1. Spirit Fanfics >
  2. Com você >
  3. Antes da festa

História Com você - Antes da festa


Escrita por: dandania

Notas do Autor


BOA LEITURA<3

Capítulo 6 - Antes da festa


Fanfic / Fanfiction Com você - Antes da festa

 

-Sábado, 17 de março. 3h29m a.m-

Lucas desperta com o seu celular tocando alto. Ainda sonolento, sentiu vontade de jogá-lo pela janela. O moreno pega o aparelho barulhento e, aperta seus olhos sentindo um incomodo assim que liga a tela e ver que se trata de uma chamada.

Desliza seu dedo na tela e atende.

-Só quero saber porque tá me ligando a essa hora, só pra ter um motivo pra te matar! – Indaga ranzinza pelo sono interrompido.

-Cara, você se esqueceu que vai comigo comprar a cachaça? – Nicolas dizia do outro lado da linha.

-Cara, olha a hora? – Resmunga deitado de olhos fechados. – Deixa isso pra mais tarde.

-Nope! – Diz Nick. – Quanto mais cedo a fará começa, mas tarde ela termina.

-Ah, meu saco! – O garoto desencosta o aparelho de sua orelha e ver às horas. -Beleza.

-Tô chegando na sua casa, o Caique tá comigo. – Nick falava enquanto Lucas quase voltava a dormir.

-Beleza, tomar um banho. – Dizia bocejando.

A chamada foi encerada, e Lucas teve que fazer um esforço tremendo para se arrastar até o banheiro.

Como era de costume, deixou a porta recostada. Foi até a frente do box, tirou o calção e ligou o chuveiro, deixando a água morna cair sobre seu corpo despido, Lucas passou suas mãos nos cabelos os jogando para trás.

Pegou o sabonete e, passou em seu corpo e, por uma razão estranha, um certo ruivo pairou em seus pensamentos. Lucas franziu as sobrancelhas por estar pensando nele e, se recordando das pequenas mãos do garoto, em seus ombros, o segurando com firmeza. Lucas mordeu seu lábio.

Sua mão grade e áspera deslizou involuntariamente até seu membro adormecido e, ali ele o tocou, um suspiro leve escapou de seus lábios. Lucas o massageou com leves movimentos de vai e vem para estimulá-lo, sentindo seu membro ficando rígido com rapidez. Ele arfou baixinho, mas quando se deu conta do que estava fazendo, ou melhor, quando se deu conta de que estava se masturbando pensando em um garoto, Lucas parou de supetão, olhando para baixo e vendo seu pau duro sendo contornado pela palma de sua mão.

-Oh porra!  Por que pensando nele!? – indaga para si. Logo soltando seu membro.

Tentou terminar o banho deixando a temperatura no gelado para abaixar a ereção e afastar Yuri de seus pensamentos. Desliga o chuveiro; pega uma atoalha e a enrola na cintura. Lucas deixa o banheiro e, ao levantar seus olhos dão de cara com Sofia sentada na beira de sua cama, com uma perna cruzada por cima da outra, e seus olhos castanhos recaiu-se no abdômen dele, que tinha cotículas de água e, seus cabelos pingavam um pouco.

-Para de me secar assim, cacete! – Reclama, andando até seu guarda-roupas.

-Queria poder ver sem a toalha. – Sugere ela e, olha para as costas molhada de Lucas. – E essa bunda maravilhosa também.

-O que você quer!? – Curto, grosso e sem paciência.

-Você. – Foi direta.

Sofia se levanta e vai até ele o abraçado por trás, beija sua nuca. Lucas a afastou e, se virou para encará-la. A morena apoia suas mãos no peitoral dele e o empurra, assim fazendo seu corpo chocar-se contra o móvel. Lucas a fita de testa franzida. Sofia aproxima seus rostos e, mordisca o lábio inferior dele, que arfa, Lucas segura a cintura dela e inicia o ósculo.

A morena sorrir contra os lábios dele e, segura na borda do tecido da toalha a arrancando do corpo dele, Lucas separa seus lábios e segura o pulso da garota, pegando a toalha de sua mão e enrolando novamente em sua cintura, vendo um sorriso malicioso em seus lábios.  

-Delicia! – Sofia tenta tirar a toalha novamente, mas ele segura seus pulsos a impedindo. – Me deixa te chupar?

