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História Why My Heart ? - Paris dias 3 e 4


Escrita por: AngelBloodCJ

Notas do Autor


Desculpa a demora, pessoal! Fim de ano, faculdade, familia e muitaaaaa coisa pra resolver. Além de eu ter ficado doente. Enfim, voltei com um cap enormeeeee de presentinho de natal para vocês, espero que gostem.

Capítulo 88 - Paris dias 3 e 4


Fanfic / Fanfiction Why My Heart ? - Paris dias 3 e 4

Pov. Clary  

São seis da manhã quando minha vontade de matar alguém aparece. Alguém, que segundos depois de abrir os olhos descubro que é Isabelle, está me ligando pela terceira vez e a minha vontade é de jogar o celular na parede, mas na quarta vez escuto Jace resmungar. Ele está em um sono tão profundo e aparentemente bom que não quero arriscar acordá-lo, Jay não dorme bem assim há dias, por isso me levanto, agarrando o casaco que estava usando ontem à noite e levo o celular até a varanda, fechando a porta atrás de mim. 

-Você tem dez segundos para me dar uma justificativa razoável por ter me ligado 4 vezes as 6 da manhã antes que eu te mande ir ver se eu estou na esquina, Isabelle. - Atendo. 

-Que grosseria, Clariss...- A interrompo. 

-Já foram 3 segundos...- Ela bufa. 

-Alguém vai ter rugas muito cedo.  

-6 segundos agora. 

-O Jace não está te fazendo gozar não, menina?! - Reviro os olhos. 

-Tchau, Isabelle. - Tiro o celular do ouvido para desligar, mas ela grita antes. 

-Simon e eu voltamos. 

-O QUÊ?! - Quase deixo o celular cair de tão surpresa.  

-Isso é justificativa suficiente? - Ela ri. 

-Isabelle, como assim? MEU DEUS! Até semana passada você dizia que abre aspas “Ele é passado e eu não gosto de repetir figurinha, o encontro que tivemos foi só para apagar o fogo no rabo” fecha aspas. 

- Tenho certeza de que não disse... 

- Vai me contar ou não? – Bufo, Izzy ri. 

-Só liguei para avisar, sei que você torcia por isso, te conto tudo quando voltar. 

-Nem a pau! Vai me contar agora. 

-Amiga, não são 6 da manhã ai? – Me sento, observando a linda Paris. 

-Já estou acordada mesmo. – Dou de ombros, mesmo que ela não consiga ver. Izzy suspira. 

-Depois que ele me chamou para sair aquele dia, a gente andou se vendo, mas nada sério, eu continuei com meus contatinhos e ele também, mas aí aconteceu aquilo do maluco estar nos perseguindo. Simon esteve ao meu lado durante todo o resto daquela semana, mesmo eu pedindo que não, mas ele dizia que queria me ter por perto e que estava com medo de algo acontecer. Uma coisa levou a outra e ontem, saímos para jantar, ele se declarou e tudo mais e, pum! voltamos. – Ela fala tão rápido que demoro pelo menos 10 segundos para absorver tudo. Izzy odeia falar de relacionamentos, pelo menos os dela. – Ta viva? 

-Meu...Deus? – Ela ri. 

-Muita coisa, ne?  

-Estou feliz por vocês, amiga, muito, mas sabemos como acabou entre vocês...- Ela me interrompe. 

-Eu sei, eu sei, mas cansei de fugir do que eu quero, Clary. Do que o meu coração quer, amo Simon e quero ficar com ele. Ponto. – Começo a sorrir. 

-Eu amo vocês, sabia? – Izzy ri. 

-Sabemos sim, agora podemos falar de como até agora você não me mandou uma fotinha sequer daí? -Rio. 

-Estamos curtindo o momento, mas estamos cheiosss de fotos, vou te mandar algumas depois.  

-Vou te cobrar, você sabe né? – Resmungo. 

-Sim, eu sei bem. – Izzy ri. 

-Ah! -ela grita ao se lembrar de algo – gostaram do hotel? Fui eu quem escolheu. – Gargalho. 

-Sabia que tinha sido você, Jessy não escolheria algo tão...palácio?  

-Ela queria um que nem spa tinha! Pelo amor de Deus, depois de tudo o que vocês passaram merecem pelo menos um dia de spa.  

-Boa ideia, vou ver se fazemos hoje. 

-Ah mas vão fazer, não briguei com Jessy por nada. Rum. – Izzy resmunga, consigo até ver sua carranca.  

-Para de carranca, vai ficar com ruga mais cedoooo – cantarolo e rio quando a ouço bufar – e sim, adoramos o hotel, um pouco demais, mas muito bom.  

-Ótimo, agora assim que desligarmos quero as fotos. Desculpa amiga, preciso ir, Simon vai passar aqui jajá.  

-ihhhh, me trocando pelo simonzinho? -Zoo. 

- Você me troca pelo Jace o tempo todo! 

-Claro que não!  

-Tchau amiga, vai voltar a dormir. Manda foto. – e desliga. 

Não consigo evitar a risada que sai de mim, amo todos meus amigos, mas a parceria que Izzy, Jessy e eu temos é surreal. Não sei se é pq trabalhamos juntos e estamos 24 horas por dia grudadas ou pq simplesmente a nossa conexão seja diferente, não me importo, apenas amo as duas e elas me fazem um bem danado. 

Mando as fotos que Jay e eu tiramos para Izzy, aproveito para mandar para Sebs, que está me xingando por não respondê-lo, Jessy, mamãe e papai. Não sei quanto tempo passo ali, observando o nascer do sol e admirando nossas fotos, mas em certo momento estou com os dedos e nariz congelados e Jace me chama. 

-Caramba, amor! Quase morri de susto quando não te encontrei. – Jay diz após me gritar algumas vezes e me encontrar na varanda, sua cara de assustado me faz levantar da cadeira para abraça-lo, seu corpo quente me faz derreter em seus braços. 

-Desculpa amor, Izzy me ligou e eu não queria te acordar. – Ele beija minha testa, ainda me abraçando forte. 

-Tudo bem. - Ele suspira mais uma vez antes de se afastar e me estender o próprio celular. - É seu irmão, - reviro os olhos – ME LIGOU 5 VEZES – ele fala um pouco mais alto para Sebastian responder -para falar com VOCÊ! - Sebastian murmura alguma coisa no celular que eu não entendo. - Fala logo com ele antes que eu o xingue por me ligar mais de 3 vezes sendo que você estava com o celular nas mãos.  

Jay está mal-humorado por ter sido acordado tão cedo, por isso não discuto, o abraço para amolecer um pouco sua carranca e lhe dou um beijo casto no peito nu, Jace segura um sorriso antes de me entregar o celular e com um último beijo na testa, sumir pelo quarto.  Me preparo para os gritos indignados de Sebastian, suspiro antes de colocar o celular na orelha. 

-Oi, maninho! - Falo, animada.  

-”OI MANINHO’’, CLARISSA?! - Ele grita tão alto que até tiro o celular da orelha, está furioso. - SABE A QUANTO TEMPO ESTOU TENTANDO TE LIGAR? - Sabiamente fico calada – 3 DIAS! COMO VOCÊ VIAJA ASSIM E NÃO ME FALA NADA? PELO AMOR DE DEUS ISSO AO MENOS É SEGURO? TEM UM MALUCO ATRÁS DE VOCÊ, ESQUECEU? NÃO ACREDITO QUE... 

-Sebastian...- chamo, mas ele continua soltando uma cacetada de palavras que nem entendo, eu não conseguiria falar tanto tempo assim sem uma pausa para respirar e no final não ter uma crise de asma. Deixo com que fale e só o realmente interrompo quando minha bunda está quase congelada na cadeira e a minha paciência zero. -SEBASTIAN FAIRLCHILD MORGENSTERN, FICA QUIETO! - A linha fica muda, apenas sua respiração pesada – Vou começar a explicar antes que você jogue mais um milhão de perguntas nas quais não entendi nenhuma. - O ouço bufar – Planejei a viagem juntamente com Fernando e Peter, temos uma equipe enorme de seguranças com a gente e ninguém, fora as pessoas essenciais, sabem que viemos, estou sendo o mais discreta possível. -Espero por mais gritaria, mas ele fica quieto - Está ai? 

-Ah, então agora eu posso falar? - Me jogo na cadeira. 

-Meu Deus, porque você é tão dramático?  

-Clarissa, descobri através de Jessy que você iria para outro país e que ficaria quase incomunicável, pela JESSY! E ainda por cima passou 3 dias inteiros me ignorando, depois de tudo o que te aconteceu acha mesmo que eu não iria ficar desesperado?  

-Mas pedi para Jessy te explicar como tudo aconteceu, não tive tempo para nada. - O interrompo. 

