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História White Crow - YiZhan. - Capítulo 16


Escrita por: Inverno_Solitario

Capítulo 16 - Capítulo 16


É levemente estranho e ao mesmo tempo amargo a indiferença que encobre sua face acompanhada de certa tranquilidade e calma, o silêncio que se segue enquanto espera não deveria ser tão reconfortante e muito menos soar tão inofensivo, deveria estar nervoso ou tremendo pela incerteza que está sentada à sua frente, invés disso não há uma preocupação genuína correndo por suas veias apenas uma pequena sensação que se assemelha a estar anestesiado, incapaz se sentir que algo possa feri-lo ao ponto de fazê-lo gritar ou agonizar pela dor que se espalha enquanto assisti parado alguém cortar seu corpo, como se nada pudesse afetá-lo ao ponto de fazê-lo se importar, aquilo é decepcionante esperava mais de si mesmo, esperava que pelo menos uma vez na vida pudesse ser capaz de fugir daquela indiferença gravada em sua pele pelos os dias que estão marcados em sua alma assim como as semanas riscadas em um calendário na parede de um prisioneiro, alguém que espera tolamente pela liberdade mal sabendo que ainda que deixa aquela cela tormentosa ainda estará sobre a prisão do seu passado, passado esse que pode até esquecer mas as pessoas não. Qualquer resquício de sentimento que possa ter dito antes de estar ali desapareceram, tudo o que resta é a mesma pessoa que costumava ficar dias presos no escuro daquele porão, juntos aos corpos apodrecendo e aos que ainda permaneciam vivos arrastando suas correntes pesadas assustando-o, quando aquelas portas se abriam e podia alcançar a luz parte de quem foi era deixado naquele lugar, a cada dia que se passava tornava-se parte de um vazio desinteressante e levemente desesperançoso, uma casca sombria e incapaz de emitir reações.

— Você sempre foi calmo demais, independentemente do que acontecesse ao seu redor, você sempre estava calmo — Haoxuan o olha — Era um pouco irritante, um garoto tão infeliz e imprudente que nunca perdia seu controle, exatamente como um fantoche que ganhou vida mas desconhece o que é sentir.

— Fala como se você fosse diferente, mas acho que estamos no mesmo barco — dá de ombros — Você é silencioso e observador, prefere se esgueirar pelos cantos do que estar no centro de tudo, alguém que deseja ser visto mas não lembrado.

— Talvez tenha razão, entretanto não sou capaz de ter tamanha indiferença como você tem — murmura — Mesmo sabendo o porquê de chamá-lo aqui, você parece não se importar. Decepcionante que não possa sequer sentir vergonha ou medo. Diferente de você, passei a tarde pensando em como faria todas as perguntas que tenho em mente — suspirou — Só que não consigo imaginar você fazendo o mesmo.

— Quando me chamou para conversar, admito que me mantive pensando no que exatamente iria me dizer — suas mãos seguram o copo em cima da mesa — Suas perguntas me assustaram antes de serem feitas, por isso agora elas não tem importância, eu perco interesse muito fácil.

— Certo, então posso ser frio e não exitar quanto a tudo isso? — os olhos castanhos estão sobre os seus — Se eu tentar ter algo de você, definitivamente não terei. Assim como no passado, quando todos falavam sobre seu pai e todas coisas ruins que ele fez, ou sobre o fato de você não ser realmente filho dele, essas insinuações nunca tiveram uma resposta.

— Bom, não é como se eu tivesse a obrigação de respondê-los — tombou sua cabeça para o lado — Afinal de contas, você sabe que tudo aquilo era verdade, nada mudaria se eu dissesse "sim" ou "não" a alguns deles, mudaria?

Não faria sentido responder aquelas perguntas no passado, as pessoas não estavam interessados em saber se era ou não verdade apenas queriam machucá-lo de alguma forma, feri-lo para satisfazerem seu ego e sentirem que eram melhor do que o filho de alguém importante, tudo porque faltava a todos eles um mínimo sentido de capacidade, vermes, todos eram vermes que ele deveria ter esmagado sobre a sola de seu sapato.

— Soam arrogantes essas palavras, o que é estranho, não combina com você ser assim — Haoxuan olha para as mãos de Zhan, a caneta está ao lado do copo que ele segura sobre a mesa — Apesar de que você tem razão, nada mudaria independente da sua resposta, as pessoas naquele tempo só queriam vê-lo na lama.

— Não estou sendo arrogante, é um fato — seus olhos parecem brilhar por alguns segundos — Eles foram tão incapazes que não conseguiram no final das contas, eu fui embora e continuei. Agora tenho até mesmo Ji Li.