-Tá doida? Meus pais podem aparecer. – Diz ele se afastando dela.

-E desde quando isso é um problema, Lucas?

-Não me provoca, Sofia. Se não te fodo aqui mesmo. – Ele olha para ela por cima do ombro e sorrir de canto.

-Pode foder. – Sofia encaminhou até ele e, entrelaçou seus braços no pescoço do garoto.

Lucas riu seco e, a afastou novamente. Sofia o mirou interrogativa.

-Eu não acredito. – Indagou. - Lucas o pegador, me rejeitando?

-Cala a boca. – Resmunga coçando a nuca. - Só não quero ser pego pelos meus pais. Deixa pra festa do Nick.

Sofia sorriu animada.

-E o que você vai fazer comigo? - Ela o provoca mordendo o lábio. Lucas suspirou baixinho desviando os olhos.

-Deixar você assada! - Sofia deu um tapa fraco no peito dele, se afastando.

-É uma promessa? – Ela pergunta indo até a porta.

-Não. – Lucas a viu jogando um beijo em sua direção e saindo, deixando a porta entreaberta.

O ar saiu pesadamente por entre os lábios, passando a mão nos cabelos ainda úmidos, os jogando para trás.

Sua irmã adentra o cômodo sem aviso, e o fita.

-Clara, quantas vezes vou ter que te pedir pra bater na porra da porta! – diz trincando a mandíbula. -Caramba, eu podia tá pelado.

Clara revira seus olhos.

-Ou, poderia comendo uma certa vaca, você quis dizer. – O garoto rola seus olhos, e volta a procurar uma roupa.

-Sério, Lucas? Essa garota é muito nojenta.

-Clara, não começa. - Disse ele se virando. -Quando você pegou o Fábio eu não disse nada.

-Não, não disse. Só quis matar ele. - Ela resmunga. -Lucas, eu te amo, mas essa vaca não presta, se eu fosse você ficaria de olho nela e, naquele que se diz ser seu amigo.

Ele se vira a fitando com os olhos semicerrados, foi até perto da irmã sentindo um nó no estomago.

-C-Como assim? – sua voz sai rouca. -Clara, que porra isso quer dizer?

-Nada Lucas, esquece. – Suspira, desviando do assunto, e se levanta indo em direção a porta, Lucas a encara perdido, tentando decifrar suas palavras. 

Logo que se vestiu, ele se sentou na beira da cama e ficou pensativo, seus amigos entraram em seu quarto. Lucas ergue seus lumes, vendo os garotos animados.

-Vamos, cara? – Caique se sentou ao seu lado contornando seu braço em volta dos ombros do garoto. Lucas lhe deu um sorriso amarelo.

Mesmo tentando não demonstrar o seu desconforto, Caíque percebeu que tinha algo acontecendo com o amigo.

-Podemos ir, madame? - Brincou Nick abrindo a porta.

Lucas assentiu, e foi arrastado por Caique.

( . . . )

O irmão mais velho de Nicolas os levou para uma loja de bebidas, como eles são menores, ficou a dever de Renato comprá-las. Depois que ele fez 18 anos, Nicolas se aproveitou disso para pedir esses favores ao irmão.

-Quem vem comigo? - Perguntava Renato estacionando o carro, e fitando Lucas e Caíque pelo retrovisor.

-Lucas, vai. – Diz Nicolas no banco da frente. Ele olha para o espelho, e Lucas o fuzila sem piedade, Nick ri.

Saíram os dois do carro e, entraram na loja.

 

-Cara, tudo bem, aí? - Indagou Renato ao perceber seu silêncio, não era comum ver Lucas quieto. -Lucas?

O moreno assentiu sem fitá-lo.

-Pode pegar umas vinte dessa. - Renato mandou apontando para garrafas de Tequila. -Eu tenho uma lista aqui. - Ele ficou ao lado de Lucas e mostrou o papel.

-Nossa é muita bebida, cara. - Lucas sempre se impressiona com a quantidade de bebidas que Nicolas pede para suas festas.

-Não posso esquecer da vodca, se não Nicolas me arranca o couro. - Diz Renato brincando. Lucas fez um esforço para rir.

 

Nicolas e Caique saíram do carro para ajuda-los a colocar o carregamento no porta-malas. Tinha tanta bebida, que se, eles fossem parados pela polícia poderiam ser presos.

