História Winter Moon (Taekook - ABO) - 0.8 Just leave

Taehyung suspirou, resignado, ao ver seu professor pedindo para que aguardasse na sala. A ansiedade aumentava à medida que sabia que receberia sua prova e o temor crescia em seu peito. Pacientemente, observou seus colegas saírem um a um. Quando finalmente ficou sozinho, seu professor estendeu a prova. Taehyung a pegou apressadamente e saiu praticamente correndo da sala, evitando olhar para sua nota.

Caminhando pelo corredor, a curiosidade e o receio o dominaram, levando-o a decidir encarar de uma vez por todas o resultado. Parou na metade do caminho, olhou para o canto superior direito da prova e arregalou os olhos ao se deparar com o número marcado em vermelho.

89

Havia tirado 89 na prova.

Viu Jeongguk perto dali e não aguentou, correndo até ele e o abraçando por trás, o tirando do chão, lhe dando um susto.

— Obrigado, obrigado, obrigado — Falou animadamente, colocando o menor no chão, vendo ele se virar para si e o olhar com confusão. — O professor me entregou minha prova hoje — Falou animado, vendo Jeon arregalar os olhos e tirar o papel de sua mão.

— 89... Meu Deus! Você foi muito bem — Falou com um sorriso orgulhoso, aceitando de bom grado o abraço que veio em seguida, sendo retirado novamente no chão — Acho que vamos ter que continuar com aquele método...

— Depois eu que sou o pervertido — Falou o colocando no chão, sorrindo — Eu to muito feliz! — Deu um pulinho, arrancando uma risada gostosa do outro.

— Gosto de te ver assim — foi sincero.

Tiveram que se separar para frequentar aulas diferentes, e, como de costume, não se viram pelo restante da manhã. Durante o almoço, compartilhou a refeição com Jimin, e à tarde dirigiu-se ao clube de jornalismo. Jeongguk tomou seu lugar com calma, saboreando uma pequena barra de chocolate que havia recebido do alfa por quem nutria sentimentos. Enquanto estava imerso nesses pensamentos, alguém jogou um caderninho de notas diante dele, com um descaso evidente. Curioso, pegou o caderno para ler o que estava escrito, arregalando os olhos ao se deparar com as palavras ali escritas.

— O Taehyung não está namorando! — Falou alto, atraindo a atenção de quem comandava aquele clube.

Nunca havia recusado uma matéria, afinal, todas as que fazia eram por conta própria, e nunca recebia uma pronta, precisando apenas tirar fotos.

— Eu sei sobre o que eu escrevi ali, e sim, ele está namorando — Falou com um tom de superioridade.

Aquela garota o irritava, ela se achava popular, sendo que era só um pouco, e se julgava superior que os outros.

— Ele não está, eu sei que não — Jeon continuou firme.

Conhecia o suficiente Taehyung para saber que ele nunca trairia alguém, o alfa sempre prezou a sinceridade, e seria completamente fora de sua índole fazer isso.

— Ggukie, eu estou namorando com ele, sinto muito se você é o clichê de nerd apaixonado pelo popular — debochou.

— Não sou eu o apaixonado por ele aqui! — Falou alto, atraindo a atenção de outros ali, se encolhendo em seguida — Ele não tá namorando — Repetiu, vendo o rosto da ômega ficar vermelho de raiva.

— Cala a porra da boca, senta e faça o seu trabalho. — Falou entredentes

— Não vou fazer uma matéria falsa.

— Sai daqui! Você tá expulso desse clube! — Gritou, fazendo o ômega arregalar os olhos, logo começando a juntar suas coisas com raiva.

— Eu sair não vai fazer você namorar com ele — Falou baixo, só para a ômega , antes de sair dali com raiva

Com os olhos começando a se encherem de lágrimas, Jeongguk apressadamente dirigiu-se ao seu armário, recolhendo todo o material utilizado no clube e organizando-os em sua mochila antes de sair da escola. Enquanto caminhava, pensava no que diria aos seus pais, sabendo que teria que explicar sua decisão de deixar o clube.

