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História Who You - Medos sem pés nem cabeça


Escrita por: Minsyeol

Notas do Autor


PEÇO DESCULPA PELA DEMORA EU N TENHO DESCULPA LOLOLOLOL

Capítulo 15 - Medos sem pés nem cabeça


O loiro saiu em pezinhos de lã de casa. Queria passar o dia escondido nas casas de banho da universidade porque não podia sentir-se mais ridículo.

Na tarde anterior, quando a prima o deixou olhar-se pela primeira vez ao espelho, Taeyang quase tivera um ataque de coração. Estás tão bonito oppa porque raio é que não gostas, Jihye repetiu uma dezenas de vezes até ele ter ido para a sua própria casa a fim de passar a noite a chorar. Figurativamente, claro. Ele não choraria mas… aquele também não era um caso para rir. O loiro platinado que os seus fios expunham contrastavam imensamente no oceano de castanhos e pretos do resto dos estudantes. Não era toda a gente que tinha a coragem de descolorar o cabelo. E Taeyang também não era desses aventureiros.

- “Onde pensas que vais oppa?!” Um grito estridente atingiu os ouvidos do rapaz que só queria que o dia passasse rapidamente. Mal ele se lembrava da tarde que aí se avizinhava. “Olha para esse cabelo. Anda, vamos já entrar de novo para eu o arranjar!”

- “Jihye, já viste as horas?! Vamos chegar atrasados.”

- “Agora estás preocupado com isso?! O que é mais importante: chegar a horas ou estar uma bomba? Antes de responderes, vamos entrar porque não me apetece revirar os olhos a esta hora da manhã. Vá!”

Voltaram para a casa do pobre rapaz e enfiaram-se na casa de banho. Felizmente, os pais de Taeyang já tinha saído para o trabalho. Jihye, que era convidada vip, já conhecia os cantos da casa e rapidamente juntou os materiais necessários. Taeyang sentou-se no tampo da sanita querendo desaparecer enquanto a prima compunha-lhe o cabelo com gel.

- “Não te mexas.” Ela proferiu antes de se aproximar do primo com um eyeliner preto. Ele fez o contrário do que lhe foi pedido com uma grande ruga no meio das sobrancelhas.

- “Nem pensar que vou usar eyeliner! Daqui nada parece que vou sair à noite!”

- “Primo, regra número um, está sempre no teu melhor!!! Por isso vá lá, já que hoje vais arrasar com o teu novo visual bem que podes exagerar mais um pouquinho. Por favor, please, s’il vou plaît, onegai, jebal, bitte, por favor muchacho!!”

- “Ai tá bem! Despacha-te okay?! Com este atraso já ganho uns olhares que não queria.”

- “Melhor! Assim que as raparigas olharem para ti ficaram de queixo caído.” Jihye prosseguiu enquanto aplicava eyeliner no rapaz. “Pena que elas não sejam quem tu queres impressionar~” Taeyang revirou os olhos na tentativa de conter o vermelho que se espalhara na face.

- “Okay estás prontíssimo! Olha para o espelho!” O rapaz levantou-se um pouco hesitante e deixou os olhos navegaram no seu reflexo. O cabelo… nem estava mau. Daquela maneira, estilizado para o lado, até que era suportável mas… Taeyang continuava envergonhado.

- “Está okay.” Ele resmungou antes de sair da casa de banho e caminhar para a porta com a mochila ás costas, apressando a rapariga que ainda estava a arrumar a casa de banho.

Caminharam juntos para a universidade e obviamente que algumas pessoas olharam de relance para Taeyang. Aquela atenção deixava-o muito nervoso. Por essa razão, não foi ao resto da aula, enfiando-se na biblioteca.

Enquanto folheava algum livro ao calhas, lembrou-se que não tinha acabado o tal trabalho. Murmurou uma asneira, deixando as mãos correr nervosamente no cabelo. No entanto, saltou da cadeira assim que mexeu na cabelo sem qualquer cuidado. Agora sim é que estava rídiculo!! Correu para a casa de banho para examinar o cabelo. Chegou ofegante, apoiando-se no lavatório, com medo de olhar para o ser espelhado. Lentamente, subiu o seu olhar para o espelho e ficou chocado. Não por estar ainda mais ridículo mas porque o penteado tinha ficado… bom. Taeyang endireitou as costas, apreciando o raio do cabelo. Secalhar… nem tinha sido tão má a ideia. Agora que lhe dava um segundo olhar, concluía que não estava nada mau. O castanho era confortável mas o loiro não era um bicho de sete cabeças. Provavelmente Taeyang fez uma tempestade num copo de água (ele fez de certeza).