-Ei, tudo bem? - Caique sussurrou apenas para Lucas ouvir.

-. – Sua respostar foi seca, e ele nem se quer olhou para o amigo.

-Cara, se quiser conversar. – Caique empurrou de leve Lucas com o seu ombro, o moreno franziu seus lábios e apenas assentiu.

-Vão ajudar ou ficar de fofoca? – Nick manifesta articulando com os braços na direção deles.

Lucas e Caíque trocam olhares e vão ajudá-los.

 

Já na casa de Nicolas, eles estavam acabando de ajeitar as bebidas na geladeira e freezer. Lucas se afastou do grupo indo até o jardim dos fundos, ele se recostou numa pilastra e cruzou seus braços, fitando o gramado verdinho com a água da piscina brilhando sob a luz do sol.

Caíque o viu saindo de fininho e foi atrás dele.

-Lucas? – chama o garoto. – Me fala o que tá acontecendo?

O moreno solta um bufar lento, descruzando os braços. Lucas não quer pensar que, um dos amigos pode ter o traído, ele os ama demais para pensar em algo tão sem caráter.

-Sei lá. Caíque... – Sua mão passa em seus cabelos, ajeitando metade da zona que estava. - Minha irmã me disse uma parada que me deixou encabulado.

-E o que seria?  - Caique se escorou na mesma pilastra que Lucas, com as mãos nos bolsos da calça.

-Posso tá sendo um babaca, mas eu preciso perguntar, senão vou surtar.  – Ele fita o amigo, que arqueou uma sobrancelha e, prosseguiu. – Você já pegou a Sofia?

Caíque rir nasalando, e troca o apoio de uma perna para outra.  

-Não. – Fala e, desencosta da pilastra ficando de fronte a Lucas, que o fitava sem piscar. – Lucas, você é o meu melhor amigo, cara. Eu nunca faria isso com você.

-Não é isso, é que... - Ele cobriu o rosto e suspirou. -Eu não sei mais de nada.

-Será que sua irmã sabe de algo e não quer te contar? - Caique questionou, o deixando intrigado.

Ele sabe que Sofia nunca foi santa, e que às vezes até desconfiava de alguma traição, nunca soube de nada. E agora sua cabeça não para de pensar nessa possibilidade, e ele não faz ideia de como será sua reação se descobrir que foi traído.

-É melhor a gente mudar de assusto, tô ficando puto com essa história. - Lucas falou e, os dois entraram na casa indo para a cozinha.

Paloma apareceu minutos depois para ajuda-los.

( . . . )

-11h32m a.m-

Yuri ainda estava com receio de pedi permissão a mãe para ir à festa, ele levou a semana toda tentando ter pelo menos um pouquinho de coragem, mas ela lhe faltava por vários motivos. Ele caminhava de um lado para o outro em seu quarto, tentando pensar em uma forma amistosa e cuidadosa para pedir a mãe sem ela ser rude com ele. 

Após um longo suspiro, decidiu descer e falar com ela.

Yuri desceu as escadas, e passou pela sala, ouvindo o barulho da tv, ele soube que seu padrasto estava ali porque sua mãe não é der ver tv. Andou em direção a cozinha, parou debaixo da soleira da porta, apoiando suas mãos na parede, e por um segundo, hesitou.

-Yuli. - disse seu irmão ao notar sua presença. - Meu amiguinho disse que ama você.

Yuri franziu o cenho.

Ele caminhou em direção a voz do irmão, e apoiou sua mão na mesa.

-Que amigo, Léo? – Indagou. Rosana estava do outro lado da mesa, encostada no gabinete da pia, ela observava a conversa.

-Ele parece com você, Yuli. - Léo disse. Yuri mordeu seu lábio sem força, aquilo o deixou intrigado e, a voz de sua mãe o fez sobressaltar quando ela disse:

-Leonardo, pare de bobagens.

- Não é bobagens, mamãe. Ele é de vedade e invisível. – Fala a criança que desenhava em uma folha. 

-Leonardo, já chega! – Rosna ela. – Yuri, pare de incentivá-lo, ele é só uma criança e está imaginando esse amigo.

Yuri assentiu, não quis questionar sua mãe e, acabar mal para ele.

