava espaço para perguntar quase nada, e quando deixava ele mudava de assunto. Fugir. Essa era a palavra que poderia definir ele. Fugir.

Mais uma noite Jamie estava no meu quarto trabalhando no seu notebook enquanto eu terminava meu banho. Ouvi seu celular tocar e ele rapidamente atendeu. Não dei a mínima ao que ele falava até ouvir ele berrar de raiva..

-Me deixa em PAZ! – gritou Jamie que desligou o celular e o arremessou no chão. Sai do banheiro preocupada e tentei conversar com ele.

 -Jamie! – apesar da indignação com o que ele acabara de fazer, eu ainda mantinha minha voz baixa e doce, afim de que ele não se irritasse mais. – O que foi?

 -Nada. – Falou ríspido e agiu como se nada tivesse acontecido. Continuei a encarar ele quieta. Óbvio que eu não ia aceitar aquela desculpa. – O que é, hein? Eu não quero falar sobre isso. Por que você é tão insistente? – Bufou Jamie que passava a mão na barba mal feita.

- Eu cansei. É sempre assim. Eu nunca tenho resposta para nada. Quem é você Jamie? Você sempre tá cansado de algo, mas do que? Sempre foge de algo ou de alguém. Me deixa eu te ajudar! – respirei fundo.

-Eu não preciso de ajuda! Eu estou bem! Será que você não ver? - Continuou ele dando desculpas, mas era óbvio que ele estava irritado com alguma coisa. Mais o que? De quem? Por que eu não podia saber disso? O que ele estava escondendo de mim? Continuei parada na porta do banheiro encarando ele firmemente. Não queria mais obrigá-lo a falar nada porém não queria mais aguentar tanto mistério.

-Você não vai desistir, né? – Ele falou baixo enquanto baixava a tela do notebook. Soltei um suspiro e caminhei até ele, me agachando ao seu lado para que pudéssemos ficar com o olhar no mesmo nível.

 -Eu só quero seu bem, te ver irritado, te ver agindo assim me machuca. Parece que não sirvo para nada. – Passei a mão no rosto dele. Ele fechou os olhos. Senti que finalmente ele estava cedendo.

- Eu não quero te ocupar com meus problemas. Você já tem problemas demais. São besteiras, coisas idiotas.

 -Coisas idiotas que te machucam, e isso me machuca de volta. – Falei mais baixo e levantei um pouco seu rosto, fazendo ele abrir os olhos e me encarar.

- Você me dá a paz que o mundo me tira. Eu não quero ter que falar disso, por que não quero estragar esses momentos. Você me faz esquecer de tudo, eu não quero ter que lembrar dessas coisas. Não quero outras pessoas estragando algo bom que é estar com você.

 -Vem cá. Deixa eu te contar uma história. – Me levantei tirando o notebook de suas pernas e depois  sai com ele do quarto, indo para a varanda. Mais uma noite fria em L.A, eu estava vestida apenas com o roupão de banho e Jamie notou que me arrepiei. Ele era um cavalheiro quando queria. Então ele tirou seu casaco e me enrolou nele.

-Obrigada. – Sorri em agradecimento. – Bom. – Olhei pra cima e lá estava a lua. Linda como sempre. Eu amava o céu. Tanto de noite como de dia. Amava tudo aquilo de lindo que a natureza poderia nos dar mas que normalmente poucas pessoas notavam. Eu era assim, via além da onde os olhos poderiam ver. Eu não enxergava propriamente com os olhos e sim com a alma. – Eu aprendi na vida, e creio eu que você também, que não existe a felicidade. Existe momentos felizes. Ninguém é feliz o tempo inteiro. Precisamos de momentos difíceis para que assim a gente tenha os bons e dê valor a eles. - Ouvi ele soltar um suspiro pesado, mas no final nós dois sabíamos que tudo aquilo era verdade. – Eu não estou aqui só pra trazer lembranças boas. Quero causa dor, quero ajudar, quero fazer parte de uma história de verdade se isso for mesmo só um momento. Eu não quero falsos sorrisos, não quero falsas alegrias. Eu quero ser sua alegria, eu quero te proporcionar tudo aquilo de bom que você merece. 

-Mas..  – E antes que ele pudesse contestar, eu o calei com meu dedo.

- Shh.. Histórias mal resolvidas sempre voltam. Olha pra gente. Se no passado tivéssemos dado um ponto final de vez em nossa amizade, nem você e nem eu estaríamos aqui tendo essa conversa. - Encerrei a conversa e Jamie não falou mais nada. 

Passamos alguns segundos calados e Jamie apenas virou o rosto e apreciou a lua. Respeitei seu momento. Acariciei seus longos cabelos e sorri de canto, pela primeira vez eu vi que ele estava vulnerável. Não que isso fosse bom, mas eu consegui atingir ele de certo modo. Logo ele que era tão dono de si, finalmente quebrei seu primeiro muro.

