História Wings - Lie

Estava em choque. Mas que merda era aquela? Por que ele estava fazendo aquilo comigo? Eu ia matar Park Jimin quando tivéssemos a chance de conversar. Eu ia agarrar sua garganta até ver seus olhos saltarem para fora do rosto.

Segui meu caminho de volta para a escola, mas nenhuma daquelas imagens sumiam da minha cabeça. Eu devia estar com uma feição incrível.

Entrei na escola querendo socar a cara de alguém, mas logo me vem Tina, minha pandinha favorita. Ela era toda fofa e delicada, sempre sorrindo e chamando atenção com seus cabelos dourados ondulados.

-Bom dia Unnie – ela me abraçou e meu humor logo mudou.

-Bom dia Tina. Por que ainda não entrou? – eu, como sempre, já estava atrasada, mas era esquisito ver Tina se atrasando para a escola.

-O professor de química faltou. Teremos dois tempos livres hoje.

-Amém Jesus – ajoelhei ali no meio e todos me olhavam como se eu fosse retardada.

-Levante Unnie, esta passando vergonha – pegou meu braço com cuidado e me ajudou a levantar – e ai? Como vão as coisas com meu irmão?

Quem iria pensar que essa coisa fofa é irmã daquela praga idiota.

-Não sei – bufei.

-O que aconteceu? – ela me puxou para sentarmos num banco.

-Hoje ele me disse que não poderia vir comigo para a escola. E no meio do caminho, eu encontro ele abraçando uma baranga qualquer. Começaram a conversar como se fossem amigos íntimos e minha vontade era de socar a linda face do seu irmão. Quase fui lá matar aquele imbecil, mas como eu sou uma menina controlada, apenas segui meu caminho para cá em silencio e planejando mil formas de torturar ele – ouvi ela dar uma risadinha.

-Unnie, a ultima coisa que você é, é ser controlada.

-Nossa, valeu então Tina. Vem depois me pedir conselhos para o senhor Kook – cruzei os braços.

-Por falar nele, eu ouvi de algumas meninas que ele terminou com a namorada. Todos dizem que é por causa dele estar gostando de outra garota – ela falou, de olhos arregalados.

-Essa pode ser você sabia? – ela corou – sabe, ele agora vem conversando mais com você e também, ta rolando uma troca de olhares que só por Deus na causa – ela me empurrou de leve rindo e eu acabei rindo junto.

-Sabe, acho melhor você resolver aquele problema ali – segui seu dedo e logo fechei  a cara.

Aquele maldito estava mexendo no celular enquanto sorria. Eu o encarava enquanto esperava ser notada por aquele idiota, o que demorou um pouco. Logo ele me viu e veio andando em nossa direção. Me levantei de braços cruzados e comecei a bater o pé de nervoso.

-Olá amores da minha vida – ele vinha me abraçar, mas encostei em seu peito.

-Park, por que você não pode vir comigo para a escola?

-Eu acordei muito atrasado e só cheguei agora – disse inocente.

Meu sangue ferveu e eu explodi.

-MENTIRA!!! – berrei, sorte a dele que quase ninguém ficava na parte da frente da escola  - QUEM ERA ELA PARK JIMIN?!?!? PARE DE MENTIR PRA MIM E ADMITA QUE ESTA ME TRAIDO!!! ADMITA QUE SE CANSOU E AGORA FICA SE ENCONTRANDO COM OUTRAS PELAS MINHAS COSTAS!!! ADMITA PARK!! – berrei – ME RESPONDA, QUEM ERA ELA?!?!? – pisei bem forte no chão, demonstrando toda a minha raiva.

-De quem você esta falando? – pareceu indignado.

Soltei uma risada sarcástica.

-Você é um belo mentiroso Park. Quer saber? Dane-se, nunca mais olhe na minha cara Park Jimin – vi sua boca abrir para protestar, mas sai correndo antes disse acontecer.