-E você realmente acha que me acalmei? Por Deus, Clary, estava quase pegando um avião até ai! - Sua voz não está tão alta agora, mas o jeito que ele está demonstrando a preocupação...meu coração aperta. 

-Sebs...- Falo depois de um tempo que passamos em silêncio. 

-Eu sei que parece bobagem todo o show que estou fazendo, eu sei. - ele me interrompe, suspirando, a voz baixa e cansada – Mas fico preocupado, na verdade, apavorado! Você já passou por tanta coisa e continua passando, pensar que mais alguma coisa possa te atingir me deixa... - ele bufa. 

-Sebs, eu entendo. - Murmuro quando ele não termina a frase – E sinto muito por não ter te avisado, também ficaria preocupada se fosse ao contrário, estava tão absorta nos preparativos que acabei esquecendo de falar tudo para você, não achei nem que iria perceber que viajei. 

-Clary, a última vez que passamos mais de um dia sem se falar, sem que estivéssemos brigados, foi logo depois de você e Jace terem terminado e você estava péssima. - Odeio me lembrar dessa época - Acha mesmo que não iria perceber?  

-Desculpe, não quis te assustar. -Sebs passa metade do tempo me enchendo o saco e a outra parte fazendo piadinhas bestas, por isso que quando fala sério ou com o tom de voz assim, que só usa comigo, Jessy e Liam, é pq algo está errado, e me sinto péssima por deixá-lo tão preocupado. 

-Você está bem? - Ele apenas pergunta depois de longos segundos, abro um sorriso, mesmo que ele não consiga ver. 

-Sim, eu realmente precisava disso, Sebs. - Murmuro, perdida na vista de Paris a minha frente - Não sei o que faria se ficasse mais um dia naquela loucura toda, abarrotada daquelas merdas. - Ele suspira. 

-Eu entendo. Você continua com o acompanhamento do psiquiatra?  

-Sim, e do psicólogo também. - eu realmente odeio, com todas as minhas forças, entrar nesse assunto, minha saúde mental, principalmente com a minha família, mas faço um esforço para não o deixar preocupado. 

 -E os ataques de pânico? Os pesadelos? - Meu coração se aquece um pouco ao não sentir julgamentos em seu tom, apenas preocupação. 

-Não estou tendo pesadelos, graças a Deus e aos remédios que quase me dopam para dormir, - Doutor Maven, depois do que ocorreu no apartamento a alguns dias atrás, decidiu aumentar a dose de meus remédios, tanto para a ansiedade e crises do pânico como aqueles que me acalmam, vulgo dopam, para dormir. Odeio tomá-los, me deixam zonza e parece que passo o resto do dia em modo automático, além de dores de cabeça e náuseas - Já as crises de pânico, a última que tive foi a que você viu depois que me contaram sobre...- engulo em seco, meu coração acelera de um segundo para o outro. 

-Fico feliz que esteja melhorando, mas por favor, não deixe de tomar os remédios por conta própria, diversos efeitos poste... 

-Se for começar a dar um de médico eu vou desligar, você já me disse isso trocentas vezes e eu queria conversar com meu irmão, não com o doutor Sebastian Morgenstern.  

-Ok, ok, pode por favor me contar como anda as coisas aí então? Aliás, vi as fotos que mandou, confesso que estão lindas. - Sorrio comigo mesma. 

Passo os próximos 40 minutos contando cada detalhe da viagem para meu irmão, conto como planejei, o que fizemos cada dia e como estou me sentindo livre e feliz, falo tanto que no final estou até sem ar. Meu irmão volta a seu estado habitual, o de perturbador e piadista ruim nato, mas eu amo. Conversamos mais um pouco até que Jace acorda, agora de bom humor, mas ainda descabelado e com cara de sono, o que me faz desligar e passar o restinho da manhã deitada na cama com ele, pedimos café da manhã no quarto e ficamos apenas assim, nos acariciando, beijando e abraçando. Fazendo tudo aquilo que em NY não temos tempo. E foi perfeito. 

 

******************************************************** 

-Amor? - Jace me grita do banheiro assim que fecho a porta do quarto. 

-Oi. - Grito de volta, sua cabeça aparece pelo vão da porta, seus cabelos pingando.  

Logo depois do café da manhã decidimos fazer o SPA que Izzy estava tanto insistindo, tive que praticamente obrigar Jace a ir, ele diz que não quer participar dessas coisas pq é de mulher, tenho a impressão de que ele acha que é tipo um salão de beleza. Fizemos massagem, um ofurô com sais e mais diversas coisas nas quais me fazem até esquecer dos meus problemas, inclusive quis ficar mais um pouco antes de voltar ao quarto, combinando de encontrar Jay lá.  

-Por favor, nunca mais me arraste para um spa. - O encaro confusa. 

-Mas achei que você tivesse gostado.  

-Exatamente, gostei até demais. - Rio. 

-La vem.  

-É vergonhoso o quão relaxado fiquei, até dormi. - Gargalho quando ele completa, caminho a passos apressados até ele. 

-Isso é ótimo. - Rio em sua boca antes de lhe dar um beijinho, Jay está cheirando a sabonete e sem camisa, aposto que nu também, quando abaixo o olhar, Jay sobe meu rosto novamente. 

-Temos almoço reservado, não me provoque. - Sorrio. 

-A pessoa nua aqui é você, não estou fazendo nada. - Provoco, ele sorri de lado. Lindo. 

-Quem disse que estou nu? -Eu amo e odeio seu sorriso de lado, é excitante e irritante ao mesmo tempo. 

-Deixe-me ver então...- Quando faço menção de abrir a porta, Jay a fecha em minha cara. - Ei, grosseiro! - Grito, indignada. 

-Desculpa amor, medidas drásticas deveriam ser tomadas. - Ele diz lá de dentro – Vai escolher sua roupa, já estou terminando. 

-Você não manda em mim. - Cantarolo, me afastando da porta. 

-Já te disse que vamos almoçar naquele restaurante Le Jules Verne? - Agora estou abrindo a porta do banheiro. - Ei! - Jay grita, assustado. 

-Aquele que estou tentando marcar desde que saímos de Nova Iorque? - ele bufa quando ver que não vou sair. 

-Sim. - Não consigo segurar o gritinho que sai de mim, abro a porta mais ainda e me jogo em meu namorado. Estou falando desse restaurante desde que chegamos, mas nunca conseguíamos reserva. - Uau! - Jace ri, me segurando pela cintura. - Você gostou mesmo. - Sorrio antes de lhe dar um beijo, Jace sorri no final do beijo, fazendo-me perder o ar, sem que eu espere, Jay me gira e então estou virada para a porta do banheiro. - Por favor, vá escolher sua roupa, esse biquini está me deixando louco. - Rio, enquanto ele me empurra porta a fora. 

-Sim, senhor Herondale. - Ele suspira. 

-Não está me ajudando. - Rio novamente. 

-Amor? - o chamo antes que ele possa fechar a porta, Jace me olha ansioso pelo feixe da porta, sorrio. - Eu sabia que estava nu. - Ele gargalha. 

-Você é impossível, Fairchild. - Sorrio antes de ter a porta fechada em minha cara de novo então vou em busca da roupa.  

Mais de trinta minutos se passaram e eu ainda não consegui decidir minha roupa, estou perdida no meio do quarto com peças de roupa espalhadas e as malas abertas, inclusive as de Jace. Quando meu namorado finalmente sai do banheiro está todo arrumado e cheiroso, fico hipnotizada.  

-Me diz que pelo menos escolheu a roupa com essa bagunça toda. - Sorrio amarelo, ele nega com a cabeça. 

-Você está lindo. - Ele ri. 

-Sem bajulação, não vai funcionar. - Meu sorriso morre. 

-Amor, eu preciso estar arrumada, mas confortável pra gente turistar, mas tudo parece ou muito extravagante ou muito pouco. - Lamento, me jogo em cima das roupas para completar o drama, Jace ri. 

-Amor, é só escolher uma calça e uma camisa de manga longa, pronto. O casaco vai cobrir tudo. – Fecho a cara. 

-Não, quando eu tirar o casaco tenho que...- me interrompo, sentando-me novamente – Aí minha nossa, estou falando igual a Isabelle. – Jace ri. – Não, não mesmo. Vou com... - Procuro uma calça entre as montanhas de roupa, por fim pego uma bege, grossa – essa – e então saio em busca de algo para usar na parte de cima, acabo escolhendo um suéter creme, grosso e grande. – Pronto, só colocar um cachecol, uma bota e uma touca. Pronto. – Decido, me levantando com tudo nas mãos. 

-Você vai sentir frio – Jace diz. 

-Vou usar segunda pele.  

