História Wish You Were Here - 2 temporada - O começo do fim

E pensar que toda essa loucura começou com um beijo, no campus da UnB em Brasília, numa festa de veteranos. É incrível como quando estamos destinados a ficarmos juntos, não importa como ou o quão longe estejamos, sempre acontece algo para nos juntar. Quem diria que o pai dos meus filhos seria o youtuber que eu mais admirava? Quem diria que nos encontraríamos do jeito que nos encontramos? Certamente nossa história é meio louca, talvez clichê e até comum. Talvez desse um livro ou filme, mas nada seria capaz de superar tudo o que vivemos, tudo o que sentimos. Só eu e Lukas sabemos dos míninos detalhes, e nem a melhor cópia fiel de tudo isso chegaria aos pés da nossa história de amor!

6 de Dezembro de 2032

Acabou, finalmente acabou! Gabriel e Ana finalmente foram presos e pagarão por todo o mal que causaram a mim e à minha família!

Sair daquele julgamento foi como tirar um peso das minhas costas. Assim que o juiz bateu o martelo condenando os dois foi quase impossível conter a felicidade. É óbvio que não fico feliz vendo a desgraça alheia, mas diante de tudo o que eles me fizeram neste ano, não poderia ser diferente. Gabriel foi acusado de tantos crimes que seria impossível contá-los aqui, e Ana foi acusada de ser cúmplice em todos e por isso acabou pegando uma pena menor. Não me lembro ao certo quanto tempo, pois eu estava tão extasiada por esse pesadelo ter chegado ao fim que eu só queria sair dali a comemorar!

-O que vamos fazer agora? –Lukas perguntou dando a partida no carro

-Comemorar? –sugeri e ele riu- O que querem fazer, meninos? –perguntei encarando-os pelo retrovisor interno do carro

-A gente podia ir comer fora –sugeriu Miguel

-Eu queria ficar com o André... –Pietra suspirou- O Gabriel e a Ana não valiam nada, mas eram os pais deles né

-E por falar nesse menino, como ficou a guarda dele agora? –Lukas perguntou

-Ele já tem 18, então teoricamente já é independente –Miguel deu de ombros

-Ele vai ficar com uma tia que tem aqui em São Paulo até conseguir se estabilizar direitinho –Pietra explicou

-Entendi –falei ajeitando minha bolsa sobre meu colo- Jantar fora então? –sorri animada para Lukas

-Outback? –sugeriu animado

-Claro! –Pietra e Miguel gritaram juntos e nós rimos

-Outback então! –falei rindo fraco

-Posso chamar o André? –Pietra perguntou me encarando pelo retrovisor

-Pede pro seu pai

-Pai? –chamou ela

-Pode né, vou fazer o quê! –riu ele e ela comemorou já puxando o celular do bolso

-Ah nem, se for assim eu quero levar a Manu também! –Miguel protestou e eu ri

-Pode levar –respondi e ele comemorou

Chegamos ao apartamento e os meninos logo correram para os quartos, me fazendo rir, lembrando de como essa fase é boa, sem dúvidas a melhor da nossa vida.

-E então, amor? –Lukas falou sentando ao meu lado no sofá

-Acabou –sorri para ele- esse pesadelo finalmente acabou!

-Finalmente! –concordou sorrindo e me selou- Agora ainda são 19 horas, acho que temos tempo para uma comemoraçãozinha –sorriu malicioso- O que acha?

-Eu acho ótimo! –sorri subindo em seu colo, beijando seu pescoço

-Então vem! –falou ficando de pé me suspendo em seu colo, me segurando pela cintura com uma mão e com a outra apertando minha bunda

Lukas caminhou a passos cegos para o quarto enquanto nos beijávamos e então trancou a porta, foi até à cama e me sentou sobre ela cuidadosamente. Começou a distribuir beijos por toda a região do meu pescoço, me causando arrepios e suspiros intensos de puro prazer.

-Tem que ser uma rapidinha... –sussurrei já ofegante em seu ouvido

-Eu sei –ele mordeu o lóbulo da minha orelha me fazendo arfar- Vem, tira a roupa! –falou tirando sua camisa e sua calça

-O que vai fazer? –perguntei desconfiada obedecendo-o

-Vai ver! –sorriu malicioso encarando meu corpo coberto apenas pela minha lingerie roxa

-To esperando então... –mordi o lábio inferior fitando seus olhos enquanto tirava meu sultiã, jogando a peça para o lado

-Você é igualzinha a uísque! –falou ele se aproximando e agarrando minha cintura, encarando meus olhos- Quanto mais velha, mais gostosa! –beijou-me os lábios e apertou minha bunda, fazendo-me gemer entre o beijo- Vem... –chamou sussurrando descendo os beijos para os meus seios

Lukas me puxou pela mão e entrou no banheiro, logo me fazendo sorrir, entendendo o que ele queria. Passei na sua frente e liguei o chuveiro na água morna, sorrindo para ele.

-Quase isso... –sorriu para mim e fechou o ralo da banheira, começando a enchê-la

-Safado! –ri beijando-o em seguida

-Isso é culpa sua! –ele riu nasalado e eu me ajoelhei na sua frente sem quebrar nosso contato visual  

-Ah é? –mordi o lábio inferior e comecei a acariciar seu membro ainda coberto pela cueca branca

-Você faz de propósito... –suspirou fechando os olhos e entrelaçando seus dedos nos meus cabelos

-Talvez... –falei divertida e joguei um pouco da água sobre sua cueca, deixando-a transparente, o que me fez sorrir

-Anda logo, Ingrid! –pediu e eu ri

-Quanta pressa –falei abaixando de uma vez sua cueca, fazendo seu membro pular frente ao meu rosto- E quanta animação... –sorri acariciando-o levemente

-Não me provoca... –falou arfando

-Mas assim que é bom! –sorri sapeca e fechei o registro, pois a banheira já estava quase transbordando

Posicionei minhas mãos na base de seu membro e comecei a masturbá-lo enquanto distribuía leves lambidas pela sua glande. Lukas aproveitando que sua mão já estava em meus cabelos, começou a me auxiliar, entretanto sem interferir na minha velocidade, dando leves puxões em minhas madeixas, mostrando que estava bom.

Tirei uma das minhas mãos e passei a chupá-lo por completo, o que resultou em um gemido abafado dele.

-Oh, Ingrid... –gemeu ele e eu sorri fraco, sentindo que minha intimidade lubrificar- Isso é tão bom, porra! –fechou os olhos e deixou escapar mais um gemido

Subi minhas carícias por todo seu abdômen e dei alguns chupões em seu pescoço, que certamente deixariam marcas bem avermelhadas. Continuei subindo e cheguei aos seus lábios, beijando-os com intensidade. Lukas desceu suas mãos e apertou minha bunda, me fazendo gemer entre o beijo. Desci minhas mãos e apertei seu membro, agora foi a vez de Lukas gemer.

