Durante a cerimônia da formatura, pude ver que meu pai estava na plateia, atento a mim o tempo todo e aparentemente muito contente por minha conquista. Mas só consegui aproximar-me dele quando a recepção pós-formatura já acontecia.
- Você está deslumbrante – comenta com deleite vindo em minha direção.
- O senhor também – sorrio, feliz por vê-lo aqui.
Mesmo desajeitado, Max me abraça e sinto sua boa vibração passar para mim.
- Parabéns, filha. Eu sempre soube que você era capaz – diz ao se afastar, olhando-me de cima a baixo.
- Obrigada, pai. Hoje eu vejo que tenho potencial. Mas mudando de assunto, os cabelos brancos estão dominando aí, hm? – Brinco, me referindo aos fios brancos que se destacam entre os fios castanhos escuros de seu cabelo.
Ele dá de ombros, sorrindo.
Como posso descrever o meu pai? Porque eu sou a sua versão feminina em pessoa. É claro que os traços do rosto dele são mais marcantes e mais duros, além das rugas e marcas da meia-idade que surgem conforme o passar do tempo. Seu cabelo está perfeitamente penteado para trás e intacto devido ao gel. Ele está vestindo um terno preto, assim como a maioria dos homens presentes, no entanto, sua gravata violeta se destaca.
- Onde está a sua amiga Trisha?
- Certamente, ela não deve demorar para aparecer – respondo-o, olhando ao redor na tentativa de ver Tris.
- Estava me procurando? – Indaga Tris, surgindo do nada, me surpreendendo.
- E não é que você tinha razão? – Maxwell gargalha, divertindo-se com o aparecimento instantâneo de Tris. – Como você está, querida?
- Radiante, obrigada. E o senhor?
- Muito bem, devo dizer. Trabalhando muito como sempre, mas eu precisava vir até aqui para prestigiar a minha filha.
- Isso é muito bacana da sua parte. E as namoradas? Não me diga que esse charmoso cabelo branco não atraiu nenhuma pretendente.
- Sou casado com o trabalho. Não sei se infelizmente ou felizmente.
- Está na hora de arrumar alguém para aproveitar um pouco mais, o senhor não acha? A Kimberly adoraria ter um irmãozinho. Mas pelo andar da carruagem, é capaz de o senhor ganhar um neto antes do que possa imaginar – diz Tris de supetão, pegando-me desprevenida.
Dou uma cotovelada em sua costela, tentando refreá-la. Contudo, o estrago já fora feito.
- Ah, é mesmo? Pois eu acho que ela esqueceu de mencionar isso – papai me lança um olhar censurador.
Sorrio amarelo sem saber o que responder.
- Você aceita uma taça de champanhe, Maxwell? – Tris se dirige a ele, querendo sair dali o quanto antes depois de ver a besteira que fizera.
- Aceito, sim. E me chame de Max, por favor.
- Volto já! – Anuncia ela já longe o suficiente de nós.
- Seus brincos são lindos – elogia papai secamente, ao descer o olhar para o solitário em minha mão direita – Até parecem diamantes originais.
Engulo a seco, sabendo que não tenho saída. De repente, sinto vontade de esconder minha mão e arrancar os brincos de minhas orelhas.
- E são.
- Eles combinam com o anel – completa. – Quanto isso te custou, filha?
- Nada, pai. O que é isso? Um interrogatório? – Aumento a voz, alterando o meu humor.
- Por acaso, quem deu isso a você é o cara a quem Trisha se referia?
- Sim. E ele é uma ótima pessoa, você pode ter certeza disso.
- Bom, de boas intenções o inferno está cheio, você não concorda?
- Olha, eu não quero ter essa conversa com você. Já passamos dessa fase.
- É mesmo? Porque eu tenho certeza que isso vai lhe custar mais do que você possa imaginar.
- O que você quer que eu diga? Eu transo com ele, então, talvez esse seja o preço a pagar.
Max me avalia com certo desgosto.
- Eu preciso lembrar o que a sua primeira transa lhe trouxe? – Diz rude.
- Não, eu me lembro muito bem. Obrigada.
- Kimberly, não estou querendo ser chato. Entenda bem. Mas eu sou o seu pai e quero o melhor para você. Isso aí – ele aponta para os brincos e para o anel com desdém – não vai sair barato.
- O que não vai sair barato? Porque eu posso ajudar – Justin fala, entrando na conversa.
Ele passa o braço por minha cintura, puxando-me para si, colando a lateral de nossos corpos. Me reteso, tensa demais para corresponder ao ato de afeto de Justin. Ele percebe que não é o melhor momento para fazer isso e se afasta.
- Uau. A Kimberly nunca comentou sobre a semelhança que há entre vocês – comenta Justin amigavelmente. – É um prazer conhece-lo, Sr. Baker.
Ele estende a mão para cumprimentar papai.
- Ela também nunca comentou sobre ter um noivo – responde Max, curto e grosso.
- Oh! Não, não. Não somos noivos – Justin responde de pressa, embaraçado. – Esse anel é apenas um presente de formatura.
- Perdão, mas eu não sei o seu nome.
- Justin Bieber.
- Certo, Justin Bieber, você deve vir de uma família muito rica para dar esse presente simplório para a Kimberly, não é?
- Ah, sim. Sim, senhor. Mas eu estou construindo a minha própria fortuna.
- Isso é muito bom, afinal, você é um jovem rapaz. Não me entenda mal, garoto, eu não quero garantias em dólares para a minha filha. A Kimberly já é maior e sabe se cuidar muito bem. Mas isso me deixa preocupado, sabe? Ela não está acostumada com certos tipos de grandeza.
Estreito os olhos para papai, tentando fazê-lo parar com essa conversa incômoda e desnecessária.
- Eu entendo completamente a preocupação do senhor. No entanto, não há o que temer. Sua filha e eu nos gostamos muito e eu não tenho a intenção de machucá-la.
Justin olha para mim e me mostra um sorriso reconfortante.
- É claro que não – completa papai com ironia.
- Voltei! – Anuncia Tris.
Porém ela não traz nenhuma taça de champanhe.
- Deixa eu adivinhar, você bebeu todo o champanhe? – Indaga papai, assumindo uma postura mais descontraída.
- Na verdade, Max, eu nem cheguei perto do bar. Olha quem eu encontrei perdido por aí, Kim!
Thierry surge por entre as pessoas, surpreendendo a todos nós.
Ele está estonteante como sempre, mas dessa vez, confesso, meu coração dispara por ele como não fazia há muito tempo. Eu nunca o vira vestido desse jeito. Thierry veste um blazer azul marinho por cima de uma camisa social branca e uma calça jeans. Obviamente eu já o vira de calça outras vezes, mas não de blazer e camisa social. Ele está mais bonito do que o suportável.
Nos abraçamos fortemente enquanto ele me parabeniza pela formatura.
- É claro que a festa não estaria completa sem ele – zomba papai descaradamente.
- É um prazer revê-lo, Maxwell – Thierry o cumprimenta simpático, ignorando a falta de emoção vinda de meu pai.
- Queria poder dizer o mesmo. Mas como a Kimberly gosta de você e eu não sou mal-educado, aceito de bom grado a sua presença.
Então, me recordo que Justin continua ali. É perceptível o quão desconfortável ele está com essa situação embaraçosa.
- Estou perdendo algo? – Sussurra para mim.
- Depois falamos sobre isso.
- Por que não vamos para perto do bar? Meus pais estão lá – comenta Tris na tentativa de acabar com o clima desconfortável que há entre todos os presentes. – O champanhe não vai acabar por conta própria.
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