História Where have you been - How could I be that happy

Harry pov.

— Hermione, tem certeza? — Pergunto pelo o que poderia facilmente ser a milionésima vez.

— Sim Harry, o ministro quer conversar com você antes que isso venha a público. — Ela responde com uma expressão cansada.

— Mas e se ele brigar comigo por ter sumido? E se todos os bruxos me odiarem? Eu não quero ser linchado nas ruas. E meus meninos? Se algo acontecer com eles... — Digo de forma séria, sentindo um pequeno pavor me dominar.

— Eu sei, eu sei, você mata todo mundo e depois se mata. Você já disse isso mil vezes. — Ela rebate com um sorriso gentil anormal para o tanto de ódio que eu sabia que ela estava sentindo.

Não é que eu esteja arrependido dos anos que sumi, porque não estou. Meus filhos estavam bem, eu havia os criado com tudo que havia dentro de mim, estava dando meu melhor. Mas eu havia sumido do mundo para que as pessoas parassem de publicar fotos minhas com os dizeres "Eis aqui o salvador do mundo bruxo" e me seguirem para apertar minha mão.

E não queria meus meninos sofrendo assédio do tipo. Já ia ser um castigo ser um Potter para o James, pelo menos Teddy não teria esse problema, mas ainda sim, ser meu afilhado era algo que ele teria que carregar. Eu não gostaria de estragar a vida deles nesse nível, mas não era como se eu quisesse ser odiado.

Porque eu não queria ser odiado nem que meus meninos carregassem isso. Ser filho do herói do mundo bruxo era muito mais legal do que ser filho do homem que salvou o mundo bruxo e se escondeu.

Não sei.

Eu não queria sentir essa culpa, apesar de ela ser minha.

— Harry. Ninguém nunca vai brigar com você por ter tido o desejo de se esconder para ser um bom pai. Acho até que as pessoas vão te admirar ainda mais. O herói do mundo bruxo é também um bom pai. Imagina que fofo. — Hermione diz com um sorriso tranquilo, apoiando a mão em meu ombro com um gesto amigável. — Só fica tranquilo Harry. Sei que esperamos muito de você o tempo todo, mas não é algo que você escolheu. Te enfiaram uma profecia pela garganta e torceram para que você fosse capaz de a cumprir. Não é sua culpa. — Ela finaliza o comentário com um sorriso.

— Então ele não ‘tá me chamando pra brigar comigo? — Pergunto de forma baixa, olhando a porta do escritório com aflição.

— Eu não diria brigar. Acho que ele apenas quer ser o primeiro a saber a razão de você decidir voltar, não pelo profeta diário. — Ela diz com calma, encarando meu rosto e descendo os olhos para minha roupa, arrumando minha gravata com calma e sorrindo. — Você está bonito.

— Obrigado Mione. — Agradeço segurando a mão da minha amiga e deixando um beijo na palma da mesma e batendo calmamente na porta.

A poeta foi aberta pelo secretário de Shacklebolt que me olhava com uma expressão gentil, sorrindo em seguida.

— Senhor Potter. O ministro está pronto para o receber. — Diz de forma gentil, indicando uma outra porta dentro daquele escritório, no qual eu fui até lá e abri a porta.

Ao me ver, Shacklebolt se levantou da cadeira e veio na minha direção com um sorriso animado.

— É gratificante te ver de novo garoto. Vem, senta. Quer um chá? — Pergunta após me abraçar, me puxando na direção de um confortável sofá aonde ambos nos sentamos.

— Agradeço, mas não. — Digo em uma recusa educada, sentindo meu ânimo voltar ao perceber que estava sendo tão bem recebido.

Ele não podia estar tão bravo, né?

— Tudo bem. Me conte. Quero saber exatamente o que tirou o meu melhor auror do departamento de segurança. — Ele diz de forma séria, cruzando as pernas e me olhando de forma calma.