-Eu to não aguentando mais, vem cá! –falou ele puxando minha calcinha para baixo com violência

Lukas me colocou sentada na parte superior da banheira e abriu minhas pernas, apoiando uma de cada lado. Coloquei minhas mãos para trás apoiando meu corpo e logo senti a língua quente do meu amado me invadir. Foi impossível não gemer. Lukas sabia exatamente o que fazer e a cada segundo eu ficava ainda mais louca, completamente tomada pelo prazer!

-Anda logo com isso, Lukas! –pedi entre os gemidos

-Pede direitin...

-Porra! –sussurrei interrompendo-o- Não começa! –gemi um pouco mais alto sentindo que ele havia introduzido dois dedos em mim- Ah, Lukas...

-Eu não sei o que você quer se você não pedir... –sorriu fitando meus olhos enquanto massageava meu clitóris inchado

-Eu quero que você me foda! –falei completamente tomada pelo desejo

Em fração de segundos, Lukas retirou seus dedos de mim e introduziu seu membro, fazendo-me reprimir um gemido que sairia mais como um grito.

-Ah, isso é bom... –gemi fechando os olhos- Mais rápido...

Não precisei falar duas vezes! Lukas intensificou suas estocadas, me fazendo morder o lábio inferior abafando meus gemidos e gritos.

-Amor, eu... –Lukas não conseguiu sequer terminar a frase e logo senti seu líquido me invadir em jatos quentes, mas eu ainda não havia chegado lá

-Lukas, eu ainda não...

-Shh! –falou ele me interrompendo continuando seus movimentos, agora mais intensos

-Aah! –gritei sentindo o orgasmo me atingir, porém Lukas o reprimiu me beijando, saindo de dentro de mim

-Eu te amo, meu amor! –sorri fitando seus olhos

-Eu também te amo! –falou ele sorrindo roubando-me um selinho

-Mãããe! –ouvimos Pietra gritar- O André chegou!

-Ta bom! –gritei de volta escorregando para dentro da água quentinha

-Acho melhor terminarmos logo esse banho –Lukas falou sentando-se atrás de mim

-Por quê? –arqueei uma sobrancelha

-Acha mesmo que é uma boa ideia deixar aqueles dois sozinhos? –perguntou sério

-Ah amor, me poupe! –ri nasalado- Eles não vão fazer nada que já não tenham feito, e o Miguel ta aí também

-Como você pode ser tão despreocupada assim?

-Eu confio na minha filha! –falei convicta- E o Miguel protege a Pietra mais do que qualquer coisa

-Da última vez sua filha ficou grávida, tem certeza que ainda pode confiar? –arqueou uma sobrancelha e eu o olhei incrédula

-É o que, Lukas? –virei-me completamente para ele

- Da última vez sua filha ficou grávida, tem certeza que ainda pode confiar? –repetiu

-Minha filha? Nossa Filha! –cruzei os braços- Eu não fiz com o dedo não! –bufei irritada- E você lava bem essa boca quando for falar dela! –disse pegando o sabonete para tomar logo meu banho

-Ta, tudo bem. A nossa filha ficou grávida –revirou os olhos- E não falei nada que não seja verdade!

-Mas falou como se ela fosse uma puta! –quase berrei e ele se assustou- Francamente Lukas! Aquilo foi um descuido, mas não cabe a você o direito de como pai, falar assim da menina! –me levantei e saí da banheira me enrolando na toalha

-Sério que a gente vai brigar? –perguntou se ensaboando

-Você que começou falando da nossa filha! –revirei os olhos

-Não fiz por mal, Ingrid... –suspirou

-Ah Lukas, puta que o pariu! Você insinuou que na primeira oportunidade longe de nós os dois vão se comer, por favor né! E quer saber? Se eles quiserem transar, que transem! –ele arregalou os olhos- Aposto que se fosse a Manu que tivesse chegado, você não teria dado esse xilique todo! –bufei- Pega esse seu machismo e enfia no cu, idiota!

Sequer esperei que ele respondesse e saí apressada do banheiro batendo a porta em seguida. Fala sério né! Minha vontade era de socar o Lukas inteirinho! Como ele pôde ter a pachorra de se referir à Pietra desse jeito? Ela ta achando que a menina é o que? E outra, nenhum dos dois é ninfomaníaco não! Pelo amor de Deus!

-Amor... –ouvi a voz de Lukas e me virei para ele revirando os olhos

-O que você quer? –bufei e ele se desencostou do batente da porta e caminhou até mim

-Desculpa... –fitou meus olhos e acariciou minha bochecha

-Sai! –falei tirando sua mão de mim e seguindo até o guarda-roupa para poder me vestir

-Eu não falei por mal, Indy... –continuou e eu revirei os olhos escolhendo minha lingerie- Eu me expressei mal, não formulei o argumento direito –ouvi seus passos se aproximando- Eu jamais falaria da nossa filha desse jeito, com essa conotação! –segurou suavemente meu braço e eu o olhei num ato impulsivo

-Mas falou! –suspirei- Falou e doeu, doeu muito! Sorte dela que não ouviu esse absurdo!

-Eu não insinuei que ela seja puta ou que aja como uma, longe disso! –suspirou e sentou-se na cama- Eu confio na Pietra, mas me preocupo!

-Você daria esse escândalo se o Miguel estivesse sozinho com a Manu? –perguntei e ele ficou em silêncio- Hein?

-Ai amor, é diferente, o Migue...

-Responde Lukas! –falei autoritária interrompendo-o- Você daria esse escândalo?

-Não... –suspirou

-Ta vendo! –revirei os olhos e vesti um vestido

-É diferente porque o Miguel nunca engravidou ninguém! –falou e eu o olhei desacreditada, semicerrando os olhos

-Até onde a gente sabe né? –cruzei os braços me encostando nas portas do guarda-roupa

-Ta insinuando o que? –perguntou confuso, levemente irritado

-O mesmo que você! –dei de ombros e segui para minha penteadeira pegando um hidratante corporal

-Não revida na mesma moeda... –suspirou

-Então trate seus filhos com igualdade! –falei irritada- A Pietra não é diferente por ser mulher!

