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História Winter Flower - Capítulo 4


Escrita por: Gi-Ka

Notas do Autor


Agradecemos aos leitores, todos que deixam seu favorito e comentam! \(^0^)/ ヾ(^▽^*)

Capítulo 4 - Capítulo 4


 

Taehyung estava um pouco nervoso de voltar a sua vida de príncipe. Tecnicamente, nunca abandonara essa vida, porém estudar em outro país tirara um pouco do peso dos seus ombros. Não eram todos que sabiam quem ele era o príncipe mais novo da Coroa coreana, por vezes era somente um jovem que acordou atrasado e ia correndo para as suas classes.

Porém, agora estava de volta e todos os compromissos também estariam, mas acreditava que seus pais lhe dariam uns dias de férias, então aproveitaria o tempo livre para se sentir novamente pertencente ao local.

Dessa maneira, assim que chegou no seu quarto — este passara por uma reforma. Suas coisas estavam no local que deixara há três anos quando partira para a Inglaterra, somente com móveis novos e mais reluzentes. Como aprendera a desapegar de mobília, afinal a cada dois anos sua mãe se irritava e mandava a tudo trocar, não ele não sentiu as cores diferentes no que seria o seu refúgio agora que voltara para o reino.

Desprendido de tristezas, Taehyung tomou um longo banho, relaxando bastante após chegar de viagem e se preparando para o jantar que teriam, pois, obviamente sua família lhe faria contar cada sórdido detalhe dos seus estudos. E, era somente isso que falaria, afinal, o que fizera ou deixado de fazer nas festas que frequentara nada tinha relação com assuntos da Coroa. Havia se formado com honras, número um da classe e suas notas eram todas máximas, o restante era lembranças que guardaria a sete chaves.

Taehyung terminou o banho e colocou uma roupa bastante confortável, porém ainda bonita e resolveu ir para o jantar de uma vez por todas. Todos no castelo já sabiam da sua volta, então postergar tudo seria bobagem.

Enquanto descia as escadas, observou as paredes de pedra, bem tradicional e original da região, mas que destacavam a diferença com os móveis caríssimos que sua mãe escolhera para o local. Ele riu por um momento, pois era típico da rainha fazer tal coisa. Por serem da família real, havia vários castelos às suas disposições, principalmente em Seul. Contudo, há muito tempo, perceberam que para preservar a história, não deveriam morar nesses locais, dessa maneira, todos os castelos tradicionais, incluindo o castelo de Gyeongbokgung, por mais que fosse imponente e uma das grandes construções deixadas Dinastia Joseon, agora era a um museu e local de visitação. Por isso, viviam agora em um castelo também grande, com imensos jardins, mas  que era uma construção moderna, com desenhos de arquitetura clássica.

Ele pensou nisso tudo antes de alcançar a sala de jantar principal, com sua longa mesa já repleta de diversos pratos. Taehyung riu, porque sempre seria assim com a sua família, nada discreto, sempre iriam se mostrar. Sabia ser privilegiado em usufruir de tudo aquilo, contudo encontrar outras realidades pelo mundo o deixara ainda mais em alerta com o uso de tanto dinheiro. Contudo, não diria isso no jantar da sua volta, talvez em alguns dias articularia melhor seus pensamentos e os expor para o seu pai.

— Filho!

Taehyung sorria quando se virou e encarou a sua mãe. Ele não aguentou ficar no lugar e correu para os braços dela, apertando-a com força contra si. Claro que naqueles três anos de estudo já havia voltado para casa várias vezes, porém ainda assim morria de saudades da sua família.

— Ah, meu bebê! Finalmente você voltou de vez para casa! — a rainha proferiu, fungando algumas vezes, passando com cuidado os dedos no cabelo do caçula. — Ai, você cresceu tanto! Está tão lindo!

— Mãe, eu estou da mesma altura.

Shiu! Cresceu e acabou!

Ele riu. Se Kim Ahri acreditava que ele havia crescido, ele tinha, afinal não tinha um desejo da rainha que não se tornava realidade. Taehyung tirou um tempo para observar um pouco a mãe, que agora estava com o cabelo tingido de loiro, mas as feições jovens ainda eram o que mais chamava atenção nela. O príncipe não pode deixar de se ver no rosto dela, afinal dividiam várias partes da fisionomia, como nariz e olhos expressivos.

