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História Will you be there? - O que você fez?


Escrita por: thilover

Capítulo 7 - O que você fez?


~~Mariana~~

 Uma caixa lotada. Lotada de lembranças, de sentimentos, de amor, de passado... Agora estou a lotando de lágrimas também. Giovana mal acredita no que vê, ela até tenta ser um consolo, mas eu não consigo mais achar sentido em nada disso – aliás, eu nem sei como consegui contar isso pra alguém que conheço tão pouco; nem Raquel sabe sobre meu antigo namorado/pai da Milla. Gio passava a mão em meu cabelo e ficava de olho em Camilla, que dormia na minha cama.

 Eu olhava aquelas fotos e me sentia destruída, ainda mais depois de saber que o queridíssimo Thiago ia jogar tudo fora. Uma das primeiras fotos que achei foi uma em que a dupla dinâmica ‘Aguinho e Mia’, no orfanato em que eu morava, pendurados de cabeça pra baixo numa das árvores mais bonitas daquele lugar – ela era nosso esconderijo oficial, éramos os únicos que conseguiam escalar até o topo – sorríamos felizes, como toda criança que não tem nenhum outro compromisso ou preocupação. Mais uma nos mostrava arrumadinhos e engomados numa das festas anuais do orfanato, acompanhados de um oficial do exército; provavelmente Thiago pedira que Elena tirasse aquela foto. Em outra, não tão antiga, estávamos na companhia da tia Angela.

 Achei até uma das fotos que eu mais amava (e que eu achava que tinha sumido), uma em que estávamos na praia do Rio, pouco antes de eu descobrir algo sobre minha gravidez, sentados perto da areia e abraçados – eu parecia feliz, ou melhor, eu era feliz – aquela foto tinha sido tirada pela Raquel, num dos dias mais legais que passamos juntos. Mais várias fotos cheias de lembranças estavam naquela caixa; fotos de infância e do nosso namoro. Além das fotos, achei cartas. Cartas minhas, que enviei quando ele estava fora e algumas que eram dele mesmo. Eu me senti bem idiota lendo o que tinha escrito, todas aquelas declarações babacas...

“Sinto tanto sua falta quando está fora, Thi. Eu queria que você estivesse comigo todo dia, mesmo sabendo que esse é o seu trabalho – aliás, espero que você continue gostando mais de mim do que do futebol mesmo depois de todo esse tempo nessas cidades chiques. Fui procurar sua tia ontem, mas você sabe, ela não vai muito com a minha cara e nem me respondeu muito bem. Que bom que essa estadia do seu novo time aí vai ser mais curta (só porque vai voltar antes, viu?); estarei esperando por você como sempre. Claro, se eu não ficar presa no banheiro como fiquei uns dias atrás (e não foi pela porta, foi porque eu me senti realmente mal. Devo estar doente, mas nada que você deva se preocupar). Volta logo, estou morrendo de saudades! Beijos, te amo!”

 Ah, meu Deus, quanta idiotice eu conseguia escrever. Isso porque, provavelmente, ele estava me traindo com todas as meninas das cidades pela que passava. E pelo jeito essa minha carta foi numa época em que eu já estava grávida e já estava passando mal. Portanto, deve ser uma das últimas cartas que enviei. Sempre achei que Thiago jogasse essas coisas fora, ainda mais depois que nos separamos. Mas, o que mais me impressionou, foi encontrar uma carta num envelope fechado, destinado ao meu antigo endereço; portanto, uma carta que seria enviada pra mim. Não resisti e tive que abri-la, senti mais algumas lágrimas escorrerem só de ver a letra de Thiago num papel já meio gasto. Tinha meu nome no começo e a data, pelo que me lembro, poucos dias depois de termos nos separado.

“Mia,

Eu realmente não sei onde estava com a cabeça quando fui embora. Eu estou confuso, estou perdido em tudo isso, sabe que não planejamos nada. Não faço ideia do que seja ter um filho, eu só estava planejando tudo sobre a minha carreira, nada além disso. Você viu como eu fiquei eufórico quando soube do meu contrato em com esse time. Quando você me disse que estava grávida eu pensei que isso estragaria toda minha carreira, pensei que teria que desistir do futebol ou algo assim.

Claro, agora percebi que as coisas não são bem assim – talvez possamos dar um jeito nisso e ainda ficarmos juntos. Desculpa ter te falado tudo aquilo, eu não sei mesmo o que deu em mim (juro, foi só insegurança e medo. Aposto que você deve estar com medo também). Ainda não falei com Elena, nem com a minha mãe; mas tenho certeza que elas vão nos ajudar com isso. Eu não quero mais desistir de você!

Espero que me perdoe por aquilo... Te amo, Mia!”

“Pelo jeito ele desistiu de te mandar essa, não foi?” – Gio se sentou ao meu lado. Naquela hora eu chorava ainda mais que antes, tudo parecia ter desmoronado

 Se Thiago realmente escreveu aquilo, por que não me mandou?! Por que esqueceu disso tudo e dessa vontade de consertar as coisas?! Eu realmente devia ser muito descartável pra perder a importância tão rápido

“Mari, talvez ele ainda goste de você” – Giovana tentava me animar, ainda mexendo com o meu cabelo – “Talvez tenha só se distanciado por influência de alguém, não sei”

“E por que me tratou daquele jeito na última vez que nos vimos? Por que ia jogar tudo fora? Por que ele fez tudo isso comigo?”