-Mas mamãe ele tem um nome e, é de vedadi sim. Né, Yago? - Léo disse apontando para o nada perto da porta da cozinha, fazendo sua mãe arregalar os olhos, como se ele tivesse dito um palavrão.

-Quem te disse esse nome, Leonardo?! - Seu tom não era irritado e sim assustado - Foi seu pai?

-Não. - Ele sacudia a cabeça. Yuri sentiu sua cabeça girar, ouvir esse nome o afetou do mesmo jeito que afetara sua mãe, mesmo ele não sabendo quem é. - Foi ele quem me disse. - A criança apontava para o seu lado, como se tivesse alguém parado bem ali.

-Mamãe. A senhora tá bem? - Yuri pergunta ao perceber que sua mãe estava em silêncio, e ele ouvia seus passos pela cozinha.

-Cala a boca, Yago! - Gritou ela em sua direção. Yuri contraiu seus ombros e sobressaltou, recuando.

Rosana percebeu que o chamou pelo nome errado; engole em seco, encarando a feição assustada do ruivo.

-Vai para o seu quarto. Não quero mais olhar para a sua cara! – exclama logo depois de respirar fundo para não cometer outro erro.

Yuri sempre se questionou do porquê sua mãe o tratar assim, porque tanto desprezo se ele nunca fez nada. Queria tanto poder ouvi-la dizendo que o ama. O garoto não sabe o que é ter carinho da mãe, o que é ser amado. Yuri deseja ser tratado da mesma forma que Léo. Mas mesmo sendo agredido, ouvindo ofensas que deixam seu coração partido e, recebendo desprezo, ele nunca odiou a mãe, sempre a respeitou.

O ruivo assentiu triste, mas antes de subir resolveu se ariscar e perguntar da festa. Ele abriu a boca para falar, e um nó se fez em sua garganta.

-M-Mamãe? Po-posso, por favor, ir a uma fe-festa hoje? – sua voz estava baixa e amedrontada, as pernas queriam sair dali o mais depressa possível, mas Yuri sabia que tinha que pedir, se não ele nunca mais teria coragem novamente.

Yuri ouviu sua mãe rir nasalando.

O alaranjado recuou quando ouviu sons de passos iniciar em sua direção, ele foi recuando até bater as costas na parede, então soube que não tinha para onde fugir.

-Não! Agora some daqui! - disse com amargura.

-Mamãe, por favor. – suplicou, mesmo sabendo que a resposta se manteria a mesma.

-O que um cego irá fazer em uma festa!?Me fala? NADA! – Seu tom foi cruel demais. Yuri sente seus lábios tremerem; seus olhos arderam, e quis chorar, porque o seu ponto franco sempre foi a sua deficiência e, sua mãe usa isso para machucá-lo mais ainda. Como se Yuri fosse incapaz de fazer qualquer coisa por não enxergar.

-Mamãe… - seu tom saiu dolorido e machucado. Yuri começou a chorar baixinho, seu corpo tremia. Rosana não gosta de ouvi-lo chorar, não por dó, e sim por simplesmente não gostar de ouvir o choro dele.

Suas lágrimas escorriam e molhavam todo o seu rosto. Yuri queria sumir dali, sumi do mundo, só assim ele não teria que sofrer mais.

-Suba. – Ordenou, vendo o garoto em prantos, mas não sentindo um pingo de remorso.

Yuri saiu se escorando pela parede, suas pernas não o ajudavam, elas estavam moles. Quando chegou na escada, se sentou no degrau, as palavras de sua mãe vinham em sua mente, e isso o fez chorar mais.

O ruivo não quis ficar ali, queria sair de sua casa e sumir, mas ele sabe que essa possibilidade é nula, então, pensou em Lia, sua nova amiga mora do outro lado da rua.

O menor se levantou decidido, indo até a porta, a abriu, o vento gélido soprou em seu rosto. Caminhou lentamente, com hesitação para fora, mas a rua sempre foi algo assustador para Yuri, ele nunca saiu sozinho, o desconhecido o fez travar na soleira dá porta. Serrou seus punhos, respirando fundo, não ia mudar de ideal agora que já estava fora. Mas tudo veio abaixo quando escutou atrás de si a voz de sua mãe o chamando.

