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História Wildfire - Jump Then Fall


Escrita por: mclaraaaaaaaa

Notas do Autor


Nome do capitulo: Pule depois caia.
OIOIOI MANAS!!! Músiquinha da Taylor Swift (um ícone, né mores) no nome do capitulo porque é perfeita demaaaaaaaaaaais!
Até o próximo.

Espero que gostem.

Capítulo 34 - Jump Then Fall


- Mas é véspera de Ano Novo! – Briana revirou os olhos, soltando as costas no banquinho do bar. – Nós já trabalhamos no Natal!

- Você tem família para passar o Ano Novo? – Morris perguntou, cruzando os braços.

- Não, mas...

- Então por que está reclamando?

- Eu não vou trabalhar. – Ravena avisou, dando de ombros. – Tenho um compromisso.

- Um compromisso? E desde quando eu me importo com isso?

- É com o Jared. Ele vai pagar.

- Quanto?

- Não sei ainda.

- Quanto, Ravena?

- 4.000 dólares.

- O quê?! – ele arfou, arregalando os olhos. Briana e as gêmeas abriram a boca, chocadas. – Você está liberada.

- Eu sei.

- Não se esqueça dos meus 40%.

- Tem como esquecer? Você faz questão de me lembrar todo santo dia.

- Você esta dando sorte que eu não descontei as duas noites que você faltou.

Ravena revirou os olhos e bufou, apoiando um dos braços no balcão do bar. As outras funcionárias olharam para ela, dividindo opiniões. As mais novas, admiravam a coragem que ela aparentava ter ao desafiar Morris; As mais antigas, sabiam que era um erro e que sempre lidava com as consequências depois.

- Nós também podemos arranjar um programa assim – Geórgia falou, chamando a atenção de Morris. – Tenho certeza que sou capaz de encontrar algum homem carente que vai passar a virada sozinho.

- Nem pensar. – Morris riu. – Vocês ficam aqui e fim de papo. – andou até Briana e segurou o queixo dela, apertando sua mandíbula. – Onde está o dinheiro que você conseguiu ontem?

- Eu...

- Eu vi que o heróizinho te deu uma boa quantia.

- Ele me pagou o valor normal.

- Mentirosa.

- Que herói?! – Ravena perguntou, desconfiada.

- Não é da sua conta! – Briana quase gritou, empurrando as mãos de Morris. – Fique fora disso, Ravena. Ele é meu.

- Quem é ele?

- Ninguém. – ela mentiu, lembrando-se do pedido de Asa Noturna. O único motivo que a fazia manter sua identidade em segredo, era a quantia maior que ele pagava pelos programas dela. Se não fosse isso, ela não teria pensado duas vezes antes de tripudiar em Ravena, exatamente como Geórgia fez nas duas vezes em que Mutano esteve no Wildfire. Mesmo que ela também não falasse abertamente quem ele era, as provocações já valiam a pena. Ver a expressão confusa de Ravena era uma coisa que definitivamente animava o dia delas. – Se você tem os seus clientes, eu também tenho os meus.

- Tanto faz.

Morris revirou os olhos para discussão das duas e avisou que todas as funcionárias estavam liberadas durante o dia para que pudessem se preparar para a noite festiva. Ele puxou Briana para dentro de seu próprio quarto e deu um último e repetido aviso para Ravena, deixando claro que ele cobraria parte do dinheiro que Jared pagaria. Como se ela não soubesse disso.

Ela saiu do Wildfire e chegou na cobertura antes do esperado. Ainda não tinha contado para seus amigos que passaria o Ano Novo com Jared, e sabia que Mutano também não tinha falado nada. Na verdade, ele não falava com ela desde a discussão na enfermaria, coisa que estava a matando aos poucos. Tudo bem, ela tinha procurado por isso, mas não esperava que ele ficasse realmente com raiva. Ela também tinha direito de ter um espaço pessoal no final das contas.

- Bom dia, Rae! – Cyborg a cumprimentou, acenando com a mão que estava desocupada. Ele estava sentado no tapete da sala, cortando vários papéis dourados e brancos, provavelmente para jogar em seus amigos quando o ano virasse. Max estava com Asa Noturna no sofá, quase cochilando no colo do Titã, enquanto um filme sobre piratas passava na TV. – Você chegou cedo.

- Vocês acordaram cedo. O que aconteceu?

- O Max não nos deixou dormir – Asa Noturna deu de ombros, passando os dedos pelo cabelo do menino, sem notar a proximidade entre eles. – Ele está mais animado do que no Natal.

- Eu amo vê-lo assim – Lexi sorriu, fazendo com que Ravena olhasse para ela pela primeira vez. – Ele está mais animadinho... É bom para que ele não pense tanto em vocês sabem quem.

- Onde está o Shane?

- Na cozinha.

- Típico. – Ravena revirou os olhos.

- Você quer me ajudar a cortar esses papéis? – Cyborg perguntou, oferecendo algumas folhas para ela.

- Ahn... Não. Na verdade, eu preciso falar com vocês...

- Pelo o tom de voz já sei que não é uma coisa muito boa. – Shane entrou na sala, carregando um prato cheio de cookies. Colocou-o na mesinha de centro e olhou para Ravena, estudando as entrelinhas de seu rosto. – Então, o que é?

- Eu... É...

- Ela não vai passar o Ano Novo aqui – Mutano falou, parando no meio da escada. Todos olharam para ele, levando um pequeno susto com sua aparição repentina. Ele simplesmente deu de ombros e encarou Ravena, fuzilando-a com os olhos, mas ela não percebeu. Estava focada demais no fato de que ele estava sem camisa, mostrando seus músculos para quem quisesse ver. Seu rosto corou e ela pigarreou, olhando para os próprios pés. – Ela vai passar com o Jared.

- O quê?! – Lexi perguntou, incrédula. – Mas nós combinamos tudo!

- Eu falei a mesma coisa para ela, Lexi. Parece que o “amigo” rico é mais interessante do que todos nós juntos.

- Garfield – Ravena rosnou, fechando as mãos com força. – Chega.

- Tudo bem – Cyborg suspirou. – Isso me pegou de surpresa, mas não é grande coisa, certo? Quer dizer, a Rae é livre para passar a virada com quem ela quiser...