- É que... – Ele respirou fundo. – Você não tem pra que passar essas coisas comigo. A gente não é nada. Somos só amigos. Amigos que as vezes transa. – Confesso que lá no fundo me magoei com suas palavras mas fiquei quieta e continuei a escutá-lo.

 – Sei que quer me ajudar mas eu não preciso disso. – De volta à estaca zero. Como queria socar a cara dele até fazê-lo  ver que não era assim que as coisas funcionavam. Abaixei minha mão e voltei pro quarto. Coloquei seu casaco em cima da cama e fui pro closet vestir uma roupa. Quando sai do closet Jamie ainda estava na varanda perdido em seus devaneios. Eu me magoei sim com aquela reação, eu só queria ajudar mas pelo seu estado de espírito, resolvi compreender que ele não estava nos seus melhores dias. Então me assustei com o barulho do seu celular tocando. Caminhei até ele e o peguei no chão. Uma pessoa chamada Lizzie estava ligando. Eu não conhecia nenhuma Lizzie, tão pouco ouvi falar. Franzi o cenho e a ligação se encerrou sozinha. Jamie não tinha notado que seu celular tinha tocado, por mais errado que fosse eu acabei lendo algumas mensagens que tinha na tela principal de seu celular mandada pela mesma pessoa.

 ‘’Jamie? Será que dá pra me atender? Vai me ignorar até quando? Atende!’’

 ‘’Jamie? Estou falando com você! Eu não vou te deixar em paz enquanto a gente não conversar direito.’’

 ‘’Jamie. Você sabe que eu amo você e que jamais queria ter te magoado desse jeito, por favor, vamos se encontrar e mudar o curso dessa história.’’

Parei na terceira mensagem. Não tive mais peito e nem estômago para ler o resto de suas mensagens. Pelo visto Lizzie era alguma ex-namorada de Jamie. Respirei fundo e coloquei seu celular em cima do criado-mudo, ao virar o rosto Jamie me encarava com raiva por ter pego em seu celular.

 -Eu só peguei do chão. Desculpa. – menti. Odiava mentir mas a última coisa que eu queria era arrumar briga depois de tudo aquilo que tínhamos conversado. Me sentei na cama e acendi o abajur. Jamie caminhou pelo quarto e apagou a luz e depois se sentou ao meu lado.

 -Têm umas ex-namoradas minhas que não saem do meu pé e isso tá me irritando. É isso. – Arqueei as sobrancelhas. Então eu estava certa, mas espera aí, ex’s? Enfatizei bem o s.

-ex’s? – pensei alto e calei minha boca com os dedos mas já era tarde demais, já tinha saído.

 - Sim. Tifanny e Lizzie. – Respondeu ele, que virava o rosto para me encarar.

- Não sabia da existência da Lizzie.

 -Tem muita coisa sobre mim que você não sabe. E cá entre nós, nem sei se quero que você fique para descobrir. – Senti uma pontada no estômago. Uma mistura de medo misturado com curiosidade percorreu meu corpo. Levantei minha mão, acariciando seu rosto e sussurrei baixinho.

-Estou pronta para descobrir. Basta confiar. Mas não é pedindo que vou conseguir sua confiança. O tempo fará isso por si só. – Depositei um beijo no canto da sua boca e ele sorriu. Me levantei e peguei meu violão. Tirei ele da case e o afinei rapidamente.

-Você havia dito que não sabia tocar. – Falou ele enquanto me observava.

- Tem muita coisa sobre mim que você não sabe. E cá entre nós, eu quero que você fique pare descobrir. – Dei um sorriso largo.

 – Preparado? – Ele afirmou com a cabeça e então comecei a tocar Behind blue eyes. Essa música era uma cópia daquilo que eu enxergava nos olhos de Jamie.

- Não sou nenhuma cantora e tão pouco tenho uma banda mas quero que guarde isso com você. – Jamie sorriu novamente.

 -Eu quero te ouvir.

- Então vamos lá. – Limpei a garganta e comecei a cantar enquanto tocava.

- No one knows what it's like. To be the bad man. To be the sad man. Behind blue eyes. – Olhei para o violão. Eu não tinha coragem de encarar Jamie naquela hora, me sentia tão estúpida e fragilizada mas era a única forma de colocar meus sentimentos e o que eu realmente queria dizer, então continuei.

- And no one knows what it's like.To be hated.To be fated.To telling only lies. But my dreams, they aren't as empty as my conscience seems to be. I have hours, only lonely. My love is vengeance that's never free. No one knows what it's like. To feel these feelings like I do and I blame you. – Minha voz era baixa e calma. Abri os olhos por que o silêncio de Jamie estava me deixando constrangida.  E lá estava aqueles olhos tristes vidrados nos meus. Me encorajei a continuar cantando enquanto o encarava. - No one bites back as hard on their anger. None of my pain an' woes can show through. – Ele sentiu o peso das palavras, era impossível não notar isso na expressão do seu rosto. Ele parecia uma criança profundamente perdida, suplicando por uma chance de ser diferente. De fazer diferente. Dei um tempo para voltar a cantar e ele completou o pedaço que faltava da música.