— Eu adotei uma criança. Eu não pretendia desaparecer para sempre, só tempo o suficiente para me acostumar com a ideia. E eu ainda tenho o Teddy. Era complicado. Conciliar. Herói do mundo bruxo e paternidade. Eu não sou tão habilidoso quanto aparento. — Digo de forma baixa, deixando a resposta sair de forma natural.

— Você é pai? Santo Merlin. Posso ver uma foto? — Escuto a pergunta, sorrindo bobo e pegando o celular trouxa do bolso, separando a foto de James e Teddy juntos estudando. — Teddy está lindo também. Qual o nome do seu pequeno ruivo?

— James Sirius Potter. Eu quis homenagear. — Digo de forma sem graça, coçando minha nuca.

— É um belo nome. Homenageia grandes bruxos essenciais para a queda do lorde das trevas. — Diz colocando a mão em meu ombro e apertando calmamente. — Bom, seu cargo continua lá Harry. Te mando uma cópia da minha declaração para o profeta diário antes de mandar para o jornal para ter a sua aprovação.

— Não vai brigar comigo por ter abandonado o mundo da magia? — Pergunto de forma espantada.

— Harry, sem você, não haveria um mundo bruxo. Talvez nem mesmo um mundo trouxa. Nós devemos muito a você para questionar esses anos que você tirou para se realizar como pai. — Ouço o ministro falar de forma calma.

— Então, quando posso voltar? — Pergunto de forma baixa.

— Vá conversar com seu chefe de departamento. Quando ele quiser.

[...]

Saio da sala do ministro após uma pequena conversa sobre o que havia mudado nos últimos anos, encontrando Hermione e Ronald na porta, ambos com sorrisos no rosto.

— Agora é comigo garanhão. Rony diz com um sorriso debochado no rosto, estendendo a mão na minha direção.

— Vamos lá, minha doce acompanhante. — Digo rindo, mandando um beijo no ar para Hermione e seguindo Ron até o departamento de aurores.

Ao chegar na entrada do departamento, vejo as mesas dos estagiários irem se silenciando, as pessoas encarando Ron e a mim com uma expressão séria. Em certo ponto, o silêncio ficou ensurdecedor, mas isso foi antes de uma imensa gritaria de comemoração se instalar no local.

O barulho convidou os aurores de suas salas a ver o que ocorria, e eu tive o vislumbre de Draco antes de ser embalado em uma multidão que gritava que Harry Potter havia voltado.

Com muito custo, as pessoas foram voltando aos seus lugares e ter um Malfoy irritado espantando eles era bem útil.

— Vocês devem estar muito desocupados para virem cercar um homem. Agora todos vocês ganharam serviço. No meu escritório tem um mural com as informações do meu último caso, vão todos até lá e quero uma dupla em cada local suspeito e vocês só voltam a este lugar quando encontrarem todos os pelúcios que foram sequestrados. — Draco grita para os estagiários, vendo o sorriso murchar no rosto de todos eles e seguirem na direção da sala do loiro, murmurando que Malfoy era uma pessoa cruel.

— Você é a pessoa mais gentil desse lugar Draco. Obrigado. — Digo de forma feliz e abraçando o loiro rapidamente, não conseguindo conter a emoção.

— Você é muito emotivo Potter. — Draco diz rindo ao retribuir o abraço, se afastando um pouco de mim.

— O combinado era que iria me chamar de Harry. — Digo de forma emburrada.

— Meninas, nada de namoro na minha frente. Vamos logo que eu tenho que supervisionar os idiotas que o Draco colocou no caso. — Rony diz nos empurrando na direção da sala do chefe, rindo de forma animada.

— Você é outro emocionado, Weasley. — Draco diz de forma emburrada.

— O Harry eu entendo você chamar de Potter, mas nós somos amigos a 3 anos Draco, para com esse show antes que eu te jogue de uma janela. — Rony diz de forma emburrada, parando na porta do chefe e nos encarando de forma calma.

— Tudo bem Rony, me perdoe. Harry, você foi estúpido de vir antes de sair a nota do jornal. Agora todos vão saber que você voltou. — Draco diz de forma emburrada, virando na minha direção com os braços cruzados.

