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História Wildfire - Tênis novos


Escrita por: MyLittlee

Notas do Autor


Gente, deem uma olhada na minha nova fanfic no meu perfil e me contem o que acharam dela. Tenho certeza que vocês não vão se arrepender <3

Capítulo 14 - Tênis novos


Sinto um arrepio gelado pelo corpo, e um sentimento estranho. Será... Será que elas haviam terminado por algo que eu fiz?.

—Foi por que você estava me ajudando? Porque se foi, Callie, nós podemos parar com tudo agora. - Eu digo, mordendo o lábios inferior.

—Não, Arizona...

—Eu estou falando sério. Sei que deve estar difícil para você conciliar as pesquisas com Derek, minha fisioterapia, sua profissão, e agora seu relacionamento acaba, eu não...

—Arizona! - Calliope me interrompe, e me olha por um segundo. - Está tudo bem, não foi nada que você fez. - Ela me olha rápido de novo, e logo volta seus olhos para a rua.

—Se você diz, eu acredito. - Dou de ombros, embora ainda me sentisse profundamente culpada. - E agora? O que você vai fazer?

—Bom, tirando o fato de ir dividir um apartamento com Cristina, nada vai mudar.

—Você vai dividir um apartamento com a Cristina?

—Sim, por que? - Calliope pergunta.

—Falsiane! - eu exclamo alto.- Ela havia me chamado para dividir o apartamento.

—Pensei que você fosse ficar na casa da sua mãe para sempre, ensino médio. - Calliope sorri com a piada, e eu a olho com reprovação.

—Até você? - digo, com uma falsa ofensa. Calliope da de ombros ainda sorrindo.

Ela tem um sorriso lindo

—Eu não resisti. - Ela continua. - Mas não se preocupe, ainda temos lugar para mais uma colega de quarto. - ela fala com tamanha tranquilidade, que quase não me faz sentir nervosa.

Morar com Calliope? Aquilo não me parecia uma boa ideia.

—Oh, agora você está com uma cara de preocupada. - Calliope diz, me olhando rápido.

—Pare de me analisar, ensino superior! - Eu falo, brincando. Mas quando ela me olha de novo e dessa vez, por longos minutos, me sinto mal. - Não fique me olhando, preste atenção na rua.

—Eu apenas. - Ela se estica um pouco e aproxima seu rosto de mim. Sinto-me estremecer por dentro, e embora seu rosto não esteja tão perto, ainda sinto como se pudesse sentir o calor dele próximo ao meu, e como ele deslizava fácil. 
Calliope tira uma mecha de cabelo que estava na frente dos meus olhos.

—Só queria arrumar seu cabelo. - Ela sorri aberto e volta para seu lugar. Eu tento sorrir também, demonstrar perfeito controle. Nós estávamos nos tornando amigas? Sim! Havia algum mal nisso? Não! Eu poderia lidar com isso?

Bom, só o tempo poderia dizer.

—X-

Uma coisa que eu havia aprendido anos na África sozinha e com metade da minha perna direita sendo uma prótese, é que as dores que ela me causavam era melhor que ficar sem ela. Era incrivelmente difícil andar, pular e ter equilíbrio com só uma perna. Então, como minha prótese havia se tornado impossível de utilizar, precisei dos braços fortes de Calliope para me ajudar a andar até o hospital, e depois até sua sala onde minha nova prótese me esperava.

Calliope me ajudava a andar pelo corredor do hospital, já no corredor de sua sala, e eu agradecia pelo meu BIP não ter apitado indicando uma emergência ou algum de meus amigos terem me visto naquela situação constrangedora, quando ouço uma voz recentemente familiar soar atrás:

—Arizona?

Viro o rosto, e vejo Charllote parada atrás de nós. Tento me virar, Calliope percebe e me ajuda.

—Hey, Charlotte. - Eu digo sorrindo, e com o dedo indicador tipo uma mecha do cabelo de meu rosto que cobria meu olho. Charllote me analisava de cima abaixo, e eu tinha certeza que com a calça jeans ficava difícil perceber minha deficiência, mas se ela analisasse bem poderia notar o vácuo na perna direita. Mas ela não o faz, e seus olhos voltam para mim preocupados.