Sai da escola a toda velocidade, enquanto uma lágrima solitária escapava pelo meu olho. Eu não queria voltar para a casa tão cedo, então decidi que iria me torturar mais um pouco.

Foi aqui que toda nossa historia começou. Onde ele passava com um sorvete de casquinha, mas por conta do calor, ele acabou derretendo e caindo bem em cima do meu sapato novo. Discutimos e gritamos muito. Depois de muito tempo, nos encontramos na escola e claro, nosso ódio de um pelo outro era enorme. Até que fui na casa da Tina e acabamos ficando lá, depois de uma discussão pelo controle remoto. Depois rolaram algumas noites quentes, encontros e beijos muitos bons. Mas, eu acabei me apaixonando por ele. E agora, ele me aparece com mais essa mentira esfarrapada.

Entrei na sorveteria e sentei no lugar de sempre. Pedi um milkshake bem calórico de morango, o favorito dele.

-Mas que droga eu estou fazendo? – reclamei comigo mesma por estar desse jeito por causa de um garoto.

Passei muito tempo ali, lembrando das nossas conversas, que nem notei que já escurecia. Paguei meus três milkshakes e sai da loja. A lua brilhava como nunca e as estrelas deixavam o céu mais bonito ainda. Sorri de leve, deixando outra lágrima escorrer.

-Finalmente – olhei para o lado e revirei os olhos.

-Mas que merda Park – murmurei e me virei, o olhando de cima a baixo.

-Odeio quando me chama assim – fez bico. Amoleci por um instante, mas logo lembrando que eu estava brava com ele.

-Já falei para não falar mais comigo. Me deixe em paz – mais uma lagrima, MERDA!

-Não até você me ouvir – disse, segurando meu pulso.

-Me solte Park – falei firme.

-Só depois que me ouvir.

-Vou começar a gritar – ameacei.

-Grite então.

-AAAHHH... – tapou minha boca, ficando perto demais do meu rosto.

-Ok, não grite. Eu só quero explicar ok? Depois eu prometo que te deixo em paz. Tudo bem? – assenti e ele tirou a mão.

Passou a mão nos cabelos, indicando seu nervosismo.

-Aquela mulher era Junghiam. Quando eu morava em Busan, meus pais iam trabalhar demais e não tinham com quem me deixar. Então eles sempre chamavam ela para cuidar de mim. Ela é três anos mais velha que eu, mas a considero como uma irmã mais velha. E agora ela se formou em enfermagem e veio morar em Seul, junto com o marido e os gêmeos – arregalei os olhos. Errei o close – eu sinto muito por ter mentindo para você, mas eu queria evitar tudo isso. Sei que você ciumenta demais quando mexem com coisas que são “suas” – falou entre aspas e eu corei.

-Tudo bem, eu te perdoo. E quero que me perdoe também por causa daquele escândalo todo e por não ter te dado a chance de explicar. É que eu gosto muito de você – abaixei o olhar.

-Eu também gosto de você – bagunçou meus cabelos, enquanto demonstrava seu famoso eye esmile.

Peguei sua mão e parei o carinho, fazendo ele me olhar confuso.

-Você não entendeu – engoli seco e tomei coragem – e-eu....t-te amo – apertei sua mão, olhado para os meus pés.

Ouvi um riso vindo dele e o olhei.

-Acho que foi você que não entendeu  -se aproximou – eu também gosto de você. Eu também amo você.

Arregalei os olhos e logo nossos lábios se chocaram. Suas mãos apertavam minha cintura e meus braços abraçavam seu pescoço. Quando ele aprofundou o beijo, senti que aquele era diferente dos outros. Nele não tinha nada de selvagem ou qualquer desejo. Ali tinha carinho e muito amor, vindo dos dois lados.

-Você é o melhor dos mentirosos, Chimchim – ele sorriu, fazendo minha noite mais feliz ainda.