- É – Asa Noturna bufou. – Nós só tínhamos planejado tudo com antecedência para não ter nenhum imprevisto, mas parece que...

- Qual é – Mutano revirou os olhos. – Nem é grande coisa. Nós não precisamos dela para ter uma noite animada. Na verdade, vai ser até melhor sem essa energia pesada que nos obriga a fazer tudo com cuidado para não machucar o ego da pobre Ravena.

Um silêncio desconfortável preencheu a sala, intensificando a tensão entre eles. O barulho irritante da TV chegava a ser confortável, levando em consideração o que Mutano tinha falado. Shane assobiou alto e olhou para Lexi, usando apenas um olhar para perguntar se ela sabia o que estava acontecendo. Tudo que ela pôde fazer foi balançar a cabeça negativamente, mostrando que estava tão perdida quanto ele.

- De qualquer forma – Ravena disse, surpreendendo-se com sua voz mais monótona do que o habitual. – O Jared me pediu para avisar que ele vai ficar satisfeito se vocês quiserem aparecer no Plaza Hotel antes ou depois de meia-noite. – olhou para Shane e Lexi, apontando para eles. – Principalmente vocês dois.

- Eu não sei... – Shane suspirou, comendo um cookie. – Não sei se vale a pena.

- Eu concordo. – Lexi assentiu. – Já combinamos tudo por aqui, Ravena...

- Tá vendo? – Mutano perguntou, aproximando-se de Ravena. – Eles sim são amigos de verdade... Estão dando valor ao que nós já fizemos, mas você não sabe o que é isso.

- Não enche o saco. – Ravena pediu, olhando-o com raiva.

- Nos poupe das suas desculpas. Tenha uma ótima virada no Plaza e, por favor, fique por lá pelo tempo que quiser.

Ravena mordeu a própria língua para não responder e suspirou, indo até o sofá onde Asa Noturna estava, tirando Max do colo dele. O menino se assustou, acordando rapidamente de seu cochilo. Esfregou os olhos e olhou confuso para a tia, sem saber o que estava acontecendo.

- Max, você quer passar o Ano Novo comigo e com o Jared? – ela perguntou, sentindo-se culpada por não tê-lo chamado antes. Por mais que ele fosse uma criança e não tivesse uma noção completa de suas escolhas, ela preferia não ter a consciência pesada durante a festa, sabendo que estava deixando-o de lado por um programa.

- Aqui?

- Não, amor. Vai ser lá no Plaza. Lembra quando nós fomos lá ano passado numa festinha que o Jar fez?

- Lembo.

- Então, você quer ir?

- O Asa Notuna vai?

- Não.

- Eu queo ficá aqui.

- Mas...

- Ele disse que quer ficar – Mutano o tirou dos braços dela, deixando o menino deitar a cabeça em seu ombro esquerdo, quase dormindo de novo. – Então ele vai ficar.

- Você está exagerando, Garfield. Ele é minha responsabilidade e onde eu vou, ele também vai.

- Nem pensar.

- É... – Cyborg disse, sem graça. – Eu preciso concordar com o Garfield. Se o Max quer ficar, é melhor deixá-lo aqui.

- Ele nos ajudou a organizar tudo, Ravena – Shane lembrou. – Ou pelo menos pensa que ajudou. Deixe como está.

- Eu não vou estar aqui.

- Mas eu e o Shane vamos. – Lexi deu de ombros.

- Tá bom – Ravena bufou. – Mas eu tenho uma condição.

- Qual? – Asa Noturna franziu o cenho.

- Vocês vão aparecer na festa no Plaza. Todos vocês e vão levar o Max. Por favor. Não sei quando volto amanhã e queria dar um abraço nele quando o ano virasse.

Os Titãs, Lexi e Shane se entreolharam, pensando na condição dela. Eles olharam para Max dormindo no ombro de Mutano e depois para os olhos desesperados de Ravena. Para a surpresa dela, Asa Noturna foi o único a responder:

- Tudo bem. Nós estaremos lá.

- Meia-noite?

- Ou depois, não prometo nada.

- Obrigada, Dick.

- Seu treino de hoje está de pé e é com o Cyborg. Nada de faltar.

- Você está fazendo isso para que eu não falte só treino?

- Estou fazendo mais pelo Max do que por qualquer outra coisa, Ravena, mas não posso deixar você perder mais treinos.

- Eu perdi dois dias.

- Você sabe que é o suficiente para perder o ritmo.

- Sério, Dick? – Mutano perguntou, incrédulo. – Eu não vou nessa festa.

- Vai sim.

- Não vou.

- Eu já disse que vai, Garfield.

- Não!

- Vamos, Gar – Lexi colocou a mão no ombro dele. – Vai ser legal.

- É, cara – Cyborg sorriu, mais para Lexi do que para Mutano. – Você não pode perder uma festa desse tipo.

- Sem contar que vai ser melhor com você. – Shane arqueou uma sobrancelha. – Será que eu tenho chance de ganhar um beijinho meia-noite?

- Até antes se você quiser, Shane. – Mutano entrou na brincadeira, piscando para ele.

- Também posso participar? – Cyborg gargalhou.

- Isso está ficando cada vez melhor. – Shane comemorou, abraçando os dois e quase acordando Max. Olhou para Ravena, vendo que ela observava calada a cena. Soltou Mutano e Cyborg e foi até ela, abraçando-a com força. – Nós vamos, Rae. Mas aqui vai ser melhor, tem certeza de que não quer mudar de ideia?

- Não posso, Shane. Você sabe disso.

- Tudo bem.

- Bom, vejo vocês depois. – ela avisou, começando a subir as escadas para seu quarto. Conforme o dia passou, ela foi pensando em como se arrumaria para a festa de Ano Novo. Seu treinamento com Cyborg terminou quase no fim da tarde e ela precisaria correr, já que Jared a buscaria ás 20h. É claro que tinha tempo suficiente, mas não tinha tanta vontade assim de se arrumar e queria dormir um pouco, sabendo que passaria a noite acordada, fingindo ser quem não era.

Quando Jared a convidou para a festa de sua família, não havia deixado explícito que ela iria como Melanie Fox, mas isso era óbvio. Diante da família dele era isso que ela era: uma mulher britânica, apaixonada por joias e filha de fazendeiros, que fizeram de tudo para que ela tivesse as melhores condições do mundo. A história era tão mal contada que Ravena não sabia como os Turner acreditavam, mas tudo bem, ela tinha a ligeira impressão de que eles não percebiam ou não queriam perceber muitas coisas, principalmente relacionadas à seu filho. De qualquer forma, não era da conta dela. Enquanto Jared a pagasse estava tudo certo.

