História Winter Moon (Taekook - ABO) - 1.1 Just Hurt

Jeongguk acordou com o som insistente do despertador, prontamente desligando-o. Colocou seus óculos e pegou o celular, verificando se havia alguma mensagem. Notou uma notificação do aplicativo do jornal da escola, recordando vagamente de ter ouvido algo antes de dormir. Entrou tranquilamente no aplicativo, acessando a última postagem e estranhando o título da matéria.

"Ômega safado até demais"

Revirou os olhos, constatando que nos jornais da vida real também era assim: sempre sexualizavam e diminuíam os ômegas, independentemente de suas ações. Mesmo assim, continuou a ler o post, curioso para entender do que se tratava.

"Ômega, cuja identidade permanece anônima, teve suas imagens íntimas divulgadas. Um dos membros do time de Basquete admitiu não ter conhecimento sobre a quantidade de destinatários, afirmando ter recebido as imagens mais de uma vez.

A sorte — ou talvez sagacidade — do jovem reside no fato de que, em ambas as fotografias, seu rosto permanece oculto, preservando assim sua identidade. Agora, a responsabilidade pode ser atribuída ao alfa que vazou as imagens, mas é inegável que nada teria sido exposto se o ômega não tivesse compartilhado as fotos, concordam?

[foto]

[foto]"

Seu coração disparou freneticamente ao reconhecer instantaneamente aquelas fotos assim que as viu. A incredulidade tomou conta dele, recusando-se a acreditar que aquilo estava realmente acontecendo. Desligou o celular, buscando desesperadamente absorver as informações, lutando para acalmar as batidas descontroladas de seu coração.

Parecia ter esquecido completamente como respirar.

Desbloqueou o celular na esperança de ter interpretado erroneamente, mas infelizmente não era o caso. Seus nudes estavam ali, expostos. Sem hesitar, tirou prints de todo o post e foi direto para a opção de denúncia, esperando que a diretoria avaliasse e, possivelmente, removesse a publicação. Ao concluir esse processo, notou que o post já havia sido denunciado 13 vezes. Treze pessoas também compartilhavam do desejo de retirar aquelas imagens dali. No entanto, e o restante? Centenas de visualizações pairavam sobre o post, aumentando ainda mais o nervosismo de Jeongguk.

Evitou os comentários a todo custo, recusando-se a descobrir o que as pessoas pensavam dele. Abandonou o aplicativo e dirigiu-se às mensagens, encontrando duas conversas abarrotadas de mensagens. Ignorou a primeira, marcando-a como lida. Não queria encarar Taehyung, não queria ler nada dele. Não o queria. Ele era o único destinatário das fotos, e só poderiam ter saído do celular dele.

Ao entrar no grupo de amigos, constatou que todos estavam discutindo o ocorrido. Permitiu-se sorrir levemente ao ler a mensagem de Seokjin, ainda que nervosismo permeasse cada palavra.

Seokjinie
|Algumas pessoas que eu conheço denunciaram já
|Todo mundo que tá no grupo, menos o Gguk, ele deve estar dormindo
|Então foram quatro daqui, o Hobi, o Minnie, o Nam e eu
|O Yoongi e o Taehyung denunciaram também
|O Baekhyun
|Teve a Hyuna, o Jongin e o Kyungsoo
23:17

Respirou fundo ao ler as últimas mensagens, decidindo falar aquilo pra eles.

Ggukie
Eu denunciei já|
Tiveram mais duas pessoas|
Os nudes são meus|
06:57

Saiu do grupo, levantando-se apressadamente da cama, percebendo que estava atrasado. Vestiu-se rapidamente, optando pela roupa mais larga e confortável que tinha. Sentia a necessidade de se confortar de alguma forma.

A comida parecia não ter lugar em sua garganta, e Jeongguk saiu de casa com o estômago vazio, caminhando lentamente em direção à escola, sem se importar muito se chegaria atrasado ou não.

Não queria estar indo.

Ao chegar, dirigiu-se diretamente à sala quando o sinal tocou, desconsiderando a falta do material para a primeira aula. Desejava apenas se esconder sob suas cobertas, sem ter que enfrentar seu corpo exposto e a quebra de confiança com o cara por quem estava apaixonado.