-Sexy. – Gargalho, pq não tem nada de sexy nisso.  

-Pelo menos não vou congelar. – Digo, indo em direção ao banheiro.  

Tomo meu banho o mais rápido possível, troco de roupa e acabo gostando do resultado. Ficou aconchegante e chique ao mesmo tempo, além de estar bem quentinho, o que não é bom neste exato momento já que o aquecedor está ligado e eu estou secando o cabelo. Quando termino nem me incomodo de passar maquiagem, quero estar o mais confortável possível, sempre procurar estar assim quando vamos turistar pela cidade, e como sei que vamos pegar metrô e andar pra caramba, não tem nem pq me arrumar tanto, além de que, não quero chamar atenção, coisa que meu cabelo por si só já faz.  

-Estou pronta. – Anuncio, Jace está deitado na cama com o celular nas mãos.  

-Dessa vez nem demorou tanto. – Ele levanta, vindo até mim em seguida enquanto passa o olhar por minha roupa – Está linda. – Sorrio, me esticando para lhe dar um selinho de leve. 

-Obrigada. – Seguro sua mão. – Vamos? – Ele assente.  

Antes de sairmos pegamos nossos casacos pesados, pego um sobretudo felpudo de uma cor mais clara que minha blusa, o mesmo que não me lembro de ter comprado, coloco minha touca branca, o cachecol na mesma paleta da roupa e por fim saímos.  

Algumas pessoas entram no elevador de acordo com o que vamos descendo, mas ninguém nem nos olha, estou no fundo do elevador com Jay, ele encostado na parede metálica e me abraçando por trás. Quando saímos para o ar frio de Paris não reclamo, apenas respiro fundo e esperamos pelo carro, o mesmo moço que trouxe nosso carro abre a porta para mim, sorrio ao entrar e suspiro ao encontrar o aquecedor ligado. 

-Sabe onde fica? -Pergunto a Jace quando ele sai com o carro.  

-Sei que é perto da Torre. – Rio. 

-Amor! – ele ri comigo, pesco meu celular na bolsa e então nos guio até o restaurante. – Você gostaria de morar aqui? 

-Aqui tipo nessa rua ou em Paris? – Ele pergunta, confuso. 

-Paris. – Jay estica a mão para segurar a minha enquanto dirige e isso me dá vontade de lhe dar um beijo. 

-Honestamente? Não sei, acho que estou acostumado com a correria de Nova Iorque, mas aqui é tão...- ele pensa. 

-Tranquilo? – Ele assente.  

-Pq? – Ele me olha de lado rapidamente, um carinho de leve em minha mão- Quer morar aqui? -Dou de ombros. 

-Não me incomodaria, mas acho que você ficaria entediado.  

-Não sabia que você moraria aqui comigo! – ele me olha exasperado – Nunca fico entediado com você. – Rio pq sei que ele está brincando, Jay volta a olhar rapidamente para mim, os olhos brilhando. 

-Pare de me olhar assim! – desvio o olhar. 

-Assim como? 

-Assim! – Aponto para seu rosto. 

-Estou te olhando normal. – Cerro os olhos para ele. 

-Um dia desses eu ainda acredito nisso, pode confiar. – Jace ri e então o carro vai diminuindo a velocidade.  

-Eu acho que é aqui...- Jace diz, incerto. 

-Sim! – Bato Palmas, animada. – Vamos. – Salto do carro assim que Jace o para.  

-Ei, pequena. – Jace se apressa atrás de mim, entregando a chave ao manobrista. – Meu Deus, você é rápida. 

-Minha nossa é tão lindo! – espio por detrás da pequena fila a nossa frente.  

-Não achei que teria fila. – Jace murmura ao meu lado, se inclinando para entrelaçar o braço ao meu, o sinto tenso.  

-Está tenso, o que foi? – Murmuro para que só ele me escute.  

-Os seguranças estão mais perto. – Ele os aponta com a cabeça, reconheço Fernando, Peter e mais duas pessoas que vieram conosco no avião. 

-Será que aconteceu alguma coisa? – pergunto, preocupada.  

-Acho que não, se não teriam se aproximado mais. – Assim que Jace termina de falar, logo na esquina vemos uma comoção, Jace me gruda mais a ele e então Peter e Fernando estão a minha frente.  

-O que houve? – Pergunto a Peter, que está mais perto de mim, Jace está falando algo com Fernando. 

-Apenas alguns paparazzis, entre 4 ou 5. – Bufo. – E fãs.  

- Amor, - Chamo Jace – sinto muito, mas não acho que vamos almoçar tão cedo.  

-Fãs? – assinto.  

-Tudo bem. – Sorrio para ele, amo como ele não se incomoda quando paro para dar atenção aos fãs.  

Segundos depois estou rodeada por eles, os seguranças mantêm os urubus longe enquanto tiro fotos e autógrafo algumas coisas, ganho flores, cartas e até bijuterias, é tudo um amor.  

-Senhorita Fairchild, - um cara alto me aborda, está todo de preto e parece um segurança, mas sei que não é um de nenhuma equipe de Fernando ou Peter, sei todas as pessoas que nos acompanham e que tem permissão parar falar com a gente. – sou Ravier, segurança do restaurante, vim acompanha-la e ao senhor Herondale até a entrada. – Sinto Peter se aproximar mais de mim, Jace está ao lado de Fernando, conversando com um outro segurança mais afastado, Peter e Fernando trocam um olhar. 

-Pode deixar que nossa equipe cuidará disso. – Peter diz por fim, o homem o encara, os outros seguranças estão tentando manter a ordem entre os fãs e recebem os presentes.  

-Senhor...- Peter finge que não escuta Ravier, apenas me conduz até a entrada, onde Jace me espera, o olho confusa. Assim que chegamos à porta, dois seguranças saem do restaurante, assentindo para Fernando.  

-Podem entrar. – Fernando diz em baixo tom para nós, Jace então segura minha mão e entramos no restaurante.  

-Senhorita Farichild! – Um senhor baixinho e muito bem arrumado vem nos cumprimentar, acompanhado de uma moça que parece trabalhar aqui – Se soubéssemos que a senhorita viria teríamos planejado sua entrada de imediato, sinto muito. – ele vira-se para Jace – Senhor Herondale, peço desculpas pela falha no planejamento. – Seu sotaque é tão forte que preciso pensar duas vezes ao entender o que ele diz. – Me chamo Charles Petit, chefe fundador. – ele estende a mão para que a apertamos. 

-É um prazer. – Sorrio ao apertar sua mão, Jace é menos caloroso.  

-Eu mesmo cuidarei de seus serviços está noite, por favor me acompanhem até sua sala privativa. – Ele sorri, somos acompanhados de perto por Fernando e Peter enquanto o senhor Petit nos guia, fico embasbacada com a beleza do lugar.  

É aconchegante e cheio de arte, tenho a sensação de estar em um lugar confortável quando entro e lindo ao mesmo tempo. Cada arte foi comprada por um artista local, a foto de cada um deles está emoldurada em uma parede chamada “parede de nossos famosos". Eu amo o jeito como cada uma é diferente da outra, algumas em preto e branco, outras coloridas, abstratas e mega realistas que me vejo perguntando a técnica de cada uma. Tem desenhos, esculturas, pinturas, fotografias... e é tão lindo, não só pq eles apoiam os artistas pequenos e locais, mas pq cada peça parece que completa o lugar.  

-Sabia que cada uma dessas obras foi feita por um artista pequeno local? – Pergunto a Jace, ainda olhando ao redor.  

-Jura? – Assinto – Muito legal.  

-Estão todas a venda. – Senhor Petit diz com seu sotaque forte – caso estejam interessados, sei que a Senhorita se interessa por arte e até tem algumas obras próprias, sou grande fã das obras da familia Fairchild. – ele diz ao entrarmos em uma sala igualmente aconchegante e chique, aqui tem mais obras. – Inclusive... 

-Tem uma de mamãe. – O interrompo, Jace me olha confuso, rio ao apontar para a obra que cobre a parede inteira a nossa frente. – Mamãe e eu quem pintamos. -Falo e então me viro para Petit. – Não sabia que o senhor a tinha comprado.  

-Oh, senhorita, sua mãe quem a doou, e foi um pedido especial para que ficasse nesta sala e que não a vendêssemos, disse que este é um restaurante importante para a senhorita. – Sorrio, nostálgica, Jace aperta minha mão a sua. – Fiquem à vontade, por favor, voltarei logo com o menu. – Ele sorri antes de se apressar até a porta.  

Jace e eu nos sentamos na mesa a luz de velas, os pratos são coloridos, assim como as taças, copos e talheres.  

-Já veio aqui antes? – Jay me pergunta logo depois que sentamos, assinto. 