Depois de dormir por quase duas horas, ela acordou com uma música alta, percebendo que a comemoração do Ano Novo já tinha começado na cobertura. Se respirasse fundo, conseguiria sentir o cheiro das comidas que Shane estava preparando, mas isso não a interessava. Ela não tinha visto Mutano durante toda a tarde, e mesmo que Cyborg tivesse dito que ele havia saído para comprar algumas coisas de última hora, ela ainda sentia necessidade de vê-lo.

Não demorou muito para que o relógio marcasse 20h.

Ás 19h25, ela já estava pronta, sentada em sua cama enquanto esperava por Jared. A meia-luz do quarto era aconchegante e quase a deixava com sono outra vez, fazendo com que ela amaldiçoasse Mutano por pintar as paredes de roxo. Se olhou no espelho, admirando a roupa que Jared havia mandado para ela. Era, provavelmente, a primeira vez que ele mandou algo que realmente a agradou: uma calça skinny preta, blusa dourada com paêtes e alça fina, um sapato de salto preto fechado e brincos grandes de pérola e pequenos diamantes. Sua maquiagem estava em tons de dourado e cobre, enquanto seu batom roxo se destacava, criando um contraste com a cor de seus olhos. Porém, de todas essas peças, nenhuma chegava a ter a mesma importância que o colar que Mutano havia lhe dado no Natal, e, no meio de tanta coisa que a caracterizava como Melanie Fox, o colar a fazia se lembrar de que ela não era nada além da velha Ravena.

- Vai ser uma longa noite... – Ravena suspirou, sentando-se na cama outra vez e mexendo em seu celular.

Na sala de estar, Mutano estava focado no jogo que Ravena havia lhe dado de Natal. Ele não pararia enquanto não tivesse a maior pontuação e vencesse Cyborg, mesmo que isso fosse quase impossível. Os outros dois Titãs estavam na cozinha com Lexi, Shane e Max, terminando de preparar o jantar. Ele tinha sido excluído por todos depois de derrubar massa de tomate no chão, fazendo com que Cyborg limpasse tudo sozinho.

Pausou o jogo para arrumar as mangas de sua camisa branca social, lembrando-se da insistência de Lexi para que ele usasse a roupa. Antes que pudesse voltar a jogar, a campainha tocou e Asa Noturna gritou para que ele atendesse a porta.

- Ah, é você. – Mutano revirou os olhos.

- A Ravena já está pronta? – Jared ignorou o comentário dele.

- Não sei, tenho cara de babá?

- Eu posso entrar?

- Não.

- Você pode chamar a Ravena para mim?

- Não.

Jared bufou e empurrou Mutano, entrando na cobertura. Sentou-se no sofá e olhou para a TV, sem se preocupar em avisar aos outros moradores que ele estava ali.

- Por que você não esperou lá embaixo?

- Porque eu conheço a Rae. Ela vai demorar se eu não pressioná-la.

- Você a conhece?

- Mais do que você imagina – Jared provocou, tirando o paletó de seu terno e colocando-o em cima do sofá. – Ela é a minha melhor amiga.

- Bom para você.

- Olha, Mutano... Eu não te devo satisfação, mas...

- Exatamente, você não deve, então guarde para você qualquer opinião.

- Só ia dizer para você ficar longe do nosso relacionamento.

- Vocês tem um?

- Você acha que não?

Mutano olhou para Jared e rosnou baixinho, sabendo que ele não seria capaz de escutar. Pausou o jogo outra vez e sentou-se na poltrona ao lado do sofá, cruzando os braços.

- Eu e ela já passamos por vários momentos, várias coisas e não cabe a você entender isso.

- Quem disse que eu quero entender?

- Você não quer?

- Jared – Mutano suspirou, franzindo o cenho. – Você está na minha casa, no meu sofá... Pensei em mim como o Darth Vader e esse é o meu Império – ele abriu os braços, mostrando a sala ao redor. – E a última coisa que vai querer é que o Império contra-ataque.

- Eu não tenho certeza se entendi isso. Por que você tem a mesma mania que a Ravena? Eu nunca assisti Star Wars, porra!

- Não estou nem aí para o que vocês dois tem. Eu realmente não me importo se vocês namoram ou só transam casualmente.

- Então por que age exatamente ao contrário do que você acabou de dizer?

- Jared – Ravena o chamou, parando no final da escada. Olhou para Mutano, mostrando que havia escutado boa parte da conversa e não estava nada, nada satisfeita. Ele bufou e sorriu de lado, como se estivesse rindo dela. – Vamos?

- Você está linda, Rae. – Jared sorriu, indo até ela.

- Você também. Vamos logo, os outros prometeram aparecer mais tarde.

- Até o Shane?

- Sim, até o Shane.

- Legal!

Ravena assentiu e puxou Jared pela mão, saindo da cobertura sem se despedir de Mutano. Ele grunhiu de raiva e socou a manete do video-game, quebrando o objeto. Jared não passava de um rico esnobe que provavelmente iludia Ravena, falando que a assumiria para valer como namorada, mas nunca, nunca faria isso. O que o deixava mais indignado, era saber que ela aceitava participar disso, aceitava ser parte de um relacionamento onde só ela tinha namorado.

- Você não gosta dele, não é? – Lexi perguntou, aproximando-se dele. Seu rosto estava vermelho, assim como seus lábios. Um pequeno chupão roxo chamava atenção em seu pescoço e Mutano arqueou uma sobrancelha, sorrindo de lado. – Gar? – ela balançou as mãos na frente dele, tentando chamar sua atenção. – Você está me ouvindo?

- Eu realmente não gosto dele, Lexi.

- Percebi... Acho que ele merece uma chance. Vocês se conheceram agora e...

- Nem pensar. Ele também não gosta de mim, vai falar que nunca percebeu?

- O Jared não costuma odiar as pessoas...

- Eu sou uma exceção.

- Por que vocês homens precisam ser tão difíceis?

- Lexi – ele riu, colocando as mãos nos ombros dela. – Por que vocês mulheres precisam ser tão difíceis?