Ignorou completamente quando viu Taehyung tentando falar consigo, sendo impedido pela professora. Ajeitou o capuz de seu moletom e abaixou a cabeça, escondendo o rosto entre os braços. Lágrimas silenciosas escorriam, sem que ninguém percebesse. Notou que a professora percebeu que ele estava "dormindo", pois a ouviu passando ao seu lado, mas pareceu ignorar. Ficou naquela posição até adormecer de fato e sonhou que nada daquilo tinha acontecido

— Ggukie — Acordou com a voz doce de um de seus melhores amigos, sentindo um carinho reconfortante em suas costas — Ei...

— Não quero — falou choroso.

— Vem cá, eu te dou colo e carinho — Seokjin saiu da posição em que estava, abraçando o pequeno que se jogou em seus braços — Eu sinto muito por tudo isso, de verdade — Falou suavemente, segurando-o com firmeza enquanto Jeongguk tremia.

— Eu não acredito que isso tá acontecendo comigo — Murmurou, fungando em seguida.

— O Jin tem prova agora, vem comigo no banheiro — Yoongi interveio, afastando-se de Jin.

— Você é o melhor amigo do Tae... por que eu iria com alguém que é amigo de quem vazou as fotos? — Perguntou magoado, tirando seus óculos para limpar os olhos.

— Ele não vazou, estava tão desesperado quanto todos — Min falou baixinho.

— É só ele que tem, não pode ter sido outra pessoa! — Exclamou um pouco mais alto, percebendo isso em seguida — Desculpa — Murmurou, recolocando seus óculos.

— Tá tudo bem, deve ter muitas emoções presas dentro de você...

— Eu tenho que ir, mesmo — Jin falou ao ver o horário, deixando um beijo no topo dos fios negros de Jeongguk — Fique bem — Saiu correndo.

— Vamos comer? Você tem que ficar bem... — Yoongi tentou, consciente do que aquilo tudo poderia causar.

Yoongi recordava-se, desde pequeno, da trágica história de sua irmã mais velha, que havia se suicidado após ter fotos íntimas, com seu rosto, divulgadas. Não permitiria que o garoto enfrentasse o mesmo destino.

— Não tô com fome — Falou, colocando a mochila nas costas, desejando sair daquela sala. Não estava desconfortável com Yoongi, mas toda a situação o incomodava profundamente.

— Ggukie — Arregalou os olhos ao ver Taehyung parado ali na porta.

Uma lágrima escapou, e ele saiu correndo imediatamente. Chegou a empurrar o alfa da frente da porta, sem parar de correr, continuando até entrar em uma das cabines do banheiro. Ficou ali, respirando fundo, tentando acalmar seus nervos.

Enquanto isso, Taehyung estava sentado no chão da sala, encolhido, abraçando fortemente as pernas, com a cabeça apoiada nos joelhos. Chorou, mais do que jamais chorara em toda a sua vida. Nunca, em momento algum, compartilhara qualquer foto que recebera, de ninguém. Isso não era diferente com Jeongguk. Ele se encolheu cada vez mais, soluçando baixinho e engasgando algumas vezes com o choro, sentindo um desespero crescente em seu peito.

Não podia perder Jeongguk; aquilo não poderia acontecer. Queria desesperadamente estar ao lado dele, oferecer apoio em meio a toda aquela situação, desejava ser um ombro amigo. Queria ajudar.

Não tinha sido ele quem compartilhou as fotos, mas era o único que recebia essas imagens. O desespero tomava conta dele, enquanto lamentava silenciosamente a dor que Jeongguk sentia.

Terça-feira
Príncipe
|Jeongguk
|Por favor
|Neném
14:14
|Eu juro que não fui eu, eu não sei quem foi, mas não fui eu
18:27
Quarta-feira
Príncipe
|Ggukie
|Não fui eu
06:52
|Eu juro que eu não mandei pra ninguém
23:48
Ontem
Príncipe
|Neném
02:30

Nenhuma das mensagens foi verdadeiramente lida, apenas uma olhada rápida pela barra de notificações para identificar o assunto. Jeongguk não tinha coragem de bloquear Taehyung, mas também não conseguia reunir a coragem necessária para ler as mensagens. Enquanto aquele fosse o assunto de Taehyung, ele preferia evitar o contato.

Sentia vergonha.

Taehyung suspirou enquanto saía do banho, fitando sua imagem no espelho e percebendo o quão debilitado estava, a única coisa que vinha fazendo era chorar. Não conseguia acreditar que estava deixando Jeongguk escapar por entre seus dedos; não podia perdê-lo, especialmente agora que finalmente havia aceitado para si mesmo que estava apaixonado.