-Tudo bem, eu errei... –suspirou dando-se por vencido indo até suas coisas e pegando uma cueca preta

-Espero que nunca mais fale algo assim! –suspirei me jogando na cama. Eu odiava brigar com ele, isso me deixava exausta

-Me desculpa –ele se deitou por cima de mim- Eu só me preocupo com a nossa princesinha –sorriu fitando meus olhos- Eu sei o quanto ela é frágil, sei o quanto é sensível e impulsiva... –suspirou- Sei também que mais um ato descuidado desse pode acabar com a vida dela –franzi o cenho- Ter um filho é a coisa mais maravilhosa do mundo –sorriu largamente e foi impossível não sorrir também. Ele tinha razão, ter filho era uma benção. Era um pedacinho seu no mundo, o fruto mais belo do seu amor com outro alguém- mas aos dezessete anos? Ela tem uma vida inteira pela frente ainda! E quanto ao Miguel –suspirou- foi machista o que eu disse, eu sei... Não fiz por mal, foi no calor da hora, eu não sei... Não faz diferença ele ser homem, o risco é o mesmo –saiu de cima de mim e sentou-se ao meu lado- me desculpa meu amor

-Tudo bem –suspirei e sorri de lado- Eu entendo que se preocupe, porque eu também me preocupo –sentei-me fitando seu rosto- Mas temos que confiar neles, ambos vimos o quanto podemos confiar neles de uns tempos para cá, sabemos que são responsáveis. Não podemos condená-los por só um ato impensado

-Tem razão –sorriu e eu o beijei

-Detesto brigar com você –suspirei

-Eu também detesto, não nasci para ficar discutindo com o amor da minha vida! –sorriu

-Adoro quando você fica fofo assim –sorri acariciando sua nuca levemente, sentindo-o se arrepiar

-Mããããe! –Pietra gritou

-Paaaai! –Miguel gritou

-Ué... –sussurrei confusa encarando Lukas

-Fala! –Lukas gritou em resposta

-É janta ou ceia? –perguntaram juntos e eu ri

-Janta! –respondi- Já vamos!

-Não entendi –Lukas falou confuso assim que levantei da cama indo arrumar meu cabelo

-Olhe o relógio e entenda –sorri

-Meu Deus! –pulou da cama

Terminamos de nos arrumar rapidamente e saímos do quarto, dando de cara com Pietra, Miguel, André e Manu sentados nos sofás da sala conversando animadamente.

-Bem feito pra essa atirada! –Pietra falou entre os risos

-Bem feito para quem? –perguntei e só então eles notaram nossa presença

-A Karina, aquela puta desmiolada! –Pietra respondeu e os outros caíram na gargalhada

-Olha a boca, Pietra! –Lukas repreendeu

-Mas é verdade, pai! –Miguel falou ainda rindo

-O que aconteceu com a menina? –perguntei

-Reprovou –os quatro responderam em uníssono e caíram na gargalhada de novo

-Que coisa feia, rir da desgraça da coleguinha! –falei

-Ela deu em cima do André na minha frente! –falou indignada- Aquela rapariga viu que ele é bom em ciências exatas e ficou marcando em cima pra ele ajudar, cretina!

-Nesse caso, vou ter que concordar! –dei de ombros e eles riram

-Você não vale um centavo! –Lukas disse olhando para mim e rindo- Vamos?

-Agora! –os quatro falaram juntos colocando-se de pé

-Vamos em dois carros né? –Lukas perguntou

-É, porque senão um vai ter que ir no colo –peguei a chave do meu carro- E eu não vou ariscar levar multa!

-Ta, vamos! –Lukas disse- Quem vem comigo?

-A gente! –Pietra respondeu prontamente segurando a mão de André

[...]

POV Miguel

-PIETRA, ANDA LOGO! –gritei

-JÁ VOU, MAS QUE SACO! –berrou de volta e eu revirei os olhos

Hoje é 12 de dezembro, dia da nossa formatura e a lindeza da minha irmã deixou para comprar o vestido da festa em cima da hora, e como nossos pais foram na casa da tia Juh e do tio Lira, sobrou pra mim ir junto.

-Vamos, desespero! –Pietra apareceu colocando a celular dentro da bolsa

-Você só vai no shopping, não vai casar não, pra que essa enrola toda?

-Não me enche, vai! –ela riu e bateu em meu ombro, seguindo para a porta- Papai te deu o cartão?

-Deu, e falou pra você não comprar nada além do vestido! –avisei tirando o cartão da minha carteira

-E do sapato! –sorriu pegando o cartão e jogando dentro da bolsa

-Aí você conversa com ele! –dei de ombros- Agora vamos logo!

Descemos correndo pelas escadas e entramos no Uber. Como morávamos próximo ao shopping, não demorou muito para chegarmos lá, e assim que descemos, Pietra correu desesperada para fora do carro.

-Calma, coisa! –ri segurando seu braço

-Tem um bilhão de lojas aqui, se eu não correr, não dá tempo! –arrumou sua bolsa em seus ombros

Um bilhão de lojas depois...

-Gostei desse! –Pietra falou animada saindo vestida do provador- É lindo não é?  

(n/a: link nas notas finais)

-Você vai usar isso? –arqueei uma sobrancelha chegando mais perto dela

-Algum problema? –perguntou me olhando pelo espelho

-Sabe que o papai nunca deixaria você usar uma coisa assim! –cruzei os braços- Ele não deixaria você sair nem daquela cabine!

-Acontece que ele não ta aqui agora –deu de ombros virando de lado para analisar o vestido

-Mas vai estar em casa quando você estiver se arrumando! –lembrei

-Mas ai eu já vou ter comprado o vestido –virou para mim e sorriu

-E ai ele não deixar você sair nem do quarto! –alertei e ela deu de ombros

-Veremos! –falou entrando no provador e eu bufei. Isso vai dar uma merda tão grande...

Pietra saiu vestida com sua roupa e seguimos para o caixa, ela pagou o vestido (papai vai matar-la quando a fatura chegar) e então ela me arrastou para outra loja em busca do sapato.

-Mi, esse ou esse? –Pietra perguntou apontando para os pés, que estavam calçados com sapatos diferentes

(n/a: links nas notas finais) 

-Para usar junto com o vestido? –perguntei bloqueando a tela do celular, olhando para ela

-Não, não! Pra usar com o pijama que eu vou comprar daqui a pouco! –revirou os olhos e eu olhei-a com deboche

-Idiota! –ri

-Mas é sério, qual desses? –tornou a perguntar e eu encarei seus pés

-Não sei... –disse pensativo e olhei para a vitrine atrás dela- Minto, sei sim! –ela sorriu- Nem um nem outro –me levantei do banco

-Uai, Miguel! –protestou

-Esse aqui! –apontei para a vitrine

(n/a: link nas notas finais)

-Esse? -ela arqueou a sobrancelha

-Moça, você pode pegar esse sapato aqui? –perguntei para a atendente, ignorando Pietra

-Mesma numeração? –perguntou e eu assenti

-Miguel! –Pietra protestou

-Confia em mim! –pisquei e voltei a me sentar

-Eu acho que vou ficar com esse... –falou encarando seu pé direito, que estava com um sapato mais simples

-Espera a mulher voltar com o outro

-Ai meu Deus, ta! –bufou se recostando na cadeira

-Aqui! –a atendente sorriu abrindo a caixa para Pietra

-Tem certeza, Miguel? –perguntou tirando os outros sapatos para calçá-lo

-Tenho! –ri e ela começou a calçar

-É para uma festa? –perguntou a moça, toda simpática

-Formatura! –Pietra sorriu terminando de prender o outro pé, levantando-se logo em seguida- Uau!