- Nós não somos.

- Fale por si mesma.

- Se você estiver se referindo a Ravena, desiste. Ela é difícil mesmo.

- É...

- Acho melhor você desligar a TV, Gar. O jantar está quase pronto e nós vamos ao Plaza logo depois de comermos.

- Ah, eu não vou.

- É claro que vai.

- Não.

- Você vai e ponto final. Se quiser uma dica, a melhor forma de provocar um inimigo é entrar no campo de batalha dele.

- O quê?!

- Você entendeu.

- Tudo bem – Mutano revirou os olhos, beijando a bochecha de Lexi. Aproximou a boca da orelha esquerda dela, abrindo um sorriso torto. – Tem uma marca enorme no seu pescoço. Não sei quem fez, mas talvez você queira passar uma maquiagem nisso aí.

- Como?! – Lexi engasgou, tampando o pescoço com as mãos.

- Eu vou lavar minhas mãos para comer. Até daqui a pouco.

Depois de um jantar agradável e divertido, os Titãs, Shane, Lexi e Max, resolveram que era uma boa hora para ir até o Plaza. É claro que Max não interferiu muito na escolha, mas Mutano tinha torcido internamente para que o menino começasse a chorar, falando que não queria ir a festa nenhuma. Infelizmente, ele não o fez.

Contrariando a vontade de Lexi, eles entraram no T-Car e foram todos juntos ao Plaza. Ela reclamou o tempo todo, criticando desde o estofado de Baby até o vidro blindado é perfeitamente limpo, que era um dos maiores orgulhos de Cyborg. Mutano se xingou mentalmente por ter concordado em ir e pigarreou, sentindo-se desconfortável entre a cadeirinha de bebê de Max e o braço direito de Shane. Não conseguia entender como Asa Noturna havia conseguido ser mais esperto que ele ao entrar do lado mais vazio do carro. De qualquer forma, era óbvio para qualquer um que não cabia mais ninguém lá dentro. Tirando Lexi e Cyborg, que estavam nos bancos da frente, e Max em sua cadeirinha, agarrado a Nelson e Abelardo, ninguém mais estava confortável.

A fachada do Plaza Hotel estava completamente iluminada. Luzes coloridas e holofotes dançavam pela parede do prédio, e vários funcionários recebiam os convidados que ainda estavam chegando. Asa Noturna agradeceu mentalmente por ter feito todos irem de roupa social e desceu do carro, indo falar com um dos seguranças, enquanto seus amigos se aproximavam devagar.

- Shane Campbell – Shane sorriu, deixando que o segurança procurasse seu nome na lista de convidados. – Eles estão comigo, mas também foram convidados, caso você precise dos nomes.

- Não senhor. – o homem respondeu, entregando uma pulseira de plástico para cada um. Olhou para Lexi e sorriu, apontando para um quiosque no meio da recepção. – A Glory Jewelry está oferecendo joias para usar durante a festa, é só deixar o nome e escolher uma peça, caso a senhora se interesse.

- É claro que eu me interesso! – ela quase gritou, fazendo Cyborg morder a própria boca para não rir. – E é senhorita.

- Sim, senhor... ita.

- Senhorita? – Cyborg perguntou, indo atrás dela. – Desde quando?

- Sou muito nova para ser chamada de senhora, Victor.

- Mas “senhorita”?

- Você tem algum problema com isso?

- Normalmente, moças solteiras são chamadas de senhoritas. Solteiras e virgens.

- E eu sou o quê?

- No máximo solteira.

- Ninguém precisa saber – Lexi piscou, arrumando o colar de diamantes e rubi em seu pescoço. Assinou em um caderno para comprovar que estava com ela e que seria devolvido ao fim da festa. Cyborg arqueou uma sobrancelha e olhou para as costas dela, ficando um pouco impressionado com o grande decote nadador que seu vestido dourado tinha, além de quatro tiras que enfeitavam a parte de trás das costelas. Na frente, o decote V era tão grande quanto o das costas e as alças finas do vestido o deixavam perceber que ela não estava usando sutiã. Era tanto brilho, que ele tinha certeza de que até seu olho humano estava brilhando por causa do reflexo dos paetês. – Está gostando da sua vista?

- Talvez.

- Talvez?

- Eu estou gostando.

- Você deixou o meu pescoço marcado hoje mais cedo e o Garfield viu.

- O que ele disse? – Cyborg deu um passo para trás, assustado.

- Nada. Só sugeriu que eu tampasse com maquiagem.

- Por que ele não te zoou?

- Porque eu tenho uma carta na minha manga.

- O que você quer dizer?

- Nada que seja da sua conta – ela deu de ombros, arrastando Cyborg para o elevador onde os outros já estavam esperando. – E se você for bonzinho essa noite... Me encontre no corredor dos fundos do salão de festa.

- Nós estamos em um hotel, Alexia.

- Então você prefere usar um quarto?

- O corredor está ótimo. – ele piscou, aproximando o rosto do dela antes de entrar no elevador. Se Asa Noturna, Shane e Mutano perceberam a aproximação, não falaram nada. – Eu gosto de um desafio.

Lexi sorriu quando Cyborg entrou no elevador, agindo como se nada tivesse acontecido. Tudo bem, ainda não tinha acontecido, mas se dependesse dela, não ficaria assim por muito tempo. Ela ficou ao lado dele, roçando seu braço propositalmente no dele. Percebeu que ele congelou no lugar e riu baixinho para que só ele escutasse. Quando as portas do elevador se abriram, Cyborg fez questão de sussurrar no ouvido dela que ela estava brincando com fogo. Tudo que ela respondeu foi que estava louca para se queimar.

Se a parte externa do Plaza estava incrível, a interna não tinha uma palavra boa o bastante para descrevê-la. A decoração branca das mesas, que estavam dispostas em linhas retas dos dois lados da pista de dança, contrastava com as luzes roxas e rosas de neon. Cada mesa tinha um arranjo central de flores com piscas-piscas, caindo em cascata; As cadeiras tinham protetores de renda e cada guardanapo de pano tinha as iniciais da joalheria gravadas em dourado.

As pessoas da alta sociedade não pareciam ter se preocupado com o preço de seus vestidos e ternos. Não. Todos ali pareciam fazer questão de mostrar o tanto de dinheiro que tinham, e a maior prova disso seria o leilão de joias que aconteceria após a meia-noite, com o intuito de arrecadar fundos para o centro de caridade da família de Jared.