Suspirou mais uma vez ao pegar seu celular, constatando que não havia recebido nenhuma resposta do ômega. Decidiu entrar no grupo de amigos, ciente de que a maioria deles eram amigos de Jeongguk, e desejava saber como ele estava.

Tae
Hey|
Como o Ggukie tá?|
20:35

Soulmate
|Ele tá mal ainda
|Mas tá melhorzinho
20:35

Hoseok
|Mas a alimentação dele tá meio ruim ainda
|Tá sendo difícil fazer ele comer
20:36

Nam
|Mas ele tá melhorando
|Tá sempre olhando para você, ele tá magoado
20:36

Tudo o que aconteceu era extremamente recente, então o fato de Jeon estar começando a se recuperar deveria ser algo positivo. Taehyung, no entanto, estava cada vez mais preocupado com a alimentação de Jeongguk, consciente de que o ômega estava magoado consigo, e provavelmente convicto de que tinha sido o Kim quem vazou as fotos. Nesse momento, a preocupação de Taehyung com o bem-estar de Jeongguk superava até mesmo a sua própria.

Aquela situação estava se tornando profundamente preocupante.

Ao se deitar na cama, o alfa começou a pensar em como poderia abordar o assunto delicadamente com o mais novo. Não podia simplesmente desistir de falar com o baixinho. Abraçando com ainda mais força a jaqueta que ainda tinha o leve perfume de Jeongguk, Taehyung adormeceu, com uma ideia terrível de como chamar o mais novo. Reconhecia que poderia parecer ainda mais insensível, mas sabia que precisava tentar expressar sua preocupação de forma mais evidente.

❄��

Jeongguk suspirou ao ocupar seu assento na aula de história, percebendo que Taehyung estava a duas cadeiras de distância. Sentia o olhar do alfa fixado em suas costas, e, naquela semana, começou a ponderar seriamente sobre sua escolha de sentar-se no fundo da sala. Cada comentário maldoso proferido por alfas irresponsáveis a seu respeito ecoava em seus ouvidos...

"Se fosse meu ômega, nunca que essas fotos iam vazar", "Se eu pudesse foder essa bunda", "Deve ser bom ter esse ômega de quatro", "que putinha", "vadia".Não deixou de notar que, em todas as aulas em que Taehyung estava presente, o alfa conseguia silenciar todos, seja dando um sermão ou ordenando que ficassem quietos. Jeongguk já não suspeitava mais que Taehyung fosse o responsável pelo vazamento de suas fotos. Aquilo não condizia com o perfil do alfa, que sempre apoiara vigorosamente todos os ômegas e lutara incansavelmente contra o preconceito.

No entanto, ainda não conseguia reunir coragem para falar com ele. Se encolheu em sua mesa, começando a copiar o conteúdo que o professor começara a apresentar, tentando manter todo o seu foco na matéria. Estava mais aliviado pelo fato de os comentários terem diminuído significativamente conforme os dias se passavam.

Príncipe
|Eu to indo para o ginásio
|Quer me ajudar com um probleminha ali embaixo?
08:46

Jeongguk visualizou as mensagens pela barra de notificação, sentindo sua carência e decepção aumentarem em intensidade. No entanto, sabia que o alfa não se importaria para sempre, certo? Sem dar resposta, pegou sua mochila e deixou a sala, aproveitando que o sinal acabara de tocar, confiante de que sua ausência não seria notada. Ele caminhou apressadamente em direção à quadra, buscando algum contato com Taehyung, uma mistura de saudade e mágoa envolvendo seus sentimentos.

Ao adentrar o local, deparou-se com Taehyung andando de um lado para o outro, evidenciando toda a angústia e inquietação que carregava. Jeongguk falou baixinho, sentindo uma grande vontade de simplesmente se afastar.

— Oi — a resposta do alfa foi imediata, correndo até ele com um semblante ansioso, mas Jeongguk recuou um passo ao ver a aproximação.

— Foi uma péssima ideia, perdão — desculpou-se, desesperado ao ver o ômega prestes a ir embora.

— Não, calma, eu não quero fazer nada! A gente só precisa conversar... — Taehyung tentou explicar, seguindo o moreno.

— Não, a gente só tem que esquecer que tudo isso aconteceu.