—Oi. - Calliope diz seca.

—Aconteceu algo com você? -Charllote pergunta preocupada. - Deixe-me ajudá-la. - Ela se aproxima para tirar o braço que estava em volta do pescoço de Calliope e que eu usava para me apoiar. Imediatamente, Callie coloca a mão em cima do braço e o aperta mais de encontro a seu pescoço.

—Não se preocupa, eu já a estou ajudando. - Calliope diz sorrindo forçada.

—Ah, certo. - Charllote parece afetada. Eu apenas olho a situação, ainda sorrindo forçada. - Calliuane, certo?

—Calliope. - Calliope corrige imediatamente, e eu deixo uma gargalhada baixa escapas. Calliuane, que nome seria esse?. Charllote também parece se divertir, mas só por alguns segundos.

—O que aconteceu com você? - Charllote pergunta.

—Eu cai da escada, não foi nada demais...

—E por que precisa de ajuda para andar? - Charllote me corta antes que eu pudesse terminar de falar.

De repente, eu não sei o que falar. Me parecia incrivelmente constrangedor explicar minha deficiência para alguém tão... Perfeita. Eu havia gostado do quase beijo de Charllote, e da forma que ela me fez sorrir na noite passada. E mesmo agora, com o braço de Calliope forte em volta da minha cintura, e com o braço em seu pescoço, algo que me deixaria louca pouco tempo atrás, não me impedia de me sentir afetada pela presença de Charllote. Ela me atraía. Eu havia visto na noite passada, nós tínhamos química. Mas eu era só uma médica em processo de re-aprendizagem, sem uma perna e gírias recentes demais para entender alguns vocábulos, por ter passado muito tempo "por fora". E ela tinha tudo. E eu não tinha nem ao menos as duas pernas. O que eu era perto dela? Como ela se sentiria em saber que eu era... Assim? Ela ainda tentaria me beijar? Eu queria beija-la?.

Calliope parece perceber meu constrangimento.

—A prótese de Arizona quebrou na queda, e como a sua nova está aqui no hospital, precisei trazê-la e ajudá-la com isso. - Calliope fala rápido, e eu a olho aliviada.

—Prótese? - Charllote pergunta, e volta a me alisar. Agora seus olhos param na minha perna direita. Ou no vácuo que se formava dentro da calça jeans.

—É, ela sofreu um acidente há alguns anos. - Calliope diz, sorrindo. Deus, que mulher!.

Charllote não diz nada por alguns segundos.

—Bom, já que você já vai colocar sua nova prótese, o que acha de sairmos amanhã?. - Charllote fala, dando de ombros.

—Hã? - eu nem mesmo acredito no que estou ouvindo.

—Vou te entregar meu cartão. - Ela tira um cartão branco do bolso do jaleco. - E você me liga dizendo se vai ou não. Embora eu ache que você vai me ver mais do que deseja.

—O que? - Eu tento entender o que está acontecendo, mas só consigo sorrir. Aparentemente, meus devaneios foram apenas viagens, e Charlotte não havia se importando com aquilo. Mas, como?. Charlotte dá o seu melhor sorriso, passando pelo meu lado, e para. Sussurrando no meu ouvido:

—Não perca esse número, Ensino médio. Eu não desisto fácil.

Eu fico sorrindo boba alguns segundos, e quando olho para Calliope percebo que ela estava me analisando. Seus olhos estão tristes, e ela não tem mais seu sorriso maravilhoso, mas sim um afetado.

—Vamos. - Ela fala, me ajudando a ir até sua sala.

Calliope encaixa a prótese. Ela fica ótima com a calça jeans, e eu preciso apenas de um pouco de ajuda para levantar. Logo que estou de pé, e consigo meu próprio equilíbrio, sinto que posso ter um novo dia e uma vida maravilhosa.