Por medo de apanhar, seus pés se movem o mais depressa possível, Yuri ignorou tudo a sua volta, apenas queria sair dali sair de perto da mãe, mas havia uma escada à sua frente, e Yuri esqueceu. Seu pé afundou, levando seu corpo junto, o ruivo caiu, rolou escada abaixo e parou na calçada fria mais a frente, seu corpo latejou, parecia que havia quebrado algo, porque suas costelas e cabeça doíam muito. 

Gemeu baixinho, abraçado sua barriga. De sua testa escorria sangue fresco que assim acabou molhando seu olho.

-Levanta! – Rosnou sua mãe se agachando perto dele, e tentando fazê-lo ficar de pé. Yuri chorava e reclamava da dor, Rosana ignorava seus gemidos. - Cala a boca, Yuri. Os vizinhos vão te ouvir.

-Mamãe, minha cabeça tá doendo. -  Sua pequena mão foi até a testa onde tinha um corte, ele sentiu aquela área molhada, e arfou ao cogitar ser sangue. Seus cabelos ruivos se misturavam com o sangue.

-Vamos entrar. - Rosana o ergueu sem dó, fazendo o garoto gemer sôfrego, Yuri mal conseguia ficar de pé. 

-N-Não. Eu q-quero ir pra casa da Lia. – Com a voz cortada ele disse.

-Não.

Yuri se agarrou ao corrimão da escada, o segurando com toda a força. Ali seria o seu ponto seguro, mesmo sua mãe o puxando com rispidez, fazendo seu braço ficar vermelho e dolorido pelo puxão. Yuri começou a gritar, seus gritos ecoavam pela rua deserta, mesmo sabendo que poderia apanhar assim que entrasse, ele gritou, sua garganta começara a arder, mas Yuri não ia desistir.

Rosana ficou hesitante, ela não queria que os vizinhos vissem o garoto aos berros e, olhou em volta, vendo alguns curiosos saindo em suas varandas para ver o que estava acontecendo.

-Lia! Lia! - chamava ele, mas Lia não estava em casa.

Rosana viu que os vizinhos a miravam com olhares julgadores, então, ela decidiu deixá-lo ir.

-Aonde essa garota mora? - perguntou em rendição.

-D-Do outro lado da rua. - Fala soluçando.

-Tem muitas casas do outro lado, Yuri. - Rosana conseguiu soltá-lo do corrimão.

-A-A casa que estava à v-venda. – Soluça secando as lágrimas. Rosana sentindo muita raiva do filho, o segurou com força pelo braço, e o puxou, atravessando a rua, indo para a casa de Lia. 

Apertou a campainha e, antes da porta ser aberta, ela sussurrou em seu ouvido:

-Você me paga, Yuri, por essa vergonha que você me fez passar. - Seu tom ameaçador fez cada ossinho de seu pequeno corpo estremecer. Ele assentiu cabisbaixo, seu corpo doía, fazendo-o se encolher.

Maria abriu a porta e, sorriu quando viu a vizinha, mas seus olhos acharam Yuri e logo o sorriso largo foi desfeito. 

-Ai meus Deus!! – exclama. - O que aconteceu?

Yuri estava com as juntas da mão esquerda toda machucada, sua testa escorria uma fina camada de sangue que, começara a secar colando em seus cabelos da testa. O coração de Maria se encolheu ao vê-lo dessa forma, machucado e assustado. Ela se aproximou do garoto e tocou o topo de sua cabeça, fazendo um afago ali.

-Isso se chama teimosia. Quis sair sozinho e caiu da escada da varanda!  – Explica Rosana. E está visível em seu rosto que ela não está preocupada com a saúde do garoto, ou do sangue que vaza de seu machucado na testa. Sua frieza ao explicar o ocorrido foi tão expressiva que Maria a fitou de cenho franzindo.

-Oh, tadinho. – Maria passa um braço por volta dos ombros do ruivo, o acolhendo.

-A Lia e-está? – Sua voz fraca e baixa chegou aos ouvidos de Maria, ela o fitou com pena e disse:

-Não querido. Ela saiu. – Maria viu um pequeno bico se formar nos lábios do menor, e logo se apressou em dizer: - Mas ela já está voltando.

-Viu, garoto, ela não está – Rosana segura o pulso do ruivo, o apertando, o menino arfa sentindo sua pele arder, e puxa o braço discretamente. – Vamos.