-Todas as vezes que viajo para cá, uma vez quando era menor com mamãe, papai e Sebs, e depois apenas com mamãe. – Digo, volto meu olhar para o quadro. – Esse foi o primeiro quadro que mamãe e eu pintamos, logo depois que saímos daqui ela amou o conceito do restaurante e eu fiquei apaixonada nas pinturas, fomos para o hotel e pintamos por horas, papai tinha que nos arrastar para fora do hotel. – rio. – Quando voltamos a Nova Iorque, mamãe teve que trabalhar em outros quadros então me deixou este, o desenhei, pintei, fiz tudo o que quis e mamãe amou. – Jace está admirando o quadro ao meu lado, subitamente fico sem graça, eu tinha 14 anos quando o pintei, já tinha pintado alguns, mas nada assim, apenas por diversão, não sabia nada de técnicas, mistura de cores...nada. 

-Este foi seu primeiro quadro? – Jace aponta para o quadro.  

-Não que eu pintei na vida, mas o que deixei as pessoas verem. – Ele me encara. 

-Quantos anos você tinha?  

-14. – Ele ergue as sobrancelhas. 

-Uau! Você é uma bendita de uma mulher talentosa. – Rio por seu exagero. – Estou falando sério, este quadro é incrível, pequena!  

-Não é pra tanto, eu não sabia nada de... 

-Não, não... pode parar! Não vou deixar você falar mal dessa obra de arte, pode parar de agredir meus ouvidos. – Rio novamente.  

-Exagerado. 

-Não te escutei. – Ele vira o rosto para o quadro, reviro os olhos.  

-Ok, pare de olhar, estou ficando nervosa! – exclamo quando ele passa segundos o encarando.  

-Você já vendeu algum? – Ele volta o olhar ao meu, segurando minha mão.  

-O que? Quadro? – Ele assente. – Sim.  

-Pq nunca soube disso?  

-Pq uso um nome artístico, ninguém sabe que sou eu. – Revelo. 

-Não acredito nisso! Eu poderia ter uma parede inteira de obras suas e, invés disso, eu nem sabia que você continuava pintando! 

-Senhor dramático, eu parei de pintar quando minha carreira artística começou a me tomar mais tempo, a maioria dos quadros fiz nas aulas da faculdade, mamãe insistia em coloca-los no ateliê dela e, bom, deu certo. -Explico. 

-Não acredito que não sabia disso. – Sorrio torto – minha vida é uma mentira. – Reviro os olhos. 

-Meu Deus, que drama!  

-Quero comprar um. 

-Não.  

-Sim. 

-Cadê o garçom, hein? – Ignoro Jace, olhando para a porta.  

-Quando menos esperar vai achar um quadro seu em cada canto da nossa casa. – Rio. 

-Amor... 

-Eu sei, eu sei, a casa do seu pai não é nossa, não tô falando dela, tô falando da Herondale. – Acho tão lindo o jeito que Jace já considera como nossa casa, mostra como ele sabe que não existe mais ninguém além de nós para a gente.  

O garçom finalmente aparece com o menu, quando fazemos nossos pedidos, evito de pedir vinho, Jace brinca que eu fico bêbada 2 vezes mais rápido com vinho, e ele não mente. Fico doida além do limite, ele diz que não se incomoda, que sou uma bêbada engraçada, safada e fofa, dependendo do meu nível de bebida. Então decido mentalmente que minha missão de hoje é deixar Jay bêbado, eu sempre sou a quem fica bêbada, agora é a vez dele, mas ele não pode saber ou vai se recusar para “cuidar de mim".  

-Posso ao menos tentar descobrir seu codinome secreto? - Ele volta ao assunto, bufo. 

-Jay, esquece isso. - Ele nega. 

-Nem a pau! 

-Você não vai acertar.  

-Vou perguntar ao Sebastian então. - Rio. 

-Ele não sabe. 

-Mentira. - É mentira mesmo, mas não deixo transparecer. 

-Pq você não usa seu próprio nome? - ele finalmente pergunta.  

-Não sei. - Falo por fim, Jace me encara e eu suspiro. 

-Amor? - argh, odeio que ele sempre sabe quando estou escondendo algo. 

-Quando eu comecei a crescer no mundo digamos...famoso? - ele assente – As pessoas me procuravam sempre na faculdade, me bajulavam, fingiam ser meus amigos...acho que você lembra de uma parte. 

-Lembro. - Terminamos quando eu estava começando a estourar, fazia shows de graça, abria para algumas bandas maiores e então comecei a ganhar um dinheiro, não só com shows meus, mas com a internet e alguns papéis no teatro. Jace e eu terminamos logo depois de primeiro show com cachê, apenas meu, depois disso foquei em escrever músicas autorais e então lancei a primeira música, que foi um sucesso, depois um álbum e por aí vai. 

-Então, percebi que eles queriam ficar perto para ganhar fama em cima de mim, ou atenção, sei lá...- dou de ombros – Tanto que os únicos amigos que eu tenho mesmo é o nosso grupo, o pessoal de Londres e as pessoas do mesmo meio que o meu.  

-Sinto muito. - Jay diz, com sinceridade.  

-Está tudo bem, desde cedo percebi que não precisava de mais, eu já tinha vocês. - ele sorri, apertando minha mão. 

-Mas eai? - rio de sua curiosidade. 

-Pensei que se vende-se as coisas com meu nome, as pessoas comprariam pq Clarissa Fairchild as tinha pintado, não pq gostaram ou pelo meu talento. - Dou de ombros – Eu sei que fui idiota e que deveria ter usado minha fama para me ajudar, mas não queria, queria que as pessoas gostassem pelo meu talento e não por quem eu sou.  

-Não acho que você foi idiota. - Jace diz por fim – E eles vendem?  

-Todos os que eu fiz já foram vendidos, doei o dinheiro para algumas instituições de caridade. - Ele sorri, antes que ele possa falar alguma coisa, o garçom chega com nosso pedido.  

A conversa quase cessa durante o almoço, a comida está tão boa que nenhum dos dois sente vontade de parar de comer para falar. Assim que Jace termina o dele, olha para o meu, que está pela metade já que ele come rápido que nem um morto de fome, seu olhar me faz trazer meu prato para mais perto de mim. 

-Tudo bem, eu sei que você não vai conseguir comer isso tudo mesmo. - Ele dá um sorrisinho de lado.  

-Assista então. - seus olhos brilham e então dou outra garfada, ele ri.  

Quando finalmente acabo a sobremesa, Jace está no fim de sua terceira taça de vinho e está super sorridente, o que me deixa feliz.  

-Vamos? - Digo assim que pagamos a conta, Jay assente. 

Assim que nos levantamos sr. Petit me pede gentilmente para tirar uma foto com o quadro, após me perguntar se poderia postá-la nas redes sociais do restaurante e então enfim vamos embora. Suspiro com o frio assim que colocamos o pé para fora do restaurante, agora pelos fundos para não atrir atenção. Jay e eu colocamos os capuzes para não sermos reconhecidos, ou pelo menos tentar não. 

-E agora, amor? -Jay me pergunta, segurando minha mão. 

-Primeiro, você não vai dirigir. - ele faz uma careta fofa – Vamos pegar o metro e andar um pouco. - Decido. 

-E o carro?  

-Os seguranças podem levar.  

Jace aceita, ele nem ao menos me pergunta se sei como chegar aos lugares, se são longe um dos outros, sobre os seguranças, nada. Ele apenas sorri, os olhos dourados brilhando lindamente enquanto ele pega o celular e avisa aos seguranças, em pouco tempo estamos andando pelas ruas, reconheço alguns seguranças a paisana ao nosso redor, mas sinceramente, não ligo. 

A partir daí tudo é uma aventura, nenhum dos dois sabe qual metro leva para onde ou se estamos na estação certa, confiamos no lindo gloogle e o francês enferrujado de Jay. É no mínimo hilário, tivemos que parar para pedir informações em uma lojinha quando o gps nos fez parar onde seria um dos museus que visitaríamos, mas acabamos em uma grande rua de comércios adorável.  

Jace parece nervoso conversando com a mulher, ela faz uma careta e empina o nariz, aponta para o capuz de Jay e então resmunga algo, meu namorado suspira em resposta e então tira o capuz, a mulher arregala os olhos e volta a falar. 

-Meu Deus, acho que estou pagando todos meus pecados com essa conversa. -Escuto Jace murmurar, me afasto dos dois, rindo de leve enquanto passo o olhar pela loja.  