—Nós ainda temos que continuar com a fisioterapia, apenas para se aperfeiçoar. - Calliope sorri forçada. - Mas hoje não, nem amanhã, você pode descansar para sair com a doutora Charlotte.

— Eu não disse que sairia com ela, e nós temos um compromisso, não quero cance... - Ela não me deixa terminar.
— Por favor, não se preocupe, dois dias não farão mal algum. - Calliope fala de maneira tão profissional que chega a me dar calafrios. - Mas, eu preciso te fazer uma pergunta.
— 
— O que? - eu pergunto.
— Qual seu sonho que não pode realizar com a prótese antiga? Digo, como correr, andar de salto...
— Ah, eu gostaria de andar com meus tênis de rodinhas. Sempre sonhei em atender minhas crianças assim, mas... É, não deu certo. - dou de ombros afetadas. Calliope sorri de novo, sorri de verdade, é isso me deixa feliz. Ela não diz mais nada, e quando eu saio de sua sala, tenho um sorriso, uma nova prótese é uma auto-confiança incrível junto a mim.

—X-

Entro na sala de Carlisle feliz. Minha perna doia muito pouco graças a nova prótese, mas era bem menos que com a outra. E eu sabia que quando me acostumasse completamente, a dor seria apenas uma recordação do passado.

—Doutora Arizona. - Ouço aquela voz pela segunda vez no dia, e me surpreendo.

—Doutora Charlotte, o que faz aqui? - Eu pergunto surpresa, me virando e dando meu melhor sorriso para Carlisle, que estava deitado na sua cama hospital.

—Se você não se importasse, nem Carlisle, gostaria de falar um minutinho com a doutora lá fora. - Charlotte diz. Carlisle da de ombros sorrindo, os olhos vidrados em seu novo vídeo game. Eu também o faço, ansiosa para entender o que estava acontecendo, e logo nós duas estamos fora da sala.

—Pensei que você só administrasse os hospitais. - Eu digo.

—É o que eu geralmente faço, mas também sou formada em medicina, e gosto de exercer essa profissão às vezes. - Ela sorri. - principalmente quando tenho uma linda loira, com um belo sorriso e um corpinho lindo circulando por um dos meus hospitais. E ah, eu disse lábios macios?

—Não me deixe constrangida, doutora Charlotte. - eu digo ficando vermelha, mas por dentro dou pulos de alegria pelo seu elogio.

—Você fica linda vermelha. - Ela diz.

—Certo, agora me explique o que meu paciente tem a ver com isso tudo.

—Eu sou oncologista. - Charlotte fala. - e Carlisle está em fase terminal de câncer.

—Você está tentando roubar meu paciente?

—Não, querida. Eu roubei ele de sua antiga oncologista, não de sua linda pediatra. - Ela diz, dando um sorriso esclarecedor.

—Que bom, porque você não gostaria de ver a linda pediatra brava.

—Será que não? - Charlotte dá uma piscadela.

—Tenha foco e me explique seus planos, doutora Charlotte!

—Ok. Desculpe. - ela parece se sentir realmente culpada. - eu trabalhei com algumas pesquisas e junto a alguns pesquisadores, encontramos e desenvolvemos um medicamento para fase terminar de câncer. Eu sei que pode parece impossível e não estou garantindo uma cura, até porque sabemos que isso é impossível até para casos iniciais, quem dirá para terminais. Mas segundo nossos testes e pesquisas, o tratamento com esse medicamento pode parar não só os sintomas, como o progresso da doença. Não sabemos ainda se isso poderia fazer o impossível e curar o câncer, mas ao menos brecá-lo, e permitir que ele se torne apenas uma doença crônica não tão agressiva ou mortal.

—Charlotte, você sabe que isso é impossível, certo?

—Parece impossível, Arizona, mas deu certo em todos os testes. E já foi aprovado para ser testado em humanos, desde que seja tudo confidencial.

—Isso já foi testado em humanos?

—Não. - estou, como médica e pessoa, boquiaberta. Como pessoa por me sentir louca com a possibilidade de uma cura para o câncer, para uma forma de conviver com ele, para um milagre. Como médica por saber dos riscos que isso poderia envolver.