-Eu disse! –exclamei convencido

-Como não vi esse sapato? –perguntou andando de um lado para o outro olhando para o sapato- Vou levar! –exclamou animada e eu ri

Pagamos o sapato e fomos almoçar por lá mesmo, no Sushi Loko, porque né, comemos mais sushi do que os japoneses!

[...]

-Comprou o vestido? –minha mãe perguntou para Pietra

-Sim, é lindo! –falou animada

-Você foi junto, Miguel? –meu pai perguntou

-Fui sim

-Ele que me ajudou com o sapato! –Pietra sorriu

-Não era só o vestido? –meu pai perguntou arqueando uma sobrancelha e eu segurei o riso

-Eu falei...

-Eu to sem sapato –ela se justificou

-Se essa fatura vier cara, você é que vai pagar! –papai falou e seguiu para o quarto

-Te avisei! –falei rindo

-Cala a boca! –ela revirou os olhos e tacou uma almofada em mim

-Miguel, e a sua roupa? –minha mãe perguntou

-Ele falou que quer ir de jeans e camiseta –Pietra revirou os olhos e eu joguei a almofada nela

-Ficou doido, meu filho? –ela me olhou indignada

-Mãe, é formatura, não casamento! –falei rindo

-Se fosse casamento eu já tinha ido atrás de um terno pra você há muito tempo! –falou e eu torci o nariz- Você tem que usar no mínimo uma calça social com uma camisa!

-Pra você querer enfiar uma gravata em mim depois? Nem morto! –protestei

-Olha pelo lado bom, Miguel... –Pietra falou sorrindo e eu olhei-a confuso

-Que lado bom?

-Depois você pode tirar a gravata e usar com a Manu –disse simples, sorrindo maliciosa

-Pietra! –minha mãe repreendeu

-Meninas ficam lindas de gravata, sabia? –falou rindo indo para a cozinha- Ah, mãe! Põe uma gravata cinza nele –sorriu e eu ri

-E eu nem sei de que filme você tirou isso! –minha mãe respondeu negando com a cabeça- Vem Miguel, vamos ver sua roupa! –ela me puxou pelo braço

-Não foi filme, foi livro! –Pietra gritou rindo da cozinha e eu gargalhei

-Sua irmã é impossível! –minha mãe disse assim que entramos no meu quarto

-Deixa ela, tadinha –ri- mas você não vai por gravata nenhuma em mim! –falei rápido e ela riu assentindo- Mas a ideia da Pietra é tentadora... –falei pensativo e senti uma calça ser atirada contra meu rosto- Mãe!

-Você mereceu! Fala cada bobagem! –disse procurando alguma camisa pendurada nos meus cabides

-Nada que você nunca tenha ouvido –dei de ombros

-Fica quieto, Miguel! –ela falou negando com a cabeça puxando uma camisa azul claro de manda comprida do cabide- Aqui. Você vai vestir com essa calça

-Jura? –arqueei uma sobrancelha

-Juro! Vou pegar um cinto e o sapato com o seu pai –seguiu até a porta

-Sapato?

-Tênis que não ia ser né, Miguel! –revirou os olhos

-Então pega uma meia também –dei de ombros me jogando para trás na cama

-Você não tem?

-De tênis –falei simples e ela deixou o quarto

Suspirei e olhei o relógio, 15 horas. Ou seja, hora de atazanar minha querida irmãzinha! Levantei-me rapidamente e segui para o quarto dela, que estava com a porta entreaberta.

-Já está de arrumando? –perguntei me escorando no batente

-Shh! –ela reclamou e só ai percebi que ela estava no celular- Amor, eu preciso desligar... –sua voz saiu manhosa e eu revirei os olhos, quanto mel- Por isso e porque o Miguel ta plantado aqui na porta esperando pra falar comigo –me olhou revirando os olhos e eu ri- Até lá, beijo! –sorriu- Eu também te amo! –disse e por fim desligou- Fala! –se jogou na cama

-Não vai se arrumar? –perguntei rindo e ela franziu o cenho olhando a hora no celular- São três da tarde ainda, fala sério!

-Mas você demora horrores e a gente tem que estar lá às sete!

-Relaxa menino! –riu se sentando

-Você é formanda e não noiva, não pode atrasar! –ri e ela me olhou com cara de deboche

-Vai caçar a Manu pra você encher o saco! –revirou os olhos

-Ela ta se arrumando –dei de ombros

-Vai bater punheta então, oxi! –gargalhou e eu arregalei os olhos, rindo em seguida

-Olha o vocabulário, menina! –papai falou parando na porta do quarto, já que estava passando no corredor, ouviu tudo

-Queria que eu falasse o que? –perguntou ainda rindo- Cinco contra um? –arqueou uma sobrancelha e gargalhei. O que deu nessa menina hoje?

-Onde a senhorita aprende essas coisas? –ele cruzou os braços encarando-a seriamente

-Eu tenho um irmão, um namorado e alguns amigos, não é meio óbvio? –ela riu

-Você merecia uma bela bronca!

-Porque? Não fiz nada! –falou indignada

-Isso não é coisa pra uma menina falar! –descruzou os braços- Modere seu linguajar! –advertiu e se retirou

-Ah, meu pau! –resmungou e eu ri alto

-Você não ta valendo uma jujuba hoje! –falei entre o riso

-Você que me provoca! –deu de ombros- Agora vai, vaza! –falou me empurrando para fora do quarto

-Oxi, ta doida? –ri fraco

-Vou me arrumar, assim você me deixa quieta! –sorriu e fechou a porta na minha cara. Doida!

Segui para o quarto e me joguei na cama, pegando meu fones de ouvido. Lá pelas cinco e meia eu começo a me arrumar...

[...]

POV Ingrid

-Amor! –chamei Lukas assim que entrei no quarto

-Fala, princesa! –ele sorriu pra mim e eu ri. Desde que nos acertamos, ele só me chama assim

-Esse vestido ta bom? –perguntei sem tirar a peça do cabide- Ou eu ponho esse? –falei tirando o outro vestido do guarda-roupas 

-O preto –ele sorriu

-Mas eu gosto do azul... –falei encarando as duas peças

-Põe o azul então! –sorriu e veio até mim, me abraçando pela cintura

-Mas você prefere o preto! –argumentei

-E você fica linda de qualquer jeito! –sorriu e me beijou

-Vou ficar linda especialmente pra você então! –sorri e selei rapidamente seus lábios, guardando o vestido azul- Vou com o preto!