Ao avistar a fachada familiar de sua casa, respirou fundo, deixando a primeira lágrima escapar. Aquele clube significava muito para ele.

Agradeceu por ser completamente ignorado por sua mãe ao entrar em casa, deixando sua mochila cair no chão ao chegar em seu quarto. Fechou a porta e abraçou um de seus ursinhos de pelúcia, apertando-o firmemente enquanto se encolhia.

Desapercebidamente, não percebeu quando finalmente apagou, envolto em seus próprios sentimentos.

Jeongguk abriu os olhos assustado, captando o som de uma louça se partindo. Ao se dar conta de que estava coberto, sem os tênis, notou seu celular carregando e a mochila no lugar.

Levantou-se preguiçosamente, alcançou o celular e encontrou uma mensagem de seu irmão mais velho, informando que o havia arrumado ali. Sorriu levemente, enviando um agradecimento em resposta. Decidiu que tomaria um banho e depois cuidaria das suas tarefas de casa.

Ao sair do banheiro, vestindo uma calça fina rosa e uma blusa de manga comprida do mesmo tecido, branca, dirigiu-se diretamente à escrivaninha, abrindo a mochila. Ignorou a voz irritada do pai ecoando do andar de baixo, ciente de que ele e sua mãe estavam discutindo.

Persistiu em tentar se concentrar nas lições, abafando os gritos do lado de fora, ansiando apenas que a discussão cessasse logo. Desejava poder dormir tranquilamente naquela noite. Contudo, sua atenção foi abruptamente desviada quando sentiu uma dor aguda em suas orelhas, acompanhada do encolhimento instintivo de seu lobo. Correu até o celular ao perceber que seu pai começava a usar a voz autoritária de alfa.

Ggukie
Hyung|
Me tira daqui|
Por favor|
20:37

Tae-Hyung
|Tô indo
20:37

Suspirou profundamente, o coração apertado pela ansiedade, enquanto encarava o espelho do banheiro. Com as mãos trêmulas, pingou uma gota do remédio nas orelhas, tentando desesperadamente protegê-las. Agarrando o celular, abriu a janela e saiu para fora, sentindo o gélido contato do solo apenas com um par de meias. O frio cortante aumentava sua agonia, assim como a voz, agora mais impositiva, ecoando em seus ouvidos. Agradeceu mentalmente ao ser envolvido nos braços firmes de Taehyung, uma bênção contra a tormenta que se formava.

No banco do passageiro, as mãos de Jeongguk ainda tremiam enquanto tentava se recompor. Taehyung, atento, ajustou o cinto antes de assumir o volante, usando a voz autoritária de alfa para acalmar a tempestade interna do ômega. Ofereceu um casaco, assistindo ao pequeno corpo se encolher nele enquanto se afastavam da casa, rumo a um refúgio conhecido.

No local habitual de encontros, Taehyung conduziu Jeongguk para o banco de trás, onde a preocupação nos olhos do alfa era palpável. Ao examinar cuidadosamente as orelhas do ômega, seu toque transmitia mais que apenas conforto físico, era uma promessa silenciosa de proteção.

Envolvidos no aconchego do banco de trás, a conversa fluía suavemente, as mãos de Taehyung entrelaçadas nos fios escuros de Jeongguk, revelando uma conexão que transcendia palavras. A ausência dos óculos, os olhares intensos, intensificaram a cada instante. Taehyung, incomodado pela menção de um pretendente indesejado, fez questão de reafirmar sua solteirice.

Na quietude que se seguiu, Taehyung sorriu ao perceber que sua pergunta havia sido ignorada, ciente de que o mais novo havia cedido ao sono. A paleta de emoções entre eles pulsava, uma mistura de calor e segurança, como se o universo conspirasse para revelar algo mais profundo. Talvez, de fato, estivessem começando a se apaixonar.

❄��

Kim Taehyung suspirou pesadamente ao sair de sua sala, recebendo uma mensagem de seu pai que lhe trouxe uma lembrança inescapável: seu cio estava marcado para o dia seguinte. A recente busca por atenção de seus amigos agora fazia sentido, sendo uma necessidade instintiva antes desse período.