— Oh, mamãe… Como estão as coisas? Cadê papai e Joon?

— Seu pai está terminando um telefonema e seu irmão deixou aquele cara na casa dele antes de vir para cá.

— Cara? Que cara? — Taehyung perguntou, confuso, até a resposta lhe vir de imediato. — Seokjin?! Sério?

— Eles vivem grudados, meu filho.

Taehyung fez uma careta.

— Não gosto dele.

— Ninguém aqui gosta, Tae. Seu irmão e esses gostos dele.

O príncipe pigarreou, disfarçando enquanto olhava para a grande mesa. Mais tarde se arrependeria por não dizer nada, contudo no momento resolveu não iniciar uma discussão.

— Mamãe, não sei para que tanta comida… Isso é muito exagero, sabia?

— Bobagem, o que sobra vai para os funcionários mesmo…

— Ainda assim… — Taehyung suspirou deixando o assunto morrer. — Vamos, mãe… Me conte as novidades.

Os dois então se sentaram para conversar.

Taehyung ficou sabendo de várias fofocas e fatos, mas sua mente acabou vagando para longe, tal coisa aconteceu quando viu uma funcionária da cozinha entrando com um novo prato. Ele procurou com os olhos por alguém mais, porém ela estava sozinha. Ele suspirou. Será que após tanto tempo, ele ainda estaria por ali?

— Hoje é o dia de folga dele, Taehyung.

— Ah… — Nem ao menos disfarçou o tom de decepção, ou fingir que a mãe estava errada. Todos sabiam que Taehyung adorava a companhia do amigo e do fundo do coração desejava que ainda pudessem se considerar como tal. — E-eu me sinto bobo por não ter o telefone dele para mandar uma mensagem. Parece que vivo em outro século.

A rainha riu.

— Vocês viviam grudados, não precisavam de telefone…

— É… Mas, Jimin está bem?

— Sim, sim… Conquistador como sempre. Não tem uma moça da cozinha que não tivera o coração partido por ele.

Ahh… É… — Taehyung deu um sorriso sem graça.

— Mas ele ainda é um excelente rapaz. Seu pai estava pensando em promovê-lo. Ele está terminando o treinamento em algumas semanas e pelo que eu soube é o melhor de todos os recrutas.

Taehyung ficou confuso por um momento, não acompanhando o que a mãe falara.

— O que a senhora disse?

— Jimin… Ele se inscreveu para fazer parte da segurança real.

O príncipe não pode deixar de ficar surpreso.

— Sério? Ele protegerá o papai? Ou é Namjoon?

Ela sorriu.

— Talvez você — afirmou Ahri. — Se for o que você quer meu filho, é só uma ordem…

— S-se ele for meu segurança, eu serei apenas um trabalho e não um amigo…

— Ai, meu menino… Acho isso bobagem, mas é com você. Espere ele chegar e conversem. Seu pai é muito amigo do segurança dele, porém como eu disse, é com você…

Ele concordou, somente bebericando suco. Não sabia o que pensar de Jimin sendo segurança, era estranho de certa forma, afinal o outro nunca tinha lhe falado de tal vontade. Será que Jimin ainda era a mesma pessoa que deixara para trás? Provavelmente não. Ele também não era, descobriu muito sobre si na faculdade.

— Então, é verdade que o bom filho a casa sempre retorna!

Taehyung riu assim que reconheceu a voz do irmão e antes de se frear, já estava de pé, jogando-se nos braços de Namjoon.

A risada do príncipe herdeiro preencheu o ambiente, enquanto ele segurava o outro nos braços. Era óbvio que sentira falta de Taehyung, mas só naquele instante se deu conta do quanto o caçula lhe era importante.

  — Meu pirralho favorito. Como foi a vida lá fora, hm? Muito namoradinhos?

— Namoradas? Não! Nem tive tempo! — Taehyung deu um tapa no braço do irmão, que revirou os olhos, mas sorriu.

Taehyung havia dito para o irmão assim que percebera na Inglaterra que hétero era a última coisa que ele era; mesmo de longe, Namjoon lhe dera todo apoio, porém o rapaz ainda não sabia como falar tal coisa com os pais, queria esperar um pouco mais, até se sentir seguro de proferir sua orientação sexual para eles.

— Ah, claro, claro… — Namjoon segurou o outro pelos ombros. — Morri de saudades, pirralho.

— Eu mais! Você precisa ver as fotos que tirei, Joon! Tantos lugares lindos!