Deu um suspiro aliviado antes de desviar o olhar para a figura encostada à parede entijolada da casa de banho. Taeyang deu um pequeno pulo, colocando a mão no peito.

- “Porra que susto.” O rapper murmurou baixando a cabeça a fim de acalmar o coração que não anunciava querer parar de correr. E a situação só piorou quando finalmente Taeyang se apercebeu de quem estava a observá-lo.

- “J-Jiho!” O rapaz quase exclamou encostado à bancada.

- “Hyung.” O mais novo proferiu enquanto se aproximava com um sorriso divertido. “Porquê tão nervoso?”

- “Porque tu és mais quieto que um fantasma! Porra ficaste aí especado a olhar para mim durante este tempo todo sem dizer nada!”

- “Queria continuar a apreciar a tua mudança de visual.”

Taeyang calou-se sem saber o que dizer. O pânico tomou conta de si ao aperceber-se que Jiho o tinha ficado a olhar aquele tempo todo. Que vergonha. Perguntou-se porque raio é que o mais novo não tinha anunciado a sua chegada? E porque não conseguia ficar calmo ao pé do rapaz? E porque um friozinho percorria a sua barriga ao reparar na intensidade com que o outro o olhava? Ele só queria esconder-se. Havia tanto que ele queria dizer e perguntar mas tudo ou era irrelevante ou simplesmente pessoal.

- “E-então…” A certa altura arranjou coragem para falar. “Não chegaste a mandar mensagem.”

- “Ah pois não, esqueci-me e quando me lembrei já era demasiado tarde. Decidi que ia procurar-te. Falar cara a cara é melhor.” Jiho sorriu e o nervosismo de Taeyang deu-lhe um pontapé violento na barriga.

- “A-Ah… estou a ver.”

- “Acabas as aulas às … 14h?” Taeyang acenou. “Então vai ter ao portão ok? Estarei lá à tua espera. Passamos pela pizzaria e trazemos uma ou duas pizzas para a minha casa.”

- “Okay… e… vai estar alguém em tua casa?”

- “O meu pai. Porquê? Tens medo de ficar sozinho comigo?” Jiho brincou junto de um sorriso muito brincalhão mas também tão terno e carregado de sentimentos. Como Taeyang era adorável.

Os olhos do mais velho ampliaram-se em total choque. Engasgou-se nas próprias palavras quando queria negar aquela ideia completamente… verdadeira.

- “Não precisas de ficar tão nervoso. Aliás eu nem percebo porque estás assim. Pode ser que esta tarde sirva para descontraíres um pouco.”

A campainha soou, anunciando o fim das aulas.

- “Oh, vou ter com os meus amigos. Não te esqueças, 14h ao portão. Tchau!” Jiho acenou e saiu de cena. Taeyang só sentia a sua barriga a revoltar-se contra o resto do corpo.

 

De novo, a campainha soou e a barriga de Taeyang continuava a maltratá-lo. Não pelo nervosismo de antes mas sim porque estava completamente esfomeado. Ele precisava de comida e depressa. Caminhou freneticamente para o portão a fim de encontrar Jiho e o puxar para a pizzaria do fundo da rua. Pediram as pizzas e esperaram, naturalmente. O mais novo encontrava-se preocupado com o rosto pálido e o olhar nervoso que Taeyang tinha. Insistiu em cancelar os planos mas Taeyang recusou. Ele precisava de comer e a pizzaria tinha o seduzido. Ele precisa de pizza naquele exato momento!

Por fim, a pizza tinha vindo e praticamente correram para a casa de Jiho porque Taeyang corria e Jiho só o podia acompanhar. Taeyang tornava-se num animal quando estava esfomeado.

Entraram na casa do mais novo e não houve tempo para a apreciar. Depressa se apresentou ao pai de Jiho sem qualquer nervosismo ou preocupação. A cabeça dele já estava a comer pizza.