“Eu não sei, Mia...” – respondeu, me abraçando – “Acho que só ele pode te responder isso”

“Thiago nunca vai me explicar nada disso, ele nunca vai querer saber sobre a Camilla ou sobre o que aconteceu comigo e com ela! Ele não se importa mais com ninguém...”

“Ainda acho que a melhor maneira é vocês dois conversarem” – ela disse, me encarando – “Tudo bem que a tentativa de falar com a tia Elena não foi um sucesso, mas não custa nada tentar de novo”

“Ele disse que me queria longe daqui, Gio; queria que eu sumisse com a minha filha! Acha mesmo que poderíamos conversar?” – eu não acreditava mais em Thiago, muito menos em uma conversa amigável com ele – “Ele não quer mais me ver”

“Você tem uma ideia melhor?” – perguntou, arrumando as fotos dentro da caixa

“Que tal sumir dessa cidade e nunca mais aparecer? Seria bom se eu pudesse” – a encarei, tentando parar de chorar e enxugar minhas lágrimas – “Mas já que não posso, minha ideia é continuar aqui trabalhando, cuidando da minha filha e fingindo que nada aconteceu”

“Pode contar comigo sempre que precisar, ok?” – Giovana me abraçou novamente enquanto eu assentia. Tudo que eu preciso agora é de apoio, amigos são mais que bem-vindos num momento como esse

(...)

“Ei, mamãe, parece que sua bebê gosta de futebol” – Marcio me chamou, brincando com Camilla que estava chutando uma bola na sala (eu estava limpando o cômodo)

“É como o pai dela” – pensei alto, sem perceber o que tinha deixado escapar

“Hm, nunca disse nada sobre o pai dessa mocinha” – ele continuou – “É jogador?”

“É, era um jogador” – retruquei, quase gaguejando as palavras enquanto tentava disfarçar – “Mas não o vejo desde que ela nasceu”

“Márcio” – a namorada do empresário apareceu na sala – “Os garotos chegaram”

“Ah, claro, eu tinha combinado uma reunião com eles” – meu chefe comentou. Eu respirei fundo para tentar não começar a tremer e esbarrar nas coisas – “Pode ficar por aqui se quiser, Mariana”

“Sim, obrigada” – respondi, com a maior vontade do mundo de sair correndo daquela sala antes que eu começasse aparecer desesperadamente. Meus chefes saíram e pensei em ir pra cozinha, mas eu tinha que terminar

 Me apressei, mas, obviamente, os famosinhos do futebol apareceram na sala antes que eu pudesse sair. Todos eles brincaram com Camilla, exceto Thiago, claro – ele fingia não ter me notado. David e um outro cara que não conheço me cumprimentaram sorrindo antes de se sentarem pelos sofás espaçosos. Olhei o menos possível para trás, a fim de não dar de cara com o meu ex; mas parecia que minha filha não gostava da distância. Milla levava qualquer tipo de coisa até o seu ‘pai’ e sorria toda vez que via a cara dele. Comecei a ficar mais nervosa, eu não sabia o que fazer. Giovana aparecia pra tentar distrair minha menina, mas nada conseguia tirá-la de perto de Thiago – até que, uma hora, ele desistiu e saiu da sala. David se ocupou em continuar as brincadeiras da minha princesa e me senti um pouco mais aliviada.

“Mariana, não é?” – ele veio até a mim, me dando um pequeno susto

“Sim, eu mesma” – afirmei, meio trêmula, nervosa, envergonhada...

“É amiga da Raquel?” – perguntou e assenti, embora não entendesse de onde eles se conheciam – “Ela falou muito sobre você”

“Se conheceram?” – perguntei e ele assentiu. Só fiquei imaginando o quanto minha amiga deve ter enlouquecido ao conhecer seus ídolos esportistas

“No escritório. Ela agora é uma de nossas assistentes” – disse, sorridente

“Espero que ela esteja se saindo bem por lá, Raquel é muito fã de vocês e é muito esforçada” – completei, percebendo que talvez exista ali um interesse mútuo entre esses dois – “Deve ter enlouquecido quando te encontrou”

“Bom talvez eu possa dizer o mesmo sobre mim” – retrucou, me confirmando minha hipótese. Ai meu Deus, só me faltava agora minha melhor amiga arrumar outro jogador pra ser o problema de sua vida (já não basta o problemático da minha vida?)

~~Thiago~~

“Thiago, o que aconteceu?” – todos estavam ali, parados, olhando pra minha cara. Eu não tinha o que responder

“Cara, o que você fez?!” – David veio até a mim, parecendo desacreditado

“Não foi minha culpa...” – era a única coisa que eu sabia repetir – “Não foi minha culpa! Eu não queria...”

“Cara, o que você fez?!” – ele repetiu, ainda me encarando – “O que deu em você?”

“Foi um acidente, cara... Foi um acidente”



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