— Veremos depois do jantar, que tal? Aí conto todas as fofocas boas porque sei que a mamãe deve ter contado as coisas mais chatas, como móveis ou algo assim.

— Mocinho, eu estou te escutando!

— Não falei nada, mamãe!

Taehyung riu. Ele definitivamente sentira saudades daquilo.

— Papai virá jantar conosco?

— Eu não contaria com isso — Namjoon foi sincero, sacudindo os ombros. — Ele sempre promete, mas nunca aparece, a não ser que seja para me pedir para assumir o trono…

Namjoon deu um suspiro, sentando-se em uma cadeira qualquer; tinha toda uma etiqueta, porém não estava a fim de segui-la naquele momento. Ele viu o irmão se sentar à sua frente e por um breve instante se recordou como os dois ficavam trocando olhares quando menores, rindo de piadas internas que ninguém mais na mesa entendia.

— Não fale assim do seu pai, Namjoon. Ele ainda é o Rei!

— E ele fará o quê? Vai me matar? — ele perguntou cinicamente.

— Por favor, não briguem! — Taehyung pediu. Ele detestava que todas as reuniões de família terminassem em animosidade. — Está tudo bem, papai é um homem ocupado. Pedirei um tempo para vê-lo depois.

Namjoon sacudiu os ombros, somente começando a comer para não iniciar uma briga. Talvez gostasse demais de ser rebelde, mas quem poderia o culpar? Gostava de usufruir de tudo o que seu título lhe trazia, porém, a última coisa que queria era ser rei. Será que estava tão errado nisso?

Hm… Como está Kim Seokjin? — Taehyung perguntou, tentando mudar de assunto de alguma maneira.

— Bem, mas os pontos ainda vão ficar por uns dias.

— Pontos? — Taehyung questionou, surpreso. — Quem pontos?

— Ah, não te falaram… — Namjoon olhou para o irmão, que o ignorou e bebeu um gole do vinho tinto que estava disposto na sua taça. Ele então voltou a fitar Taehyung. — Tentaram me matar tem uns dois dias. Jin estava junto, no quarto e acabou ferido por um dos homens.

— Joon! — Taehyung proferiu assustado, ficando de pé e dando a volta na mesa. Ele não se importou com nada mais além de se sentar ao lado do outro, buscando-lhe a mão. Ele já perdera um irmão não aguentaria perder outro. — Como você está? Eles te machucaram?

Namjoon pensou em brincar, porém, conseguia ver o pavor no rosto do mais novo.

— Não… Lutei e os venci. Um morreu a caminho do hospital e o outro está preso, mas por enquanto não falou nada.

— O importante é você está bem… — Taehyung proferiu, apertando seus dedos contra os do outro. — E o seu namorado? Onde ele se machucou?

— Jin não é o meu namorado, mas foi um corte no braço… Ele ‘tá bem, só dói às vezes, então ele não está se esforçando…

Taehyung concordou com a cabeça.

— Ele ficará bem logo — murmurou o príncipe mais novo.

Namjoon somente balançou a cabeça, afinal ele sabia muito bem que Taehyung não gostava muito de Seokjin, mas ainda assim estava ali dizendo que o outro ficaria bem para lhe consolar. Seu irmão definitivamente era a melhor pessoa do mundo e lutaria contra todos que falassem o contrário. O príncipe herdeiro riu com o próprio pensamento.

— Você sempre será o meu anjinho, Tae — afirmou Namjoon, com um sorriso.

— Ah, paaaara!

— É a verdade! — Namjoon piscou um dos olhos de brincadeira. — Vamos comer, okay? Quem sabe papai não aparece?

Taehyung concordou, mas diferente da outra vez, ficou ao lado do irmão, dando risadinhas quando Namjoon falava alguma bobagem ou contava algo que ocorrera no tempo que estava fora. A rainha pouco falou, deixando que seus filhos conversassem das fofocas, afinal ela sabia que mesmo brigando bastante com o agora filho mais velho, ele amava o irmão como louco. Sabia que sempre teriam um ao outro, o que era bom, sentia que mesmo que tudo desse errado, naquela parte da criação ela acertou.

— Namjoon, o que significa isso?!