—E você quer testar em meu paciente?

—Arizona, Carlisle vai morrer em uma semana se não começarmos agora. - Charlotte me olha. - se tentarmos ele pode morrer, mas pode sobreviver e viver. Se não tentarmos, no entanto, no final da semana ele estará morto. Nós podemos fazer isso juntas.

Eu apenas a olho.

—x-

Pego minha blusa, guardando meu jaleco e suspirando. O dia havia sido incrivelmente cansativo e eu agradecia a Deus mentalmente por não ter fisioterapia nem testes com Calliope, pois só queria ir para casa e ter uma longa e desejada noite de sono.

Ouço batidas na porta, e segundos depois Calliope entra vagarosamente.

—Hey. - eu sorrio.

—Hey! - Ela parece animada.

—O que foi? - eu pergunto.

—Tenho uma surpresa. - Ela da pulinhos e bate palma, sorrindo.

—Calliope... - eu começo, mas ela me corta.

—Apenas venha comigo. - Calliope segura minha mão, me puxando. Eu vou junto a ela, mais uma vez sem entender o porquê. De alguma forma Calliope me fazia sentir segura, e quando estava com ela... Estava tudo bem. Eu sempre me sentia bem. Ela me puxava para algo desconhecido, não só sobre os sentimentos trêmulos que me balançavam por dentro, mas por todo meu corpo. Pouco depois, nós saímos pelos fundos do hospital.

—Vou te ajudar a descer. - Calliope diz, me ajudando a descer degrau por degrau, no primeiro ela para. Senta aí.

—O que... - eu começo, mas não termino.

Calliope se abaixa na minha frente, tirando dois tênis da sua sacola, e sorrindo.

—Calliope...

—Shiu, apenas aproveite o momento. - Ela fala, e eu dou um suspiro vencida.

Calliope tira meu tênis, e o que cobria a prótese. Pega seus tênis e veste meus pes com eles, um por um, me olhando por baixo de seus longos cílios e sorrindo.

—Venha! - ela me ajuda a levantar.

Calliope me da as duas mãos, e eu a olho com medo de cair. Ela está o tempo todo sorrindo, me passando segurança. Me deixa em pé sobre as pequenas rodinhas, e depois me puxa para a frente, dando um passo para trás. Eu dou o primeiro impulso para frente, e embora pareça que vou cair, não o faça. Ela continua andando para a trás e eu deslizando para a frente.

É a melhor sensação que eu sinto em anos.

—Calliope! - Dou uma risada alga e gostosa, de pura alegria. - Isso é incrível! - continuo rindo enquanto ela me puxa. - incríveeeeeel!

Calliope continua me fazendo deslizar, e fazendo o vento bater em meu rosto, e me fazendo sentir livre, feliz... Incrível. Havia lido em um livro uma vez, o garoto falando que se sentia "infinito", e nunca entendi como poderia ser essa sensação.

Agora eu sabia. Agora eu me sentia infinito.

Continuo a deslizar, até que o fatídico momento chegue e eu perca o equilíbrio. Quase caio para trás mas Calliope me puxa em sua direção, fazendo com que nossos corpos. Ela aperta minha cintura, e eu continuo rindo, com sua boca a centímetros da minha.

E em uma fração de segundos, eu estou a olhando, e logo minha boca está de encontro a sua. Meus lábios, os lábios dela, nossos lábios juntos, deslizando. Nossas línguas, dançando. Suas mãos, minha cintura. Apertam, forte. Minhas mãos, seu cabelo. Sua textura. A sensação de puxa-los. Eles entre meus dedos. O tesão. Os gemidos baixos. O calor. O nosso beijo. O nosso familiar beijo: agora, cheio de saudade. E algo muito maior.

Eu havia beijado Calliope Torres, ou ela havia me beijado. O fato era: nós estávamos nos beijando.

E eu me lembrei que já havia me sentido infinita antes, e a ultima vez havia sido no nosso último beijo.

E agora, com seus lábios nos meus, eu me sentia infinita de novo.



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