-Te amo! –sorriu e nos beijamos mais uma vez

[...]

-Mãe? –Pietra bateu na porta do quarto

-Entra! –gritei e ela abriu a porta

-Me empresta o seu fixador? Meu cabelo não quer ficar nem a pau, vai escorrer já já –revirou os olhos

-Nossa, filha! –falei reparando no seu vestido- Ta linda! –sorri

-Obrigada! –sorri de volta

-Amor, você vi... Pietra, que isso? –Lukas falou olhando-a de forma séria

-O que, pai? –perguntou pegando o fixador que eu entregava a ela

-Aonde pensa que vai com isso?

-Como assim? –ela riu fraco, completamente sem graça

-Ela ta linda né, amor! –sorri indo até ele vendo que ele iria me pedir ajuda com a gravata

-Linda? Olha esse vestido! Parece mais um pedaço de pano!

-Mas pai...

-Vestida desse jeito você não vai! –falou interrompendo a menina

-Por quê? –ela se encolheu

-Filha minha não sai na rua vestida igual puta não!

-Lukas! –repreendi e ele me olhou- Para de falar assim com a menina!

-Olha a roupa dela, Ingrid!

-Eu já vi, é linda! –exclamei e ele me olhou indignado- Sorte sua que não tenho mais idade, porque senão era um assim mesmo que eu usaria!

-Mas não usaria mesmo! Não deixaria do mesmo jeito que não vou deixar a Pietra ir desse jeito!

-Mas ta pra nascer o homem que vai mandar em mim e no que eu visto! –ri com sarcasmo e abracei Pietra de lado- E ela vai sim com esse vestido!

-Não me desafia... –era perceptível sua raiva

-Senão o que? –confrontei fitando seus olhos- Filha, pode ir que qualquer coisa vou lá te ajudar –beijei sua bochecha e ela assentiu saindo depressa dali

-A culpa é sua! –falou sentando na cama me olhando sério

-Culpa de quê? –franzi o cenho encarando-o

-Da Pietra ser desse jeito! –exclamou como se fosse óbvio e eu o olhei com cara de ponto de interrogação- Olha as roupas que você deixa a menina usar! Parece um monte de retalho de tão curto!

-Ah Lukas, vai para o inferno! –bufei voltando a fazer minha maquiagem- E acho bom você nem começar com esse piti idiota

-Ou então o que? –perguntou sério me encarando pelo espelho

-Paga pra ver! –bufei jogando o rímel ali e indo até minha sapateira para pegar meu salto

-Você não ta pensando em...

-Acho bom você se apressar se quiser colocar essa gravata! –interrompi sua fala

-Não vai me ajudar? –arqueou uma sobrancelha

-Não mesmo, se vira! –falei saindo do quarto e indo até o de Pietra- Filha? –chamei-a

-Oi! –respondeu saindo do banheiro- Obrigada! –sorriu me entregando o fixador- Como meu pai ta? –percebi a insegurança em sua voz

-Deixa que com ele eu me resolvo –sorri- Deixa eu ver seu olho, o que você fez? –perguntei olhando sua maquiagem

-Basicamente só esfumacei mesmo –riu fraco

-Ficou bom o delineado –sorri assim que ela abriu os olhos novamente

-Seis e dez! –ouvimos Lukas gritar e eu revirei os olhos

-Vamos, mãe? –Miguel apareceu na porta do quarto- Uau! Ta linda, Pietra! –sorriu para ela- André que não abra o olho pra ver não viu, vai dar é trabalho pra mim! -riu

-Você também ta um gato, vou ter que ajudar a Manu a ficar de olho! –ela respondeu e os dois caíram na gargalhada

-Estão prontos? –perguntei

-Claro! –responderam juntos- E a propósito mãe –Pietra começou- você ta maravilhosa! –sorriu me abraçando

-Ta mesmo! Ainda bem que é casada, meu Deus! –Miguel completou e eu ri

-Obrigada meninos! –sorri e beijei as bochechas deles

Saímos e eles seguiram direto para a sala enquanto eu voltei para o quarto apenas para buscar minha bolsa e meu celular. O caminho para o clube onde seria a colação foi até que bem tranquilo levando em consideração o clima que estava.

-Ficou de encontrar o André aonde? –Miguel perguntou para Pietra

-Lá onde vamos vestir as becas mesmo, e a Manu?

-Na entrada. Ah, pai –chamou e Lukas o olhou pelo retrovisor interno- a festa vai ser exatamente depois da colação, no clube mesmo, naquele outro salão, então você e a mamãe podem ir para casa que depois a gente liga

-Ta. Que horas a festa vai terminar?

-Não sei... –Pietra falou- A colação deve terminar às dez, então por ai você já tira o horário né

-A mãe de vocês vem buscar –falou indiferente e eu olhei franzindo o cenho. Vou acabar com essa birra idiota em dois tempos!

Não demorou e nós chegamos ao local, Lukas estacionou o carro e nós descemos, caminhando em direção à entrada.

-A gente vai indo vestir as becas –falou Miguel passando o braço por cima dos ombros da Pietra

-Juízo! –alertou Lukas

-Pai, é só uma colação, calma! –ela riu e eu a olhei feio, repreendendo seu comentário inoportuno

-A gente vai indo para os nosso lugares –falei e eles assentiram seguindo para a direção oposta a nossa

-Hoje você ta impossível, hein! –falei brava

-Eu não, a Pietra! –bufou

-E você pega no pé dela à toa demais! –revirei os olhos

-Vamos entrar nessa discussão justo aqui?

-Nem vamos! –dei de ombros

-Em casa a gente conversa –suspirou

-Sim, você vai ter a madrugada todinha para conversar com as almofadas do sofá! –sorri sarcástica e me sentei na cadeira destinada

-Como é que é? –arqueou uma sobrancelha me encarando

-Você dá piti demais por nada! –revirei os olhos

-Mas isso não é motivo! –protestou

-Então comporte-se, quem sabe eu repenso e te compenso! –pisquei sorrindo maliciosa e virei-me para frente, em direção ao palco

POV Pietra

Depois que nossos pais saíram, eu e Miguel ficamos na entrada mesmo esperando a Manu chegar, e isso estava muito engraçado, porque a cada menino que passava, Miguel me apertava mais contra ele, o que me fazia morrer de rir.