Todos fitarem a porta com a nova voz no ambiente, percebendo o rei ali parado. Kim Kangdae nos seus quase sessenta anos que só eram visíveis por conta algumas pequenas rugas ao lado dos seus olhos e o cabelo que agora tinha um tom prateado, porém seu corpo ainda era atlético, lembrando os anos que o rei serviu ao exército da Coroa.

Namjoon suspirou pesado, ficando de pé, odiando como se via muito na fisionomia do homem a sua frente.

— O que foi que fiz agora? — questionou Namjoon, suspirando cansado.

— Tem fotos suas saindo com aquele Seokjin de um clube de prostituição! Amanhã isso estará em todas as revistas e sites!

O príncipe mais velho revirou os olhos.

— Forçou aí com o clube de prostituição, hein? Não tinha ninguém se prostituindo lá, era só um clube privado.

A face do rei estava vermelha, mas Namjoon não se importava. Não deixaria de ser quem era somente porque o povo iria julgá-lo. Talvez fosse até melhor, livrar-se-ia daquele cargo que foi jogado em seu colo há quatro anos.

— Você não pode fazer essas coisas! Você é o futuro rei, Kim Namjoon!

— Primeiro, que eu nem quero ser rei e segundo que eu só estava me divertindo! Não tem nada de errado nisso!

— Um clube de prostituição?! Isso não é diversão!

Namjoon bufou.

— Não era prostituição! — Namjoon praticamente gritou as palavras. — O senhor é mesmo muito engraçado, né? Seu filho voltou depois de três anos fora e ao invés de vir recebê-lo como qualquer pai normal faria, apareceu para me criticar por uma mentira! Eu nunca estive em um clube de prostituição, estava em um clube, recebi uma lap dance espetacular de um gostoso, voltei para cá e quase fui morto por assassinos japoneses! Percebe o problema? O único lugar que corri perigo foi dentro da minha própria casa!

Os dois se fitaram, ambos de alguma maneira se desafiando. Namjoon tinha a verdade ao seu lado, porém seu pai era teimoso e o conhecia muito bem para saber que ele sempre seria o errado da história, mesmo quando certo.

— Estou decepcionado com você, Namjoon.

Namjoon olhou o pai e riu cinicamente, sacudindo a cabeça em negação.

— Dormirei na casa de Jin.

O príncipe herdeiro se moveu para sair do ambiente, mas o rei o segurou com força pelo braço.

— Você não vai a lugar algum! Ficará dentro desse castelo até segunda ordem!

— Para quê? Para ser a constante lembrança de que sou um fracasso e decepção para vocês? Para te lembrar que seu filho favorito está morto e lhes sobraram uma merda qualquer para rei? — Namjoon puxou o braço com força, soltando-se do pai. — Dormirei na casa de Jin — repetiu a informação pausadamente. Ele então se virou, olhando para Taehyung que o encarava com um olhar entristecido. — Desculpa, Tae.

Namjoon então saiu da sala de jantar, deixando todos os problemas para trás, pelo menos por uma noite.

Taehyung suspirou pesado, remexendo na comida para evitar olhar para o pai, queria ter o visto em um momento melhor com sorrisos e abraços, não com uma briga daquelas.

— Tae, meu filho… — o rei começou a proferir, mas parou quando viu o caçula de pé. — Tae?

— Vou para o meu quarto, estou sem fome…

Sem esperar por mais nada, ele passou pelos pais e seguiu direto para o seu quarto. Estava cansado e magoado, talvez dormir ajudasse.

 

════ •⊰♛⊱• ════

 

Dormir não ajudou Taehyung. Ele até se viu fazendo isso por alguns minutos, mas acordava sempre com algum pesadelo, assim desistiu e fitou o teto, suspirando pesado porque não importava o tempo que passasse, a sua família sempre parecia ao ponto de implodir.

Ele acabou buscando o celular, passando de uma rede social para outra e até conversando um pouco com Namjoon que dissera estar bem, abraçando Seokjin para não ficar triste. Taehyung sorriu com a resposta e por mais que não gostasse do nobre, não podia negar que a companhia dele fazia bem ao coração do irmão, então aprendera a aceitar o outro depois tanto tempo.

Após vários minutos fazendo nada, Taehyung começou a ponderar que talvez o melhor era voltar a dormir. Ajeitou-se na cama da melhor maneira que pode, porém, assim que cerrou os olhos, escutou uma batida na porta.

Logo pensou que poderia ser sua mãe ou até o seu pai, então se levantou, arrastando o lençol junto. Porém, não havia ninguém ali quando abriu a porta.