Finalmente se aposentaram no quarto de Jiho. Sentaram-se no chão, abrindo as caixas da pizzas e as garrafas de sumo. Começaram a comer e Taeyang quase chorou de felicidade. Ele tornava-se noutra pessoa completamente diferente quando estava esfomeado. E só após 3 fatias de pizza, é que se apercebeu que estava sentado no quarto de Jiho. Por breves segundos, ele olhou para o mais novo, o nervosismo a cozinhar-se no seu corpo como um bolo. Lentamente, o bolo crescia no forno tornando-se mais robusto e sólido. Assim se processava o nervosismo do rapaz que só queria afastar-se do outro. Afastar-se porque não conseguia acalmar o seu pobre coração. Estar sempre em modo de alarme era cansativo  e nada confortável.  O seu motor queria correr a maratona e Taeyang só desejava que ele parasse um pouco.

Ding. O bolo estava pronto. Gotas invisíveis de suor formaram-se na testa do maior. As suas mãos humedeceram-se. O seu pé bateu num ritmo inconsciente no tapete creme. E os seus olhos só se direccionavam para o mais novo. Deixou a sua mente divagar mais um pouco, completamente alheio ao facto de Jiho também estar a admirá-lo.

Em primeiro lugar, desenhou num papel imaginário o contorno dos seus olhos. Duas amêndoas grandes. As suas íris eram escuras como breu, dando-lhe um ar sombrio e até estranho. As sobracelhas claras eram duas linhas esguias que alinhavam-se em perfeita harmonia com o resto da face. O nariz era um escorrega de um parque infantil numa tarde ensolarada de sábado. Os lábios. Oh, duas curvas, uma torta como a lua crescente, a outra ondulada como as ondas salgadas do mar. Os olhos curiosos e demasiado desinibidos de Taeyang continuaram a devorar os lábios do mais novo até que eles se curvaram ainda mais, num sorriso indevido.

O maior desejo de Jiho era voltar a conhecer o aroma viciante da boca do mais velho. Contudo, conteve-se. Não havia outra opção senão suprimir aquele desejo tão árduo e indomável. Jiho desafiou as leis da metafísica e guardou-o numa gaveta de madeira empodrecida.

Taeyang abanou levemente a cabeça, levando o olhar para a carpete, observando o padrão subitamente interessante. Um tom quente emergiu nas bochechas do mais velho que se apercebeu do que fizera. Porque é que ele insistia em ser tão esquisito? O que é que estaria Jiho a pensar naquele momento? Provavelmente que Taeyang era extremamente inconveniente.

- “D-Desculpa.” O rapaz recém-louro murmurou antes de agarrar na 4º fatia de pizza e a devorar para não ter de responder à possível resposta do outro rapaz.

- “Desculpa do quê?” Taeyang encolheu os ombros enquanto tentava separar aquele pedaço de queijo do resto da fatia com os dentes. “Eu também estava a fazer o mesmo. A apreciar o quanto tu és bonito.” Jiho explicitou sem ser pedido antes de cortar outra fatia para si. Observou o outro rapaz a engasgar-se e a beber o resto do sumo que residia dentro do seu copo de plástico. Soltou um risinho baixo, oferecendo mais bebida.

- “Mas tenho de perguntar. Porque descoloraste o cabelo?”

Taeyang acalmou-se e tentou pensar na melhor maneira de formular uma resposta coerente. Engoliu o resto de comida que pulava na sua boca para dizer: “A ideia não foi minha. Se eu alguma vez tivesse a coragem para fazer isto ao cabelo, provavelmente não faria. Porque é demasiado… extravagante e chama demasiada atenção. Mas… acabei por fazer a vontade à Jihye.”

 Taeyang não reparou que a expressão do mais novo se contorceu com o nome da prima.

- “A tua namorada?”

- “S-sim… ela disse que eu não tenho confiança nenhuma em mim por isso propôs uma mudança radical. E… foi isso que fizemos ontem na casa dela.”

- “Ah, estou a ver.” Jiho abanou suavemente a cabeça, de novo a apreciar o cabelo do mais velho. “Aposto que foi ela que te arranjou o cabelo.” Ele murmurou enquanto mexia em algum dos fios.

- “Sim.. mas ele não estava assim originalmente. Eu é que acabei por passar as mãos no cabelo e ele ficou assim. Hoje, quando nos encontrámos na casa-de-banho eu estava a ver o estado do meu cabelo depois de lhe ter passado as mãos acidentalmente.”