— Se sente satisfeito mentindo para Ji Li? Sobre seu pai, sobre sua vida, sobre quem você é? — aquelas palavras parecem encobertas de certa raiva — Seguir mentindo para ele não faz de você melhor, Zhan. Eu não ligo para essa merda, mas ligo muito para Ji Li.

— É mesmo? Você liga para ele, Haoxuan? — agora seu corpo está inclinado em direção a mesa, seus cotovelos estão sobre elas e suas mãos abaixo de seu queixo — Então porque finge que não sabe sobre os sentimentos dele?

Irreconhecível, é a palavra que assoma sua mente enquanto age tão arrogantemente, esbanjando confiança apenas deixando que aquelas coisas saem de sua boca sem que possa controlá-las, ele quase pode apreciar os segundos que se passam sem que Haoxuan lhe de uma resposta, como se não esperasse que fosse tão ousado e direto assim, Zhan pode sentir-se próximo a aquela figura no espelho que sempre o encara de volta quando o olha, aquela faca em seus dedos e um sentimento estranho de satisfação enquanto observa o sangue que pinta delicadamente o chão, é perigoso que esteja beirando aquele abismo como se andasse sobre o meio fio como fazem as crianças.

— Que tipo de coisas está falando com tanta confiança? — seus punhos estão cerrados — Esse é um assunto ao qual você não faz parte, preocupe-se em como mente a Ji Li, enquanto finge viver uma vida perfeita sem erros.

— Acha que falar a verdade vai ser algum tipo de alívio para ele, veja bem — sinaliza para si mesmo — Como você sabe, há um longo histórico sobre coisas que meu pai fez, fala por aí sobre minha vida e sobre ele apenas deixaria Ji Li em perigo. Estou raciocinando, enquanto eu mentir a ele e até mesmo a você, estarão em segurança.

— Você apenas está indiferente a isso, está acomodado a essa situação — o acusa — Parece que está esperando pelo pior sentado, está com medo, medo da sombra que se esgueira por suas costas. Zhan, você é tudo menos isso que projeta para todo mundo.

— Suas deduções são muito extremas — desdenha — Pensando sobre tudo isso, me observando e se aproximando para alimentar sua curiosidade. A verdade é que desde do inicio você sempre quis saber sobre meu pai, saber sobre aqueles boatos ditos por aqueles vermes, pois eu direi aqui e agora sua resposta — sussurra — Sim, Haoxuan, é tudo verdade.

— Parece que não entende, sua vida não me importa, apenas preciso garantir que suas mentiras vão respingar em Ji Li — balança sua cabeça em negação — Esse caminho é perigoso.

Zhan ainda não consegue deixar que aquela indiferença saia, é difícil, tudo que pode fazer é aumentar aquela crescente falta de empatia e desdenhar de tudo que o outro diz. Ele pensou em tudo aquilo, bem antes de realmente Ji Li vir a se tornar seu amigo, considerou cada pequeno ponto sobre o que deveria fazer para que nada fosse respingar nele em algum momento, montou até mesmo uma vida segura com histórias sobre como sua mãe o amava e como seu pai o levava para sair no fim de semana, histórias fantasiosas imitando uma falsa realidade criada com o intuito de convencer e omitir a desgraça empilhada no armário de seu quarto, escondida sobre traços de gentilezas que estampam sua face todos dias assim que deixa as sombras amarga que se mantém nos cantos do lugar onde antes morava.

— Não se preocupe, Ji Li sairá completamente intacto disso — diz — Nem uma gota dessa sujeira irá respingar sobre ele, lhe dou minha palavra.

— Eu deveria confiar apenas nisso? Não me parece seguro — debocha — Afinal, não é seguro para você, passou anos se escondendo enquanto tentava viver uma vida normal longe da lama que encobre todo dinheiro de seu pai — um estalar de sua língua é ouvido, um claro sinal de desgosto — Acha mesmo que mentindo pode manter tudo isso como está?

— Haoxuan, você fala como se soubesse de algo — ajusta sua postura, encostando-se sobre a cadeira — Não que dizer algo? Diga, estou curioso.

— Ah, você tem razão, eu realmente quero dizer algo — se inclina sobre a mesa, para poder sussurrar suas próximas palavras — Eu sei, Zhan, sei exatamente o que aconteceu com você a duas semanas atrás.

— É mesmo, Haoxuan — um sorriso cresce em seus lábios — Eu gostaria de ouvir sobre isso.

Ali está, aquele sorriso encoberto de coisas que não podem ser ditas em voz alta, aterrorizando Haoxuan que agora exita, o outro quase pode ver o quão diferente Zhan parece, quase como alguém que ele certamente não gostaria de conhecer.

 



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