— Ué?

Assim que deu um passo para trás, ouviu barulho de papel sendo pisado. Taehyung olhou para o chão e viu um envelope que havia sido posto por baixo da porta.

Confuso, pegou o envelope. Curioso, abrindo-o. Seria da sua mãe? Parecia algo que ela faria… Mas, suas respostas logo foram entregues quando leu o conteúdo da mensagem.

 

Ei, sumido.

Você ainda lembra do nosso lugar?

Estou te esperando lá.

(〃` 3′〃)

 

Taehyung sentiu o coração falhar uma batida e quase xingou alto. Três anos e aquela crush boba não foi embora! Contudo, a felicidade de saber que Jimin ainda queria ser seu amigo ultrapassou a vergonha de ainda ter sentimentos por um heterossexual. Assim, ele correu até o espelho, ajeitou o seu cabelo e somente não trocou de roupa para parecer casual, como se não se importasse por completo com aquele esboço de encontro.

Quando se sentiu arrumado o suficiente, colocou a caixinha azul no bolso do seu pijama de seda e então o príncipe correu pelos corredores da maneira mais silenciosa que conseguiu, como se lembrava de fazer quando mais novo, quando sua amizade com Jimin nasceu. Passava mais noites no lugar secreto que construíram juntos do que no próprio quarto.

A noite era gelada e por alguns segundos se condenou por não ter pegado algum casaco, mas não voltaria para o quarto, teria de aguentar. A grama crepitava sob seus pés apressados e não demorou para que ele visse a casa escondida na grande árvore no final dos jardins do palácio.

Pela pequena janela, ele via a figura sorridente de Park Jimin e seu coração só faltou fazer piruetas no peito.

Hm… parece que ainda se lembra, Vossa Alteza.

O rosto de Jimin, mesmo no escuro, ainda era a visão mais linda que Taehyung vira na vida. Sem perceber, ele riu, mas continuou parado no mesmo lugar, somente observando o outro.

— Vem, Tae! Tem comida e vídeos de cachorros fofinhos para assistirmos.

Taehyung deu uma risadinha, logo subindo pela escada que fora reforçada no tronco da árvore após uma vez Jimin perder o equilíbrio e cair quando um dos degraus se soltou. Lembrava também que sua mãe mandara reformar o interior da pequena casa, mas eles dois jogaram tudo fora e refeito da maneira que gostavam.

— Você ainda é um lerdinho subindo…

— Não me vê tem três anos e tudo o que faz é me criticar! Nem um abraço me deu! — Taehyung reclamou.

Mas, eles não ficaram separados por muito tempo, já que Jimin o prendeu em um abraço de urso, sua risada fofa preenchendo todo o ambiente. Taehyung sentiu todo o corpo relaxar, como se naquele momento tivesse encontrado outra vez o motivo de porque vivia feliz naquele castelo. Amava sua família, porém Jimin sempre seria o seu porto-seguro.

— Merda, eu morri de saudades — Taehyung murmurou, sentindo as lágrimas preencherem os seus olhos e logo tomarem conta das suas bochechas. — Fui tão idiota, eu q-queria te deixar para trás, mas… eu nunca deixei, Minnie. Me desculpa, por favor…

— Ei, ei… — Jimin se afastou um pouco do outro, logo passando seus dedos pelas bochechas do príncipe. — Você não ‘tá fazendo sentindo, Tae. Por que você queria me deixar para trás? Eu te fiz algo?

— N-não, não! Eu que fiz…

— O que, TaeTae?

Jimin tinha um olhar preocupado na direção de Taehyung. Ele também sentira saudades todo aquele tempo, porém não sabia que ocorrera algo que fizera o outro fugir e sofrer daquela maneira.

— C-comecei a sentir algo… por… por… — Por você, completou Taehyung em sua mente. O príncipe puxou o ar com força, tentando recuperar o fôlego. — Comecei a ter essas coisas por… homens. E-esses sentimentos me deixaram assustados e confusos, então aproveitei a faculdade e sumi.

— Sentimentos?

Taehyung concordou com a cabeça, abaixando o olhar.

— Tae… você não é hétero, é isso?

O outro voltou a concordar, ainda não fitando Jimin.

— E você pensou que eu iria reagir mal?

Mais um aceno de cabeça.