 -But my dreams, they aren't as empty as my conscience seems to be. I have hours, only lonely. My love is vengeance that's never free. No one knows what its like. To be mistreated. To be defeated. Behind blue eyes. –Se anjos cantassem, eu diria facilmente que ele era um. Sua voz era absurdamente linda. Rouca e forte ao mesmo tempo. Penetravam além das células do corpo. Tocava lá no fundo da alma. Não era atoa que ele era um cantor de sucesso.  - No one knows how to say that they're sorry. And don't worry I am not telling lies. – Jamie continuou até o penúltimo trecho e parou. Depois ele desviou seus olhos dos meus. Seu suspiro foi doloroso. Fui parando de tocar aos poucos até o silêncio voltar a reinar naquele recinto.

  -Preciso ir. – Jamie então se levantou, recolhendo seu casaco. Joguei o violão de lado.

- Oi? Ir pra onde? Jamie! É tarde. – Contestei. Não queria que ele fosse embora.

-Preciso resolver minha vida. – Ele cruzou o quarto e abriu a porta, saindo pela mesma. Fui atrás dele.

 -A essa hora? Jamie! Volta aqui. – Desci as escadas atrás dele.

-Não adianta, eu não vou ficar.

-Porque? – Perguntei um pouco mais alto que o normal. Ele se virou e a sua expressão era de raiva.

- Eu já falei que vou resolver algumas coisas, porra! – Falou ele enquanto respirava fundo. E então voltou a caminhar e abriu a outra porta com raiva. Não deixei que ele a fechasse. Continuei indo atrás dele.

- É sempre assim? Você vai passar o resto da sua vida fugindo dos seus problemas? Nem precisa responder, eu respondo por você. Sim! Vai! Você não tem coragem nem de responder simples perguntas, quanto mais revolver questões delicadas. – Nesse segundo eu já estava gritando. Chega de segurar todas aquelas coisas. A raiva havia possuído minha mente. Jamie parou de andar, voltando-se contra mim. Calmamente ele veio até onde eu estava e apontou o dedo na minha cara.

-Cala a boca. Você não me conhece. Se eu não te conto nada é por que eu quero. – seu maxilar estava trincado. Ele estava tentando manter a calma, mas nesse momento isso era uma virtude da qual nós dois não tínhamos posse. – Para de tentar dar um jeito na minha vida, por que primeiramente você não é nada. Nada. Ouviu bem? Nada. – Aquilo me atingiu em cheio. Engoli um nó na garganta e me segurei para não desabar naquele instante. Ele então cheio de si abaixou a mão e deu a meia volta, caminhando até seu carro que em poucos segundos deu a partida, me deixando ali plantada. Com a expressão de quem acabou de levar um soco no meio da cara.

Já estava tarde e cada vez mais frio. Não tinha como continuar parada olhando pro nada. Tive que me recompor, então fechei os olhos rapidamente e respirei fundo. Me virei e assim que abri os olhos, voltei para dentro de casa. Tentei bloquear qualquer sentimento crescente de dor que pudesse me fazer sentir aquelas palavras mas foi em vão, assim que cheguei no meu quarto e me deitei na cama eu desabei. Chorei. Me abracei e me virei na cama, ficando em posição fetal na tentativa de minimizar a dor de tudo que contaminava aos poucos todas as células do meu corpo.

Agora sim minha mente gritava: Pena, isso que ele sentia de você. Pena. Tampei meus ouvidos com as mãos e berrei. Berrei o mais alto que pude pra me livrar de toda aquela energia mas nada surtiu efeito. Não adiantava, meu corpo estava submerso em dor, raiva e mágoa. E não havia nada que pudesse me ajudar naquele momento e aos poucos fui morrendo afogada na minha própria paixão, afundando cada vez mais em uma pessoa tão rasa.

 Mais uma vez eu tive um pedaço do meu coração quebrado. Aos poucos eu fui soluçando cada vez mais baixo, volta e meia eu olhava para a porta na esperança de que ele passasse por ela e me pedisse desculpas, falasse que tudo aquilo foi um momento de raiva e que não tinha a intenção de me magoar. Mas no fundo eu sabia que nada daquilo iria acontecer. Eu iria continuar ali. Esquecida, abandonada, mal amada, mal cuidada e um Nada. Assim como ele disse que eu era, eu fiz questão de ser.

 Um nada.


Notas Finais


Continuem comentando, lendo, dando sugestões. Espero melhorar cada vez mais com o passar dos tempos.
TWITTER DA FIC @WYBFIC
TWITER DA DONA @_LarissaMonte


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