-Você gosta né? –falou bufando

-Eu to quietinha –ri fraco- Eita, olha quem ta chegando! –sorri apontando para o estacionamento

-Angel? –ele perguntou confuso e eu assenti- Outra que veio achando que retalho é roupa –revirou os olhos

(n/a: link nas notas finais) 

-Cala a boca, Miguel! Ta parecendo o papai, Deus me livre! –revirei os olhos

-Pietra!!! –ouvi um grito e me virei, era justamente a Angel- Ta linda!! –me abraçou apertado

-Você também!!!! –apertei-a rindo

-E você hein Miguel! –me soltou e foi cumprimentá-lo- Manu que não fique de olho pra ver só se não vai ter piranha caindo em cima! –riu

-Vocês não prestam! –ele riu

-Oi! –ouvi uma voz fina e olhei na direção em que vinha. Manu

(n/a: roupa da Manu, link nas notas finais)

-Oi, amor! –Miguel respondeu e selou a menina

-A gente ainda ta aqui! –Angel falou e eu ri

-Como vocês são chatas! –Miguel falou colocando a mão na cintura da menina. De repente alguém cobriu meus olhos com as mãos e eu ouvi alguns risos

-Tem que adivinhar quem é! –Angel falou e eu mordi o lábio pensativa. Elevei minhas mãos até o braço da pessoa e sorri. Além do perfume inconfundível, eu conhecia aqueles músculos levemente definidos.

-Meu amor! –sorri tirando suas mãos de meus olhos, virando-me de frente para ele- Oi! –fitei seus olhos sustentando meu sorriso

-Oi! –ele me selou rapidamente- Que roupa é essa, mocinha? –cruzou os braços

-Linda né? –sorri colocando as mãos na cintura, fazendo graça

-Linda? Esse vestido parece mais uma blusa! –exclamou e eu franzi o cenho

-Eu disse... –Miguel falou baixo, mas eu consegui ouvir

-É sério isso? Vai rolar um complô contra minha roupa? –perguntei indignada

-Vocês são uns babacas! –Angel falou- Se quisessem mulheres completamente cobertas, namorassem uma muçulmana! Miguel, cuida da roupa da sua namorada e André, fala sério! A menina veio toda linda pra você e você fica nesse cu doce? Puta merda!

-A Manu veio comportada! –Miguel defendeu a namorada e eu o olhei incrédula

-Vão para o inferno! –bufei e saí dali correndo em direção ao banheiro

-Calma ai! –um menino disse rindo assim que esbarrei com ele

-Perdão, eu não tinha... Guilherme? –arquei uma sobrancelha

-Voltei! –ele sorriu- Nossa, você ta linda!

-Obrigada... –falei sem jeito- Mas como assim você voltou? E bem na nossa formatura?

-Eu também me formei, sabia? –ele riu- Meus pais acharam que já era hora de voltar e eles também querem que eu entre na USP –torceu o nariz e eu ri

-Alguém já sabe que você voltou?

-Ainda não, preciso falar com a tia Carol e o tio Dani primeiro –suspirou

-A tia Lili e o tio T3ddy também! –lembrei e ele assentiu- Eles estão ai, sabia? –ele negou- As meninas também

-Hoje não é dia de polêmica –sorriu de lado- Hoje é dia de ver você e os outros brilharem igual eu brilhei semana passada! –riu e eu gargalhei

-Pietra! –ouvi um grito e me virei. Miguel, Manu, Angel e André

-Não mereço –bufei esperando que eles se aproximassem

-Brigaram? –Gui perguntou e eu assenti

-A gente tem que se vestir! –Manu disse sorrindo

-Guilherme? –Angel, André e Miguel perguntaram em uníssono

-Voltei! –ele sorriu e apoiou o braço no meu ombro

-Desencosta da minha namorada! –André falou entre dentes e Gui rapidamente saiu de perto de mim

-Ta preocupado agora? –arqueei uma sobrancelha cruzando os braços

-Olha o jeito que ele estava te agarrando, Pietra! –esbravejou

-Ele é praticamente meu primo! –revirei os olhos e me escorei em Guilherme

-Que você já pegou! –Miguel falou e eu o olhei incrédula

-Miguel! Não fala assim da menina! –Gui me defendeu

-Gente, DR a gente faz depois, vamos logo nos trocar! –Angel falou me puxando pela mão

[...]

-ESTAMOS FORMADOS!!! –gritamos e jogamos os capelos para cima

-UHUL! –gritei pulando e batendo palmas

-PARABÉNS PARA A GENTE! –Manu gritou e pulou no colo do Miguel

-Enfim formados! –André sussurrou no meu ouvido, me abraçando forte pela cintura

-E ainda brigados! –falei indiferente tirando suas mãos de mim

-AGORA É FESTA! –alguém da outra turma gritou e todos comemoramos

Nós corremos para tirar as becas e entregá-las em bom estado para a coordenação do colégio. Mamãe e papai vieram se despedir de nós e foram embora sem muita cerimônia. Dani e Mel bateram o pé implorando para ficarem, mas é claro, com menos de dezessete anos a gente não deixou mesmo! Entretanto, Gui acabou conseguindo ficar, o que não deixou ninguém muito contente. Apesar de tudo, eu gostava dele, ele era um cara legal, só tinha pisado na bola.

[...]

-Pietra, atende essa porra de celular! –alguém gritou e eu me remexi 

-Que celular? –falei embolado virando para o outro lado, sentindo que o local onde eu estava deitada não era exatamente um colchão

-Alguém desliga essa música, pelo amor de Deus! –ouvi uma voz baixinha vindo de baixo de mim e abri o olho para tentar entender

-Ai meu pai! –falei assustada rolando para o lado e consequentemente caindo no chão. Eu estava deitada literalmente em cima do Guilherme?

-Parem de gritar, mas que inferno! –ouvi alguém resmungar e segui a voz. Angel

-O que aconteceu? –perguntei confusa me levantando olhando ao redor.

Na mesma cama onde eu estava antes, estava o Guilherme e a Manu, e no chão enrolados em dois lençóis estavam o Miguel, a Angel e o André. Me olhei no espelho e além de meu cabelo estar todo desgrenhado, eu estava vestida só com a camisa social que André tinha usado na noite anterior. O que diabos aconteceu aqui?

Corri os olhos pelo quarto e vi meu vestido dependurado no encosto da cadeira que ficava frente a um computador e meus saltos bem ao lado, o macaquinho que a Manu usava estava dobrado em cima da cadeira e o vestido da Angel estava pendurado na porta do guarda-roupa. Ainda confusa com tudo, caminhei até o Miguel e comecei a chamá-lo.

-Miguel? –chamei e ele sequer se mexeu- Miguel! –aumentei o tom de voz e ele resmungou algo que não fui capaz de entender. –Acorda, menino, pelo amor de Deus!