É pequena e possui muitas flores, de todas as formas, cores e tamanhos, espalhadas por todos os lugares possíveis, o cheiro é tão bom, mas quando cheiro uma delas percebo que são de mentira. Após analisar o local chego a conclusão que é uma loja de pequenas antiguidades, há pequenas pinturas antigas no estilo francês, um cavalete me deixa apaixonada, há bonecas, roupas, acessórios, decorações adoráveis, cartões postais, chaveiros com frases inspiracionais e encontrei até uns com memes. 

Estou pegando alguns cartões postais e chaveiros quando vejo uma câmera, um pouco maior que a palma de minha mão, penso em levá-la também, então a pego coloco na pequena cesta que estou guardando, encontro um grande mapa de Paris e por fim duas águas. Pago tudo com um senhor que nem olha para mim, não que eu esteja ligando, assim que me viro para onde deixei Jace e a atendente, venho que a mulher está vermelha de raiva e Jace olhando desconfortável para ela, segurando o celular como se a vida dependesse disso.  

Assim que chego perto ela começa a gritar, abanando os braços como uma garça, rio de seu jeito escandaloso, Jace me pega pela mão e começamos a nos afastar. 

-Sua doida de pedra. - Ele diz para ela em inglês, a mulher arregala os olhos em descreça - AH! ISSO você entende, né? - a mulher parece xingar, rindo, puxo Jace pelo braço para longe, ainda escutando a mulher resmungar. 

-Por Deus, o que você disse? -Pergunto, rindo. 

-Eu só queria saber onde ficava o museu! - ele se defende, rio. 

-Pois você deve ter falado algo muito errado pq ela estava com cara de que você xingou a mãe dela. - Digo, ele bufa. 

-Pq eu tenho que ser o errado? Eu só perguntei onde ficava o bendito museu e ela começou a surtar.  

-Ou você sem querer xingou a família dela, ou pior, o país dela. - Falo para encher seu saco, ele arregala os olhos dramaticamente. - É melhor corrermos antes que a polícia chegue até ela e sejamos deportados por você ter cometido um crime contra o país deles. - rio da cara dele. 

-Ah por favor, é capaz de ela xingar o guarda por querer ajudá-la também. Além disso, depois de tanto xingamento em francês não sei como nenhum dos seguranças parou para ver se eu estava sei lá, correndo perigo. - Gargalho – e nem pra você me ajudar, aproveitou pra comprar, né? - ele cutuca a sacola que estou segurando. 

-Primeiro, - o empurro de leve com o outro – o máximo de perigo ali poderia ser ela pegar a vassoura e te expulsar a pauladas. - rio. 

-Haha, muito engraçado. 

-Segundo, eu não sei falar francês e você parecia estar se virando muito bem, além disso, a vendinha é adorável. – Sorrio, Jace semicerra os olhos. 

-Você é impossível sabia? – Sorrio mais abertamente.  

-Ah! - Paro de andar para vasculhar a sacola com as coisas que comprei, Jace se põe ao meu lado, tentando xeretar o que há dentro, o afasto com um o cotovelo. 

-Nossa mas que violência! – Ele resmunga, reviro os olhos e então finalmente alcanço a pequena câmera.  

-Olha o que eu achei! – A levo até o nível de seus olhos, Jace olha para a câmera confuso. 

-Que isso? É um chaveiro? – Ele a pega, é cômico o quão pequena fica a câmera em suas mãos enormes. – Mas é meio grande pra ser um chaveiro. – Ele a vira de todos os ângulos. – Amor, isso é algum tipo de objeto do mundo da arte super renomado e que eu não entendo? – Ele me pergunta, começo a gargalhar ao perceber que ele está falando sério. Tinha me esquecido que ele bebeu 3 taças de vinho. 

-Jace, é uma câmera! – Me estico para pega-la, ele a tira de meu alcance, sorrindo. 

-Eu sabia. – mentiroso.  

-Ei, ela é minha! – Ele vira de costas para mim, agora focando em algo com a câmera. -Amor!  

-Sorria! – Ele então se vira, olhando pelo buraquinho da câmera minúscula em seu rosto, sorrindo para mim. Impossível não sorrir pra essa visão.  

-Pronto? – Pergunto depois de vários segundos.  

-Uau, ela até filma. – Ele exclama. 

-Pelo preço deveria até fazer um cafezinho pra mim. – Murmuro, me aproximando dele para ver o que ele mexe tanto na câmera.  

Depois de 15 minutos estou com os dedos e o nariz congelando, Jace encontrou na câmera o hobby da vida dele e descobrimos que essa pequena coisa sabe gravar, tirar fotos e até as revela.  

-Jace, pelo amor de Deus se não voltarmos a andar logo eu juro que entro em nesse metro sem você. – Ele levanta os olhos da máquina e sorri de lado.  

-Mulher, você ama minha atenção, né? – Ele se aproxima, passando o braço por meus ombros e beijando minha cabeça quando reviro os olhos.  

-Vamos logo, seu chato. – o puxo pela mão pela pequena rua.  

A rua está lotada, pessoas falando em francês em cada cantinho, sorrindo, comprando nas vendinhas, a maioria parece ser daqui mesmo. Fico encantada com as lojinhas e com a cultura diferente, sempre amei viajar, conhecer novos lugares, novas culturas. Apesar de já ter vindo a Paris algumas vezes, nunca realmente conheci a cidade. Quando vinha com a família eu era muito nova para realmente entender a diferença das culturas e apreciar a beleza desse lugar, Bast e eu íamos aos pontos turísticos com  papai e mamãe e depois voltávamos para o hotel enquanto eles queriam se aventurar pela cidade, sempre foi assim em nossa viagens. Engraçado como hoje em dia penso que deveria ter aproveitado mais. Papai e mamãe juntos... 

Quando viajo em turnê é ainda mais complicado, eu chego em uma cidade e passo no máximo uma noite, não tenho tempo de conhecer nada, só pelas ruas que passamos ou onde apresente e como, é sempre uma loucura.   

-Você tá quieta. – Jay diz na metade da viagem de metrô para finalmente chegarmos ao museu.  

-Só pensando. – Sorrio de leve.  

-Uma foto por seus pensamentos. – rio. 

-Minha nossa você gostou mesmo dessa câmera. – Ele dá de ombros. -E não, essa câmera só tem foto minha, você não é nada discreto.  

-Eu não estava tentando ser. – cara de pau! Ele sorri de lado, o bendito sorriso de lado que me deixa louca. – Ok, então uma foto minha por seus pensamentos.  

-Agora estamos fazendo negócios. – Me animo – Quero duas. – Ele nega. 

-Como vou saber que você não esta pensando em sei lá, - Ele se inclina para sussurrar em meu ouvido – que essa senhora sentada ali parece aquela nossa antiga professora de história americana do último ano. – me viro para olhar para a senhora.  

-É ela. – eu murmuro de volta. 

-Pode não ser.  

-Amor, ela nos odiava! – Murmuro exasperada. Tiro meus olhos dela, com medo de que ela perceba, Jace continua olhando. – Ei, ela vai perceber e então seremos chamados de sem limites de novo. – me lembro que ela adorava chamar nosso grupo assim “ A família do barulho”.  

-Ela nem deve lembrar da gente, amor. – Jace ri. – Faz o que?  

- 6 anos? – Busco na memória.  

-7? -Ele rebate, dou de ombros.- Ela era alta desse jeito? – me viro para analisa-la de novo, a Senhora Eleonor Lefevre está sentada a alguns poucos metros de nós, as pernas cruzadas e o casaco enorme a engolindo, continua com os mesmos óculos redondos, os cabelos brancos e a pele enrugada em uma eterna careta.  

Era a única aula que nosso grupo todo fazia junto, fora educação física, então tentávamos aproveitar isso. A professora por outro lado, nos odiava e tentava nos separar sempre que pudesse, a gente sempre rebatia, Magnus uma vez respondeu que família não podia ser separada e então viramos o grupo família do barulho.  

Me lembro que ela odiava que eu sempre estivesse desenhando em sua aula, todas as vezes que ela me pegava fazendo algum era tirado de mim e então eu ouvia que deveria focar em meu futuro e não ficar desenhando por aí. Nunca sei onde meus desenhos foram parar, Jace até tentou procurar em sua sala uma vez, mas um professor nos encontrou e fomos mandados para a detenção. Jace sempre odiava como ela tratava minha arte, ele dizia que eu nunca desrespeitava ela, que só tirava notas boas e na maioria das vezes a culpa da família do barulho estar fazendo barulho não era minha. Uma vez precisávamos explicar sobre como a depressão afetou os Estados Unidos de modo livre, fiz um desenho pensado e elaborado com todas as razões e me lembro de estar super animada com isso, era a primeira aula, fora artes, que eu me permitia apresentar algo que eu mesma desenhei. A professora apenas disse que ela queria explicações, fatos e não um desenho, me perguntou se eu estava brincando com ela e então levei uma advertência.  