Numa corrida contra o tempo, percebeu que precisaria pedir a companhia de um ômega para passar seu cio, algo que nunca havia feito sozinho. A urgência da situação acrescentava uma camada extra de pressão.

— Hobi-ah, viu o Ggukie? — Perguntou ao ver Hoseok no corredor, junto de Yoongi.

— Seu cheiro tá forte... — O ômega comentou, fazendo careta para o melhor amigo.

— Meu cio chega amanhã... Viram o Ggukie? — Repetiu a pergunta, um tanto ansioso.

— Ele estava indo para o armário dele — Hoseok falou, vendo o outro alfa sair praticamente correndo — Esses dois... — Riu, abraçando seu namorado.

O loiro correu, com um sorriso pequeno no rosto, até o ômega de óculos redondos, que levou um pequeno susto ao ver o lúpus.

— Oi — Sorriu largo, exibindo seus dentinhos de coelho.

— Oi, já comeu hoje? — Perguntou antes de qualquer coisa, vendo o sorriso do outro alargar e as bochechas corarem, enquanto assentia — Meu cio é amanhã... Você pode passar comigo? — O alfa não sabia, mas seus olhos brilhavam em expectativa.

— Eu... Eu não posso... meus pais... — Jeongguk sentiu seu coração doer ao ver a nítida animação se esvaindo do outro, o sorriso indo embora, mostrando uma nítida decepção — Eu passaria, sabe que sim, mas eles — Foi interrompido.

— Eu entendo, de verdade — Sorriu pequeno; o mais baixo estava se sentindo a pior pessoa do mundo.

— Mas — Respirou fundo, pegando a mão do loiro — Me manda mensagem, eu quero saber como você vai estar — Olhou nos olhos do outro, vendo uma leve animação voltar a eles.

— Eu mando, se eu for passar com remédios, eu te aviso — Falou baixo — Mas eu tenho que ir pra casa, meu cheiro já tá bem forte.

— Tudo bem — Ficou nas pontas dos pés, deixando um beijinho na bochecha do loiro — Boa sorte.

Assim, o alfa saiu da escola, e o ômega foi para o refeitório, encontrando Jimin.

Taehyung optou por passar aqueles três dias dopado. Recordava-se vagamente de ter acordado algumas vezes para comer, sentindo pontadas leves de dor. Ao despertar naquele sábado à tarde, finalmente livre de qualquer efeito do período, pegou seu celular e o desbloqueou. Ao acessar o aplicativo de mensagens, buscou diretamente pelo de Jeon, franzindo o cenho ao perceber que a última mensagem havia sido enviada na sexta-feira de manhã.

Ggukie
Oi|
Eu acho que tô gripado|
Me desculpa outra vez por não poder passar seu cio com você|
10:47 - ontem

Tae-Hyung
|Oi
|Como você tá?
|Posso ir aí?
16:22

Taehyung se levantou e dirigiu-se ao banho, sentindo todos os seus ossos estralarem, uma lembrança incômoda de como odiava os cios. Tentou ser rápido, ansioso para ver Jeongguk, sentindo falta dele e preocupado ao receber a notícia de que talvez estivesse doente.

Após uma breve conversa com os pais, saiu rapidamente de casa, dirigindo-se à residência de Jeon, já que ele não havia respondido. Não demorou muito para chegar, apressando-se em sair do carro. Observou a lateral da casa, notando a janela de Jeon fechada, com cortinas rosa claro. Chegou à porta e bateu duas vezes, sendo atendido por um alfa que reconheceu como irmão do ômega.

— Oi, eu posso ver o Ggukie? Ele falou que tava meio mal, mas eu tava no cio... — Explicou, vendo o moreno avaliá-lo.

— Você é aquele com quem meu irmão fica, né? — Taehyung sentiu o coração acelerar — Vai pela janela, eu abro lá, meus pais não podem ver. — O loiro assentiu, e a porta foi fechada.

Deu a volta, retornando à lateral da casa, escalando a parte que Jeon normalmente usava para entrar. Chegou ao telhado com cuidado, observando a janela de abrir.