-Pietra, cala essa boca, minha cabeça ta doendo! –Angel resmungou colocando o lençol por cima da cabeça e eu revirei os olhos. Levantei dali e fui para o outro lado tentar acordar o André.

-Amor... –balancei seu braço e ele resmungou- Acordar, por favor... –fiz carinho em seus cabelos e ele começou a se espreguiçar- Finalmente! –falei quando ele abriu os olhos

-Bom dia... –falou rouco

-O que aconteceu ontem? –fitei seus olhos e ele franziu o cenho

-A julgar por você estar com a minha camisa... –ele sorriu malicioso e eu torci o nariz

-Não, idiota! –coloquei-me de pé e sentei na beirada da cama- Se fosse isso a gente estaria no mínimo na mesma cama

-Você acordou onde? –perguntou sentando-se

-Em cima do Gui –revirei os olhos e ele fechou a cara- Nem vem que você também não sabe o que aconteceu! –falei séria- Porque se for pra ficar assim, pode começar a explicar porque estava deitado ao lado da Angel –cruzei os braços

-Ta, tudo bem –levantou os braços em rendição

-Desisto! –Angel falou se sentando- Vocês não vão calar a boca de qualquer jeito mesmo –suspirou- O que aconteceu? –perguntou confusa se levantando- E porque eu to com essa camisa que eu nem sei de quem é?

-Não sei e a camisa é do Gui –apontei para a cama onde ele ainda dormia ao lado da Manu

-Você também não sabe o que aconteceu, André?

-Não... Só sei que minha cabeça ta latejando

-Chama-se ressaca! –Miguel resmungou e eu olhei- Bom dia

-Bom dia! –respondemos- Você sabe o que aconteceu? –perguntei

-Não... –sentou-se- Lembro que a gente bebeu e dançou bastante... –falou pensativo

-E de quem é essa casa? –Angel perguntou

-Do Guilherme?! –Miguel falou como se fosse óbvio

-Como tem tanta certeza? –André perguntou

-Porque sei que não é minha casa, se fosse da Angel ela teria falado, se fosse sua também e eu conheço a casa da Manu, então só pode ser a dele

-Faz sentido... –Angel ponderou

-Ai... –ouvi um gemido e olhei para trás, Manu se remexia na cama

-Bom dia! –falei brincalhona e ela abriu apenas um olho me encarando

-Bom dia... –falou rouca se sentando- O que aconteceu? Porque ta todo mundo aqui?

-Boa pergunta –falou Miguel

-Ninguém lembra de nada? –falou confusa e nós negamos

-Cara, como vocês falam hein, meu Deus! –Guilherme reclamou e nós rimos

-Bom dia pra você também –Angel falou e Guilherme se espreguiçou

-Diz que você sabe o que aconteceu, por favor! –supliquei e todos riram

-Não é obvio? –perguntou colocando-se de pé

-O que é óbvio? –André perguntou confuso

-Olhem para suas roupas e comprovem –riu e Angel arregalou os olhos

-Não mesmo! –falou ela- Eu não transei com você!

-Quem falou de sexo aqui, doida? –Gui riu e eu franzi o cenho- Vocês são muito pervertidos, credo!

-Dá pra explicar pra gente, pelo amor de Deus? –Manu pediu e ele riu nasalado

-Vocês chaparam geral na festa ontem e não queriam ir pra casa de jeito nenhum, ai quando minha mãe chegou, achou melhor trazer todo mundo pra cá, contando que avisassem os pais

-E a gente avisou? –Angel perguntou

-Meu pai avisou –deu de ombros- só não avisamos nenhum responsável do André –falou inseguro e André arregalou os olhos- mas acho que você avisou, olha o celular depois –André assentiu e ouvimos batidas na porta- Entra!

-Todos acordados e devidamente vestidos? –tia Juh perguntou

-Mais ou menos –Miguel falou e nós rimos

-Tia, tem remédio pra dor de cabeça? Pelo amor de Deus! –Angel falou e nós rimos

-Pra todo mundo? –perguntou

-Menos pra mim –Guilherme sorriu vitorioso

-Eita cachaça boa a que vocês beberam! –ela riu- Se vistam e venham pra cozinha almoçar! –assentimos e ela saiu do quarto

Eu e as meninas corremos até o banheiro e como não podíamos tomar banho por falta de roupas e outras coisas, só nos trocamos, arrumamos os cabelos e demos um jeito no que havia restado da maquiagem. Quando saímos os meninos já estavam prontos, apenas esperando as camisas que estavam conosco.

-Só tem uma coisa que eu não entendi... –Angel falou entregando a camisa para o Gui

-O que? –perguntei

-Porque a gente estava usando as roupas de vocês?

-Ah –Guilherme riu fraco- Vocês não queriam dormir com aquelas roupas

-Porque a tia Juh não emprestou roupa? –perguntei

-Digamos que a gente não foi dormir assim que chegamos em casa –riu- a gente veio para cá e ficou zuando, ai vocês ficaram cansadas e com calor, queriam trocar de roupa, as minha mãe já estava dormindo, não tinha como, ai a gente emprestou as camisas pra vocês

-Ah tah –deu de ombros

-Porque a gente dormiu tudo trocado? Tipo, os casais trocados –Manu perguntou

-Eu não lembro direito, mas eu tava na cama com você e com a Pietra e os meninos estavam lá no chão com a Angel, aí o sono deve ter batido e ai ficou por isso mesmo –deu de ombros

-História esquisita... –André falou desconfiado

-Bêbados meu querido! –Guilherme riu e escutamos a tia Juh nos chamando

Fomos a cozinha, tomamos nossos remédios e almoçamos. Minha cabeça rodava e eu já previa o carnaval que seria quando chegasse em casa, meus pais matariam eu e o Miguel sem pensar duas vezes!

POV Ingrid

Lá pelas três da tarde a Juh avisou que estava chegando com os meninos e eu agradeci por isso. Eu sabia que eles não voltariam para casa depois daquela festa. Era a despedida deles e eu não iria me interferir. Sabia que tinham bebido muito, mas que adolescente nunca deu PT? Eu mesma dei vários! Então não tinha moral para dar bronca.

-Os meninos voltam hoje? –Lukas perguntou se aproximando

-Sim, a Juh ta trazendo –sorri para ele

-Será que a ressaca deles passou?

-Acho que não –ri

-Essa fase é boa né? –ele sorriu olhando para o nada, parecia lembrar de algum momento

-Sim! –suspirei sorrindo

Eu e Lukas havíamos feito as pazes. Era ridículo ficar brigando daquele jeito, feito dois adolescentes desesperados para ver quem estava certo. Foi-se a época em que essas briguinhas faziam algum sentido.