Eu sinceramente nunca liguei, me lembro de que deixei o desenho para que meus amigos estudassem, todos tiraram notas muito boas e me agradeceram depois. Já Jace não levava bem não, posso me lembrar de boas discussões entre os dois, comigo apaziguando e Sebastian dando corda. Mas só para irrita-la eu desenhava toda aula dela, sobre sua própria matéria, ela sempre os tirava de mim, mas eu continuava fazendo só para mostrar que suas palavras não iriam parar o que eu fazia. Ela ficava muito puta e eu me divertia horrores.  

-Eu acho que não. – Murmuro para Jace.  

-Lembra quando ela expulsou nosso grupo todo da sala pq a Maia não consiga parar de mandar as fotos horríveis do aniversário da Emma no grupo? – Tento muito não gargalhar alto ao me lembrar disso. 

-Me lembro que o Simon ficou puto pq ele nem com o celular estava. – Jace concorda, rindo. 

-Você até tentou debater com ela  lembra? – Assinto. – Ai eu fui tentar ajudar... 

-E assim que surgiu o incrível casal de pirralhos abusados, sem respeito e... 

-que não seriam nada na vida. – Jace completa, escutamos isso pelo resto do meu ano na St. Xavier pela mesma professora, alguns professores também comentavam as vezes. – Toma essa, velha extremista! 

-Jace! -Ele faz cara de santo. 

-O que?  

-Não fala assim dela, ela é só...- tento pensar em uma explicação. 

-Velha extremista. – Jace completa. – Amor, ela ameaçou colocar todo mundo de detenção pq passamos rindo na hora do almoço pela porta da sala dos professores.  

-Ah mas a gente também não era fácil. –Rebato, ele ri. 

-Verdade. Cara, nos divertimos muito. – Reviro os olhos. 

-O terror da St. Xavier. – Comento sarcástica, Jace ri. 

-Nossa eu a odiava, odiava mesmo! – Jace murmura, a olhando. 

-Credo, amor! Ódio é uma palavra tão forte. -Ele dá de ombros.  

-Vou tirar uma foto para mandar pro pessoal. – Jace desencosta um pouco da barra que estamos dividindo para pegar o celular no bolso. 

-Você e essa noia com foto agora. – murmuro.  

-Shiu. – ele sorri antes de me dar um beijo na bochecha. – Você me ama, ruiva. – Reviro os olhos. 

-Seja discreto. – murmuro, Jace aponta o celular para ela discretamente e então uma luz sai do celular. O lerdo do meu namorado acabou de tirar uma foto com flash, no meio do metrô escuro por estamos no subsolo, da nossa ex professora que literalmente me deu mais advertências em meio ano com ela do que o resto da minha vida escolar.  

-Puta merda. – Ele murmura abaixando o celular e virando de costas, eu fico congelada olhando com olhos arregalados para nossa ex professora que agora nos olha, me sinto com 18 anos novamente e prestes a levar uma bronca a lá Lefevre. 

-Ai porra! – xingo antes de me virar para o mesmo lado de Jace. 

-Ela viu? – Ele sussurra e então o metrô começa a parar.  

-Mas é claro que sim, senhor discreto. – ralho, ele dá uma olhada para trás.  

-Ok, me sinto com 18 anos novamente. – Seguro um sorriso pois pensei a mesma coisa. -Vamos aproveitar para se perder na multidão. – Ele pega minha mão e então saímos do vagão, dou uma olhadela para trás. 

-Amor, ela também desceu. – Falo.  

-Jura? -Assinto, Jace vai abrindo espaço pelas pessoas comigo logo atrás.  

-Eu acho que ela nos reconheceu.  

-Eu acho que não.  

-CLARISSA MORGENSTERN E JONATHAN HERONDALE! – nos dois congelamos, Jace arregala os olhos e nos olhamos. Ok, ela nos reconheceu. – Os senhores acharam que realmente eu não os reconheceria? – Jace olha para além de mim é abre um sorriso surpreso, me viro lentamente.  

-Senhora Lefevre? Minha nossa nem a reconheci! – Faço um esforço monumental para não sorrir da cara de pau de Jace. Fico de frente para a minha antiga professora, ela está mais alta que eu e então percebo que está usando saltos e também muito bem arrumada.  

-Então não ficaram me encarando no metrô e então tiraram uma foto minha com flash e saíram correndo? – Ela rebate, os braços cruzados e nariz empinado. Baita dejavu.  

-Com certeza não, estava tirando uma foto da Clary. – Meu namorado sorri, ela cerra os olhos e passa a olhar para mim, as pessoas passam aos montes por nós e percebo de canto de olho alguns seguranças se aproximando.  

-Senhora Lefevre, a senhora está...- passo o olhar por seu corpo – alta. – solto sem querer, ela franze as sobrancelhas – Digo, muito bonita! – tento consertar, sorrindo. Ela nega com a cabeça.  

-Os dois não mudaram nada. – ela franze os lábios, os olhos parando em nossas mãos dadas. – Vejo que o casal continua de pé. – Posso jurar que vejo seus olhos brilharem.  

-Ah, sim! -Sorrio gentilmente – Viemos turistar. – falo, ela assente.  

-Senhora Lefevre, a senhora sabia que Clary é uma artista renomada agora? – Viro o rosto tão rápido para Jace que uma pontada de dor atinge meu pescoço, arregalo meus olhos para ele, Jace apenas solta minha mão e passa o braço por minha cintura, me abraçando de lado. Mas que porra ele tá fazendo? – Além de uma cantora e compositora com milhões de fãs no mundo inteiro e filmes que são grandes nomes. – sinto meu corpo inteiro esquentar de vergonha, senhora Lefevre me olha de cima a baixo, os olhos duros, aperto a cintura de Jace com a mão que estou o abraçando, tentando faze-lo parar de falar – Como éramos chamados mesmo, amor? – Ele sorri de lado para mim. Ele ainda está bêbado, ô minha nossa isso vai ser engraçado, ou trágico. Espero muito que seja só engraçado. -Casal de pirralhos abusados, sem respeito e que assim não serão nada na vida. – Jace recita do mesmo modo que ela fazia, seguro um sorriso. A professora fica quieta, o nariz empinado e os olhos cerrados para nós, levo um susto quando ela estala a língua antes de falar.  

-Me lembro muito bem, senhor Herondale. Porém, ao contrário do que o senhor pensa, nunca duvidei do potencial da senhorita Morgenstern. – Ela diz calmamente.  

-Nossa, a Senhora sabia bem como demonstrar isso então. – Jay diz, sarcástico.  

-Perdão? – Ok, vai ser trágico. Preciso interferir. 

-Ele quis dizer que a senhora era muito ocupada para se concentrar na vida dos alunos. – Digo, tomando as rédeas antes que Jace possa falar. -O que a senhora faz em Paris? – Sorrio. 

-Estragando o sonho de crianças? -Jace murmura só para mim, lhe dou uma cotovelada. 

-Vim visitar familiares. – Ela responde apenas, assinto.  

-Ah sim, o Lúcifer e o Satan. – Meu namorado murmura novamente. 

-Me desculpe, não o escutei. Poderia repetir senhor Herondale? – Ela ergue as sobrancelhas para Jace.  

-Ah, apenas perguntei se a senhora é daqui. – Jace responde facilmente, a professora não acredita nem um pouco em sua resposta, mas parece deixar passar.  

-Nascida e criada na linda Paris. -Ela diz com orgulho, Jace assente.  

-Senhorita Fairchild. – Escuto a voz de Peter me chamando, me viro em um pulo para ele.  

-Minha nossa, Peter! Que susto homem. – ele me olha com humor, mas não sorri. 

-Desculpe, está tudo bem por aqui? – Assinto rapidamente. 

-Ah, sim! Apenas esbarramos com nossa antiga professora, está tudo bem. – ele assente. 

-Peter, está tudo bem? – Jace pergunta com a voz mais séria agora. 

-Sim, senhor. Apenas verificando. Estamos de olho. – Jace assente, Peter repete o movimento. – Com licença. – ele pede antes de se afastar.  

-Bom, foi interessante ver a senhora novamente. – Sorrio amarelo. – Infelizmente precisamos ir, temos um horário marcado para jantar. – Minto.  

-Sim, muito interessante. – Jace diz, nossa professora nos olha novamente. 

-Entendo. – ela maneia com a cabeça- vou deixá-los ir então. – Sorrio e cutuco Jace para que faça o mesmo – Tenham uma boa noite.  

-A senhora também. – e já estou arrastando Jace para fora de lá, meu namorado me acompanha facilmente enquanto me enfio entre as pessoas e me aproximo dos seguranças antes de enfim sair da estação. – Jace, pelo amor de Deus! – Ele gargalha alto, jogando a cabeça para trás e tudo. 