O menino sacode a cabeça, se recusando a voltar para casa, rodeou seus braços em torno da cintura de Maria, pedindo ajuda em silêncio. 

-Não seria nenhuma incomodo ele ficar esperando-a aqui. – Maria alisa as costas dele, e Yuri suspira.

Rosana hesitou, mas também não queria discutindo com Yuri e, acabou cedendo. Ela suspira e passa a mão nos cabelos ruivos e olha em direção a sua casa, e ver, Léo parado na calçada olhando com cara de choro para a mãe.

-Mamãe! – Léo atravessou a rua correndo, indo em direção a mãe, Rosana gritou com ele, e quando a criança pisou os pés em segurança na calçada ela o pegou no colo, lhe dando uma bronca. 

-Você está louco? –disse, e Léo fez um bico. Se volta para Maria e diz: -Ele pode ficar.

E sem dizer nada, a mulher deixou a varanda com a criança no colo, e Léo gritou para o irmão:

-Yuli, o amiguinho vai ficar cuidando de você. - Yuri assentiu, mas essa história de amigo imaginário do irmão, está deixando-o com medo.

-Vamos entrar? – Pergunta Maria, alisando o ombro dele, e o ruivo assente.

Maria o levou até o sofá, ela o avisou que ia pegar um kit de primeiros socorros, e logo voltava. Assentiu cabisbaixo. Yuri alisa suas mãos uma na outra, sua testa estava latejando e doía muito, mas isso nem se compara a dor do desprezo de sua mãe.

Maria não demorou, e logo retornou com uma caixinha branca, e se sentou ao seu lado. Sua mão acariciou os cabelos dele, os afastando da testa para ver o corte, que não era profundo, e não vai precisar de pontos.

Maria abriu a caixinha branca e pegou um frasquinho pequeno de soro fisiológico despejou um pouco em uma compressa de algodão. O corte se encontrava um pouco abaixo da raiz dos cabelos dele. Maria encostou o tecido no corte, e Yuri contraiu seu corpo, curvando os ombros e apertando seus olhos.

-Desculpe, querido. - pediu gentilmente, e o encostou novamente no corte.

Depois de limpá-lo, Maria fez um curativo, pegou uma pequena mexa de cabelo dele, e o colocou por cima do curativo que mesmo assim ainda ficou visível. E por fim, finalizou com um beijo doce na bochecha dele, que corou.

Limpou os machucados na mão e logo o enrolou com uma atadura.  

-Pronto! Vou ligar para a Lia e perguntar se ela já está vindo. - Maria pegou seu celular e discou o número da garota.  Yuri ouviu a conversa atento.

Yuri se encostou no acento do sofá, prestando atenção em tudo que Maria dizia para a garota no celular. A ligação se encerou e ela disse:

-Ela não vai demorar.

Seu coração ficou aliviado. 

-Você deve ser o Yuri? Não é? - Perguntou ela observando seu rosto delicado, e o menor assente levemente. – Ela só fala de você.

Um sorriso tímido apareceu no cantinho de seus lábios, Yuri entrelaçou seus dedos, a sensação de saber que alguém se importa com ele é maravilhosa.

-Quer esperar a Lia no quarto dela? - Maria se levantou.

-Eu posso?

-Sim. - Maria o ajudou a ficar de pé, e os dois subiram para o quarto da garota. Mas antes de deixa-lo, ela lhe deu um remédio para dor. Assim ele se sentou na beirada da cama, e passou a mão no lençol.

( . . . )

Lia assim que chegou, não perdeu tempo e subiu para o seu quarto. Ela abriu a porta e o garoto estava deitado em sua cama, abraçando os joelhos e com os lumes fechados. A garota se aproximou e se sentou com cuidado na ponta da cama, passou a mão na face dele, mesmo dormindo, Lia pôde notar que sua expressão era abatida e as vezes, ele franzia os olhos, seu peito subia e descia lentamente, os lábios estavam entreabertos com as bochechas rubras como sempre.

Seus lumes encontraram o curativo na testa dele, Lia franziu as sobrancelhas ao vê-lo. Afagou os cabelos alaranjados, os penteando carinhosamente, Yuri ressonou e se mexeu.

O remédio o derrubou.

Yuri abriu seus olhos sentindo uma mão em seus cabelos, e, ao notar que se tratava de Lia, um sorriso largo se formou.