— Ele tá gripado, o remédio deixa ele sonolento, e a febre meio doidinha — O mais velho explicou, sorrindo para o ômega dormindo — Pode ficar aí, eu venho à noite fechar a janela, só encoste ela — Pediu, recebendo um aceno positivo.

Esperou o outro sair e fechar a porta, dirigindo sua atenção ao pequeno ômega adormecido na cama, envolto nas cobertas em um tom suave de amarelo pastel.

Ao se sentar na cama, começou a acariciar os fios negros, sorrindo ao notar o biquinho nos lábios rosados e o rosto relaxado do mais novo. As olheiras haviam diminuído drasticamente.

Enquanto continuava a fazer carinho, seus olhos exploraram o quarto. As paredes exibiam um tom claro de azul, os móveis eram todos brancos, e as cortinas eram de um rosa suave. Almofadas e bichinhos de pelúcia estavam estrategicamente espalhados pelo quarto, incluindo um coelhinho de tamanho médio descansando sobre uma cadeira rosa bebê, com uma aparência aconchegante – a cadeira da escrivaninha.

Era um quarto adorávelmente fofo.

— Hyung? — Sua atenção foi roubada pela voz rouca do outro.

— Oi, bebê — Falou suavemente.

— O que tá fazendo aqui? — A voz estava tão manhosa que Taehyung sentiu vontade de o esmagar.

— Vim cuidar de você — Falou sorrindo de leve, vendo o menor se afastar um pouco.

— Deita aqui — Mandou, com um tom manhoso.

Taehyung tirou os sapatos e o casaco, deitando-se sob as cobertas, observando as bochechas coradas do outro. Sabia que ele não estava pensando direito, era o efeito do remédio.

— Pronto — Manteve o tom baixo.

Sorriu ao ter o ômega se aproximando, aconchegando-se em seu peito. Quando foi abraçar sua cintura, acabou passando a mão pelo quadril de Jeon, notando algo.

— Você tá só de blusa e calcinha? — Sussurrou a pergunta. Claro que não iria se afastar por isso, mas ficou surpreso.

— To, é confortável! — Falou com um leve tom de animação — Você gosta? Eu fico feliz quando penso que talvez você possa realmente gostar, sabe? É confortável pra mim e ao mesmo tempo te agrada...

— Eu gosto, pequeno — Sorriu, mas um pouco preocupado com aquilo.

— Que bom, porque eu não iria parar de usar — O alfa sorriu, era com isso que estava preocupado.

— Que bom — Riu, Jeongguk estava engraçado, falando tudo o que lhe vinha à cabeça, completamente drogado pelos remédios para a febre. Estava adorando.

— Eu posso te chamar de príncipe? — A pergunta veio de repente, fazendo o alfa arregalar os olhos.

— Pode, mas por que?

— Você sempre tá lá quando é preciso, me salva quando eu peço, me faz rir e é maravilhoso na cama — O alfa riu baixo da última parte — É tipo o príncipe encantado...

— Você pode me chamar assim, se salvar o contato do meu celular assim — Falou sorrindo, queria deixar aquilo marcado.

Viu Jeongguk fazendo um biquinho, procurando o celular com as mãos, logo o achando. Assistiu o menor desbloqueando o aparelho e entrando em seu contato, mudando de Tae-Hyung para Príncipe. O Kim apenas pôde sorrir largo.

— Pronto! — Sorriu largo, voltando a se aninhar no peito do maior, sentindo-se protegido pelo calor do outro.

— Dorme mais um pouquinho, neném — O alfa pediu ao ver os olhinhos piscando mais lentamente.

— Posso fazer uma coisa antes? — Perguntou levemente arrastado, recebendo um aceno positivo do outro.

Taehyung arregalou os olhos ao sentir os lábios do outro juntos aos seus. Estava dando seu primeiro selinho, bem, na verdade, ele havia sido roubado. Ficou tão em choque que nem teve reação, apenas ficou parado, não percebendo quando o ômega se afastou, ou quando ele apagou.

Apenas ficou ali, sentindo um nó na garganta, um misto de choque e desespero ao processar o que havia acontecido.