No meio de tantas pessoas, tanta ostentação e tanto brilho, Mutano a viu. Ravena estava ao lado de uma mesa de petiscos, comendo o que parecia ser um salgadinho de queijo. Seria uma comida igual a qualquer outra, encontrada em qualquer lanchonete de Midnight City, mas ali, tudo tinha nome francês. Jared se aproximou dela e entregou uma taça de champanhe, sorrindo. Ele apontou para onde os Titãs estavam com Shane, Lexi e Max, e a puxou pela mão, andando até eles.

- Vocês vieram! – exclamou, brincando com Max, que estava no colo de Cyborg. – Bom, você venceu nossa aposta, Rae.

- Eu disse que eles apareceriam mais cedo ou mais tarde. – ela deu de ombros, tomando um longo gole de champanhe.

- É. Todos eles. – Jared olhou para Mutano.

- Não estou aqui por vontade própria, Jared.

- Tanto faz, Mutano. É ano novo, não vou discutir com você.

- Você já o fez hoje.

- Como?

- Nada, só disse como a festa está linda. – Mutano deu de ombros, arrumando seu smoking. – Vou dar uma volta por aí e... Vejo vocês depois.

Assim que ele saiu, Cyborg fez o mesmo e Lexi o seguiu poucos minutos depois, deixando Max com Asa Noturna. Shane encontrou alguns colegas da empresa e Jared levou Ravena até onde sua família estava, sabendo que precisava ser convincente quanto à questão Melanie Fox.

- Jared! Você cresceu tanto!

- Oi, tia Consuelo – ele sorriu, apertando a mão de Ravena. – Essa é a minha namorada Melanie.

- Olá! Escutei muito sobre você.

- Prazer em conhecê-la, senhora.

- O prazer é todo meu. Então, como você está lidando com a mãe do Jared?

- A senhora Turner é... Ela é legal.

- Legal? Você não precisa mentir para mim, querida. – Consuelo sussurrou, vendo Jared se afastar para conversar com um primo. – Aquela mulher é a encarnação do mal, exatamente como o meu irmão. Acho que é por isso que eles se dão tão bem.

- Ahn...

- Sim, eu sou irmã do William, a irmã mais velha só para deixar claro, mas isso não significa que eu morro de amores por ele.

Ravena piscou algumas vezes, olhando para a senhora de aproximadamente 63 anos que estava parada a sua frente. Olhou para o lado vendo Jared conversando com outros parentes, enquanto sua mãe, Stella Turner, o oferecia descaradamente para a filha de algum sócio da empresa.

- Se você quer um conselho, Melanie... Fuja enquanto você ainda pode.

- Como?

- Essa é a pior família que você pode escolher para fazer parte. Eles são preconceituosos, machistas e se acham os donos do mundo.

- Mas a senhora...

- Sou a parte boa da família, assim como o Jared. Tenho a impressão de que esse garoto nunca vai se encaixar aqui. Ele ama a empresa e as joias, mas para ter tudo isso, precisa ser quem não é.

- Eu não sei se entendi.

- Você sabe – Consuelo a puxou para o meio da multidão, acenando com a cabeça para alguns convidados. – Quando o William criou essa joalheria, ele só tinha um diamante nas mãos. Um. Foi pura sorte achar aquela pedra, mas o meu irmão tem um talento especial para conseguir o que quer e... Ele acabou achando uma mina perto de onde achou o primeiro diamante. – ela parou de andar e segurou a mão esquerda de Ravena, olhando para a vista magnífica de Midnight City que a janela do salão de festas do Plaza lhes proporcionava. – Quando ele conheceu a Stella, ela era diferente, era como você. Não me leve a mal, mas eu tenho a impressão de que você faz o que tem vontade sem se importar com os outros. O seu cabelo, por exemplo... É incrível.

- O-Obrigada, senhora.

Consuelo deu de ombros e ajeitou o aro fino de seus óculos em seu nariz, respirando fundo. Ela estava longe de ser uma senhora saudável, e parecia fazer questão de mostrar isso, brincando que era uma cópia fiel da VovóZona. Seu vestido longo prateado se camuflaria facilmente com os enfeites do salão, e ela tinha “alugado” um garçom só para servi-la. Ravena se lembrava vagamente de Jared contando uma história sobre a tia, falando que ela era solteira, mas nunca estava sozinha. Curiosamente, todos os seus affairs, eram garotos muitos anos mais novos que ela, porém, não passavam de uma semana.

- Stella era uma jovem incrível, mas acabou ficando na sombra do meu irmão. Infelizmente, ela ficou igual a ele e tentou criar o Jared desse jeito, mas eu não deixei. Sempre que podia, levava o garoto para a minha casa e o enchia de bobagens que eram proibidas na casa dele.

- Ele gosta muito da senhora.

- E eu dele. Quero que ele seja feliz, Melanie. Só isso. Não me importo com quem seja, desde que seja uma pessoa boa e digna do homem maravilhoso que ele é.

- Eu também... – Ravena suspirou, olhando para onde Jared estava.

- Então você já é a minha favorita! Não ligue para essas madames que a Stella fica empurrando para cima dele. Nós duas sabemos de quem ele gosta – ela piscou, fazendo Ravena engolir em seco. Era óbvio que Consuelo sabia de mais coisa do que mostrava. – Ah! É o meu garçom – quase gritou, acenando para o garçom para que ele se aproximasse de onde elas estavam. Pegou a bandeja e colocou no parapeito da janela, encostando-se na parede para comer. – Se você me der licença, Melanie, vou comer antes de meia-noite. Não vou perder o jantar por nada, então vou aproveitar esses salgados deliciosos.

- Tudo bem, senhora. Eu adorei a nossa conversa e...

- Você é uma boa garota. Tenho certeza de que vai ajudar o Jared da melhor forma possível.

- Eu vou, pode ter certeza.

Consuelo voltou sua atenção para a bandeja cheia de salgados e deixou Ravena parada no canto do salão, sem saber o que fazer. Ela suspirou e pegou outra taça de champanhe, indo apressadamente para fora do salão de festas. Andou até o banheiro mais afastado, querendo evitar os outros convidados, e trancou a porta, sentando-se na privada. Passou os olhos pelo lugar e bufou, tendo mais uma vez certeza de que só aquele banheiro era maior do que apartamento que ela e Estelar tinham.