— Não seja bobo, Tae! — Jimin sorriu, puxando o amigo para outro abraço. — Você ainda é o meu melhor amigo, não me importa a sua orientação sexual. — Ele afagou o cabelo do príncipe. — Obrigado por confiar em mim. Eu senti tanto sua falta.

O príncipe fitou Jimin com olhos quase arregalados, fungando algumas vezes enquanto tentava acreditar em tudo aquilo. Parte dele sempre soube ser irracional imaginar seu melhor amigo o odiando, contudo, outra parte ainda morria de medo de ouvir as piores palavras da boca dele.

— Eu sou gay… — Taehyung disse, precisando ter certeza que Jimin ainda o aceitaria.

— E está tudo bem! Eu sempre morrerei de orgulho de você — Jimin abriu um belo sorriso. — Não pense besteiras, okay? Eu nunca faria nada além de te apoiar e isso não é porque você é um príncipe, é porque eu te amo. Somos melhores amigos, certo?

Jimin queria dar mais certeza, porém Taehyung era um príncipe e passara anos longe, conhecera lugares e pessoas incríveis e apesar de confiar no bom coração do rapaz, não conseguia deixar de se sentir um pouco inseguro.

— Claro que somos! Você sempre foi o único que me entendeu, até Joon não me entende por completo — confessou, com um suspiro. — E eu nem tive amigos esse tempo todo…

— Quê?! Como assim, Taehyung?!

Taehyung deu um fraco sorriso.

— Ninguém é amigo de verdade de um príncipe, Minnie.

— Oh, Tae… — Jimin murmurou, apertando a mão do outro com carinho. Taehyung era invejado por muitas pessoas que não compreendiam por completo o peso e a solidão que ele carregava. — Sou seu amigo e tenho muita sorte. Agora! Me conte da sua viagem! Como foi? A faculdade? Era tudo o que você sonhou?

Jimin abriu a cesta que separara e sem demora entregou um sanduíche e uma latinha de refrigerante para Taehyung. O príncipe nem precisou imaginar para saber que era o sanduíche de frango com catupiri que tanto amava quando o amigo fazia para ele.

— Ai, Minnie, foi mais, sabe? Conheci tanta gente! Meus quadros ainda estão vindo por aí, daqui a pouco você os verá pelo castelo, porque mamãe com certeza vai espalhar…

— Ou abrirá um museu só para as artes do filhinho caçula.

— Não dê ideias!

Ops… —  Jimin deu um risinho. —  Mas sério, eu quero muito ver. Eu soube pelos corredores que você ficou com nota máxima em tudo! Você sempre nerd mesmo.

— Ei!

— Estou falando sério! Você ao menos curtiu, não é? Deu uma de príncipe Namjoon e fez algumas besteiras, certo?

Taehyung sentiu as bochechas corarem enquanto ele concordava com a cabeça.

— Eu não fiz besteira, besteira… mas, eu não fui santo.

— E está certíssimo! — Jimin afirmou, dando umas batidinhas nas costas do rapaz. — Esse é o meu garoto!

O príncipe riu.

— Céus, você é tão hétero.

— Olha você, mal saiu do armário e já vem de graça! — Jimin retrucou, empurrando o amigo com o ombro. — Você se daria bem com dois amigos meus…

— Ah, então sofri sem amigos e você fez amigos? Isso é claramente homofobia.

Jimin riu alto, novamente empurrando Taehyung.

— Para com isso! — Jimin deixou seu corpo tombar até estar deitado, com a cabeça em uma das almofadas que tinha na casa, uma amarela. — Eles são praticamente um casalzinho, falta perceberem. Enfim…alguém especial esse tempo todo, Tae?

Taehyung suspirou pesado, deitando-se ao lado do outro, pegando a almofada vermelha para apoio na cabeça.

— Talvez…

Uhhh! Quem? Quem?

Taehyung fitou o outro, com um sorriso triste.

— Não importa, ele não gosta de mim.

Pff, um idiota aposto!

— Não diz isso! — Taehyung cutucou a lateral do corpo de Jimin. — E… hm… E você? Alguma moça?

O príncipe apertou os dedos na sua palma. Ele não saberia o que sentiria se a resposta de Jimin fosse “sim”.

Nah, contínuo o rei delas.

— Para com isso! — Taehyung riu dando um tapa no braço do amigo. — Você é péssimo!

— Não, não… Imagina comigo! Você o rei deles e eu o rei delas! Não terá para ninguém!