— Ggukie... — disse, aproximando-se mais.

— NÃO! — O grito assustou o alfa, que deu um passo para trás, vendo o ômega com os olhos marejados. — D.desculpa.

O Kim tentou impedir quando percebeu o menor saindo correndo, mas seus esforços foram em vão, apenas observou o moreninho se distanciando rapidamente.

Jeongguk entrou apressadamente em uma das cabines do banheiro, jogando sua mochila no chão e trancando-se lá dentro. Sentou-se, encolhendo as pernas, e retirou seus óculos para permitir que as lágrimas fluíssem sem restrições. Abraçou o próprio corpo, buscando algum tipo de apoio. Mordeu seu moletom para abafar um soluço, ouvindo a porta do banheiro se abrir.

Era demais acontecendo ao mesmo tempo, e o ômega se sentia completamente perdido. Ainda estava apaixonado por Taehyung, isso era inegável. Ainda confiava nele, mas simplesmente não tinha coragem para ter aquela conversa. Céus, era o seu corpo ali. Mesmo que não mostrasse muito, ainda era a sua privacidade em jogo.

Jeongguk estava cansado de ser julgado, de receber olhares de pena de todos que sabiam da verdade. Estava cansado de tudo aquilo.

Deixou-se soluçar ao perceber que estava sozinho no banheiro novamente, tossindo ao se engasgar com o próprio choro. Desde a última noite, um pensamento não conseguia deixar sua mente:

E se eu simplesmente morresse?

Sentia que ninguém notaria sua ausência. Embora amasse seus amigos, Taehyung e seu irmão, não conseguia se enxergar como alguém verdadeiramente importante na vida de outra pessoa.

Considerava-se inútil, sentindo-se incapaz de fazer algo corretamente. Não era ativo nas redes sociais, tinha dificuldades em manter conversas por mensagens e, para piorar, não se via como uma pessoa engraçada. Tinha a sensação de sempre estar de mau humor, sem ter assunto. Sentia-se apenas como um rostinho bonito.

Acreditar que sua partida seria benéfica para todos também era uma perspectiva tentadora. Isso significaria um ponto a menos para os picos de estresse de seu pai, sua mãe não precisaria mais se desgastar cuidando dele, Taehyung não teria que lidar com o ômega carente que Jeongguk era, seus amigos teriam uma preocupação a menos, e seu irmão, bem, Hajun poderia finalmente sair de casa e seguir com sua vida.

Em meio a essa escuridão, Jeongguk se afundava em pensamentos sombrios, questionando sua existência e ponderando sobre o impacto mínimo que sua ausência teria. Cada dia se tornava uma luta contra a própria mente, uma batalha contra a sensação sufocante de ser um fardo para todos ao seu redor.

Na solidão de seus pensamentos sombrios, Jeongguk afundava ainda mais na tristeza profunda que o consumia. Sentia-se como uma sombra, perdido na escuridão de sua própria existência. A tristeza o envolvia como um manto pesado, tornando cada respiração um esforço doloroso.

O vazio interior parecia insaciável, uma escuridão sem fim que o arrastava para baixo, deixando-o perdido em uma névoa de desespero. A falta de esperança, combinada com a sensação de ser um fardo para todos ao seu redor, ampliava a tristeza que o envolvia.

Cada pensamento negativo, cada reflexão sombria, eram como facas afiadas cortando a já frágil estrutura de sua alma. Jeongguk se via preso em um ciclo de melancolia, incapaz de vislumbrar uma luz no fim do túnel. Na escuridão de sua própria mente, a tristeza se tornava um companheiro constante, obscurecendo qualquer vislumbre de esperança.

Jeongguk, mesmo imerso em um turbilhão de emoções sombrias, reconhecia a magnitude da covardia que seria buscar o caminho do suicídio. A ideia de se machucar ou recorrer a métodos prejudiciais era assustadora demais para ser considerada. Mesmo nas madrugadas de busca por respostas, a verdade era que ele não desejava realmente levar adiante tais pensamentos.

Ciente de que precisava segurar firmemente em um fio de esperança, repetia para si mesmo o mantra de que "vai passar". Era um lembrete vital de que, apesar da escuridão presente, o tempo e a perseverança poderiam eventualmente trazer alívio. Em meio à tempestade emocional, essa simples certeza era um farol frágil, mas necessário para guiar Jeongguk através das sombras que o envolviam.