-Amor, eu vou lá na padaria, quer alguma coisa? –perguntou se levantando

-Nem quero –dei de ombros- obrigada! –sorri e ela assentiu saindo

Suspirei e me levantei daquela cama, eu precisava fazer uma faxina naquele quarto, nas minhas coisas. Abri meu guarda-roupa e peguei minhas caixas com fotos e presentes que ganhei durante a vida, coloquei tudo sobre a cama e suspirei. Muitos fantasmas pulariam daquelas caixas no momento em que eu as abrisse.

Sentei na cama e abri a primeira caixa. Fotos do colégio, época do Fundamental. Peguei-as e comecei a olhar, era basicamente os projetos da escola, algumas festas e claro, muitas fotos com minhas amigas. Aquilo era uma nostalgia completa e eu não estava preparada pra relembrar de tudo.

Fotos com Ana, Beatrice e Laísa eram mato ali, mas eu rasgava todas elas. Eu havia me encontrado com Ana pouco depois de ter conseguido me livrar de Gabriel e ela me contou tudo. Gabriel era psicopata e isso era inegável. Segundo Ana, seu plano era fazer André se aproximar de Pietra e assim ele se aproximaria novamente de mim. Ele queria por algum motivo incompreensível me matar, mas não antes de se aproveitar de mim, mas com meu acidente e a perda de memória, as coisas só ficaram mais fáceis. A ideia inicial seria ela e as meninas confirmarem toda e qualquer história que ele me contasse, mas nos quarenta e cinco do segundo tempo, Beatrice e Laísa desistiram, e para que tudo saísse mais do que perfeito, Ana teve de sumir com André.

Olhando para aquelas fotos e lembrando de todos os momentos que passamos juntas só me fazia sentir raiva! Como elas foram capazes disso? O que eu fiz para merecer isso? Nós dividimos tudo, nossos medos, nossas raivas... Tudo! Contamos umas para as outras todos nossos segredos, primeiras experiências... Éramos como irmãs, e elas haviam feito aquilo... A troco de quê, meu Deus?

Sem que eu me desse conta, lágrimas escorriam pelo meu rosto e eu me odiei por isso. Elas não mereciam minhas lágrimas, não mereciam nada vindo de mim!

-Amor? –ouvi Lukas chamar da cozinha e enxuguei minhas lágrimas rapidamente, não queria que ele me visse desse jeito

-Oi! –respondi jogando todas as fotos rasgadas e os presentes que elas haviam me dado em aniversários e datas como essa e joguei tudo num saco

-Princesa, eu tava pensando, o que ach... –ele parou de falar assim que entrou no quarto- O que houve, Indy?

-Nada –funguei sem olhá-lo terminando de jogar tudo dentro do lixo

-O que é isso? –perguntou chegando perto pegando um pedaço de alguma foto que havia caído no chão

-Lixo, nada mais do que isso! –falei com a voz embargada 

-Amor... –ele me abraçou apertado- Porque fez isso?

-Elas são umas cretinas! –falei deixando as lágrimas caírem- Nós éramos amigas! –solucei

-Ei minha princesa, se acalma –afagou meus cabelos sentando-se na cama me colocando em seu colo- Passou. A Ana e o Gabriel já estão presos, pagando por tudo o que fizeram, enquanto as outras duas estão pagando sozinhas, respondendo em liberdade! –apertou o abraço

-Eu te amo –sussurrei e ele beijou o topo da minha cabeça

-Mãe? –ouvi a voz de Pietra e pulei do colo dele, secando meu rosto

-Pai? –Miguel chamou

-Chegamos! –gritaram juntos

-Estamos no quarto! –Lukas gritou e eu fui para o banheiro jogar uma água no rosto

[...]

E hoje era um daqueles dias bons em que nada acontece, mas mesmo assim é bom. Era algum dia qualquer da semana com cara de sábado. Pietra e Miguel estavam jogados no chão da sala rindo de alguma coisa em seus celulares, enquanto eu estava deitada no sofá com a cabeça nas pernas de Lukas, que olhava atento para a TV prestando atenção na série que passava enquanto fazia cafuné em meus cabelos.

O vento soprava pela janela aberta, balançando as cortinas e refrescando nossas almas. É incrível como as coisas acontecem sem que percebamos. Olhando para trás agora, tudo parece um sonho. Aquela festa, o beijo que Lukas me deu, o piti inesperado de Gabriel, minha mudança para São Paulo, o pedido de namoro, a separação, a reconciliação, as brigas, as risadas, a gravidez e o meu desespero achando que Lukas sumiria da minha vida... As madrugadas em claro com meus pequenos chorando e eu sem saber o que fazer, os primeiros passos e as primeiras palavras dos gêmeos, o primeiro dia na escola, a primeira crise adolescente, as primeiras paixões e desilusões... Tudo passava como um filme pela minha memória. Todos os momentos bons e ruins até ali, nada foi em vão, tudo veio com um propósito, e eu poderia até não ser capaz de compreendê-los por completo, mas se para chegar onde estou hoje, para me tornar a mulher que me tornei para Lukas e a mãe que sou para os meus filhos, eu tivesse de passar por tudo aquilo de novo, eu enfrentaria cada segundo novamente, pois nada valia mais a pena do que esse momento. Minha família reunida aos risos e gargalhadas era tudo o que eu precisava para ser feliz, e eu sabia que com eles ali, nada me abalaria. Lukas, Miguel e Pietra eram minha base, minha calmaria nos dias turbulentos, meu furação nos dias tediosos.

Hoje se eu pudesse voltar no tempo, poucos segundos antes de ir para a festa no campus da UnB, eu apenas chegaria perto daquela adolescente insegura e sorriria dizendo Vá e aproveite, porque depois de hoje, você nunca mais verá a vida da mesma forma!

-E se agente fosse viajar? –Miguel falou animado me despertando de meus devaneios

-Viajar? –Lukas perguntou

-É, pela Europa! –Pietra falou nos olhando e eu olhei para Lukas, insegura

-Estamos de férias... –ponderou ele e pude ver os sorriso dos gêmeos crescerem em seus rostos

-Por favor! –os dois suplicaram e foi a vez de Lukas me encarar

-Nossa primeira parada vai ser Roma ou Paris? –falei sorrindo para os gêmeos e eles se levantaram correndo e gritando para os quartos

-É, parece que essas férias serão ótimas! –Lukas sorri e me beija

-Ao lado de vocês, o lugar não importa! –sorri e o beijo novamente- Meninos peguem roupas de frio, vamos brincar na neve! –falo animada na porta do quarto deles e eles gritam animados

-Europa, aí vamos nós! –Lukas fala atrás de mim e nós caímos na gargalhada

De fato, eu não poderia estar mais feliz!