Para começar, ele era iluminado por um enorme lustre de cristal, e por uma cachoeira de luzes, que ficavam atrás da privada. O chão era de mármore branco, e o teto era rebaixado com gesso, cheio de pequenas lâmpadas redondas. O espelho ocupava metade de uma das paredes, começando logo acima da torneira de ouro da pia. O balcão era branco com detalhes dourados e, ao lado dele, tinha uma prateleira de vidro, com os mais diversos produtos de higiene, tanto masculinos quanto femininos.

Ravena revirou os olhos e abriu sua bolsa de mão com certa pressa, pegando o cigarro. Viu que a janelinha do banheiro estava aberta e suspirou aliviada por não ter que se levantar. Nas míseras três horas que ela tinha passado com a família e amigos de Jared, havia sido obrigada a tolerar cada conversa fútil, que merecia fumar, pelo menos, três cigarros. Olhou a hora em seu celular e viu que ainda eram 23h15. O relógio parecia brincar com ela. Ele rodava, rodava e rodava, mas a meia-noite nunca chegava. Maldita hora em que ela aceitou passar a noite toda com aquelas pessoas maravilhosas e humildes. Estava começando a pensar se o dinheiro valia mesmo a pena. Perto da raiva que ela estava passando, preferia ficar no Wildfire, ganhando 800 dólares por noite, afinal, os clientes faziam o que tinham que fazer e iam embora. Muitos deles não abriam a boca nem para falar “boa noite”.

- Por que você está tão sozinha aqui? – Mutano perguntou, voltando a sua forma humana. Ravena gritou de susto e quase derrubou a taça de champanhe no chão, enquanto tentava não deixar o cigarro cair de sua mão. – Droga. Por que eu não gravei esse momento? A sua expressão foi impagável e...

- Como você entrou aqui? – ela quase gritou, ficando em pé.

- Me transformei em uma formiga e passei por debaixo da porta.

- O quê?! Por quê?

- Eu vi você conversando com a senhora que parece a VovóZona. Ela te deixou de lado por causa de uma bandeja de salgadinhos.

- Ela não me deixou de lado.

- Ela pareceu bem mais interessada na comida do que em você.

- Tem dias que até eu estou mais interessada em comida do que em mim mesma.

- Essa é a Ravena que eu conheço... Cheia de amor próprio. – ele debochou.

- O que você quer, Garfield?

- Eu fiquei preocupado com você. Sério. Parecia que você começaria a gritar a qualquer momento se continuasse naquele salão.

- Vontade não faltou.

- Você está bem?

- Aham.

- Eu disse que a festa da cobertura seria melhor, você não me ouviu.

- Você sabe que não disse isso.

- Isso é realmente importante agora?

- Tanto faz – Ravena bufou, passando por ele para destrancar a porta. Ele tirou o cigarro da mão dela e apagou no balcão, jogando a bituca no lixo que estava ao lado da privada. – Tenha pelo menos a decência de esperar um pouco antes de sair atrás de mim. Se alguém nos ver...

- O que vai acontecer? Seu namoro com o Jared vai ser destruído? Que pena.

- Não se mete nisso.

- Ah, eu não vou. Pelo menos não hoje.

- Como assim?

- Na verdade, eu não vim aqui para conversar com você.

- Não?

- Não. Estou te observando desde que cheguei, princesa... Você está linda.

- Você é maluco?

- Estou te fazendo um elogio.

- Então não faça!

- Você é muito mal-agradecida. – Mutano revirou os olhos, puxando a cintura de Ravena. A empurrou até o balcão do banheiro e pressionou as costas dela contra o móvel branco, fazendo-a arregalar os olhos. Brincou com os corações do colar dela, fazendo questão de passar os dedos lentamente na pele dela.

- O que você está fazendo?

- O que eu tinha que ter feito logo depois do que aconteceu no Natal.

- Você não v... – ela parou de falar quando sentiu os lábios dele firmemente pressionados contra os dela. Não tentou empurrá-lo ou qualquer outra coisa que o afastasse dela, ao invés disso, passou as mãos pelo pescoço dele, puxando-o para mais perto e entregando-se ao beijo. Mutano riu baixinho e apertou mais o corpo contra o dela, descendo as mãos até a bainha de sua blusa dourada, acariciando de leve a pele de sua barriga. Ravena arqueou as costas para aumentar o contato das mãos de Mutano e deixou que ele fizesse uma trilha de beijos por seu pescoço. – Ah...

Ele mordeu o lábio inferior para não rir dela e desceu mais as mãos, brincando com o botão e o zíper de sua calça jeans. Ela o olhou assustada, como se perguntasse o que ele estava prestes a fazer. Dando de ombros, ele simplesmente abaixou a calça dela até suas canelas e enrolou os dedos nas laterais de sua calcinha de renda.

- Verde? – arqueou uma sobrancelha, sem desviar os olhos do pano sedoso entre seus dedos. – Não sabia que você gostava...

- Foi você quem comprou, lembra?

- Você não é obrigada a usar.

- É, mas...

- Shh... Você tá falando demais. – ele a beijou novamente, enquanto abaixava a calcinha lentamente. Ravena franziu o cenho, sentindo os dedos dele subindo por suas pernas, mas não parou de beijá-lo, e não pararia tinha intenção de parar tão cedo. Seu plano de manter o beijo funcionou bem até o momento em que ela sentiu Mutano deslizando um dedo para dentro dela. Arregalou os olhos e arfou contra a boca dele, fazendo com que ele movimentasse o dedo. – O Dick pode ser bem insistente quando ele quer e a Lexi também. Você sabe, eu ficaria feliz de estar em casa agora, jogando video-game, mas não... Fui obrigado a vir para essa festa chata. – usou o dedão para massagear o clitóris e enfiou outro dedo em sua intimidade, arrancando um gemido relativamente alto dos lábios dela. – Eu quase venci o jogo que você me deu. Quase. Estou aqui, mas meus pensamentos estão no nível em que o chefão aparece. Isso é normal, princesa?

- Eu... Eu... – ela gemeu, mexendo os quadris para sentir mais dos dedos dele. – Eu...

- Você o quê?