-O que houve? - pergunta afagando seus fios.

-E-Eu caí, Lia.  – O menor mordeu levemente seu lábio inferior e, Lia disse em tom de brincadeira:

-Parece que tem sabão nos seus pés. – Sorriu apagado e, procurou a mão dela. Uma tristeza se apossou de seu ser, ao lembrar-se de que, sua mãe não permitiu que ele fosse a festa.

-L-Lia... – sua voz embargou. – Minha mãe não me deixou ir à festa.

-É o que vamos ver! – exclama ela, fazendo Yuri se questionar sobre o que acabou de ouvir. -Você vai, sim!

-Mas, Lia.

-Mas nada. – Se levantou de supetão assustando o garoto, e caminhou até a porta, dizendo que já voltava.

Yuri ficou quieto esperando Lia, dobrou os joelhos e os abraçou apoiando o queixo sobre eles. Não estava entendendo o que Lia ia aprontar.

Minutos depois ela retorna, e se senta ao lado dele, e diz:

-Minha mãe vai ligar para a sua e pedir para você dormir aqui, e assim iremos a festa. – Ela sorrir e, Yuri encolheu os ombros, achando isso errado. Mesmo querendo muito ir a essa festa, Yuri acha que não seria correto ir contra o que sua mãe disse. -Nem se atreva a dizer que não vai.

Sorriu meigo inclinando a cabeça, e se rendendo a amiga.

( . . . )

Yuri ficou atordoado ao saber que, sua mãe permitiu que ele dormisse na casa da amiga. Rosana nunca o deixa fazer nada, nunca o deixou dormir na casa de Bernardo e, de repente ela permite. Para ele, está estranho, mesmo suspeitando, o ruivo ficou satisfeito e feliz.

Logo depois do almoço, retornaram para o quarto.

-Mãe, a senhora vai ter que ir pegar algumas roupas pra ele, o Yuri só tá com essa. – Maria a fitou com os olhos comprimidos.

-Não abusa. - Fala em tom de brincadeira.

-Vamos a uma festa mais tarde, mãe. -  Explica ela, ao lado de Yuri na cama. -E o Yuri vai ter que ir de moletom?

-Que festa é essa, mocinha? - Maria pergunta cruzando os braços, arqueando uma sobrancelha.

-Mãe! É só uma festa. – Revira os olhos. -Ah! E traz o ursinho dele também.

Maria não quis questioná-la e, os deixou a sós. Resolvendo ir até a casa do garoto pegar algumas mudas de roupas.

( . . . )

-Yuri, pega o Ted. – diz entregando o ursinho. Yuri o pegou animado, e o abraçou. - Para de ser fofo, garoto, senão eu vou te morde!

O ruivo riu, e falou:

-O nome dele não é Ted, Lia. - Yuri corou ao lembrar do nome que deu para o ursinho.

-E qual é?

-Você vai achar bobo. – Fala acariciando a pelúcia.

-Fala, prometo que não vou achar bobo. – Disse.

-Bem, ele se chama…. – Yuri se interrompeu por vergonha, mas logo se pós a falar. -É... Lucas II.

Lia riu, mas não foi um riso de deboche ou que achou graça, e sim, por ter achado a sua escolha fofa, típico do menor, dar esse nome ao seu ursinho.

-Ah! Yuri.  - Fala alisando os cabelos dele. - Só você para fazer isso.

Esse nome foi o melhor que ele pensou. E também sempre quando o abraçar, Yuri se lembrará de Lucas, mesmo sabendo que, nunca o terá para si. Mas pelo menos, ele tem o ursinho com o mesmo nome.

Seu coração fica leve apenas em pensar no nome do garoto, parece que se apaixona mais e mais a cada dia e, Yuri sabe que isso só o machucará. Mesmo assim quer sentir, quer ter o prazer de se sentir apaixonado.

E preso em seu próprio deleite, pensando em Lucas, e de como sua voz rouca o deixa arrepiado, Yuri foi levando.

A tarde foi caindo, e a noite chegando aos poucos, e logo mais os dois terão que se aprontar para a festa.

O ruivo está ansioso, porque será a primeira festa que ele irá. Talvez a primeira de muitas que virão.


Notas Finais


Beijinhos....


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...