-Ai amor, a velha sempre foi terrível com você, eu não podia perder essa oportunidade. – Fecho a cara e novo com a cabeça. 

-Jace, isso foi anos atrás, pegar desenhos meus ou falar que eles não me levariam a nada não me afetaram, sou uma artista, não sou? – digo, ele assente – Não precisava disso, foi ridículo. – Ele suspira antes de segurar meus ombros, seus olhos estão sérios agora.  

-Não, não foi. Você sempre foi tímida com seu talento, amor. Me lembro que consegui ver um desenho seu apenas na base da chantagem e nunca era algo feito na hora e sim que você queria fazer longe de mim. E eles eram, são, incríveis, amor. Ela é uma professora, não pode simplesmente arrancar algo em que você sabe se expressar e então cobrar que você se expresse de outro jeito pq do seu modo não é aceitável para ela. – Nego com a cabeça. 

-Não sabia que isso tinha te afetado tanto assim. – ele nega com a cabeça. 

-Ainda fico puto, as escolas falam sobre se expressar, sobre como isso é importante, mas quando fazem através de algo que não seja sei lá, por escrito, é como se não tivesse utilidade. Ela deveria ao menos olhar para as coisas que você fazia, porra! Amor, não sei quantas provas eu passei de história por você ter literalmente desenhado para me explicar, Sebastian e Julian também.  

-Eu entendo, amor. De verdade. Mas... 

-O senhor está certo. – A voz da professora nos faz dar um pulo de susto, me viro e a encontro parada a nossa frente, meio ofegante. 

-Como? – Jace pergunta como se fosse um absurdo.  

-Disse que está correto. – Jace arregala os olhos. – Senhorita Morgenstern, sempre vi a facilidade que a Senhorita possuía com a história, e por suas perguntas eu sabia que gostava e se interessava, porém não achava que ficar desenhando lhe levaria a algo mais. A Senhorita tem talento, sempre soube disso, tenho todos seus desenhos guardados até hoje e os uso para dar algumas aulas. – Arregalo os olhos – Me perdoe se o modo como ignorei seus dons foi...inadequado. – Jace solta uma risadinha. 

-Calado, Jace. – Murmuro, muito surpresa para segurar a língua, a professora nos observa novamente.  

-Sempre soube que, apesar de infernizarem minhas aulas e me fazerem querer arrancar os cabelos as vezes, sempre foram boas pessoas e ótimos em questão de nota. – Ele pigarreia – Nunca duvidei que seriam bem sucedidos. – ela diz olhando para Jace – Seja pela arte – Ela olha para mim – ou por empresa internacional. – ela se volta a Jace.  

Passamos alguns segundos calados, apenas absorvendo o tanto de informação. Ok, ela pediu desculpas por meus desenhos...Pera, ELA OS GUARDOU? USA EM SUAS AULAS? MEU DEUS! Esse metrô me levou para um universo alternativo, tenho certeza. E pelo jeito que ela falou sobre nossas carreiras, nos conhece...mas ela é... mais velha. Isso significa que procurou saber. Minha cabeça vai explodir.  

-Fico feliz em saber que a Senhora compreendeu que a arte é útil e pode sim ajudar muitas pessoas a aprenderem. – Jace diz, a professora sorri de lado, bem de leve e juro que sinto o chão tremer. Será que eu bebi e não jace? Estou bêbada? Eu não me lembro de beber.  

-Com certeza, menino Herondale. – Jace ri de leve. – Mande abraços para seus colegas barulhentos, minhas aulas nunca foram as mesmas sem vocês lá. – Pelo seu tom não sei identificar se isso é bom ou ruim. – E vocês, casal terror, se cuidem. Acredito que ainda tem muito o que conquistarem juntos. – Sorrio e antes que eu posso falar alguma coisa ou raciocinar, ela se foi.  

-Eu to bêbada? – Solto, me virando para Jace. Ele ri e nega com a cabeça. – Isso aconteceu mesmo? – Ele assente. -Meu Deus, esse metrô nos trouxe pra onde? Nárnia?  

-Ou perto disso. – Ele brinca. 

-Amor, quais as chances?? – pergunto, incrédulo.  

-Eu sinceramente não sei, estou tão surpreso quanto você.  

-Isso foi estranho.  

-Sempre soube que ela gostava de nós. – É É sempre falava isso. 

-Jace, ela disse que arrancava os cabelos em algumas aulas e a culpa era nossa. – ele dá de ombros. 

-Só a rebatíamos quando ela estava errada, não é pq ela era professora que ela ia estar certa sobre tudo.  

-Você soa como o Jace de 18 anos, - Sorrio – aquele garoto revoltado e cara de pau. – Ele sorri de lado e dá de ombros, se achando. 

-Sentiu falta, foi? – Ele passa as mãos por minha cintura, nos aproximando.  

-Gosto de todas as suas fases, amor. – ele sorri. – Mas essa que está agora é a minha favorita.  

-Ah é? – Assinto, Jace me olha nos olhos e me sinto leve em seus braços – E como é essa nova fase? – Passo minhas mãos por seu pescoço e então seguro sua bochecha. 

-O Jace de 25 anos é um homem corajoso, confiante, focado e amoroso com as coisas que ele se importa. – Ele ri, negando. 

-Ruiva, eu sou amoroso com você, não se engane. – Dou de ombros e sorrio.  

-Não é como se eu quisesse que você fosse assim – Aponto para nossa pose – com todo mundo. – Ele gargalha, o sigo.  

-Você sabe que muito disso foi você quem criou, não é? – O olho confusa.  

-Você que me transformou nesse homem, amor. Não o menino revoltado que saía todo dia, enchia a cara e ia para escola explodir laboratórios de química. – Nego com a cabeça. 

-Eu não fiz nada, apenas torci da arquibancada. Você ser o homem bem sucedido, corajoso, confiante e com um coração lindo que é, é mérito seu, todo seu. – ele beija minha mão em sua bochecha, seus olhos brilhando. Senti tanta falta desse brilho, dessa leveza, dessa paz em seu olhar. Meu Deus, por favor, não deixe que esse brilho desapareça com tanta força de novo. Por favor. 

-Pode dizer o que quiser, pra mim foi você e o seu jeitinho abusado e certinho de me corrigir. – Rio.  

-Você era impossível, amor! – Ele me olha exasperado.  

-Eu? Eu...-Somos interrompidos por Fernando. 

-Desculpe, senhores. Precisamos saber se vão precisar do carro ou se irão jantar em algum lugar. – Fernando parece meio envergonhado por nós interromper, sorrio. 

-Vamos sair hoje a noite. – Digo. 

-Vamos? – Jace me olha confuso, assinto. – Amor, você já andou muito e pegou muito frio, a sua asma...- reviro os olhos. 

-Estou perfeitamente bem, doutor! – Me viro para Fernando – Acho que depois dos museus podemos ir de carro para o hotel. – Informo, Fernando assente. 

-Ok, senhorita. – ele se afasta e então me viro para Jace. 

-Sem debater, vamos logo ver os museus antes que outra coisa estranha aconteça. – jace ri, mas não rebate enquanto o arrasto até o museu.  

************●********** 

-Quais as chances de eu fazer você cantar no karaokê comigo? - Pergunto a Jace. 

Estamos nesse restaurante-bar a mais ou menos uma hora, é noite de karaokê e uma família não sai do pequeno palco nem arrastada, estou quase indo lá só para ouvir a voz de outra pessoa ou pelo menos uma música que tenha sido lançada depois de eu ter nascido.  

-Menos 10. -Jay diz.  

-Estamos melhorando, vinte minutos atrás você disse menos 50. - Sorrio, Jace ri. 

Depois de visitarmos todos os museus, voltamos para o hotel, tomamos um banho, descansamos um pouco e então nos arrumamos e pedimos para Fernando nos trazer até aqui. Jace já bebeu mais cervejas do que posso me lembrar e está com a cara de semi-bebado que eu amo. 

-Amor, não vou cantar. - Ele resmunga quando peço outra cerveja pra ele – Eu sei o que você está tentando fazer e não vai funcionar, não fico bêbado com cerveja. - Finjo não escutar. Ele morde meu ombro. - Não me ignore. - Rio. 

-Seu chato. - Lhe dou um selinho e então vejo que finalmente a família resolveu dar uma pausa. -Amor, eles saíram! - Me animo – Vamosssssss, por favor!  

-Pequena, vai você, tenho certeza que todos vão amar. - Faço biquinho. - Não, estou cego. - Ele vira o rosto. 

-Amorrrrrr. - Ele nega, ainda olhando para o outro lado. 

-Você é literalmente uma cantora profissional!  