- Eu não sei.

- Não sabe? – Mutano colocou o terceiro dedo, mantendo um sorriso no rosto. Aumentou a velocidade do movimento circular que seu dedão fazia e puxou a cintura de Ravena, deixando-a mais perto de seu corpo. Roçou os lábios nos dela, ameaçando beijá-la, mas assim que ela tentou concluir a ação, ele afastou o rosto, beijando a bochecha direita dela. Os movimentos de vai e vem que seus dedos faziam estavam cada vez mais rápidos e ele já sentia os fluídos começando a escorrer até sua mão. – Tão molhada. Você está tão molhada... É por minha causa?

- N-Não.

- Então qual é o motivo?

Ravena não respondeu. Ela fechou os olhos com força e segurou os ombros de Mutano, gemendo alto. Ele continuou os movimentos, dando um pouco mais de atenção ao clitóris, enquanto ela rebolava em seus dedos. Percebeu que ela estava quase no ápice e parou bruscamente, puxando os dedos para fora dela e dando alguns passos para trás. Ela abriu os olhos confusa e se segurou no balcão para não cair.

- Por que você parou?

Ele passou os dedos melados pelos lábios dela, beijando-a com carinho logo em seguida. Deixou que ela sentisse o próprio gosto e lambeu o que ainda estava em seus dedos. A vestiu novamente e fechou o botão da calça jeans como se nada tivesse acontecido.

- Por que você parou, Garfield?

- Acho que perdi a vontade.

- Eu estava quase lá!

- Que pena, princesa – Mutano estalou a língua. – Mas você sempre pode terminar sozinha, certo? – ele deu de ombros e destrancou a porta do banheiro, preparando-se para sair. – Se apresse é quase meia-noite. – balançou os três dedos que tinha usado diante dos olhos dela e saiu, sabendo que estava brincando com fogo.

- Filho da puta! – Ravena bateu o pé esquerdo com força no chão, cansada. Se olhou no espelho e viu suas bochechas vermelhas e a testa suada. – Você sempre pode terminar sozinha – o imitou, revoltada. – Idiota.

Perto dali, Lexi terminou de vestir seu vestido e ajudou Cyborg a catar as peças de seu terno do chão. Ele bateu a cabeça em um balde e praguejou baixinho, afastando uma vassoura de seu rosto.

- É a primeira vez que eu transo em um armário de vassouras – ela disse, cansada. – Tirando a parte em que elas despencaram em cima da gente, foi ótimo.

- Por que você não escolheu um quarto?

- Você disse que gostava de desafios, Victor.

- Não precisava exagerar, Alexia.

- Vai falar que não gostou?

- Eu gostei – Cyborg sorriu, dando um selinho nela. – Mas da próxima vez, eu escolho o lugar.

- Espera, vai ter próxima vez?

- Eu não sei, vai?

- Bom, nós já transamos o quê? 5 vezes?

- 7.

- Você está contando com a do escritório do Dick?

- Estou e isso é segredo. Se ele descobrir...

- Já sei, ele vai surtar.

- Exatamente.

- Eu não posso fazer nada. Você disse que seria uma única vez naquele dia no meu apartamento.

- Eu disse?

- Aham.

- Eu... É... – ele gaguejou, sem graça.

- Eu não me importo – ela revirou os olhos, apertando de leve o nariz dele. – A próxima vez é por sua conta. – piscou maliciosamente. – Eu topo qualquer coisa que não envolva altura.

- Você tem medo?

- Você nunca vai saber. – riu, saindo do armário de vassouras. Apoiou as costas na porta e sorriu, passando os dedos pelos lábios que há alguns minutos atrás, estavam com os de Cyborg. Se recompôs e acenou para as mulheres que estavam saindo do banheiro próximo dali, fingindo que estava apenas arrumando seu vestido.

- Lexi? – Asa Noturna a chamou, arqueando uma sobrancelha. Max estava dormindo no ombro dele, fortemente abraçado em seu pescoço. – O que você está fazendo aqui?

- Eu estava no banheiro.

- O banheiro é do outro lado do corredor.

- É mesmo? Ah... Acho que eu me perdi então.

- Onde está o Cyborg?

- Eu não sei. Não o vejo desde a hora que nós chegamos.

- Pensei que vocês tivessem ido para o mesmo lado.

- Não, nós não fomos.

- Droga. O Garfield também sumiu e o Max finalmente conseguiu dormir com essa música alta. Eu precisei andar com ele pelo hotel inteiro.

- Como se você não gostasse de ficar com ele.

- Como é?

- Você adora esse menino, Dick.

- Não. Eu não.

- Então por que tirou o seu paletó só para cobri-lo?

- Está frio e ele é uma criança, não posso deixá-lo sentir frio.

- Você gosta dele.

- Não!

- Gosta sim. Tudo bem – Lexi bufou e colocou a mão na testa de Max. – Ele está com febre.

- O quê?! – Asa Noturna quase gritou. – Febre? Nós precisamos dar um remédio, eu vou na farmácia comprar e... Cobertores! Ele está dormindo com poucos cobertores.

- Como você sabe com quantos cobertores ele está dormindo?

- Eu sempre vou no quarto dele antes de dormir e...

- Você gosta dele.

- Eu...

- Ele não está com febre, foi só uma brincadeira.

- Isso não se faz.

- Você fica uma gracinha desesperado. – ela piscou. – Vamos procurar o Victor e o Gar. Também quero ir embora, as festas da família do Jared costumavam ser melhores quando eu ficava bêbada.

Asa Noturna balançou a cabeça negativamente e a seguiu para o lado oposto do armário de vassouras. Cyborg suspirou aliviado quando eles se afastaram e preparou-se para sair. Sentiu o perfume de Lexi em seu smoking e riu baixinho, comemorando rapidamente. Parou. Não tinha nada para comemorar.

No outro corredor, Ravena saiu do banheiro depois de arrumar sua maquiagem e voltou para o salão de festas, vendo Mutano encostado na parede do lado oposto. Ele levou os dedos a boca e lambeu os lábios, como se estivesse degustando alguma comida gostosa. Ravena corou e desviou os olhos dos dele, torcendo para que ele parasse de olhar para onde ela estava. Tentou se concentrar nas pessoas a sua volta, mas não conseguia parar de lembrar do que havia acontecido no banheiro. Escutava as pessoas falando, mas só conseguia pensar que deveria estar do outro lado da sala, fazendo qualquer coisa que envolvesse Mutano. Por que ela sentia como se estivesse com medo de pular e cair? E por que a ideia de cair parecia aceitável se tivesse quem segurá-la? Suspirou e voltou sua atenção para o salão, procurando por Jared, Shane ou qualquer outra pessoa que a mantivesse com a atenção em alguma coisa que não fosse Mutano e seus dedos incríveis.