- “Ah.” De novo, Jiho abanou a cabeça. “Ele está bom. Loiro fica-te bem. E este penteado dá-te personalidade. Não penses em colocar-lhe outra cor ok?”

Taeyang fez beicinho e Jiho quis bater-lhe porque o seu auto-controlo estava quase a ficar sem bateria. “Porquê haveria de fazer o que tu queres?”

- “Porque acho que ficas bem, só isso. É bom mudar…a Jihye tinha razão.” O desagrado foi audível quando o mais novo foi obrigado a pronunciar o nome da rapariga. “E-Então… quando é que vocês começaram a namorar?”

Será que Jiho conseguia ouvir o seu cérebro a implodir? O que inventaria ele? Tentou mostrar a sua expressão mais convicta e começou a falar: “Bom nós somos amigos desde crianças. Crescemos juntos e… simplesmente aconteceu.”

- “Foi… depois de termo-nos beijado?” Aquele pergunta não conseguiu ficar dentro dos seus pensamentos abalados.

- “…S-Sim… alguns dias depois…” Como Taeyang odiava mentir. Ele odiava pessoas mentirosas e agora ele acabara de se tornar numa delas. Pensou seriamente em explicar que tudo não passava de uma fantochada. No entanto, como sempre, não arranjou coragem.

O toque de telemóvel tirou-o dos seus pensamentos demasiado distrativos e desviou assim a sua atenção para um Jiho surpreendido. “Preciso de atender isto, já volto okay?”

Taeyang sorriu ligeiramente e observou o mais novo levantar-se e sair do quarto. Agora sim é que havia tempo para se afundar no seu oceano de pensamentos, mas sempre nas águas mais superficiais.

O tempo passava e o Taeyang mordia outra fatia de pizza sem muito interesse, tentando se distrair. Porra, quanto tempo havia passado? Provavelmente uns quinze minutos. Taeyang deixou a cabeça tombar na cama, fechando os olhos, mas assim que o fez Jiho entrou no quarto com um sorriso maior que o normal…? Ou era só impressão?

- “Desculpa, era a Kyungri. Tive de atender.” Ele disse sem muito interesse aparente. O que Taeyang não suspeitava é que era tudo mentira.

- “Ah… quem é a Kyungri? Nunca ouvi falar dela.”

- “Oh. A Kyungri é a minha namorada.” Jiho fez um sorriso embaraçado, demasiado convincente porque, no segundo seguinte, a cara do mais velho foi única: um misto de choque, tristeza e fúria. Provavelmente a mesma que ele tinha mostrado no dia anterior quando Taeyang apresentou Jihye como sua namorada.

- “Ah! Não sabia…”

- “Começámos há pouco tempo. Espera. Porque é que eu estou a tentar arranjar desculpas? Tu também não me contaste da Jihye.”

- “A-ah…” Ele engasgou-se na própria saliva. “A-Achei que não fosse importante…”

- “Como assim? Achei que namorar fosse algo importante para ti.”

- “S-sim mas achei que não te interessava.”

- “Claro que me interessa, Hyung. Tive uma ou duas semanas a tentar comer-te, é claro que me interessava saber se tinhas namorada ou não. Não te chateava mais se tivesses dito que já tinhas alguém.” O mais novo esclareceu para depois colocar um sorriso muito atraente e convencido: “Mas há algo que me está a incomodar. Lembras-te quando me deste com os pés? Rejeitaste-me com as tuas razões… mas nenhuma delas foi a de teres uma namorada.”

- “O-oh…”

- “Não vale a pena dizeres que isso foi antes de começares a namorar com Jihye porque foi duas semanas depois de nos termos conhecido. Já disseste que começaste a namorar com a Jihye alguns dias depois de nos termos beijado por isso alguns dias não é 2 semanas depois.”

Taeyang estava oficialmente encurralado. Jiho era demasiada esperto para Taeyang lhe atirar com outra mentira à cara. Havia tantas falhas nas teorias de Taeyang que Jiho seria cego se não as identificasse.

Um suspirou longo escapou dos lábios do maior que não viu outra maneira de resolver os problemas.

- “Então sou eu agora que tenho uma pergunta. Porque estás tão interessado nisso? E se tu disseste que deixaste de tentar… comer-me… há umas semanas porque continuas a vir ter comigo?”