-E?- ele me olha exasperado.  

-E que vai deixar qualquer pessoa nesse lugar no chinelo, capaz de o restaurante te pagar por animar a plateia depois desse show de horrores. - Rio. 

-Nenhuma música? - pergunto novamente, ele nega com um sorriso, suspiro. - Tudo bem, acho que vou ter que ir sozinha então para ver se tiro essa cara de tédio da sua carinha bonita. - Ele me envara confuso. 

-Não estou entediado, nunca fico entediado com você. -Sorrio – Mas acho que vou aceitar o show. - Não consigo segurar a gargalhada. 

Ando rapidamente até a área do Dj, com medo da família voltar e monopolizar o palco novamente. O homem no som apenas me pede a música e brinca que se eu continuar com ritmo da última música seriam obrigados a fechar mais cedo por falta de ânimo. Subo no palco rindo, ninguém parece me notar de primeira, apenas Jace, que sorri para mim de nossa mesa, passo o olhar pelo bar semicheio e encontro os seguranças em várias partes que para mim parecem aleatórias, mas que com certeza tem uma finalidade. 

-Boa noite, pessoal. - Chamo a atenção de todos, torcendo para que entendam inglês - Eu ia cantar um dueto com meu namorado, mas o bonito ali – aponto para Jace, algumas pessoas se viram para ver - não quis me acompanhar, então, vamos ver se eu consigo fazer com que ele mude de ideia. - sorrio e então a música que escolhi começa a tocar. 

A melodia de Valerie me embala, trazendo memórias da faculdade quando apresentei em um musical de verão, foi meu primeiro musical e foi quando eu senti que amava a música. Ao longo de que vou cantando, fico cada vez mais animada, o pessoal parece gostar da música pois muitos cantam comigo e batem palmas no ritmo, desço do pequeno palco para dançar com a senhorinha que a poucos minutos estava monopolizando o karaokê. Ela canta comigo, sua família se junta e damos um baita show, estou gargalhando de seu rebolado quando a música por fim acaba, ela então me dá um abraço e me arrasta até o Dj novamente, soltando palavras em francês que me deixam confusa. Quando me viro para Jace, meu namorado já está me olhando, sorrindo de orelha a orelha, animado, dou de ombros quando ele aponta para a senhora que segura minha mão e fala com o cara do som. 

-Ela quer que a senhorita cante mais. - O cara traduz para mim - É aniversário dela e ela disse que sua voz é um presente para animar esse funeral. - rio alto. 

-Bom, então acho que vou ter que cantar. - Sorrio para ela e faço sim com a cabeça - Feliz aniversário! - ela não parece entender, mas sorri. 

E é assim que passo 30 minutos cantando no pequeno palco, formei literalmente uma pequena multidão do lado de fora do bar por fãs e uma dentro do bar com os clientes. Jace parece não se incomodar por eu estar sendo a atração da noite e eu muito menos, estou cantando, divertindo as pessoas e ainda estou ganhando bebida de graça pelo dono do bar.  

Em meio a uma música consigo fazer com que Jace levante e cante pelo menos o coro comigo e só por isso ganho minha noite, ele está meio alto dos goles da minha bebida que o ofereci toda vez que uma nova chegava, mas ele parece feliz. O sorriso leve, olhos brilhantes, a risada fácil e o tanto de carinho que me dá enquanto canta ‘’ohhh’’ no fundo. Eu realmente queria morar nesse momento. 

Mas ele acaba e eu então canto com a senhorinha aniversariante, puxo um parabéns e ainda animo todos os clientes, ou boa parte deles, para cantarem também quando preciso urgentemente usar o banheiro. Dois seguranças me acompanham até o banheiro, mas mesmo assim, na volta sou parada para tirar fotos, parece que meu primeiro show fez alguns fãs virem até o bar. Deve ser por isso que o dono está me dando bebidas de graça!  

Tenho uma surpresa quando chego e vejo que nada mais, nada menos que dois de nossos seguranças estão no palco, cantando com o marido da senhora aniversariante. Todos em um francês péssimo, mas que me faz gargalhar, procuro Peter e Fernando entre as pessoas, Fernando parece sério, mas vejo que segura o riso, já Peter está gargalhando alto e gravando. Bom, pelo menos ninguém vai ser demitido. 

-Mas o que foi que aconteceu nesse meio tempo? Eu so fui fazer xixi! - Exclamo, me sentando ao lado de Jace. Meu namorado está gargalhando. Repito. GARGALHANDO. E senhoras e senhores, é lindo. 

-Desafiei eles a cantarem uma música em homenagem ao senhor, achei que eles não iam aceitar. - Arregalo os olhos. 

-Você fez isso? - Ele assente, rindo. - Puta merda, amor! - rio, a cena é icônica para dizer o mínimo. 

Dois caras enormes, de preto, com microfones que parecem minúsculos em suas mãos, cantando uma música romântica, em francês ao lado de um senhor que parece ser menor que eu e na casa dos 80. É com certeza a coisa mais divertida que eu vi hoje depois de Jace ter sido expulso da lojinha da senhora. O que me lembra da câmera, a pesco em minha bolsa e gravo algumas partes, fazendo questão de focar em Jay e sua risada as vezes. Quando paro para ver o filme, vejo que Jay tirou diversas fotos minhas, cantando. Ele sorri culpado, mas não diz nada. 

Quando ambos já estão literalmente roucos de tanto rir e cantar, decidimos ir embora, o bar está quase vazio, mas a família continua lá, eles insistem para não irmos embora, mas estou exausta e com fome, e a cozinha já fechou. Jace não parece muito longe disso. O dono do restaurante nos agradece e me pede uma foto para que possa postar nas redes sociais do lugar, ainda recebemos o elogio de ser a alma da noite.  

Precisamos sair pelos fundos já que inda tinham fãs na porta de entrada, queria pelo menos lhes dar um oi, mas Fernando disse que por estar muito cheio e que boa parte não parecia ser fã mesmo, era melhor não. Então tive que aceitar, frustrada, pelo menos conseguimos ir andando, cheios de segurança, mas pelo menos andando. Gosto de fazer coisas assim, andar até os ligares, comprar minhas próprias coisas...quando se vira famosa você perde todos esses momentos. Os momentos de normalidade. 

-Amor, vamos comer alguma coisa aqui, estou morrendo de fome! - Murmuro, apontando para uma lojinha de conveniência.  

-Vamos, você está congelando. - Ele me puxa para mais perto, entramos abraçados na pequena lojinha, o senhor no caixa levanta os olhos, assustado quando vê o tanto de seguranças.  

Jace e eu lhe desejamos boa noite e então saímos a procura de algo para comer, pergunto aos seguranças se querem algo, mas todo mundo nega, então pego apenas um refri e e um sanduíche, Jay me acompanha. Pagamos e voltamos a andar até o hotel. 

-O pessoal não para de cobrar fotos. - Jace diz, olhando o celular. 

-Verdade, precisamos mandar.  

-Tessa e Will mandaram fotos da lua de mel. - solto um pequeno grito antes de me jogar em Jay, ele ri. - Calma, amor. São so fotos de praia. - Tiro seu celular de suas mãos. 

-Meu Deus, estão lindas! Ahhhhhh, amor olha como eles estão felizes! - viro o celular para ele em uma foto que os dois aparecem, Jace ri e concorda. - Ai, eu amo eles. - Meu namorado ri antes de me abraçar pelos ombros e guardar seu celular. 

-Deixa eu tirar isso aqui de você antes que comece a se declarar através do meu celular para nossos amigos. - Rio. 

-Bem provável. -Admito. 

-Eu sei, te conheço e não é de hoje, ruiva. - rio, Jace então da uma mordida em seu sanduíche -Faz muito tempo que não como um desses. - diz de boca cheia. Rio e limpo o canto de sua boca suja.  

-Bom, faz muito tempo que eu não saio para caminhar. - Falo.  

-Estava pensando nisso. Não saímos muito para fazer essas coisas, ne? - assinto de leve. - Você gosta?  

-É algo que sinto falta da minha vida antes de ser conhecida, sabe? É só...- dou de ombros – normal. - Jace sorri, segura minha mão e a leva até os lábios. 

-Pois então faremos mais. - Sorrio. 

-Mesmo que eu precise parar a cada 5 minutos para atender algum fã ou sei lá? - ele dá de ombros. 

-Não me importo. - O puxo para mais perto. 

-Eu amo você. - Jace me olha com os olhos brilhantes que tanto amo, então beija minha testa e com meu sorriso diz: 

-Também amo você, vida.  


Notas Finais


E então? O que acharam? pfv me digam, juro que leio tudinhooooo.
Feliz natal e um ótimo ano novo para todos! ❤


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