- Pai! Para! – Jared gritou, fazendo com que sua voz fosse mais alta que a música. Os convidados olharam para ele e tentaram entender o que estava acontecendo, mas ninguém sabia explicar o que era. Ravena deu meia-volta e passou por Mutano depressa, assustando-o. Ele a seguiu até onde Jared estava e viu que Asa Noturna, Cyborg e Lexi estavam do outro lado, tão confusos quanto ele e Ravena. – Para!

- Eu não vou parar! Essa empresa é minha e eu não admito essa pouca vergonha – William Turner falou, olhando com nojo para Shane. – O que essa foto significa, senhor Campbell?

- Tem que significar alguma coisa? – John Samuels, o sócio que havia encontrado com Ravena, Shane e Jared no Festival da cidade riu. – A foto não precisa de explicação. Parece que o Shane corta para o lado errado.

Ravena e Mutano se entreolharam, tentando entender. Alguns convidados murmuraram coisas maldosas sobre Shane, fazendo com que ele se encolhesse ainda mais.

- Então você é um viadinho – o Sr. Turner debochou. Olhou para o celular em sua mão e o virou para os convidados, mostrando uma foto de Shane, com 17 anos,  em uma banheira com seu primeiro namorado. – Esse tempo todo, eu confiei a minha empresa a um engenheiro de minas que, na verdade, não passa de uma bichinha. Quando o John me mostrou essa foto, quase não acreditei. Como nós só descobrimos isso hoje?

- Está no Facebook do outro garoto. – John explicou. – Que pouca vergonha.

- O que é uma pouca vergonha? – Shane falou pela primeira vez desde que a foto tinha começado a ser vista. – Eu não tenho vergonha de ser gay.

- Na empresa você não é.

- A empresa é o meu local de trabalho. Independente da minha orientação sexual, eu sou o engenheiro de minas da empresa, e sei separar as coisas.

Jared concordou com a cabeça e trocou um olhar intenso com Shane, que apenas ignorou. Ravena se aproximou deles e percebeu que os Titãs e Lexi fizeram o mesmo, prontos para defender Shane, caso fosse necessário. Eles queriam se meter, mas causariam mais problemas tanto para Shane quanto para Jared.

- Isso é tão ridículo – o Sr. Turner riu, fazendo com que sua irmã, Consuelo, rosnasse baixinho. Era por isso que, às vezes, ela sentia vergonha da postura do irmão. Por isso preferia não se envolver com a empresa. – Um viadinho na minha empresa. Não acredito que eu te paguei uma fortuna todos esses anos.

- Eu não sou um viadinho. – Shane tentou argumentar.

- Cala a boca! Você não é nem digno de dirigir a palavra a mim ou a qualquer funcionário ou familiar meu. Você é uma aberração!

- Pai...

- Está vendo, Jared?! Eu te disse que o mundo está cheio de aberrações, é bom você ver isso para que quando assumir a empresa em fevereiro, não caia na besteira de contratar um viado.

Shane fechou os punhos com força e sentiu seus olhos ficando marejados. Ainda se lembrava de quando seu pai tinha o expulsado de casa ao descobrir que ele estava namorando com um colega da faculdade que, por coincidência, era o mesmo da foto. Sentia-se humilhado só de lembrar de tudo que seu próprio pai havia falado, de tudo ele havia o xingado. Quando saiu de casa, jurou nunca mais esconder quem era, mas para trabalhar na Glory Jewelry, precisava ser discreto. Ele não fingia ser o que não era a contrário de uns e outros, mas não contava se ninguém perguntasse. Era o preço que ele precisava pagar para ter o emprego que sempre tinha sonhado. Não era segredo para ninguém que William Turner não escondia de ninguém que era completamente homofóbico.

- Pai... Chega.

- Chega?! Mas eu nem comecei, Jared – ele riu. – Eu vou foder a sua imagem, Shane Campbell. Vou destruir todas as possíveis recomendações que você tem e você nunca mais terá um emprego nessa área. Quem sabe assim você não aceite a aberração que é e vá trabalhar numa zona cheia de putas.

- Ser gay não é um problema para mim – Shane o desafiou. – Por que deveria ser para você? – Jared olhou para Ravena e viu ela mexer os lábios, pedindo para que ele fizesse alguma coisa. Ele não o fez. – Eu não sou uma aberração!

- Você é sim e eu não aceito pessoas como você na minha empresa. Você é nojento, é um verme, esquecido por Deus. Você...

- Eu sou obrigado a concordar com você, William. – John riu junto com os outros sócios e alguns convidados. Stella Turner assentiu e quase aplaudiu a fala do marido e do amigo.

- William – Consuelo o chamou. – Você está louco?

- Cale a boca!

- Não! Se ninguém aqui faz nada, eu faço! Ele é apenas o seu funcionário, não te deve satisfação. Não é problema seu se ele é gay ou não!

- Do mesmo jeito que não é problema meu você ser feia e nunca ter arranjado um marido?

- Eu não preciso de um marido.

- Tem razão, um marido não merece passar pelo desespero de viver ao seu lado.

Os Titãs, Lexi e Ravena arregalaram os olhos e viram Consuelo rir baixinho. Ela estava tão acostumada com as humilhações que sofria pelas mãos do irmão, que já não se importava mais. Ela levantou as mãos, rendendo-se e se afastou, indo comer o jantar que estava começando a ser servido. O relógio marcou meia-noite e o sino começou a tocar. Ninguém se moveu ou desejou feliz ano novo a quem estava perto.

- Você – o Sr. Turner andou até Shane, apontando o dedo no rosto dele. – Você está demitido, seu viadinho. Na minha empresa você não pisa mais.


Notas Finais


William Turner/John Samuels (ou Summers, sei lá qual sobrenome eu dei pra esse figurante) são personagens e eu >não< penso como eles.

Comentem :)


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