Um riso de escárnio ecoou na divisão e Taeyang sentiu-se ainda mais intimidado. Ele sabia que ignorar o assunto não era a maneira de resolver as coisas.

- “Porque tentas a todo custo afastar-me?”

- “Não respondeste.”

- “Tu também não. Acho que isso me dá o direito de fazer outra pergunta. Aliás podemos continuar a fazer perguntas um ou outro que nunca terão resposta. Que achas?” Ele perguntou, vestido de um sorriso amargo nada característico.

- “Preferia que as coisas ficassem resolvidas.”

- “Eu também, hyung. Apetece-me gritar de tão frustado que me sinto por não saber qual é o meu problema que te incomoda tanto.”

- “E-Eu… eu não sei, Jiho.” Ele abanou a cabeça, olhando de novo para a carpete. “Simplesmente… ou não estou preparado para uma relação ou tenho medo de me magoar…”

- “Tens medo que eu te magoe? Como assim, eu nunca te fiz nada…”

- “Fizeste sim. Beijaste-me. Brincaste comigo. Hey, é verdade que eu também entrei na brincadeira mas depois pensei bem no que aconteceu e não me agradou.  A situação quero dizer. O facto de tu poderes beijar uma pessoa que nem conheces bem. Quem me dá a certeza que tu não me traírias?”

- “Porra…” Ele riu-se, completamente derrotado. “Já percebi que o meu passado voltou para me assombrar. Ouve, caso não saibas e por favor acredita que neste mês eu não estive metido com ninguém. Há mais de um mês que não ando no rebuliço. E sabes porquê? Não é por eu não ter encontrado alguém mas sim porque não quis e tinha objetivos a cumprir. Sou um homem de palavra e sei quando agir seriamente quando a situação pede. E podes confiar que de todas as relações que tive não acabaram porque eu as traí.”

- “Ah..” Taeyang murmurou apenas para Jiho saber que ele ouviu tudo. Ele ouviu mas… ele sentia-se tão inseguro. Algo na sua cabeça o fazia querer fugir dali. Do inseguro para voltar à sua vida confortável. Voltar a sítio onde ele sabia que nada podia correr mal. Mas seria isso viver? Estar sempre no mesmo sítio? Não sair da nossa zona de segurança? Continuar a fugir dos dilemas da vida? Nesse momento, Taeyang apercebeu-se o quanto ainda tinha de crescer (Mesmo que o primeiro passo para se amadurecer seja reconhecer a falta dela).

- “Tu não és vidente e não sabes se eu te vou magoar. Eu tenho toda a certeza do mundo que isso não acontecerá porque sou eu que decido. Eu nunca te traíria. Sei que brinquei com os teus sentimentos quando te beijei e peço desculpa. A sério, peço imensa desculpa... Por causa disso tu agora nem me dás uma oportunidade de te mostrar o que eu realmente valho.” Outro suspiro saiu dos seus lábios. “Por vezes, posso parecer alguém que não leva as coisas seriemente mas as aparências enganam e eu acredito que sou desses casos.”

Taeyang escutava o outro com uma expressão indecifrável pois não tinha outra opção senão acreditar nele. Há uns 15 minutos, Jiho estava a provocá-lo e, agora, usava a expressão mais séria que o mais velho tinha visto na suas feições.

- “E… se for eu?” Taeyang finalmente se pronunciou. “E se for eu magoar-te? Eu não sei o que estou a sentir neste momento e é difícil falar sobre os meus sentimentos porque sinto-me inibido… não sei se deva ser sincero.”

- “Hyung, eu estou a ser o mais sincero que consigo por isso… “Jiho pegou-lhe nas mãos e Taeyang quase se afastou. Algo o deteve e deixou-o nadar naquele calor tão suavizante. “Peço que também o sejas.”

- “Então…” Ele alternou o olhar entre as mãos e o rosto do mais novo sem saber o que dizer. “… e se eu um dia descubro que nunca gostei de ti? Imagina que isso acontece! Ou se tu ou eu começamos a gostar de outra pessoa! Ou até se deixamos de gostar um do outro… acho… que o problema aqui é que eu nunca namorei com ninguém e por isso não sei lidar com isto…”

- “E vais deixar de fazer as coisas só porque nunca as fizeste? Então assim como conseguiste subir pela primeira vez a um palco? Isto é a mesma coisa. Só porque nunca tentaste, não quer dizer que não corra bem. E se não correr, tenta-se de novo. Estás a ser muito stressado hyung. Nunca ninguém te pediu para ser pefeito e eu não também nunca to pedirei.”