Taehyung revirou os olhos, outra vez desferindo um leve tapa no braço do outro.

— E Joon será o quê?

— O rei de todos?

— Para com isso de rei de não sei o quê! Não acredito que você é esse hétero insuportável, Minnie! —  Taehyung proferiu fingindo ofensa, mas ele ainda ria sem parar.

Jimin ria junto do outro, não conseguindo acreditar como ainda eram os mesmos depois de três anos. Alguns minutos juntos e o mundo parecia no lugar de novo.

— Okay, okay, não sou de todo ruim, tenho alguns direitos! — afirmou Jimin, arrancando um pedaço de sanduíche e comendo da posição que estava, mesmo que fosse deitado. — Ah, eu tenho uma novidade! Eu comecei a treinar para ser segurança… Eu pensei que ficaria, sei lá, na porta e acabou, mas pelo visto eu sou bom? Estão dizendo que serei designado para uma das quatro aves maiores.

— Aves maiores?

— Rei, rainha, príncipe um e dois. São codinomes para na hora da comunicação ser mais fácil e menos perigoso informar as coisas.

— Ah, faz sentido… Então, quem você vai escolher?

— Não sou eu que escolho isso, mas… se eu pudesse escolher, seria você — disse Jimin, com um sorriso. — Sempre seria você, meu bolinho.

Taehyung mordeu o lábio inferior, desviando o olhar para latinhas de refrigerante.

Hey… que cara é essa?

— S-se você se tornar meu segurança nossa dinâmica vai mudar… Eu não quero que mude.

Hm… Eu não acho que vá mudar. Eu já te protejo com a minha vida, de qualquer maneira. Só que agora vou receber para isso.

O príncipe fez uma careta.

— Eu não sei, talvez seja melhor você ser segurança da minha mãe.

— Ai, eu gosto muito da rainha, mas ela sempre me olha torto quando me vê flertando, Tae!

— É porque você é um safado.

— Nossa, que absurdo!

Os dois riram juntos como se fosse a primeira vez que subiram naquela casa da árvore. Haviam se passado anos, porém a amizade deles continuava verdadeira.

— Estou feliz por você estar de volta — Jimin murmurou, ficando de lado para fitar Taehyung. — Senti muito a sua falta.

— Eu estou feliz por voltar — afirmou Taehyung, também de lado, olhando o outro com atenção. — Mas, agora eu vou ficar e podemos sempre nos encontrar aqui…

— Ah, isso me lembra algo! — Jimin disse, pegando o celular em seu bolso e jogando de propósito no rosto do outro. — Anota seu número, seu ridículo.

Taehyung riu, fazendo o que o outro pediu. Jimin observou tudo com atenção, reclamando como que ele não saber o número do melhor amigo era um absurdo.

— Isso me lembra algo também — Taehyung falou, pegando a caixinha do bolso do pijama e jogando no rosto de Jimin. — É um presente.

Jimin arfou, sentando-se de imediato com a caixinha de veludo na mão. Ela era um pouco maior que uma caixa comum para um anel, mas ainda assim não era grande.

— Tae, o que é isso?!

— Abre logo!

Mesmo pronto para brigar por gastar com presentes, Jimin abriu a caixinha, logo vendo o bracelete em formato de cobra, totalmente em ouro branco e pedras preciosas pretas, era lindo. Sem nem falar nada, colocou no braço, vendo a bela forma que adquiriu em seu punho.

— Gostou?

— Uau… é perfeito, Tae. Eu vou usar para sempre?! — Jimin riu, passando os dedos na peça. — Mas você não precisava comprar!

— Não pense nisso… — Taehyung sorriu, chamando o outro com a mão. — Estou com frio, Minnie.

— Não! O bebê não pode ter frio! — brincou Jimin, fazendo uma voz alongada. Ele então se deitou ao lado do outro, puxando para os seus braços. — Eu te esquento, Tae.

— Como nos velhos tempos?

— Como nos velhos tempos.

Taehyung sorriu, logo deixando seus olhos fecharem enquanto Jimin o aquecia com o corpo. Seu coração agitado e apaixonado gradualmente foi se acalmando, até que o sono foi mais forte do que qualquer outra forma de o manter acordado. Assim, ele adormeceu, pensando em como era bom estar de volta.

 

════ •⊰♛⊱• ════

 


Notas Finais


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