— Eu sei. Mas eu estava com Shacklebolt e correu tudo tão bem que eu só quis resolver tudo de vez. — Digo de forma rápida, encarando Draco com uma expressão triste.

— Não precisa se desculpar. Eu só me desesperei quando vi todos aqueles idiotas em cima de você. — Draco diz de forma acanhada, me fitando com uma expressão preocupada.

— Me desculpa te preocupar. — Digo de forma baixa.

— Me desculpa por ter gritado com você, não era sua culpa. — Draco fala com uma expressão arrependida, me encarando de forma quase manhosa.

— Se rolar beijo eu vomito. — Rony fala de forma alta, fazendo nós dois cairmos na risada.

A porta foi aberta e, ao entrar, Draco me acompanhou, vendo o sorriso nos lábios do chefe de departamento aumentar ao me ver, se erguendo da cadeira.

— O filho pródigo retorna. Isso sim é motivo para comemorar. Espero que tenha vindo em busca do seu emprego de volta Potter, porque Malfoy acabou de me dizer que esse é o último ano dele conosco e não quero ficar sem um auror descente. — Ele diz de forma rápida, me puxando na direção da cadeira e me sentando ali.

— Desde o começo da minha carreira como auror eu dizia que iria assumir as empresas um dia e que poderia apenas auxiliar em alguns casos. — Draco diz ao parar atrás da minha cadeira, cruzando os braços e encarando o homem.

— Eu sei. Isso não diminui a depressão que eu estava prestes a entrar por você ter me anunciado que já é no ano que vem. — Ele diz com um sorriso debochado, pegando alguns papéis na gaveta e um distintivo. — Está tudo aqui Potter. Só confirme suas informações atuais nos recursos humanos e comece quando quiser. Pode ficar com Weasley e Malfoy, você acompanha os três para pegar o ritmo e quando Malfoy sair você volta a assumir com Ronald.

Pego as folhas e meu distintivo, sorrindo de forma gentil e me levantando.

— Obrigado por me receber de volta. — Digo de forma baixa.

— Não vou perguntar a razão do seu sumiço, sei que se está aqui é porque já resolveu o que tinha para resolver. — Diz de forma calma, balançando a mão no ar como se espantasse um mosquito.

Saio da sala, indo junto com Draco até uma sala de reuniões que estava vazia, me sentando em uma cadeira e bagunçando meus fios já bagunçados.

— Eu não sabia que ia ser tão fácil. — Digo de forma baixa.

— Quem disse que vai ser fácil? Essas pessoas estavam cientes que você é humano e precisou desse tempo para alguma coisa, mas o resto do mundo bruxo não vai ser assim.

Concordo com a cabeça, tirando os óculos e deixando na mesa, esfregando os olhos e gemendo baixinho.

— Eu preciso buscar os meninos na escola. Preciso atualizar os documentos e aprovar a nota do Shacklebolt. — Digo de forma baixa, sentindo o desespero me tomar. — E se eu não conseguir conciliar. Eu sei que vou ficar em um esquadrão com você e Ron, mas eu não quero que meus filhos achem que estou abandonando eles.

— Harry, o tempo que você estiver aqui eles nem vão sentir sua falta pois estarão na escola. Não se preocupa. Além do que você pode contar comigo para ajudar. Comigo, com o Ron, Mione e George. Somos um grupo forte. — Draco fala de forma baixa, abaixando na minha frente e fazendo um carinho no meu rosto, me encarando com doçura.

Encaro o rosto bonito com atenção, sentindo muitas sensações passando por meu corpo e tento focar nos problemas e não no que sinto.

— Obrigado. De verdade eu... Obrigado. — Digo de forma baixa, sorrindo e deitando meu rosto contra a mão em meu rosto.

— Podemos ir buscar seus filhos na escola agora e eu fico com eles enquanto você preenche a papelada. — Draco diz com um sorriso, pegando minha mão e fazendo um carinho na minha palma e se levantando. — Vamos?