- “Compreendo…” Jiho acariciou as costas da mão alheia com o polegar.

- “É normal ter-se medo do desconhecido. Mas há que ter coragem para o enfrentar. Tens de te fazer à vida hyung.”

- “Sei que começámos mal mas… podemos acabar bem…” Um vermelho vibrante alastrou-se nas bochechas do mais novo. Jiho sentia-se envergonhado por estar a ser lamechas e a agir fora do normal mas Taeyang tinha de perceber o seu ponto de vista.

- “…E-Eu…”

- “Não te forces. Decides depois. Não tens de pensar nisso já, estou a dar-te tempo. Podes até discutir isso com a Jihye.”

- “O-oh.. ela… nós… não estamos a namorar, ela é apenas a minha prima…”

- “Eu já sabia que vocês não namoravam porque a história não batia certo mas é bom saber que ganhaste coragem para ser honesto. Mas ainda não percebo porque sentiste a necessidade de fingir- oh okay. Estou a ver que eu estava mesmo a incomodar-te.”

- “N-Não culpes a minha prima. Ela estava altamente contra o meu plano estúpido.”

- “E porque é estúpido?”

- “Porque… servia para te afastar de mim.”

- “Ah e tu já percebeste que eu sou uma parasita e que não te vou largar.” Ele soltou uma risada divertida, aos poucos voltando ao seu comportamento normal. Assim, aquele sorriso e aquela expressão deixavam Taeyang mais descansado. E secalhar houvesse a probabilidade (muito alta) de ele gostar mesmo de Jiho. O facto de ele ser um rapaz nem o tinha incomodado.

Taeyang forçou um sorriso. “Então.. e a Kyungri?”

- “Não existe. Apenas a inventei para entrar no teu joguinho mas ainda bem que ele já acabou.”

- “Ah…”

- “E que tal se víssemos agora Mad Max?” Jiho recomendou, apontando para o seu computador. “A menos que tenhas outros planos em mente…” Ele murmurou, aproximando-se um pouco, a sua mão a viajar pelo braço do outro, fazendo algo explodir dentro de Taeyang. “Estou a brincar claro. Não é preciso transformares-te num tomate!” De novo, se afastou com um sorriso traquinas para buscar o computador e o colocar na sua frente.

Taeyang manteve-se silencioso, sem saber muito bem como processar a informação daquela tarde.

Nenhum deles prestou a mínima atenção aos filmes e Jiho teve o descaramento de sugerir a maratona dos mesmos filmes para outro dia.

 

 

 

«Depois de me ter confessado a Sangwon, ele ignorou-me uns bons meses. Pronto, estou a exagerar. Foram dois meses. Mas para mim foram a eternidade e tu lembras-te bem como eu andava deprimido. Quase me levaste ao médico mas eu sabia que aquilo não era doença nenhuma.

Continuámos amigos pois ele decidiu não tocar no assunto e eu também não me atrevi a fazê-lo. Tinha demasiado medo de perder a sua amizade. Ser amigo dele já me deixava um tanto feliz (mesmo que por vezes fosse frustante).

Foi no meu 11º ano que as coisas mudaram. A meio do ano letivo, Sangwon começou de novo a ignorar-me. Eu tentei muitas e muitas vezes perceber o que se passava pois não havia problema prévio. Afinal, eu mantinha a minha paixão muito bem escondida e tratava-o como se não houvesse sentimentos. Sangwon não podia sentir-se mal, uma vez que, não havia maneira de adivinhar, só por observação, que eu era loucamente apaixonado por ele. Eu até comecei a desconfiar que ele próprio se esquecera ou simplesmente achara que eu já o tinha esquecido.

Ficámos umas três semanas sem trocar mensagens, nem sequer palavras. E eu, confuso e muito incomodado, não tinha outra opção senão pedir explicações. Encurralei-o num dia qualquer demasiado quente da Primavera e finalmente pude ouvir algo dele.

“Quando é que paras?” Perguntei, a minha voz firme como aço. Tinha de resistir.

“P-Paro… com o quê?” A voz de Sangwon era fina como uma teia de aranha.

“De me ignorar. O que se passa Sangwon?”

“N-Não se passa nada.” A sua voz era tudo menos sólida como uma teia.

“Não se passa nada mas deixaste-me de falar comigo?”

“…”

Suspirei por não conseguir arrancar uma resposta dele. Agarrei no seu pulso e puxei-o para as bancadas de escola. Como era fim da tarde, já ninguém estava lá sentado e assim podíamos ter toda a privacidade necessária.

“E agora?” Puxei de novo o assunto. “Vais falar?”

“E se eu não quiser?”

“E porque não haverias de querer? Fiz algum mal? Começo a achar que o problema sou eu!”

“Não é isso, hyung! Desculpa ok?” Sangwon abanou os braços no ar enquanto pedia desculpas. “Desculpa lá eu… eu tenho andado um bocado perturbado e ocupado…”

“C-Com o quê? Porque é que eu não posso saber?”

“P-porque….” Não houve continuação. Ele estava demasiado assustado e confuso para responder por isso eu tive de desistir. Deixei a minha cabeça cair, passando as mãos nos cabelos, tentando acalmar-me e ter o comportamento mais indicado.

“Okay, continua sem me explicares. Quando estiveres pronto dizes.” Quis soar amigável mas a minha voz denunciou o quão chateado e impaciente eu estava. Ele notou os meus sentimentos e deu um saltinho na cadeira quando viu que eu me levantara para abandonar o local.

“Espera!” Sangwon gritou, e eu assustado pelo grito súbito, parei e rodei o meu corpo para o olhar. “Responde-me só.” Pensei em todas as perguntas possíveis que pudessem sair da sua boca e aquela conseguiu não ser uma delas: “Ainda gostas de mim?”

Os meus olhos abriram-se ainda mais, sem saber como reagir. Ele notou a minha confusão e soltou um suspiro hesitante.

“P-Porque..”

“Porque sim hyung. Responde!”

“…Sim… eu ainda gosto de ti e para ser sincero acho que nunca vou parar de gostar…” Murmurei com as bochechas completamente vermelhas. Não sei porque lhe confessei algo assim porque de certeza que lhe ia causa desconforto. O que poderia eu esperar? Depois de anos de me ter confessado não era agora que ele ia começar a gostar de mim! Que sentido é que isso teria.

“O-Okay… era tudo o que eu precisava de ouvir.”Observei o rosa choque das suas bochechas desaparecer quando Sangwon baixou a cabeça, envergonhado. Ficámos em silêncio até ele se levantar e ir-se embora sem me dirigir a palavra. E naquele momento eu só pude chegar à conclusão que nunca teria sorte no que quer que fosse.»

 

 

 

Byungjoo sentara-se no chão alcatifado do corredor, ouvindo o som da televisão da sala e os seus pais a comentarem o que dava no aparelho. Ele estava naquela posição há exatamente 20 minutos e ainda não tinha arranjado coragem para se levantar e dizer o que queria aos pais. Por medo e por vergonha.

Será que os pais já imaginavam esta situação? Ou será uma completa surpresa? Byungjoo não consegue simular a cara da mãe que não seja uma de choque e tristeza. E ele não queria que os pais ficassem zangados por ele ser apenas ele.

É verdade que os pais nunca mostraram índicios de ser homofóbicos ou de não aprovarem uma relação homossexual mas com os filhos era diferente. Uma pessoa não se importa com gays mas se for o filho é diferente. Byungjoo tem medo desse cenário. Tem medo de ser rejeitado e tem medo de ser mal tratado por algo que não consegue controlar. Porque se homossexual ou bissexual não é uma escolha. É algo do nosso ser que não nos é controlável como a cor do nosso cabelo ou dos nossos olhos. Sim podemos mudar a cor do cabelo e até dos nossos olhos mas para quê mudar algo que é genuíno? Byungjoo pintara o cabelo de loiro mas não foi por não gostar da sua cor original, pintou-o por pura vaidade.

“Byung estás a fazer o quê?” A voz da mãe acordou o rapaz e mais um centrímetro para o lado e a jarra azul tinha ido à vida. Antes de levantar, Byungjoo levou a mão ao peito por causa do susto.

“Oh nada.” Byungjoo murmurou com um sorriso amarelo enquanto entrava na divisão. O pai olhava para a televisão e a sua mãe para ele com uma sobrancelha arqueada.

“Tiveste uma má nota num trabalho?”

“Han? Não!”

“Então porque estás tão hesitante em falar? Já andas assim há uns dias. Parece que foges de nós porque tens de dizer o que não devias.”

“Não é nada a sério!” Ele sentou-se no sofá junto dos pais e a mãe afagou-lhe os cabelos olhando de novo para a televisão. Continuaram assim durante mais alguns minutos pois Byungjoo não sabia como começar de novo. Devia dizer ou esperar por um momento melhor? Quanto mais adiava mais a situação piorava! Byungjoo já quase nem dormia decentemente. Ele tinha de resolver aquilo, ali e agora.

“Mãe e pai!” Byungjoo arqueou as costas, tirando os olhos da televisão, mas só recebeu um “hm?” baixo do pai que estava completamente absorvido pelo programa que dava.

“Sou gay!”

Silêncio. Nenhum dos pais tirou os olhos da televisão e Byungjoo assumiu que nenhum tivesse ouvido a sua confissão. Ficou desesperado só de imaginar ter de se repetir.

“Okay boa.” O pai disse-lhe, acenando com a cabeça, como se Byungjoo tivesse pedido para sair com os amigos.

“S-Só isso?”

“Só isso? Querias o quê? Uma festa?” A mãe dele riu-se da cara de assustado do filho. Aquilo só podia ser um sonho! “Não há problema nenhum em seres gay ou héterosexual. O que é que isso interessa? O que importa é que sejas feliz. Mas.. porquê? Arranjaste um rapazinho?!” A mulher olhou-o com ainda mais entusiasmo, agarrando-o pelo braço tentanto pensar em algum que conhecesse.

“S-Sim…”

“Ai que bom filho! Mas quem é~?” A mulher abanou  o filho enquanto tentava tirar essa informação da boca do rapaz. “Ai não me digas que é aquele rapazinho para o qual fizeste o bolo! Ele é tão giro e fofo! Diz que é ele por favor!”

“A-Ah… s-sim… o nome dele é Hansol…” Byungjoo quase não conseguia conter as lágrimas de tão feliz que estava. Ele esperava tudo menos aquela reação dos pais.

“Oh meu deus! Sim! A próxima vez que ele vier cá a casa sou eu que lhe faço um bolo okay?!” Byungjoo acenou.

“Mas estavas preocupado? Por não saberes como nos contar isso?” O pai de Byungjoo tirara os olhos da televisão e observou o filho com divertimento.

“S-Sim… eu não sabia como vocês iam reagir…”

“Byung, eu próprio não sou hétero por isso não há problema algum!”

“Quê?!”

“É verdade Byung!!!! Eu roubei o teu pai de um homem tããão charmoso. Nem sei como é que consegui mas ele está aqui comigo~” A mãe de Byungjoo esfregou o rosto no braço do marido e ele só se conseguiu rir da reação possessiva.

“U-uau…” Byungjoo só conseguia dizer de tão atónito que estava.

“O mundo dá voltas Byung! Mas não te preocupes com isso! Trá-lo para o teu pai conhecer. Aliás, querido, podias até pregar-lhe uma partida e e fazer de conta que eras um pai mau e que o querias matar!”

“Sim!” O pai dele bateu palmas entusiasmadamente. “Convida-o já Byung. Amanhã ás 20h aqui em casa! Se ele tiver que fazer desmarque!!”

Byungjoo riu-se ainda mais pois só de imaginar o Hansol a conhecer o seu pai em modo Mau é hilariante.

“É agora que aqueles anos todos de ator musical vão fazer efeito! Ele vai ficar apavorado só te digo!”


Notas Finais


yeeeeeeeee atualização n me matem ok?????? pd ser que este capítulo seja recompensador :( enfim já sabem parte do próximo cap eheheh quando é que ele será publicado???????? boa pergunta, acabei agr este capítulo! Vamos todos rezar para que me despache a escrever! Bom, beijinhos e abracinhos, amo-vos mt leitores e pessoas anónimas ehehehe deixem comentários pd ser que eles me deixei mais incentivada pa escrever!


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